sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Nada mais que a Verdade

“O que é a verdade?” Jo 18;38 Mesmo estando diante Daquele que dissera “Eu Sou...a verdade...” Pilatos deu as costas sem esperar resposta.

Muitos filósofos e acadêmicos debruçaram-se a pensar nisso, e, embora cada um tenha acrescido coisas válidas à apreciação, nenhum pode gabar-se de ter sido cabal; de ter matado a cobra, definindo-a num conceito irrefutável, que não comportasse emendas.

Como minhas pretensões de leigo são bem mais módicas, esposo uma definição de Aristóteles, que diz que a verdade seria a “perfeita adequação entre a realidade nos fatos, e na mente;” ou, na expressão dos mesmos, acrescento.

Outra discussão é se ela é absoluta, ou, relativa. Ora, relativismo pleno ( algumas coisas o são) por sua natureza não pode ser um conceito; se o fosse, pretenderia firmar-se na areia movediça. Pois, se tudo depende da relação, quem garantiria, ou, ancorado em quê, que o próprio conceito não é relativo também??

A meu ver, que a verdade seja absoluta é uma necessidade, a menos que desejemos comer todo o bolo e ainda o ter na mão.

Existem coisas subjetivas na verdade, isso sim. Por exemplo: Se alguém afirma estar com dor de cabeça; a percepção dessa verdade é exclusiva do paciente. Tal verdade não pode receber o testemunho da percepção de terceiros; tampouco, da inferência lógica, ou, outra ferramenta qualquer.

Além dessa, podemos lidar com a verdade acidental; se “chutamos” a resposta numa questão de múltipla escolha e acertamos sem saber “copulamos” com a verdade no escuro.

Então, se a verdade não for absoluta, deixa da essência de ser, e torna-se mero estar, sentir, parecer... Ora a afirmação de Goebbels que uma mentira muitas vezes repetida torna-se verdade, requer, para firmar-se no terreno lógico, que uma verdade muitas vezes repetida se torne mentira. Se a repetição exaustiva obra isso de perverter o ser, a conclusão se faz necessária.

Não senhores, uma mentira repetida à exaustão pode acomodar-se à preguiça mental de um, ou, de muitos, e, mesmo posando eventualmente de verdade, será apenas a velha mentira usando roupa alheia.

Outra distinção que os pensadores se ocupavam, era entre o ser em si, e o ser para si. Simplificando: O que o coisa é; e, o que significa para mim.

Se, definirmos a verdade em si é um poço fundo e nos falta corda, como disse a Samaritana ao Senhor, a verdade para nós, o que nos significa, isso está ao nosso alcance. Porém, só os homens deveras livres podem lidar com isso de modo coerente.

Pois, os que sofrem a febre das paixões gostam da verdade, vociferam por ela quando a mesma os beneficia, e tudo fazem para ocultá-la, quando lhes desfavorece.

Contudo, como reagiríamos se soubéssemos que alguém está falando alhures, inverdades graves a nosso respeito? Geralmente o sentimento é de indignação, revolta; desejo de colocar os pingos nos is desmanchando a mentira.

Ora, se projetaríamos as garras do Wolverine para fora em defesa da mesma, a verdade deve ser algo valioso, bom. O homem que agarra-se à verdade mesmo quando ela lhe desfavorece faz uma espécie de “delação premiada” contra si mesmo; assume publicamente eventuais falhas pelo prêmio da preservação da dignidade moral, da integridade psíquica.

Quando, eventualmente ela se volta contra mim, não significa que tenha se tornado má; segue sendo o que é. Errarei uma vez mais, se, pretender “consertar” maus passos vilipendiando a verdade. Um erro não conserta o outro, como diz o adágio.

Quando O Senhor ordenou que fizéssemos aos outros, o que desejamos para nós, outra coisa não implica, isso, senão, que sejamos verdadeiros até em nossos sentimentos mais caros, que patrocinam nossas ações.

No mundo atual a verdade é a visitante menos desejada, pois, as faculdades de raciocinar e falar, que nos fazem “superiores” aos animais, têm sido usadas mais para ocultar que para manifestar a realidade dos fatos. Isaías o profeta anteviu nossos dias. “...o direito se tornou atrás; a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a equidade não pode entrar.” Is 59;14

Os cultores da mentira acreditam que podem “criar” fatos a partir de narrativas repetidas. Não criarão; e quando estiverem enferrujados na lata de lixo da história, além dos fatos nefastos que tentam ocultar, pesará sobre eles essa pecha de falsidade engajada, hipocrisia atuante.

Andamos demais na senda da destruição de valores; ou retomamos e apreciamos devidamente o que nos é caro, ou nossa sociedade implodirá de vez no salve-se quem poder, na barbárie do triunfo da força, apenas.

O banquete dos sentidos costuma não convidar à razão; o agradável sempre é convidado em seu lugar.


“As palavras verdadeiras não são agradáveis e as agradáveis não são verdadeiras.” Lao-Tsé

Os mortos estão surdos

“Aplica teu coração à instrução e teus ouvidos às palavras do conhecimento.” Prov 23;12

Como um espelho nos lança sujeira, desarranjo, na face, o conhecimento também nos desconforta, eventualmente; seu brilho tende a espelhar nossos erros, ignorâncias, maus passos... pois, seu papel é refletir as coisas com são, não camuflá-las para que nos soem agradáveis.

Parece que, de modo implícito, a maioria das pessoas recusa a ideia de estar em construção; ser alma carente de saber; agem como se já estivessem prontas; laboram por satisfação, não, por crescimento; prazer invés de luz. Padecendo essa falta de noção tendem a repelir quem ensina e idolatrar quem adula.

Ontem deparei com um vídeo de certo pregador “cristão” de voz agradável, mensagem, estilo pensamento positivo; esquecer as dificuldades, focar nas promessas, pois, Deus as vai cumprir, e “eu profetizo determino, declaro tua vitória em Nome de Jesus”.


Nenhuma exortação a arrependimento, conversão, santificação, adequação da vida aos preceitos Divinos, para serem as pessoas abençoadas, nada. “Causa” na Rede, o enganador, o profeta de facilidades, bajulador de ímpios, encantador de serpentes.

Pois, pasmem! a coisa tinha doze mil compartilhamentos, mais de 200 mil visualizações, milhares de comentários, améns; deu vontade de chorar. Triste retrato de uma geração sem noção, presa fácil do erro; nem precisam camuflar o veneno como o inimigo é hábil em fazer. Qualquer isca grosseira pesca milhares, pois, querem bajulação, não, conhecimento. Aí, adoram, curtem e replicam isso, e desprezam a luz.

Fez lembrar uma frase do Edir Macedo certa vez: “Nós pescamos o povo com bosta”, disse, num estranho surto de sinceridade. E, tantos fazem o mesmo tendo cheios os seus barcos de comedores de bosta.

“Arrependei-vos porque já é chegado o Reino dos Céus;” (João Batista) “Arrependei-vos e crede no Evangelho;” (O Senhor); “Arrependei-vos, sede batizados em nome do Senhor... salvai-vos dessa geração perversa;” (Pedro) “Arrependei-vos e das vaidades convertei-vos ao Deus Vivo;” (Paulo) etc. Todos os pregadores idôneos fazem do arrependimento o cerne de suas mensagens, pois, essa é a situação da humanidade. Morta em pecados carecendo salvação.

Entretanto, há uma horda de salteadores espirituais travestidos de ministros que, a pretexto de exaltar a Bondade de Deus faz vistas grossas à maldade humana. Deus é Bom sim; ama todos os pecadores, mas, acima de tudo, ama a justiça; sem arrependimento, confissão, novo nascimento, mudança de vida, nada feito. O Amor Divino sofre impotente pela indiferença humana.

A cegueira é tal que o inimigo é que parece bom; servos idôneos do Senhor seriam fundamentalistas, radicais, fanáticos, etc. Ora, a “bondade” do diabo é como a do criador de porcos; alimenta, engorda e mata.

O Eterno não trabalha em agência funerária, portanto, barbear, banhar e vestir elegantemente aos mortos não é Sua ocupação. “...Deus não é Deus dos mortos, mas, dos vivos...” Mat 22;32 “...Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5

Enquanto a questão da vida não for tratada, nada mais faz sentido. O Evangelho não é um meio de melhorar de vida; antes, de obter vida em Cristo; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem vida eterna; não entrará em condenação, mas, passou da morte pra vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;24 e 25

Entretanto, os mortos atuais invés da Voz de Cristo, escolhem dignos representantes; mortos ministeriais, que animam suas comichões por satisfação e sonegam o bálsamo amargo que os poderia curar, a cruz. Paulo foi atrevido e categórico: “...Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14

O mesmo Paulo disse mais sobre tais ministros: “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e repito, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre; a glória é para confusão deles, pois, só pensam nas coisas terrenas. Mas, nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo; Fp 3;18 a 20

Embora muitos postem frases bonitas tipo, valer mais uma verdade triste, dura, que uma alegre mentira, na hora do, “pega pra capar”, na mentira se refugiam traindo a si mesmos.

Em suma, Deus é Bom, nos ama sim; mas, porque é “tão puro de olhos que não pode contemplar o mal”, precisa nos purificar para nos receber nas Moradas Eternas. “Os limpos de coração verão a Deus.”

“Para mim, é muito melhor compreender o universo como ele realmente é do que persistir no engano, por mais satisfatório e tranquilizador que possa parecer.”
Carl Sagan

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Monólogo da alma aflita

“Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois, ainda o louvarei...” Sal 42;5

Interessante monólogo; inquirição e resposta brotando da mesma fonte; pelo menos, vertendo dos mesmos lábios. “por que estás abatida ó minha alma...espera...” Parece que o abatimento derivava da pressa; a receita seria esperar o tempo de Deus para o socorro.

Acontece que, o homem é corpo, alma e espírito; a distinção entre os últimos é mui sutil, mas, existe. Ele fala com sua alma como se, de fora dela, ou, de uma posição independente.

Qualquer pessoa que tenha sofrido uma tentação identificou em si certa ambigüidade; um aspecto ressaltando vantagens, prazeres de pecar, outro, sóbrio, apontando às consequências os riscos. O corpo essa massa pesada, inclinada ao pecado envia estímulos à alma para dobrá-la em direção aos seus anseios; o espírito, mediante a consciência uma de suas faculdades, peleja para que a alma se abstraia aos anseios da carne; atue de modo coerente com a justiça.

Assim, mesmo os que, por alheios, ignorantes, ou, outra razão qualquer não podem distinguir alma e espírito, ainda podem sentir suas influências concomitantes, que, além de distintas, geralmente são opostas, como ensina a Palavra. “... Andai em Espírito, não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito; o Espírito contra a carne; estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.” Gal 5;16 e 17

Dentro de nós, uma disputa por nós; carne e espírito tentando “vender seu peixe” pra alma; ou seja, levá-la a agir conforme a inclinação de cada um. A carne, sabemos, dobra-se ante o pecado, porém, o Espírito tenciona agradar a Deus. “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas, os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas, a do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;5 a 7

Conclusão necessária, que o Espírito tenta nos inclinar à obediência, a carne, à rebeldia. Claro que falo aos renascidos, os que têm vida espiritual em si. Sem o novo nascimento, que, no fundo não é o surgimento de um novo ser, antes, reconciliação com Deus, de um que estava morto em pecados e, em Cristo é regenerado e fortalecido, para poder, enfim, agir como filho de Deus; “A todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, da carne, nem do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

Se, no início da obra O Criador Soprou Seu Espírito para que o homem recebesse vida, o novo nascimento também é um “sopro” do Espírito Santo, que ilumina e convence o pecador, ao concurso da Palavra de Deus. “O vento assopra onde quer, ouves sua voz, mas, não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” Jo 3;8

Os renascidos passam a ter dupla identidade; natural e sobrenatural; aquela precisa ser pregada na cruz, mortificada; essa, deve pautar nossa nova vida, para que não pese nenhum juízo mais, sobre nós. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas, segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Embora muitos pensem que Vida Eterna seja só uma quantidade, algo que herdaremos depois da morte, na verdade é uma qualidade, um modo de vida que nos convém abraçar agora. “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” I Tim 6;12

Claro que, também se refere à quantidade; tempo infindo de paz com Deus, mas, devemos entrar nesse tempo com nossas pernas enquanto vivos e arbitrários. E, nossos anseios, por legítimos que sejam se, vistos pelo prisma eterno desqualificam a pressa, essa enxerida que fica cutucando o tempo com vara curta.

A imensa maioria dos nossos erros são filhos da pressa, por não sabermos esperar. Deus não faz rascunhos, nem nos oferece frutos imaturos. 

Então, seja nosso também o monólogo de Davi; saibamos esperar na Sabedoria e Bondade Divinas. “Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face e Deus meu.” Sal 43;5

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

O Grito do Ipiranga

“A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.” Gandhi

Sete de Setembro chegando, inevitavelmente a memória evoca pretéritos desfiles, bem como, lições de história que exaltavam o feito de Dom Pedro I que rompera de vez o jugo da dominação lusa. Dizem que a Coroa Portuguesa demandava um quinto da produção mineral em impostos, ou seja, 20%; imaginem uma roubalheira dessas, precisávamos nos rebelar e lutar.

Pois bem, hoje que somos “livres” há quase duzentos anos, a “Coroa” requer dos súditos, algo aproximado de 50% em impostos; trabalhamos meio ano pelo direito de trabalhar mais meio. E agora, quem poderá nos salvar?

Já que os governantes são chamados de homens públicos, que lidem com nosso dinheiro numa “redoma de vidro”, digo; cada centavo arrecadado e investido seja visível a todos; senão, seguiremos vendo cenas dantescas como o “porquinho” do Geddel, ex administrador da Caixa Econômica no Governo Dilma, que guardava em espécie uns trocados pra eventuais emergências na despensa, coisas assim. Míseros 51 milhões. O grosso da grana deve dormir nalgum obscuro banco caribenho.

E pensar que tem gente que não se importa, até defende, se o dono da “poupança” for dos seus, da sua sigla favorita. Mas, somos independentes, livres, precisamos marchar e comemorar.

Na verdade, invés de ensinar a pensar livremente como convém, a instrumentalização da educação foi tal, que estava forjando uma geração de zumbis ideologicamente domesticados para gritarem mantras, mesmo que, o país estivesse descendo a ladeira, tanto pela derrocada econômica, quanto, pelo estrago da corrupção. Precisamos vencer esses ranços bipolares de sermos de esquerda ou de direita, para, enfim, sermos de deveres e direitos.

Claro que a fortuna não era do Geddel, por certo, de um amigo muito rico; ele nem sabia daquele montante. Mesmo assim, é necessário que apodreça na cadeia, bem como, todos os demais que tem “amigos” desse calibre. Arregalamos os olhos diante da imagem da dinheirama, mas, as análises preliminares da roubalheira, via BNDS apontam seis bilhões já; uma CPI deverá descobrir muito mais.

Se alguém tiver dificuldade de imaginar tal montante, basta pensar no “Porquinho” do Geddel e multiplicar 120 vezes. Será que isso explica as condições de nossas estradas, hospitais, dos professores, policiais...?

Mas, somos independentes, rufem os tambores!! O Estado no molde atual tornou-se autofágico pela absoluta falta de nutrientes cívicos e morais; a boa e velha vergonha na cara. Os três poderes estão apodrecidos em suas estruturas, o que nos remete à insana condição de esperar medidas saneadoras daqueles que são a doença.

Propuseram certa “reforma política”, contendo alguns itens notáveis como: 3,6 bi para a campanha eleitoral rateado entre os partidos; permissão de um candidato concorrer simultaneamente a dois cargos ao mesmo tempo, tipo, Senador e Deputado; se não der um, vai no outro; mais; proibição de prender qualquer postulante até oito meses antes das eleições... Ah bom, assim sim! Agora vai! Como não pensamos nisso antes? Teria salvado o país.

A retomada da consciência cívica, se é que a tivemos um dia, demanda a cura das paixões partidárias, extermínio do eleitor corrupto, aquele que vende seu voto; e, aprendizado de uma vez por todas, que o cidadão não é gado e os políticos, fazendeiros; antes, somos empregadores e eles servidores públicos que nos devem satisfação, competência, probidade, ou, os banimos da vida pública não elegendo nunca mais. Quanto tempo ainda até que conquistemos tal independência?

As redes sociais, além da interação permitem a velocidade das informações; todavia, também das contra-informações. Uma guerra de mentira contra verdade. E os ideologicamente lobotomizados, tendem a ser agentes dos inimigos da verdade, da nação, dos fatos; a proteger seus heróis mesmo que flagrados com a boca na botija. Pois, para tais, os livres deveras, os esclarecidos é que são o problema, o alvo a ser combatido.

Sendo a veraz liberdade uma questão de consciência, como bem disse Gandhi, cada um de nós precisa dar seu “Grito do Ipiranga” contra a tirania da ignorância, das paixões, dos interesses rasos e egoístas, que invés de nos fazer homens livres como convém, nos fazem títeres de safados, tijolinhos na parede de esconder corruptos, degraus na escada da elevação dos maus caracteres. “Você é livre no momento em que não busca fora de si mesmo alguém para resolver os seus problemas.” Kant

Não há nada a comemorar nesse cenário; somos o país da vergonha; digo; da vergonha dos decentes, por terem como autoridades sobre si, essa corja de sem vergonhas, que nosso dicionário não tem um adjetivo que os qualifique devidamente. Ou varremo-los de uma vez por todas, ou, seguiremos marchando.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

O Senhor; os "Senhores da Guerra"

“A guerra, a princípio, é a esperança de que a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de que o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver que o outro não se deu bem; e finalmente, a surpresa de ver que todo mundo se ferrou.” Karl Kraus

Jó em meio aos seus justos lamentos observou: “Porventura não tem o homem guerra sobre a terra? Não são os seus dias como os do jornaleiro? Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão; acabam-se, sem esperança.” Cap 7;1 e 6

Tiago por sua vez, abordou a questão do motivo e deparou com a cobiça. “De onde vêm as guerras, pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, sois invejosos, nada podeis alcançar; combateis, guerreais e nada tendes...” Tg 4;1 e 2

Por enquanto, na questão da Coréia do Norte a guerra é de propaganda, mentiras; embora, tenda a se revelar de fogo e sangue como as demais. Mesmo sendo aquele país insignificante do ponto de vista econômico e político, gaba-se de ter o quarto maior exército da Terra. Mais, de ter armas nucleares de longo alcance com as quais faz ameaças.

Eles ficam expondo seus “testes” de mísseis e bombas à luz do dia, o que, não passa de propaganda, cujo alvo é obter acordos plurilaterais que lhes favoreçam comercialmente, não mais. Se desejassem guerra de fato, já teriam dado o “pontapé inicial” invés de estarem rosnando ameaçadores como cães bravos atrás da cerca.

Ora, uma nação populosa que, invés de fomentar os meios de produção investe todo potencial em aparatos bélicos, quando a fome ameaça, só armas podem ser usadas em busca de pão. Para um consórcio com a Terra bastaria o trabalho e as sementes; com a indústria, seu fomento e incentivo; mas, agora, as fortunas gastas na aquisição e produção de armamentos precisam “dar frutos”.

Quando, fronteiras nacionais sequer existiam, e, cada qual pelejava pelo espaço desejado, em parte, as guerras faziam sentido. Agora, com limites assentados, cada nação soberana dos seus domínios, sempre são razões econômicas, comerciais, eufemisticamente chamadas de “estratégicas” que as patrocinam. Sejam iniciadas pelos Americanos, pelos Russos, Chineses, ou, como agora, pelos Norte-coreanos.

Contudo, o mesmo Tiago diz: “Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia...” cap 3;5 Às vezes, o tiro sai pela culatra. Invés de nascerem acordos que lhes beneficiariam em troca da não produção de armas nucleares como aconteceu já, nalguns casos, como o Irã, pode ser que a comunidade internacional reunida na ONU decida pagar para ver.

Gigantes bélicos e econômicos como China e Rússia tendem a tomar lado oposto aos americanos e aliados europeus. Feito isso, o cenário estará pronto; o circo em chamas, a morte alugando celeiros; a loucura ostentando seus excessos de posses.

Infelizmente as robustas asas da tecnologia em questões de sabedoria ficam mui aquém do “voo da galinha”. O homem domina a técnica, os meios, mas, ainda é escravo das paixões; aprisionado a tais “algemas” segue criando mais do mesmo, como dissera Salomão: “O que foi, isso é o que há de ser; o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol.” Ecl 1;9

O projeto original era coexistência harmoniosa em submissão ao Criador; o “fato novo” proposto pelo traíra onde todo mundo virou “deus” ensejou a competição entre iguais, e nos lançou, pela negação do Absoluto, na absolutização das paixões; cada um julga seu direito aquilo que gosta, deseja, a despeito dos direitos alheios.

Enquanto o “Homo Instintus” não reconhecer que é uma “deidade” falida, que necessita perdão, adoção e regeneração, pelo Deus Vivo, seguirá endeusando suas comichões insanas, pisando outros “deuses” invés de se ajoelhar perante O Único.

De um cenário de guerra deverá surgir certo “pacificador” global que enganará a todos os que se alienaram do “Príncipe da Paz”, fazendo as vontades daquele que deseja a destruição, as guerras. Depois de três anos e meio de “paz” mostrará enfim, a que veio. Exigirá adoração como se, Deus; e matará quem recusar.

Contudo, o mundo está tão afinado com o engano, que detesta verdade e aplaude seus próprios feitores. Negar a si mesmo e tomar a cruz é a única “luta” que nos reconduz a Deus. Contudo, fracotes que não conseguem vencer a si mesmos devaneiam que poderão lutar contra Deus.

Cada não, ao Evangelho é uma “bomba testada”, uma vanglória suicida. A guerra pela vida só vencerá quem tiver como Líder, O Senhor dos Exércitos. Enquanto o mundo bravateia mentiras e propaganda, O Senhor segue Fiel à Verdade. Escolhamos nosso lado.

Paciência; duro combate

“Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições.” Heb 10;32

Essa evocação trazendo de volta dias duros não se dava por que fosse bom recordá-los, estritamente; antes, porque os cristãos hebreus estavam esmorecendo, desanimando, e o autor queria lembrá-los de que já tinham lutado contra adversidades bem maiores.

Muitas vezes o mesmo se dá conosco; passamos galhardamente por temporais, e fraquejamos em momentos brandos de espera; pois, devaneamos que as coisas devam acontecer no nosso tempo, ou, do nosso modo.

Então, o desafio à paciência, essa virtude mais difícil de ter que a própria coragem. “Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” V 36

Mas, voltando ao começo, chama atenção o ponto de partida para as lutas; “depois de serdes iluminados...” O inimigo não tem nenhum problema com, eventuais, boas obras, doses cavalares de religião; mas, treme suas anteninhas, se, divisa em nosso andar, lampejos da Luz Divina.

Sendo príncipe das trevas, qualquer feixe de entendimento espiritual lhe soa como ameaça; como certos políticos preferem o povo ignorante para dominá-lo. Então, ocupa-se na difusão do “bem” que possui; escuridão. “Se ainda nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Se, escuridão espiritual é o entendimento obtuso, óbvio que a luz é o entender vívido, perspicaz, esclarecido. Porém, isso vai muito além de uma propriedade intelectual; antes, se faz raiz do ser, patrocínio do agir.

Tal vereda foi chamada por João de “andar na Luz”; assim, e só assim, a eficácia de Cristo em nós se verifica; “Esta é a mensagem que dele ouvimos, e anunciamos: que Deus é luz, não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;5 a 7

Tem consequências horizontais, comunhão fraterna; e, verticais; purificação. E, além disso, quando agimos na luz, servimos de testemunho, quiçá, estímulo a outros que contemplam nossos passos; o mero reconhecerem nossa boa conduta já se torna glória ao Nosso Pai. “Não se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas, no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;15 e 16

Então, passamos a ter oposição ferrenha do inimigo não quando entendemos à Palavra, mas, quando começamos a viver por ela. Ele propôs verter pedras em pães; O Salvador deixou em lugar secundário o alimento do ventre, e priorizou o cumprimento da Palavra.

O capeta segue a mesma tática mediante seus mercenários atuais, com desdobramentos vários; propondo usar a Bíblia buscando dinheiro. Os servos de Deus idôneos são conduzidos pelo Espírito Santo; Esse realça O Feito de Cristo atinando à regeneração, à transformação; o passar das trevas para a luz. O Senhor disse a Paulo que ele fora escolhido, “Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz; do poder de Satanás a Deus...” Atos 26;18

A verdadeira mensagem não enseja alento ao pecador, antes, ilumina por dentro seu esconderijo e o desafia a deixá-lo. Como traz certo desconforto eventual, quem ilumina tende a ser rejeitado, sobretudo, por quem ama mais sua perdida condição que as promessas de perdão e vida eterna acenadas pelo Salvador.

Cegados pelo inimigo preferem enfrentar ao Senhor do Universo, que a si mesmos.

Assim, seguem no escuro, escravos do diabo e presumidos senhores de si, alienados da vida, condenados. “Quem crê nele não é condenado; mas, quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;18 a 21

Enfim, bênção não é calmaria, ausência de lutas; antes, luta diária pela preservação espiritual, mantendo acesa a luz da vida. Ora, coragem; outra, paciência; mas, sempre com as armas da justiça.

domingo, 3 de setembro de 2017

A Bênção dá Trabalho

“Se diligentemente obedecerdes meus mandamentos que hoje vos ordeno... darei chuva na vossa terra a seu tempo, a temporã, a serôdia, para que recolhais vosso grão, o vosso mosto e azeite. Darei erva no teu campo aos teus animais, comerás e fartar-te-ás.” Deut 11;13 a 15

Que Deus abençoa aos obedientes parece pacífico, embora, alguns ensinem que Ele abençoa aos “comerciantes”; os que comparecem em lugares de culto com vultosas ofertas; isso seria tão tocante ao Santo, que Ele abençoaria tal “fiel”, independente de ser obediente, ou, não.

Mas, deixando por ora os alvos da bênção quero deter-me um pouco sobre a forma que O Senhor prometeu abençoar.

Disse que, como consequência da obediência daria chuva em tempo oportuno para abençoar a colheita de grãos, e viçar o pasto dos animais. Assim, a parte do Senhor que abençoa é propiciar meios; a do homem, cooperar com seu trabalho; pois, nada valeriam condições favoráveis para uma boa colheita onde não houvesse semeadura; tampouco, viçarem pastagens não havendo gado para usufruí-las.

Além da obediência, portanto, que preserva a relação com Deus, o trabalho é a “oferta” aceitável ao Eterno, mediante o qual nos abençoa dando a contrapartida dos frutos.

Ontem deparei com uma postagem onde a foto de uma pilha de dinheiro semelhante às malas de Brasília ilustrava uma legenda mais ou menos assim: “Algo maravilhoso vai te acontecer; Deus quitará de forma sobrenatural suas dívidas; se você crê, compartilhe”.

Claro que muita gente crê naquilo, afinal, propõe “bênçãos” incondicionais, sem demanda de relacionamento saudável com Deus, nem, trabalho; apenas a mandinga de crer e compartilhar. A ultrapassada história de comer o pão com suor do rosto, isto é, com o esforço do trabalho já não conta; Deus deve ter modernizado Seus meios com o advento da Internet.

Na verdade, as veredas do modernismo tanto alienam da realidade, quanto, afastam de Deus; pois, sendo Eterno em Seu tempo, Perfeito em seus Juízos, não sofre a ação do tempo nem carece aperfeiçoamentos. Quando diz que determinadas coisas eram segundo os rudimentos do mundo, não, segundo Cristo, atenta à nossa incapacidade, não, a eventual aprendizado daquele que É a Sabedoria.

Portanto, bebamos umas taças de Seu vinho maduro; “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, andai por ele; achareis descanso para as vossas almas...” Jr 6;16

E algumas veredas apontavam para a diligência no trabalho; “A alma do preguiçoso deseja e coisa nenhuma alcança, mas, a alma dos diligentes se farta.” Prov 13;4 “Passei pelo campo do preguiçoso e junto à vinha do homem falto de entendimento, eis que estava toda cheia de cardos; a sua superfície coberta de urtiga, o seu muro de pedras estava derrubado. O que eu tenho visto guardarei no coração; vendo-o recebi instrução. Um pouco a dormir, um pouco a cochilar; outro pouco deitado de mãos cruzadas, para dormir, assim te sobrevirá tua pobreza como um vagabundo, e tua necessidade como um homem armado.” Prov 24;30 a 34

Essa balela esquerdista, pois, de “inclusão” de vagabundos avessos ao labor não tem respaldo na Palavra de Deus. Paulo foi mais incisivo ainda: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: Que, se alguém não quiser trabalhar não coma também. Porquanto ouvimos que, alguns, entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes, fazendo coisas vãs. A esses tais, porém, mandamos, exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam seu próprio pão.” II Tess 3;10 a 12

Saímos óbvio, de uma sociedade agro-pastoril como era naqueles tempos para outra industrializada, tecnológica, comercial; mas, se as circunstâncias mudaram os princípios Divinos, não. As portas de trabalho abertas são Suas bênçãos, bem como, nossa saúde para tal; o demais é conosco. Mete o peito n’água abençoado!

O dano maior que fazem esses imbecis que prometem facilidades em nome de Deus não é que as facilidades não se cumprem; antes, que vulgarizam O Altíssimo ao nível rasteiro das paixões humanas, e O desacreditam, pois, não cumpre o que “promete”. 


Em tempos antigos já foi assim. A mesma reprimenda que Deus enviou àqueles, vale aos de hoje: “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, porém, profetizaram. Mas, se estivessem estado no meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir minhas palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Em domínios espirituais não existe riqueza maior que a Luz. Mas, essa tem o péssimo hábito de mostrar quem somos; como estamos. Uma droga psicológica que alucina, à maioria já basta.

“Os homens preferem geralmente o engano, que os tranquiliza, à incerteza, que os incomoda.” Marquês de Maricá