terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

O Ministério do Espírito

“Mas, eles foram rebeldes, contristaram o seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo; Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

Depois das muitas demonstrações de amor, cuidado, provisão, livramento, o resumo da relação de Israel com Deus, é que se tornaram rebeldes, entristeceram Seu Espirito, que, se lhes fez, enfim, Adversário. Como é ter O Bendito Espírito nos consolando, amparando, iluminando, sabem os abençoados que receberam Excelso Dom; agora, tê-lo como Adversário, deve ser uma experiência terrível.

Na verdade, tinham deixado de confiar no Eterno, devaneado com socorro humano, justo, do Egito, de onde, em dias passados foram resgatados com Poderosa mão. Deus denunciou, mediante o profeta: “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas, não de mim; que se cobrem, com uma cobertura, mas, não do meu espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado; que descem ao Egito, sem pedirem meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, confiarem na sombra do Egito.” Cap 30;1 e 2

Quer dizer que ir para o Egito é pecado? Não. Contrariar a voz do Espírito Santo; pior, buscar alhures uma “alternativa” a Ele, sim, é mais que pecado, insensatez, loucura. Certa vez, quando houve grave fome em Canaã, os filhos de Israel, sabendo que havia trigo no Egito, migraram pra lá, fizeram, justo, a Vontade de Deus. O Espírito estava atuando mediante José; irem, seus irmãos para lá, então, era a coisa certa a fazer.

Ocorre-me de passagem a diferença entre legalismo, que é rígido, dogmático, intransigente, e Ministério do Espírito, flexível, inovador, criativo, vivificante. Não há Leis específicas como os Dez Mandamentos, no Novo Testamento; apenas dois, atinentes ao amor a Deus e ao próximo. Mesmo naqueles dias, os de Isaías, O Ministério do Espírito, que viria após o Pentecostes, fora vaticinado já. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

Dois exemplos sobre a diferença entre o legalismo e a Lei do Espírito. Deus ordenou que Abraão sacrificasse seu filho em Moriá. Quando o patriarca estava prestes a fazê-lo, deu outra ordem dizendo: “Não faças isso”. Um fanático legalista diria que Deus não se contradiz; que o inimigo estava tentando-o, querendo impedi-lo de fazer a “Vontade do Criador.” Teria matado Isaque. Deus tem liberdade de testar nossa fé, reformar o que disse, mudar seu juízo ante mudança humana, como fez com Nínive. Ele É O Senhor.

Paulo estava indo a determinada cidade pregar, mas, durante a noite, em sonho, alguém dizia-lhe: “Passa a Macedônia e ajuda-nos”; ele entendeu que era uma ordem do Espírito Santo. Poderia ignorar, reputar, mero sonho, seguir o rumo. Seria pecado ir a outra cidade pregar o Evangelho? Em princípio, não; mas, ao ignorar uma ordem expressa do Espírito, pecaria, sim, por desobediência. Desse modo, O Espírito Santo, Dádiva do Novo Testamento, não lida com dogmas, mandamentos escritos, antes, com servos submissos, sensíveis à Sua Voz, que se deixam, por ela conduzir.

Eis, a essência do Novo Testamento! Um Dom, Uma Unção, que nos faculta conhecermos Deus, cada qual numa medida, mas, todos na medida necessária para entenderem Sua Vontade. “(Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus.” Heb 7;19 “Porque esta é a aliança que depois daqueles dias Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei minhas leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei; E eu lhes serei por Deus, E eles me serão por povo; não ensinará cada um a seu próximo, Nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; Porque todos me conhecerão, Desde o menor deles até ao maior. Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, de seus pecados e suas prevaricações não me lembrarei mais.” Heb 8;10 a 12

Em suma, a fé, me faz descansar firmado naquilo que O Mestre ensinou; a consciência é a tela onde O Espírito pode escrever coisas novas, se quiser; essas duas faculdades, bem nutridas me guardarão em parceria com O Santo, invés de Tê-lo como adversário; o barco da minha salvação estará seguro, aludindo a uma figura de Paulo que disse: “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1;19

A “Nova Lei” livra convertidos da outra, que foi infinitas vezes transgredida. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas, segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Presunção; "nosso" lugar de Deus

“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Rom 1;22

Eis algo bem atual, falta de noção! Aqui, expressa de modo mais amplo. Um abismo entre o que, os tais, diziam de si mesmos, e o que eram, deveras.

“O homem, medida de todas as coisas”, na filosofia de Nietzsche, ou, antropocentrismo, numa abordagem teológica, a absoluta falta de Absolutos, enseja essas discrepâncias entre o juízo particular e a realidade.

Claro que, a constatação de que os pretensos sábios eram loucos, demanda um juízo sábio, superior, de quem possui o Saber Absoluto, Deus. De outra forma, fosse mera opinião de Paulo, seus apontados redarguiriam e fariam a ele a mesma acusação; a coisa se arrastaria indefinida à exaustão.

Há no inconsciente humano um devaneio de que, a liberdade seja absoluta, e não é, nem mesmo para Deus. Quando O Altíssimo diz: “Eu velo pela Minha Palavra para cumprir”, isso O faz “refém” de Sua Própria integridade, sem falar que ama as pessoas, e o amor, de certo modo, aprisiona também.

A fixa dualidade proposta, Deus, ou, inimigo; luz, ou, trevas; verdade, ou, mentira; salvação, ou, perdição; vida, ou, morte; restringe nossa liberdade a uma escolha simples, um lado ou, outro; as consequências virão “de lambuja”. Somos “senhores das escolhas e escravos das consequências.” Como disse Pablo Neruda.

Na verdade, o homem natural, dada sua escravidão às paixões da carne, sequer consegue escolher sozinho o caminho da luz, antes, teme-o. “...a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.” Jo 3;19 e Paulo amplia, expondo o motivo: Escravidão aos pendores carnais, aos instintos naturais. “Porque a inclinação da carne é morte...” Rom 8;6

Os defensores da predestinação advogam que, por essas e outras, os homens não têm escolha. Deus salva Seus escolhidos, sem nenhuma participação humana. Dizem, com acerto, que sem Cristo estão mortos, e perguntam, a título de argumento: “Pode um morto fazer escolhas?” A resposta óbvia parece ser, não. Entretanto, não é tão simples assim. O Salvador disse: “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Ele coloca no indicativo: Ouvirão. Depois, no subjuntivo; os que ouvirem. Isso implica, necessariamente, uma escolha. Como pode ser? Bem, a confusão deriva de ignorarmos uma regrinha básica de interpretação ensinada por Paulo, onde acusa ao homem natural de não entender, enquanto o espiritual entende, “...comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor 2;13
Assim, o morto espiritual é alguém como Adão, pós queda, com consciência pesada, quando não, cauterizada, medo de Deus, escondido. Isso não equivale à não existência. Mesmo assim, objetaria alguém, se a morte é separação de Deus, vida na carne, e essa inclina-se a perdição, como faria, eventual escravo, a boa escolha? Eis uma boa pergunta!

Quando ensinou sobre a necessidade do Novo Nascimento, tanto para ver, quanto, entrar no Reino, O senhor disse que o tal se dá, “Da água e do Espírito.” A “Água” É A Palavra, O Senhor chamou de Água da Vida, quando essa jorra, quando é pregada, digo, O Espírito Santo atua paralelo, possibilitando ao pecador, a entender o básico do que está em jogo, e tenta persuadir a que esse faça a boa escolha. Sem forçar, entretanto, pois, há advertências quanto a não resistirmos ao Espírito. Resistência, óbvio, é escolha.

Minha escolha, por sábia que seja, pois, não me faz livre. Ou me faz servo de Deus, ou, me mantém onde estou na vida natural, que, como o mundo todo, “Jaz no maligno”. Claro que, em Deus, liberdade relativa existe; somos livres para atuar, dentro de parâmetros que não firam Sua Santidade. Alguém já ouviu de uma “Possessão” benigna? Digo, O Espírito de Deus pegando alguém à força? Contudo, legiões de demônios fazem isso todos os dias.

Certa vez, o assunto era homossexualismo, o Faustão disse sob muitos aplausos, que ninguém tinha nada com isso, cada um deveria fazer de sua vida o que quisesse, se intromissão de outrem. Porém, ao dizer como cada um deveria ser, intrometeu-se na vida de milhares que o assistiam. Assim, mostrou-se incapaz de beber o líquido que receitava.

Sempre que alguém nega o devido Lugar ao Criador, acaba, querendo ou não, tomando Seu lugar. Essa é a ideia, disse o capeta, esfregando as mãos! Enfim, pouco ou nada vale o que penso de mim mesmo. Aquele que sabe todas as coisas exporá o juízo perfeito.

Pois, nossa presunção nos inflaciona demais. Alguém disse: “O melhor negócio da Terra seria, comprar os homens pelo que valem, e revendê-los pelo que, pensam que valem.”

Impagável

“Então José, seu marido, como era justo, não queria infamá-la, intentou deixá-la secretamente.” Mat 1;19

Ao saber da gravidez de Maria, José, como qualquer noivo traído teria todos os motivos para reivindicar reparação de sua honra, malgrado, isso infamasse sua noiva, quiçá, ensejasse até, sua morte, mediante apedrejamento, conforme as circunstâncias do feito. Entretanto, sabedor da gravidez dela, apenas tencionou afastar-se; de certa forma, protegendo-a, ainda.

Como não pensar da definição do amor, feita por Paulo! “O amor é sofredor...” O “amor” que o mundo cultua, aos belos, famosos, talentosos, bem resolvidos financeiramente, enfim, aos que, de alguma forma me “recompensam”, no fundo, é apenas amar a mim mesmo, meus anseios, predileções...

Amor verdadeiro “dá prejuízo”; digo, se basta a despeito de recompensas; arrisca-se à não correspondência do amado; não o ama pelo que seu alvo é; antes, pelo que o amor é, em si mesmo.

Assim, quando alguém diz: “Não mereço ser amado”, mesmo que, tenha uma visão correta sobre seus méritos, ignora por completo os motivos do amor. “Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois, poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;7 e 8

Ainda que, à vista de nossos escrúpulos rasos, pecado, nem seja tão grave assim, aos olhos Daquele que, “É tão puro de olhos, que não pode contemplar o mal” Hc 1;13 Pecado é feitor de inimizade, motivo de separação. “...vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem o seu rosto de vós...” Is 59;2 Ou, “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

Então, quando nos ordena que amemos nossos inimigos, O Eterno não requer nada que, Ele mesmo não faça.

Não que seja errado, amor próprio. Em certa medida é saudável, natural. Tanto que, O Salvador tomou-o como aferidor de medida do amor devido a nosso semelhante. “Ama teu próximo como a ti mesmo.” Assim, se, numa escala de zero a dez, meu amor próprio for de cinco, essa será a medida que devo aos demais. Porém, se, em meu narcisismo, egoísmo, encher minha escala até o dez, quanto maior será minha dívida?

Em sua explanação do amor, Paulo depreciou todos os dons, todos os atos, se, divorciados dele; “ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se, não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;3 etc.

Porém, diria alguém, dar os bens aos pobres e se sacrificar não é um gesto de amor? Não, necessariamente. Muitos “dão” diante das câmeras, ou, das multidões, em busca de aplausos, alimento do ego, do amor próprio; outros, martirizam-se em atos de terrorismo, pelas “recompensas de Alá”, amor próprio, egoísmo, uma vez mais.

Acontece que não existe um “salto” que aproxime e faculte amar a Deus em si; meu amor por Ele, deve ser expresso aqui, nos demais alvos do Seu amor, que me são próximos, palpáveis. “Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós; em nós é perfeito o seu amor.” I Jo 4;12 O amor a Deus, propriamente, se manifesta mediante apreço À Sua palavra. “Mas, qualquer que guarda a Sua Palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele.” I Jo 2;5

Acontece que se disseminou a ideia errônea que o amor é mero sentimento; assim sendo, sequer mandamento poderia ser, pois, não tenho controle sobre os tais, nem, para os fazer brotar, nem, para fazê-los morrer. O amor cristão é uma escolha, uma decisão moral fundada sobre a Palavra de Deus, não, sobre a areia movediça de meus sentimentos oscilantes.

Com certeza, sentimentos de tristeza, frustração, decepção, assomaram no coração confuso do “noivo traído” José, ao saber da gravidez de sua noiva. Ainda assim, certamente a amava de um modo digno, pois, preferiu ruminar sua dor, a expor sua amada à má fama; nobre gesto.

Porém, O Eterno assumiu Sua “culpa”, e defendeu a inocência da Sua serva, a qual disse que José deveria receber sem duvidar de sua integridade. As aparências eram contrárias, mas, ele confiou na Palavra do Senhor.

Dessa forma que somos desafiados a amar; a despeito das aparências, de eventuais gratificações, de nos parecerem, as pessoas, amáveis, ou, não. Apenas, porque a Vontade expressa do Pai é essa; Não amarmos para ganhar algo em troca, como bem disse o poeta Carlos Drummond de Andrade: “Amor é estado de graça, com amor não se paga.”

sábado, 18 de fevereiro de 2017

Convocação do Rei

“O escarnecedor busca sabedoria e não acha, para o prudente, porém, conhecimento é fácil.” Prov 14;6

Temos dois tipos de caráter, escarnecedor e prudente; a sabedoria, ou, seu irmão gêmeo, o conhecimento, refratários a um, e, acessíveis a outro.

O escárnio é uma “qualidade” que se exercita à presença de terceiros, enquanto, prudência, uma virtude que dispensa plateia, ainda que, seus traços sejam perceptíveis pelas ações que patrocina.

A zombaria é filha do orgulho, de alguém que ridiculariza determinada situação, por presumir-se superior, ou, como máscara para ocultar sua inferioridade. Por outro lado, prudência deriva de seu oposto, humildade; pois, fazendo alguém, reconhecer-se limitado, abaixo de uma força superior, enseja cautela, cuidado nos passos, temendo, eventual ceifa. Assim, é forçoso concluir que, o escárnio é traço de orgulhosos, prudência, de humildes. Aí poderíamos parafrasear assim: O orgulhoso busca sabedoria e não acha, porém, para o humilde, encontrar é fácil.

Se, as qualidades morais, não, intelectuais, pesam em última análise nessa aquisição, o que há por trás que faz com que seja assim? A vontade de Deus, que abomina aos soberbos, mas, agracia aos humildes. “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;7
O Salvador certa vez orou assim: “... Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.” Mat 11;25

Foi, justo a prudência, filha do Temor de Deus, que fez José abominar o mau comportamento dos seus irmãos, e manter-se fiel, obediente a Jacó, seu Pai. Mais tarde, já na escravidão, a mesma virtude o impediu de consumar o adultério tencionado pela esposa de Potifar.

Essa postura nobre, contudo, não o livrou de mais de uma década de sofrimento, prisão inocente. Entretanto, quando pareceu bem ao Eterno, galardoar às virtudes de Seu servo, que, as exercitara apenas para a boa condução pessoal, tais, se fizeram vitais para todo um reino. O próprio Faraó, cujas angústias não foram aliviadas pelos “sábios” de sua corte, discerniu vivamente a mão de Deus, na vida do estrangeiro, então, escravo; sentenciou: “... Acharíamos um homem como este em quem haja o espírito de Deus? Depois disse Faraó a José: Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu. Tu estarás sobre a minha casa, por tua boca se governará todo o meu povo, somente no trono eu serei maior que tu.” Gên 41;38 a 40

Faraó viu nele O Espírito de Deus, sabedoria, e aptidão para governar. Isso, porém, depois de ter ele sido testado na arte de governar a si mesmo nas provas pelas quais passou. 

Essa é a diferença básica entre a Sabedoria Divina e a humana. O Eterno baseia-se em princípios, os homens, em palavras, em volume. Quem, mesmo testado rigorosamente se manteve fiel e governou aos próprios instintos, foi tido por apto para governar o maior império de então. Nos governos humanos, o mais mentiroso e demagogo, quem, mesmo afrontando à lógica, prometer as maiores grandezas, geralmente é tido por digno, e governa.

Deus nos testa nas minúcias, para que, nelas, sejamos prudentes, daí se lhe parecer bem, nos coloca em postos maiores. “E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” Mat 25;21

Na verdade, essa “minúcia” do domínio próprio nem é tão pequena assim, dado que, é mais fácil governar sobre outros, que sobre si mesmo. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32
Por isso, a prudência é reputada como ciência, conhecimento no prisma espiritual, que ingere sobre os demais aspectos da vida. “Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e acho o conhecimento dos conselhos.” Prov 8;12

A Cruz, à qual somos desafiados, outra coisa não é, senão, exercer o Governo de Cristo, sobre nossos maus instintos. Mortificarmos aos tais, por obediência a Ele no temor do Seu Nome. Essa co-regência que nos conjuga a Ele, é que nos traz o descanso da salvação. “Tomai sobre vós o meu jugo, aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas.” Mat 11;29

Ouvindo Suas Palavras, orgulhosos escarneciam, e, ainda é assim; os humildes recebiam, e como José, eram guindados, da prisão, ao Reino.

Quem, por prudência e temor, vence a si mesmo e se entrega à salvação, interpreta certo o “Sonho do Rei”, que visa salvar aos que ama. A Palavra é emissário dizendo: Levante-se, o Rei quer vê-lo!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Os ateus e a lógica

Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso, ceifará.” Gál 6;7

Essa lógica agrícola elementar não parece encerrar nada de profundo; embora, a fala seja de Paulo, só reitera uma figura que fora usada pelo Mestre em Seus ensinos. Falou sobre o fiel no pouco que administraria o muito; sobre quem fez caridade aos fracos, como tendo feito a Ele; outros vieses da ideia de ceifar segundo o plantio.

Porém, o apóstolo excede às minúcias, e aponta o princípio que deve nortear nossas ações: “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas, o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” V 8

Assim, além da obra em si, temos o “motor” como elemento que a qualifica; muitos podem fazer a coisa certa, com motivação errada. Por exemplo, fazer obras de caridade para se justificar, querer ser salvo pelas tais, invés do Bendito Sangue de Cristo.

Não raro, as pessoas avaliam mal o impacto da incredulidade; pensam que pode ser reputada apenas como dificuldade legítima de crer, sem uma conotação espiritual mais séria. Um erro fatal.

A própria perfeição da criação será evocada como testemunha, pois, A Palavra afirma que vendo-a, alguém, facilmente seu intelecto pode perceber Deus. “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus manifestou. As suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto, seu eterno poder, quanto, sua divindade, se entendem, claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;18 a 21

Deus é dado como manifesto ante todos por Suas obras; ignorar isso equivale a deter a verdade pela injustiça, insensatez. Portanto, os que duvidam por acharem “lapsos lógicos”, são os mesmos que veem coerente a “Teoria da Evolução” Malgrado, nem uma mosca ter sido flagrada ainda, transmudando-se noutra espécie.

A incredulidade vai mui além de pecado; é blasfêmia. “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu.” I Jo 5;10

Claro que se requer de nós, boas obras, mas, como modo de vida após ser salvo pela fé, não, como meio de salvação; seria blasfêmia outra vez, pensar que nossas justiças, “trapos de imundícia” são superiores ao Feito Majestoso do “Senhor Justiça Nossa.” Paulo ensinou: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;8 a 10

Igualmente errônea a conclusão que Jesus ensinou apenas amor, perdão, não condenou a ninguém; mensagens que aludem à condenação seriam frutos de uma igreja sem amor, não mais imitadora do Mestre. Quando Ele disse que não veio condenar, mas, salvar, referia-se à Sua missão redentora, pois, todos estavam perdidos.

A longanimidade de Deus espera ainda, o arrependimento de alguns. Porém, O Senhor ressurreto disse: “...Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas, quem não crer será condenado.” Mc 16;15 e 16

Ao encerrar Sua revelação O Senhor foi categórico em especificar tipos de pecadores que não entrariam em Seu Reino; “quanto aos tímidos, aos incrédulos, aos abomináveis, aos homicidas, aos fornicadores, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; que é a segunda morte.” Apoc 21;8

Incrédulos colocados no mesmo rol de feiticeiros, homicidas, fornicadores, idólatras e mentirosos. Quem acha que exagerei ao definir como blasfêmia, considere a implicação do Juízo do Senhor.

Acho interessante ver ateus professos acusando nossa caminhada de ilógica. Primeiro, são o que a Bíblia define como naturais, ou, carnais; desses, diz: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Se prezam mesmo a lógica, deveriam se abster de discutir coisas do espírito, pois, seria um escárnio diante de Deus, semear na carne, e colher no espírito, e, como vimos no princípio, “Deus não se deixa escarnecer.”

Primeiro, não enxergam, porque lhes falta fé; depois, dizem que nossa fé é cega, porque lhes faltam olhos espirituais.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Objetivo da fé

Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Mestre, a figueira, que amaldiçoaste, secou. Jesus, respondendo, disse-lhes: Tende fé em Deus.” Mc 11;21 e 22

Embora a maioria dos que leem essa passagem aplicam sua ênfase em, remover montes, o ensino que deveria saltar aos olhos é que Deus remove o que lhe desagrada; assim fez, com a figueira sem frutos, secando-a.

Porém, caso reste alguma dúvida sobre o alvo da fé, recorramos a uma testemunha mais: “Sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e, é galardoador dos que o buscam.” Heb 11;6 Se, a meta da fé é agradar a Deus, não suponhamos que, de posse dela, venhamos a remover montes que Deus não quer que sejam removidos. Sua Obra como Criador, “viu que era muito bom”. Portanto, deixemos os montes em seus lugares.

Quem é O Criador tem direito de desejar que Sua criação o agrade. Por exemplo: Quando escrevo poemas, no universo da arte, sou criador também. Sem consultar ninguém, ao meu gosto, removo palavras que me desagradam estrofes, segundo meu apreço. Se, outros vão gostar, concordar, ou não, é irrelevante, uma vez que, a criação é minha.

Os antigos mestres ensinavam que a fé é feita de três coisas: Conhecimento; concordância e confiança. Ora, a necessidade de conhecimento é óbvia; “... como crerão naquele de quem não ouviram? ...” Rom 10; 14 Contudo, isso requer aprofundamento, essência; mais que decorar textos, recitar palavras. Os que rejeitaram ao Salvador o fizeram “com base” nas Escrituras que O anunciavam, tal, a superficialidade de seu “conhecimento”. “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas, vida eterna, e, são elas que de mim testificam;” Jo 5;39

Igualmente, hoje, deparamos com textos bíblicos nos lábios de quem desconhece Deus, Sua Palavra. Textos cuidadosamente escolhidos lançam promessas fáceis, incondicionais, entregam chaves, vitórias, a gente alienada, descompromissada, consumidora de drogas psíquicas, vítimas de autoenganos.

Entre outras maravilhas que emergem do mundo virtual está a ilusão que se pode matar elefantes com bodoque; digo, alcançar salvação sem cruz, apenas ingerindo algumas “drágeas” ao gosto de cada um. Falta de conhecimento das Escrituras não é mero lapso cultural, antes, erro fatal, custa vidas. “Meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei...” Os 4;6
Depois de conhecer, se requer que concordemos com Deus. Isso de questionar os caminhos Dele se dá por orgulho. “Farás tu, vão, meu juízo, para justificar-te?” Questionou a Jó. Sim, quem discorda o faz porque sente-se atingido, em parte, e, falta humildade para assumir, então, questiona a autenticidade da Bíblia, validade de determinados textos, atribui a ela, imprecisões, contradições, etc. 

Quem se converte deveras, quando não entende algo, pensa que o erro está em si, jamais, em Deus, como disse Paulo: “Seja Deus verdadeiro, e mentiroso todo homem.” O Senhor Onisciente não precisa ensaiar, aprender, nada. O Velho Testamento, que foi substituído pelo Novo, não era um rascunho que foi melhorado, antes, cumpriu cabalmente o alvo de mostrar a pecaminosidade da raça caída, fazendo todos condenáveis, para que reconhecessem a necessidade do Salvador. A Lei serviu de “Aio para nos conduzir a Cristo”; era seu fim.

Entretanto, conhecer e concordar não basta; precisamos confiar em Deus, no que diz Sua Palavra. Ele diz que a salvação é pela fé, independe das obras, então, assim é; porém, que a fé sem obras é morta, portanto, devemos atuar em conformidade com o que cremos; uma fé viva confia, e confiança moldam o agir dos servos. Mediante Isaías O Senhor denunciou aos que O “honravam” de lábios, com o coração distante; Jesus reiterou o dito.

Enfim, se o alvo da fé é que agrademos a Deus, devemos produzir o que Ele espera, frutos de justiça. Pois, assim como, no exemplo da figueira, extinguiu a planta sem frutos, no nosso caso, figura-nos como varas enxertadas em Cristo, para o mesmo fim. “Eu sou a videira verdadeira, meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.” Jo 15;1 e 2

Todavia, a “fé” moderna tenciona colher o que não plantou, invés de frutificar de modo a agradar a Deus. Claro que O Santo não é egoísta, antes, nos ama; portanto, se O agradarmos em nosso modo de vida, também nos agradará concedendo-nos Suas bênção. “Agrada-te do Senhor, Ele te concederá os desejos do teu coração.” Sal 37;4

De novo, a mesma ordem: “Galardoador dos que O buscam...” não, dos que buscam coisas... Afinal, os que se agradam de Deus, não acalentarão no coração, desejos de coisas avessas ao Seu caráter Santo.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Confiar ou não? Eis a questão!

“Amados, se nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus;” I Jo 3;21

Notemos, que, a confiança é condicional, não por possíveis lapsos em quem se confia, no caso, Deus; antes, é, justo, a Integridade Dele, que requer contrapartida minha, ( que me faça íntegro ) se, quiser Dele me aproximar com confiança.

Plenamente confiável, apenas O Senhor É. Me presumo de bom caráter, entretanto, eventualmente, faço coisas que desaprovo; de certo modo, traio a autoconfiança.

Porém, há distinção entre falhas de princípio, e de conduta. Tomemos como exemplo a mentira: Digamos que ela me soe abjeta, que a desprezo, não a abrigo, em meu ser. Todavia, em dado momento, por conveniência, para evitar um constrangimento, escorrego e incorro nesse erro. Minha conduta traiu meus princípios, pois, por esses, não sou mentiroso, nem aprovo, quem é. Assim, é correto concluir que, o de bom caráter, bons princípios, eventualmente, pode conduzir-se mal, não sendo plenamente confiável, como Deus, que jamais falha.

O texto inicial encerra certa presunção de mérito, para termos confiança, no tocante a Ele; “Se nosso coração não nos condena...” Nas relações interpessoais, geralmente a confiança se estabelece a partir da projeção. Como assim? Simples, projetamos sobre outros, os valores que são nossos, aquilo que não faríamos, supomos que outros não farão conosco, mormente, aqueles com os quais temos certas afinidades.

Na imensa maioria das vezes nos decepcionamos, as pessoas nos saem pior que a encomenda. Porém, antes de vociferarmos que não existe ninguém confiável, convém pensarmos se, também não maculamos, em dado momento, a confiança em nós depositada, eu, várias vezes.

Assim sendo, quer dizer que confiaremos em Deus apenas, e seremos refratários à confiança em nossos semelhantes? Depende de algumas variáveis. Primeiro, se não somos 100% confiáveis, mesmo sendo de bons caracteres, como exigiremos que os outros sejam? Segundo, do ponto-de-vista cristão, o relacionamento deve ter como vínculo o amor, que, por sua natureza indulgente, flexível, supre mediante sofrimento, perdão, lapsos de quem devemos amar. A Bíblia não põe o amor atrelado à justiça, antes, alheio a ela. “Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois, poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova o seu amor para conosco, que, Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;7 e 8

Essa coisa mercantil, tipo, só confio em quem merece, sou bom pra quem é bom comigo, etc. até pode ser justa, mas, passa a anos-luz do vero amor, que é sofredor. Confiança não é algo manufaturado, é uma conquista que encerra perdas.

Se alguém confiar em mim porque mereço, será mero escambo; mas, se, mesmo sendo sabedor que não mereço, ainda assim, me fizerem esse mimo, minha maldade nunca mais será a mesma; serei constrangido pelo amor, a mudar, uma vez que me sinto endividado com quem confiou em mim.

Muitos conhecem a história do ovo, da cenoura e do pó de café. Os três foram inseridos em recipientes de água fervendo por uns minutos. O ovo ficou endurecido, a cenoura macia, e o pó mudou a essência da água. Assim somos nós. Podemos, traídos, endurecer e não confiar em mais ninguém; enfraquecer, autocomiserados, e nos deprimirmos, ou, com nossa essência, caráter, alterarmos a outrem, emprestando-lhe nova visão, novo sabor.

Ademais, se perco algo, por ter confiado em quem não merecia, não perco cabalmente; há um aprendizado mútuo, tanto da vítima, quanto, de quem vitimou; O Senhor recompensará justamente, a cada um.

Óbvio que se descarta a ingenuidade, quando, se trata de alguém com histórico de maus atos, mau caráter, sinal de consciência cauterizada, quando, confiar, nem um gesto de amor seria, mas, temeridade. Dá para amar mesmo não confiando. Embora, devamos, por princípio, vencer o mal com o bem, há males resilientes demais para serem vencidos.

Em suma, certamente perderemos coisas por confiar em pessoas; mesmo assim, ganhamos pela preservação da justa medida entre meios e fins; as pessoas são os alvos, as coisas, apenas meios. Menos mal, me parece, sofrer perdas por nos humanizarmos, que nos alienarmos a quem devemos amor, por “coisarmos”.

Claro que a confiança lida com valores também, como lealdade, integridade, discrição... bens imateriais, mas, os mesmos princípios cabem aqui também.

Falando nisso, a receita Bíblica é que façamos a outrem o mesmo que gostaríamos que nos fizessem; por essa regra, quem presume-se confiável, um tanto, deve confiar também. Enfim, não devemos confiar pelo que as pessoas são, mas, pelo que serão quando Deus as transformar; e Ele fará isso, usando, até, nosso exemplo.

Não confie pelo que o outro é; mas, porque é menor o mal das decepções pontuais, que o de ensimesmar-se enrijecido, vendo mal até onde ele não está.