quinta-feira, 1 de março de 2018

A sapiência dos loucos

“Minha alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura...” Jó 10;1

Falar em momentos amargos nem sempre é o melhor a fazer; afinal, temperada pelo absinto nossa alma corre risco de extrapolar a fronteira da prudência; versar o que não convém. Paulo propôs silêncio até em momentos de ira, que, não tem necessariamente, vínculo com amargura. “Irai-vos, mas, não pequeis”, disse.

Amargura por sua natureza é fruto de um acúmulo lento de frustrações; espera que não se realiza, como no caso de Jó que ficara sete dias em silêncio remoendo sua dor; por certo, orando; sem o resultado almejado, amargurava-se; enquanto, ira é um arroubo instantâneo, imediata reação ao que nos exaspera.

Diante de Deus nada vale encenação; sentirmos uma coisa e falarmos outra; “Bem sei, Deus meu, que tu provas os corações e da sinceridade te agradas...” I Crôn 29;17

Mesmo sabedores disso tendemos a cometer a mesma estupidez de Adão; “Ouvi Tua Voz e me escondi, pois, estava nu.” Sendo Deus, Onisciente, nos esconderíamos como? Onde? Então, por que Deus requer sinceridade se Ele já sabe de nossos passos todos? Porque pecarmos em nossa carne corrupta é uma fraqueza que Ele tolera, perdoa aos arrependidos; mas, revestirmos nossa nudez com folhas como fizera Adão, revela uma rebeldia mais profunda, um desejo profano de enganarmos Quem tudo sabe. Acrescentamos pecado ao pecado, invés de buscar perdão; lavamo-nos com água suja fazendo assim.

Essa maligna tendência é a “pedra no caminho” como diria o poeta, que impede nossa alma de trilhar livre pela senda da verdade.

Para Jó, íntimo do Senhor, que sacrificava e pedia perdão, por eventuais maus pensamentos dos filhos, não seria difícil assumir um pecado quando cometesse; o que lhe parecia estranho era queixar-se contra Deus. Entretanto, chagara a estágio tal, de desalento, tédio, que, resolvera chutar o balde: “Darei livre curso à minha queixa...”

Quem conhece a história sabe que ele era justo; sua fidelidade invejada por Satanás é que ensejava seu sofrimento, não, eventual culpa. Mas, como em sua amargura resolvera queixar-se, mesmo tendo razões para isso, falara do que era mais alto que seu entender; essa foi a repreensão que recebeu, quando O Eterno lhe resolveu falar. “Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?” Cap 38;2

Dizem que ansiedade é excesso de futuro; depressão, de passado; não sei se procede, mas, falarmos com alguém idôneo, sobretudo, com Deus, quando estamos amargurados, ou, ansiosos ajuda manter nossa saúde psíquica e espiritual.

A Palavra aconselha: “Lancem sobre ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.” I Ped 5;7 E, “Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, Teu consolo trouxe alívio à minha alma.” Sal 94;19

Não temos controle sobre os sentimentos, embora, tenhamos certa medida no que tange ao que faremos mercê deles. Assim, sejam culpas a confessar, ou mesmo, queixas de nossa sina, tudo o que sentimos está patente diante de Deus.

Sermos transparentes nisso não ajuda O Santo a ver o que Ele já vê; mas, permite vislumbrar entre os ciscos de nossas culpas uma nesga de honestidade, sinceridade, e esse é um traço que demanda dos cidadãos do Céus, Seus Filhos; “Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? Aquele que anda sinceramente, pratica a justiça e fala a verdade no seu coração.” Sal 15;1 e 2

Embora em nossos dias a verdade gere confusão como nunca, pois, em nome de uma política escravagista travestida de libertária, vende-se como lícito um vitimismo barato, instrumento ideológico de divisões sociais; e, as pessoas são encorajadas ao “politicamente correto” que, de correto nada tem, apenas, é uma pressão de mentecaptos cooptados; embora, ser falso esteja na moda, digo, perante Deus nada mudou.

Ele trata com cada um; o indivíduo, não a sociedade. Os sistemas alienantes ensinam a ver os erros, a culpa, sempre no outro; Deus adverte que cada um de nós dará conta de si mesmo. Não é a sociedade, tampouco, um sistema que são responsáveis pela mordomia de minha alma; sou eu.

E, gente “fora da casinha” que fala na lata o que pensa, como Donald Trump e Jair Bolsonaro são odiados, no império da falsidade. No prisma espiritual há certa semelhança com o político, pois, em parte, esse é reflexo daquele.

Enfim, uma banana aos discursos escolhidos, ensaiados, com palavras edulcoradas na calda da hipocrisia! Livre curso à verdade, seja, confessando, seja, queixando-se. Salve os loucos!

“Ninguém engane a si mesmo. Se, alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus...” I Cor 3;18 e 19

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Suicidas espirituais

“Temeram, pois, estes homens ao Senhor com grande temor; ofereceram sacrifício ao Senhor e fizeram votos.” Jn 1;16

Os marinheiros do navio onde o profeta Jonas fugia de diante do Senhor; assolado por grande tempestade; o próprio fujão instou que o jogassem ao mar dizendo que, assim, a fúria cessaria; após resistência inicial cederam e o lançaram; vindo a calmaria temeram, sacrificaram, votaram.

Seu temor eventual era fruto de equívoco. Tendemos a absolutizar nossa relação com as coisas; depois, universalizar as circunstâncias, mercê de nossa veia supersticiosa.

Desse modo, se, um desobediente em fuga dera azo a uma intensa tempestade, - pensaram - melhor ficar pianinho; “acalmar” ao Terrível Deus com sacrifícios, negociar com Ele mediante votos, pois, precisamos navegar. Tal “fé” não interessa ao Santo.

Pelo hábito de universalizar o pontual, facilmente O teriam como Deus dos mares, uma vez que, foi nesse contexto que testemunharam Seu Poder. Ora, restringir a atuação do Eterno a uma partícula apenas de Sua Obra não O honra de modo nenhum. Diminui.

A Ira Divina testemunhada pelos estupefatos marinheiros era um subproduto do Seu Amor. Tinha em mente salvar a cidade de Nínive de juízo iminente, caso não houvesse arrependimento. Jonas fora escolhido para anunciar isso; cabia-lhe uma dura mensagem de juízo como estímulo ao refúgio na misericórdia.

Os assírios eram desafetos de Israel; um juízo de destruição contra eles deveria ser mesmo cumprido, - pensava o egoísta Jonas - não, avisado de antemão para que se arrependessem. Isso foi confessado por ele, quando, o intento misericordioso do Santo se cumpriu: “Orou ao Senhor, e disse: Ah, Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso me preveni fugindo para Társis, pois, sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânime, grande em benignidade; que se arrepende do mal.” Cap 4;2

Quando pediu que fosse jogado ao mar não contava com o “submarino”; pensava morrer mesmo, invés de ser agente de salvação a um povo mau. Agora, testemunhando o maravilhoso livramento deixou claro isso. “Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer que viver.” V 3

Duas vezes disposto a morrer; por vingança, remorso, não, por amor. Paulo falou disso: “Ainda que distribuísse toda minha fortuna para sustento dos pobres; ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se, não tivesse amor nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3

Pois, Deus, que É Amor, até quando nos pune, é Seu Amor que O instiga: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque o Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho. Se, suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?” Heb 12;5 a 7

Esse tipo de “entrega” é a do que não se entrega, de fato. Prefere morrer abraçado ao orgulho, que renunciar-se amoldando-se à amorosa Vontade Divina.

Como, a “fé” dos marinheiros que ofereceram sacrifícios não é a que O Pai almeja; antes, a que sacrifica-se anulando a vontade natural em prol da sobrenatural. Não se mata; mortifica-se na identificação submissa com a Cruz de Cristo. Eis a “Razão” espiritual! “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

O suicida espiritual prefere morrer a mortificar-se, patenteia um amor-próprio desmedido, incapaz de renunciar-se em prol da obediência que demanda postura fraterna. Os sacrifícios e votos dos marinheiros aqueles eram fruto desse amor próprio que os convencera a “negociar” para navegar seguros.

E pensar que tem muitos simonistas ensinando algo assim, como se O Santo fosse mercador.

Ora, minha segurança em Deus não deriva de negociatas; é fruto do Divino Amor manifesto em Cristo; não é certeza de sucesso na Terra, mas, um desafio a uma peregrinação exemplar; tampouco, salvo-conduto para que eu paire acima dos problemas da vida. Antes, a certeza imutável que, mesmo em meio às adversidades, O Eterno está comigo; “Quando passares pelas águas estarei contigo; quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

O Eterno não tem crise de identidade, tipo, precisar mostrar força para ser temido; Antes, fez notório Seu Amor e anseia ser correspondido.

O Temor anelado é pelo que É; não, pelo que faz. Quem O Conhece deveras, teme e honra, mesmo, na bonança; “Minha aliança com ele (Levi) foi de vida e paz; eu lhas dei para que me temesse; então temeu-me e assombrou-se por causa do meu nome.” Ml 2;5 Quem O teme mesmo na paz, não teme as tempestades.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

A Palavra; os bezerros

“... tenho chamado por nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá... com ele Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã; tenho dado sabedoria ao coração de todos aqueles que são hábeis, para que façam tudo o que te tenho ordenado.” Êx 31;2 e 6

O Senhor escolhendo artífices para as obras do Tabernáculo e os indicando a Moisés.

Logo adiante, Moisés foi chamado a um particular com o Eterno, e, na ausência dele, uma decisão democrática foi tomada. “... vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte acercou-se de Arão e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés, homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu.” Cap 32;1

Temos o primeiro problema com a democracia nos domínios espirituais; tempo. Ele deixa de ser visto da perspectiva Divina e desce para a rasteira e precipitada visão humana. Qual o parâmetro para decidir que Moisés tardara?

Segundo problema: Estupidez. “... faze-nos deuses que vão adiante de nós...” Ora, se, é de humana feitura, não vão a lugar algum, exceto, se forem levados. Um deus assim, invés de guia é apenas um peso extra, uma carga totalmente inútil.

Terceiro: Profanação. A criação de deuses alternativos demanda a negação do Verdadeiro. A libertação de modo espetacular deixa de ser Obra Dele, para ser um feito humano; “... Moisés, homem que nos tirou da Terra do Egito...”

Por fim patentearam a cegueira como base da sua decisão; pois, disseram: “... não sabemos o que sucedeu.”

Ora, sendo O Senhor, Luz, não nos chama a andarmos totalmente no escuro basear nossas escolhas ou, ações no que não sabemos. Se, eventualmente nos prova no “vale da sombra da morte” ainda assim, Seu nome, ao qual está associada Sua Santidade, Integridade, Seus Feitos, ainda é o Luz a pautar no escuro a segurança dos fiéis; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

A suma é que, a Obra de Deus é Teocrática. Ele Governa, escolhe pessoas, determina ações, tempo, etc. As iniciativas humanas, na melhor das hipóteses são filhas da carne; e essa é inimiga do Santo. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Claro que o contexto de então era diverso, bem como, o propósito Divino. Então era o estabelecimento do povo eleito na Terra Prometida. Não havia palavra escrita e Deus dava Seus Comandos a Moisés que os transmitia ao povo.

O fito atual é a salvação das almas, de todos os povos; A Palavra de Deus está expressa e impressa, ao domínio de quem a desejar. Melhor; aos convertidos é dado O Espírito Santo, O Inspirador das Escrituras como Intérprete, para facultar que todos os filhos de Deus possam conhecer a Vontade do Pai. Capacita a entender e ajuda cumprir; àqueles que se mostram submissos.

Assim, não precisamos tomar decisões no escuro, antes, somos instados a andar na Luz, ou seja, em conformidade com o que sabemos ser, a Vontade Divina; assim, e só assim, a Eficácia do Bendito Sangue de Cristo se verifica em nosso favor; “se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.”

Se, Davi em seu duelo com o gigante recusou as armas de Saul, confiante no Nome do Senhor dos Exércitos foi, apenas com sua funda, os “Davis” atuais não só aceitam armas inadequadas, como, em muitos casos usam as prerrogativas de Golias. Querem causar impressão pelo tamanho, pelo volume, invés da pureza e dependência exclusiva do Santo.

Aí, sai a santidade da condição de aferidora da obra e entra o sucesso esse doido, fora da casinha que, desde sempre vem canonizando nulidades; em muitos casos, são a ignorância, cegueira e mau gosto os pajens do sucesso, não, o talento.

As “demoras” Divinas não são permissões para que assumamos Seu Lugar; antes, testes para nossa fé patentear a confiança irrestrita no Santo. Iniciativas espúrias que desconsideram a Integridade da Palavra, e a Soberania Divina, não passam de novos Bezerros de Ouro, profanação, desobediência, cegueira, temeridade.

Embora sejam feitos como aquele, para aplauso da plebe insensata, redundam de novo, na Ira Divina.

Os cegos precipitados e manipulados perdem-se, pois, pelas bijuterias imediatas abrem mão de diamantes. Arrecades-se ouro entre o povo; sempre haverá um “Arão” para moldá-lo; mas, A Palavra de Deus está com Moisés.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Levar Deus ou, atraí-lo?

“Os filisteus... disseram: Que voz de grande júbilo é esta no arraial dos hebreus? Então souberam que a Arca do Senhor era vinda. ... se atemorizaram, porque diziam: Deus veio ao arraial. Diziam mais: Ai de nós! Tal, jamais, sucedeu antes.” I Sam 4;6 e 7

Os hebreus tinham perdido já uma batalha; pasmos pela “ausência” de Deus no combate resolveram buscá-lO; trouxeram a Arca da Aliança para a luta.

Chegando “reforço” ao front os soldados jubilaram em alta voz; a coisa ecoou no exército inimigo e temeram.

Que inimigos desconhecessem Deus é compreensível; entretanto, os próprios hebreus ignorarem aos predicados Seus é alarmante. Se, em dado momento O Eterno desafia: “Operando Eu, quem impedirá”? O outro lado da moeda também é necessário. “Afastando-me Eu, quem me aproximará”?

O que chegara fora tão somente a Arca, que, embora fosse um objeto sagrado era só um objeto; um símbolo da Santa Presença, não, a presença. Como uma aliança de casamento no dedo de um adúltero não garante fidelidade, um símbolo santo entre um povo rebelde não garantia a aprovação Divina, tampouco, Sua Presença.

O sonho de consumo dos idólatras é um deus que possa ser levado pra lá e pra cá ao sabor das inclinações. O Eterno não pode ser manipulado; faz tudo que lhe apraz, quando quer; denuncia como ignorantes os que peregrinam após espantalhos de humana feitura que são espiritualmente inócuos. “Congregai-vos, vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar. Anunciai, chegai-vos, tomai conselho todos juntos; quem fez ouvir isto desde a antiguidade? Quem desde então anunciou? Porventura não sou Eu, o Senhor? Pois, não há outro Deus senão Eu; Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque Eu sou Deus; não há outro.” Is 45;20 a 22

Não pense o incauto que idolatria é hábito de católicos com suas múltiplas imagens, apenas. Está repleto de “evangélicos” idólatras devaneando que se possa levar a bênção num frasco de azeite, numa porção de sal grosso, “rosa ungida”, toalha, ou, outra porcaria qualquer. Isso é idolatria inda mais tosca que aquela.

O Salvador ensinou: “A hora vem, agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade; porque o Pai procura tais que assim o adorem. Deus é Espírito; importa que os que o adoram adorem, em espírito e verdade.” Jo 4;23 e 24

A humanidade ímpia lida muito mal com a verdade. Lembro fragmentos de uma antiga canção: “As pessoas adoram o falso, eu também preciso ser mais falso, a verdade gera confusão...” mais ou menos isso. Ousemos ser verdadeiros em nossas inserções sociais, full time, para ver quanta confusão causaremos na seara da falsidade.

Os Hebreus foram derrotados justo pelo abandono de Deus; sua relação com O Santo se revelara oca, profana, falsa. Os filhos do sacerdote Eli faziam poucas e boas das coisas santas, prostituíam-se em público, vilipendiavam aos sacrifícios; seu omisso pai não os disciplinou como deveria; Deus disse-lhe: “Por que honras teus filhos mais que a mim?” Entristecido os deixou a própria sorte. Derrotados no primeiro embate resolveram buscar a Arca, como se, isso trouxesse junto ao Senhor. Ledo engano. Perderam de novo; até a Arca foi tomada pelos inimigos.

Deus O Todo Poderoso não pode ser levado como um bibelô. Mas, pode ser atraído por corações que se consagram a Ele. “Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com ele...” II Crôn 16;9 ou, “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; quem anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

Muitos vivem pretensa vida espiritual com uma superficialidade mais fina que verniz; acham que compartilhar ideias piedosas de terceiros, ou, digitar seus mercenários “améns” fará com que Deus, que sonda corações, as abençoe.

Ele não faz acepção de pessoas, aceita qualquer que se achegar; porém, isso só é possível negando a si mesmo, recebendo Cristo como Salvador e Senhor. Jesus mesmo avisou: “Ninguém vem ao Pai senão por mim”. Sem essa balela de mediadores e medianeira. Isso não passa de dogmas humanos falsificando a verdade que O Santo ama; pois, “há um só Deus; um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem.” I Tim 2;5

Estamos perdendo a batalha da vida? O Santo já venceu, mas, só herdaremos Sua Vitória, se pararmos de querer tudo do nosso jeito, e deixarmos que Ele peleje por nós.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A Prioridade Supérflua

“... além disso, deste louvores aos deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e pedra; que, não veem, não ouvem, nem sabem; mas, a Deus, em cuja mão está a tua vida, de quem são todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.” Dn 5;23

Daniel entregando dura sentença ao rei babilônio Belsazar e explicando os Divinos Motivos. Primeiro ignorara um juízo pretérito que fizera seu orgulhoso pai, Nabucodonosor, pastar como animais do campo; depois, profanara os vasos santos do Templo de Deus; além disso, como diz o texto em realce, dera louvores a uma série de criações humanas, imagens, ignorando ao Deus Vivo.

O erro dele ainda é o mesmo de muitos, que, recusam aprender a Vontade Divina expressa em Sua Palavra.

Equacionam erradamente, ativismo religioso com relacionamento espiritual. Prestam culto a uma série de bibelôs sem vida; se, em algum momento são confrontados pela Palavra do Deus Vivo, se melindram, ofendem, presto levam o pleito para a arena das religiões, como se, fosse esse o mérito; seguem resilientes no seu modo de ver, malgrado, afrontem de forma direta às ordenanças do Criador.

A coisa sempre é distorcida pelo mestre da cegueira, o deus desse século, de modo que, nunca somos devidamente entendidos quando tentamos ajudar eventual errado de espírito. Nossa intenção, em Deus, é ajudá-lo a ver melhor para que repense atitudes trocando os pensamentos naturais pelos Divinos, para que não se perca, antes, seja salvo.

A ignorância é prejudicial, deletéria, em muitos aspectos da vida; contudo, no prisma espiritual é assassina; “Meu povo foi destruído porque lhe faltou conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que esqueceste da lei do teu Deus, também me esquecerei dos teus filhos.” Os 4;6 Isso a um sacerdócio corrupto que desprezava à Lei de Deus; atingiria todos, sob tal liderança.

Um líder espiritual probo deve ser versado na Palavra de Deus, não em macetes psicológicos, biografia de “santos”, filosofias humanas, sofismas e o escambau; “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento; da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é o mensageiro do Senhor dos Exércitos.” Mal 2;7

A autonomia humana em questões espirituais foi a promessa que ensejou a queda, feita pelo inimigo, claro. “Vós sereis como Deus... sabereis o bem e o mal.”
A conversão começa exatamente aí; na reversão da obra de Satanás para que sejamos regenerados. “... Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.” I Jo 3;8

Se, Ele desfez no tocante a Deus, desde que bradou: “Está consumado”, no que tange a cada um de nós requer uma resposta pessoal, particular de cada um; no sentido da rejeição à sugestão maligna, e completa submissão a Deus nos Seus Termos. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra são os meus caminhos mais altos que os vossos, e, meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;6 a 9

Num sentido amplo, todos os caminhos humanos são de Deus; “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha dirigir os seus passos.” Jr 10;23

Entretanto, dos Seus filhos Deus espera submissão voluntária, abdicação da autonomia para que Ele seja Seu Deus, e no devido tempo faça justiça aos Seus; “Entrega teu caminho ao Senhor; confia nele; Ele tudo fará. Ele fará sobressair tua justiça como a luz, e, teu juízo como o meio-dia.” Sal 37;5 e 6

Pois, ao rei Belsazar que o desprezara, ignorara e profanara; o juízo entregue por Daniel foi de morte. O ativismo religioso de múltiplas imagens cultuadas nada valeu ao soberano que desprezara ao Deus Vivo.

Geralmente as pessoas têm tempo e disposição para as coisas das quais gostam; identificam-se. Ficam dias numa fila acampadas por um ingresso para o carnaval, ou, um show internacional qualquer. Mas, falta-lhes tempo para um culto ao Senhor, por exemplo.

Desgraçadamente elas priorizam o supérfluo, inútil, banal, e desprezam o que é vital. Podemos parafrasear a Daniel e teremos um retrato dos ímpios atuais: “Tivestes tempo para futebol, BBBs, novelas, filmes, bailes, carnaval, academia, caminhadas, visitas, viagens turísticas, etc. Mas, para Deus, em cujas mãos estão as vossas vidas, nenhum segundo restou. Agora que a saga termina, de onde virá socorro para vós?"

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Quem tem medo da polícia?

“Fizeram-lhe seus filhos assim como ele lhes ordenara. Pois, o levaram à terra de Canaã e sepultaram na cova do campo de Macpela...” Gên 50;12 e 13

Os filhos do finado Jacó cumprindo após sua morte algo que ele ordenara.

As sociedades modernas dispõem de robustos aparatos militares e policiais, que, detêm legalmente o monopólio do uso da força; para coibir, ou, para punir aos que descumprem o pacto social maior, a Constituição.

As possibilidades são duais; as consequências também; ou, o sujeito cumpre as diretrizes, é um cidadão, que, por observar deveres usufrui direitos; ou, coloca-se à margem disso, ao risco de privação da liberdade, quiçá, da vida, como consequência da opção marginal.

Somos instados ao cumprimento dos deveres, pois, uma ameaça punitiva ronda aos que fizerem diverso. Claro que me refiro a sociedades minimamente saudáveis, sem as parcialidades tiranas das ditaduras, nem, as “isonomias” dos privilegiados “mais iguais que os outros”.

Todavia, não havendo ameaça por desobediência, o que nos faria cumprir uma promessa? No caso dos filhos de Jacó, ele estava morto; se, fosse sepultado no Egito mesmo, poupando a todos de exaustiva empresa até Canaã, quem os puniria por isso?

Cresci ouvindo que, uma vez descumprida a vontade de alguém que faleceu, o espírito do tal volveria assombrar aos culpados. Parecia muito real; depois de adulto se revelou tolice.

Mas, pensando bem, de certa forma o finado credor “volta” sim, se, o desonrarmos. Só que, o que assombra não são as travessuras de uma “alma penada”; invés do “Gasparzinho” são as dores de uma consciência relapsa que pesam ao devedor.

A cauterização da consciência é opção marginal, espiritual, de todos que adotam o pecado com modo de vida. Estando em suas possibilidades a existência ou não, da “Polícia” interior optando pelo “crime”, eliminam-na.

Por isso, após a conversão coisas erradas que antes fazíamos sem culpa não são mais possíveis. Digo; possíveis, sem culpa. Paulo ensina aos romanos que no seu pretérito de erros estavam isentos de tal polícia; “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça.” Rom 6;20

Entretanto, essa “liberdade” era mortal, invés da servidão a Cristo, que dá vida. “Que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas, agora, libertados do pecado, feitos servos de Deus, tendes vosso fruto para santificação; por fim a vida eterna.” Vs 21 e 22

Erros de “então” com consciência morta, que agora, (convertidos) “vos envergonhais”. O que fora normal na vida de um rebelde se tornou vergonha sob a lupa espiritual que passou a ter, regenerada sua consciência.

Porém, a Bendita Graça de Cristo faz muito mais que escavar fósseis no sítio arqueológico de nossos pecados. Remonta osso por osso o arcabouço de nossas culpas para que nos arrependamos; depois disso purifica e mantém vivas as consciências no Espírito. “Porque, se, o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu imaculado a Deus purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? Por isso é Mediador de um novo testamento...” Heb 9;13 a 15

Muitos, os legalistas, sobretudo, equacionam efeitos do Evangelho a certa uniformização ritual, funcional, dos salvos como se esse fosse o fim. Não. O alvo é mais sublime que mera encenação. “Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro; de uma boa consciência, e uma fé não fingida.” I Tim 1;5

Amor de um coração puro é dever de minha relação com o próximo e com Deus; uma boa consciência minha relação comigo mesmo e com O Senhor; uma fé não fingida é o resumo das duas qualidades primeiras; senão, a hipocrisia tomará seu lugar apenas encenando o verossímil onde deveria habitar o verdadeiro.

Não precisamos que “Jacó” esteja vivo para obedecermos Sua Vontade; digo, Cristo, O Senhor, em Pessoa. Basta Seu Espírito em nós avivando nossas consciências; Sua Palavra conhecida para identificação do Seu querer.

Quando Paulo ordenou que nos sujeitássemos às autoridades disse que, tais são ministros de Deus. Nossa sujeição deveria transcender aos deveres meramente cidadãos para chegar às fontes espirituais; “é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas, também pela consciência.” Rom 13;5

Se, no caso do Patriarca era apenas um desejo de onde repousarem seus restos mortais, no caso de Cristo, Príncipe da Vida, o anseio é de um lugar santo onde, habite Ele, Seu Pai e Seu Espírito. “... se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará viremos para ele, e faremos nele morada.” Jo 14;23

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Carnaval Gospel? Será?

“Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora teus olhos; olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, do sul, oriente e ocidente; porque toda esta terra que vês darei a ti e tua descendência, para sempre.” Gên 13;14 e 15


A obediência de Abrão fora parcial; além de deixar sua Terra deveria separar-se dos parentes também. “...Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei.” Cap 12;1


Entretanto, seu sobrinho Ló foi com ele. O Senhor prosperou a ambos; o espaço começou a ficar pequeno e contendiam seus pastores; então a solução pacífica encontrada foi a separação. Por modos oblíquos, enfim, a Vontade de Deus estabelecida.


Na chamada, a visão da Terra era algo futuro, “te mostrarei”, cumpridas as condições, cumpriu-se o tempo; “Levanta ‘agora’ teus olhos...”


O Senhor É Eterno Ele não tem problemas com o tempo; quando Pedro diz que para Ele, mil anos são como um dia, ou, vice-versa, não está mensurando nada; apenas, dizendo que não faz diferença. Se, Suas promessas a uns parecem tardias, isso deriva do Amor que anseia salvar ainda mais. Como somos resilientes na desobediência usa o tempo em consórcio com a fé para disciplinar, ensinar.


O “agora” de Abrão chegou depois de, cumprida a ordem do Altíssimo; muitos “agoras” esperam; pois, olhamos ciosos para promessas, mas, nos portamos relapsos para com os meios. Obediência parcial é desobediência. O rebelde em dado momento arvora-se no direito de achar que Deus não precisa exigir tanto, fazendo uma parte apenas, basta; como Saul, quando ordenado a exterminar aos amalequitas fez a coisa pela metade; isso lhe custou caro.


Muitas vezes pensando em algo prometido questionamos por que Deus demora tanto; talvez, a pergunta mais sábia fosse: por que eu demoro tanto a me colocar em rota de colisão com a misericórdia Divina andando na trilha da obediência? “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; se levantará para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que Nele esperam.” Is 30;18


Estavam confiando no Egito invés do Senhor; fatalmente seriam decepcionados, e, um dia teriam que volver atrás; o Senhor esperaria para ter misericórdia. Mas, um dia terá que julgar a todos como prometeu; sendo “Deus de equidade” não terá ao culpado por inocente, nem o contrário. Urge nos submetermos ao Senhorio de Cristo para que nos seja imputada a inocência Dele. Senão, fatalmente nos espera o “Salário do pecado”; a morte.


Desgraçadamente viceja uma horda de mercenários travestidos de Ministros do Evangelho; invés do ensino salutar do “negue-se e tome sua cruz” a onda é: “Como tomar posse da bênção”. A única bênção ante a qual somos instados a agir assim é a da vida, justo, a que requer cruz; “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna...” I Tim 6;12


O Senhor demandou as coisas do Reino como busca; os meios, que, muitos consideram fins, as demais coisas, prometeu como efeito colateral; “Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos ... De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; mas, buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça; todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;31 a 33


Abrão deveria separar-se de um parente não chamado, antes de poder ver a Terra da Promessa; a nós promessa não é de Terra, mas, de vida eterna onde seremos imunes ao tempo como Deus; para tanto temos um Senhor e Guia, ao qual devemos submissão; o simples mencionar Seu Santo Nome já demanda que nos apartemos de coisas que desagradam ao “Deus de Equidade”; “o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19


Fazendo isso imitaremos o caráter Dele; seremos luz; “... resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras ...” Mat 5;16


Tem igrejas “Gospelizando” tudo; carnaval, funks, axés, para “atrair aos do mundo e guardar os seus das tentações”. Será? Como agirá no deserto um “convertido” desses que invés de vir por Jesus se enturmou num carnaval alternativo? Ló dirigido pelo que via escolheu os melhores pastos acabou em Sodoma; prisioneiro careceu socorro do seu tio. Não que fosse injusto, mas, foi imprudente.


Contextualizar o Evangelho é necessário, mas, o risco é estar sendo atraído a pretexto de atrair. Está cheio de ministros sodomitas; mas, os pecados de Sodoma permanecem. Deus jamais desafiará a ver Sua Bênção quem escolheu viver em trevas.