domingo, 29 de janeiro de 2017

Contrapartida da Graça

“Sucedeu, pois, que no dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho, a vara de Arão, pela casa de Levi, florescia; produzira flores, brotara renovos, dera amêndoas.” Num 17;8

Alguns hebreus tinham posto em dúvida a escolha da tribo de Levi para o sacerdócio. Acusaram Moisés de nepotismo, de favorecer seus parentes, sendo, a escolha de Aarão para sumo sacerdote, de origem humana, não, Divina.

Ele colocou o problema para Deus, que os escolhera. O Eterno ordenou que cada tribo pusesse um bordão junto à Arca da Aliança, o que florescesse durante a noite, seria escolhido. E, fez melhor que isso; digo, além de flores, na vara de Aarão surgiram frutos, amêndoas.

Esse incidente enseja algumas reflexões sobre o testemunho. De nós para nós, no âmbito humano, digo, pela boca de duas, três testemunhas todo juízo se estabelecerá; se, alguns derem falso testemunho, como, muitas vezes acontece, dessa condição, migrarão para a de réus, quando, O Supremo julgar, finalmente.

Mas, eu tinha em mente o testemunho a favor de Deus, quem dará? Nesse caso específico, as duas testemunhas foram vida, e tempo. Sabemos que um bordão é de madeira seca, portanto, sem vida; uma “árvore” assim, brotar, florescer, é totalmente impensável, impossível, sem intervenção do Autor da Vida; além disso, florescer e frutificar numa noite, igualmente, pois, tais eventos demandariam o curso de certo tempo, ou, a intervenção do “Pai da Eternidade”.

Desse modo, quando a doutrina da Trindade era ainda oculta, O Criador servia-se de elementos da natureza como testemunhas. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que tenho proposto a vida e morte, bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30;19 Quando do, pós dilúvio colocou Seu Arco no céu, disse a Noé que seria uma aliança de que não haveria um novo; sempre que enviasse chuva traria junto Seu arco, o qual, vendo, se “lembraria” de Sua promessa.

Teria O Altíssimo, problemas de memória? Óbvio que não. Não era para Ele se lembrar, mas, para o patriarca não ser acossado por temores sempre que chovesse novamente. Uma amorosa proteção emocional; também, uma testemunha da fidelidade do Eterno.

Entretanto, no Novo Testamento a revelação foi ampliada; tivemos Joao Batista testemunhando da Luz; Jesus Cristo; Esse, testemunhando do Pai, mediante ensinos, obras; depois de Sua Ascenção, O Espírito Santo testemunhando Dele, fazendo lembrar cabalmente, Seus Feitos, Sua Doutrina.

Quanto a nós, após o perdão das faltas, o novo nascimento, adoção na família da fé, nosso papel funcional é justo, esse: Testemunhas. “Recebereis virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia, Samaria, e, até aos confins da terra.” Atos 1;8

Éramos como o bordão de Aarão, secos, mortos; mas, milagrosamente fomos galardoados com vida, feitos capazes de florescer, frutificar. Como o testemunho, aquele, moveu tempo e vida, igualmente, o nosso. Devemos antes de mais nada, rever nossa relação com esses dois. Diferente dos mortos que dizem: “Curta a vida, porque a vida é curta”, o fato de termos recebido vida eterna, nos permite “perdermos” essa, breve, dura, pela que ganharemos.

As agruras do combate fazem a vida dos salvos mais penosa que a dos ímpios, daí, Paulo dizer que, se tudo acabasse mesmo, aqui, seria uma perda insana: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Dos salvos, pois, se requer uma relação mais tranquila com o tempo, paciência, como a do lavrador que espera o fruto da Terra. Além disso, a vida eterna começa aqui, não é só uma reserva para o porvir: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” I Tim 6;12

Começando já, sua expressão tem mais a ver com qualidade de vida espiritual, testemunho, que, com tempo, pois, do nosso ponto de vista não é mais fator de preocupação. “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim, andemos também, em novidade de vida.” Rom 6;4

Os que almejaram o lugar de Aarão, não miraram nas responsabilidades pertinentes, antes, nos imaginados privilégios; Se, alguém tenciona aproximar-se do Cordeiro de Deus, por facilidades, melhor ficar onde está, na sua sina de vara morta. Todo tempo e vida Ele disponibiliza aos Seus, porém, o ingresso é uma cruz, o custo da permanência, obedecer.

A Salvação é de graça porque a não merecemos, mas, custa esforço, renúncia, porque O Santíssimo não merece que sujemos Sua Casa.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Maravilhas ignoradas

“Duas coisas me deixam maravilhado, o céu estrelado acima de mim, e a lei moral, dentro de mim”. ( Kant )

Quem padece necessidade de melhores olhos, vê apenas o imediato, não raro, vê problemas, como o jovem que andava com Eliseu, para o qual, o profeta rogou que se lhe abrissem os olhos. Feito isso pode ver maravilhas Divinas.

O céu estrelado acima de mim...” foi versado por Davi no salmo 19, e, invés de ensejar uma teoria, tipo, Big Bang, deu azo a belos louvores, reconhecendo o autor, de tais obras. “Os céus declaram a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro, uma noite mostra sabedoria a outra. Não há linguagem nem fala, mas, ouve-se sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol, o qual é como um noivo que sai do seu tálamo, se alegra como um herói, a correr seu caminho.” Vs 1 a 5

Spurgeon comentando tal texto disse: “Aquele que, após contemplar a vastidão dos céus, astros, estrelas em sua perfeita harmonia, ainda se declara ateu, juntamente se declara imbecil e mentiroso.” Pois, os céus proclamam a Glória de Deus.

Mas, voltando a Kant, havia uma segunda coisa que o maravilhava; “... a lei moral dentro de mim.” Disse. O mesmo livro dos salmos traz a Onipresença Divina, em miúdos: “Para onde me irei do teu espírito, ou, para onde fugirei da tua face? Se, subir ao céu, lá estás; se, fizer no inferno minha cama, eis que ali estás também. Se, tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali, tua mão me guiará, a tua destra me susterá. Se, disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti; a noite resplandece como o dia; trevas e luz são para ti a mesma coisa;” Sal 139;7 a 12

Ora, lícito nos seja concluir que o autor não foi a esses lugares todos, nem poderia. Como sabia, então, que neles, Deus estava? A “lei moral dentro de mim” também chamada, consciência, faculdade do Espírito, o fazia saber que, onde quer que fosse Deus estaria, uma vez que, estava nele. 


Mesmo quem ignora, em parte, as Divinas demandas, ainda possui esse aferidor moral mencionado por Paulo: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente, sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.” Rom 2;14 e 15

Quantas pessoas que, sequer conhecem à Palavra, contudo, têm boas noções sobre direitos, deveres, equidade, isonomia, coisas que se alinham aos preceitos bíblicos. Se agirem à luz disso cumprem a lei moral que identificam.

Porém, a miopia espiritual que, atualmente grassa, não permite ver mais essas maravilhas. Nem as internas que me desconfortam sempre que fico aquém dos reclames do Espírito, nem as externas, que gritam alhures sobre a Majestade do Criador.

O Eterno tem sido usurpado em Sua Glória, por uma geração de pregadores com a “visão” do jovem auxiliar de Eliseu, que, não consegue transcender o imediato; suas mensagens não vão além da matéria, suprimento do ventre e outras vaidades acessórias.

Alguém disse com acerto: “Quando você aponta uma estrela para um imbecil, ele olha pra ponta do seu dedo.” Claro que os imbecis em questão, são tais pregadores, pois, fazem uso da Palavra, cujo Centro, Alvo, Meta, é a Estrela de Davi, Jesus Cristo; eles, não conseguem prestar o culto racional, onde, a Razão a serviço do Espírito, patentearia ante eles, a Vontade de Deus.

A Palavra e Suas justas demandas se tornou como um Moisés no monte, demorado em seu retorno, e o povo tinha pressa. Como aqueles fizeram o bezerro de ouro dando vazão às suas comichões, esses, veem naqueles, “sombra dos bens futuros” tipo de sua “teologia” cuja única maravilha que põe em relevo é a Longanimidade de Deus.

As maravilhas da criação, bem como, o fato de estarmos “condenados” a sermos justos, deveriam tremelicar nossas antenas, como fizeram com Immanuel Kant, mas, a galera está sonolenta demais para isso.

Como são justos todos os reclames Divinos, ou respondemos favoravelmente a eles, ou, não teremos verdadeira paz interior. “O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32; 17 Isso, ou, a opção ímpia e suas consequências: “Os ímpios não têm paz, diz o Senhor.” Is 48;22

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Dona Marisa Letícia e a dignidade humana

Ainda que seja meia dúzia de pessoas, em frente ao hospital, ou, pelas redes sociais, é de extrema indignidade, usar a doença de dona Marisa Letícia, esposa de Lula, como oportunidade para protestos políticos.

Não gosto do PT por mil razões, já patenteei isso em muitos textos, contudo, uma coisa é a atuação das pessoas na esfera pública, outra, sua vida particular. AVC, câncer, acidentes, etc. são coisas que não desejo a ninguém, por pior que seja, eventual desafeto.

Pensar que certa vez, meia dúzia de imbecis da torcida do Grêmio cantavam: “O Fernandão morreu, o Fernandão morreu...” Como se isso fosse uma conquista do nosso time, ou, algo a ser comemorado, francamente! Acho divertido zoar dos colorados vendo o Inter na segunda, mas, não são meus inimigos, nem desejo a morte de nenhum deles. Suporto na boa, quando estão por cima e é sua vez de cornetear.

Se, eu acredito que alguma desventura dessa ordem seja uma espécie de juízo, do destino, sorte, Deus, quem me garante que, ao comemorar isso, não estarei me fazendo candidato a igual sina, por meio de quem estaria julgando?

Aliás, a Bíblia ensina algo assim: “Quando cair teu inimigo, não te alegres, nem se regozije teu coração, quando ele tropeçar; para que, vendo-o o Senhor, seja isso mau aos seus olhos, e desvie dele sua ira.” Prov 24;17 e 18

Acho que Lula deve ser investigado a fundo, e, encontradas as provas, que pague pelo que fez, como de resto, corruptos em geral, de qualquer sigla. Agora, desejar que alguém morra, ou, alegrar-se com isso, caso aconteça, é coisa de seres boçais, amorais, desumanos.

É certo que para a maioria da militância vermelha, dignidade alheia, os direitos de quem pensa diferente, pouco importa. Invés de protestarem pacificamente aos domingos, conforme os demais, bloqueiam ruas em dias úteis, quebram, incendeiam... Contudo, só temos direito de criticar comportamentos assim, quando, não fazemos o mesmo, senão, qual o sentido?

Dona Marisa, de formação simples, não creio que teve papel algum de relevância na política, pois, foi uma Primeira Dama, mais decorativa, que atuante, por suas limitações, acredito, não, vontade. Então, não se deve voltar artilharia nenhuma contra ela.

Se, o alvo é Lula, e, sabemos que é, esse tipo de postura o faz vítima, não, culpado; quem manifesta tal oportunismo, indecente, obsceno, mesmo que jogue lenha na fogueira certa, o faz na hora errada e usando método torpe.

“O medíocre discute pessoas; o comum discute fatos; o sábio discute ideias.” Prov chinês.

Há muito nossa política deixou de discutir ideias, e segue sua sina, ao rés do chão, atacando pessoas. Verdade que isso tem o dedo do PT. Sempre fomentaram a divisão, o, nós, contra eles; os do povo e os das elites, embora os coronéis da velha e corrupta política se fizeram “do povo”, uma vez que aliados do PT, mas, isso é para as tribunas políticas, não, para horas assim, tampouco, diante de hospitais.

Se, não gosto de certa sagração da morte, prato predileto dos hipócritas, que, ao morrer alguém, por ruim que seja, passa a ter apenas qualidades, nenhum defeito, também desprezo a esse revanchismo doentio, que não representa aos brasileiros decentes, apenas, meia dúzia de mentecaptos amorais, que se fazem ridículos por sua conta e risco, sem representar nada além de seus umbigos doentios.

Por outro lado, igualmente ignóbil a tentativa de Paulo Okamoto, do Instituto Lula, de culpar à Lava Jato pela doença, querer tirar proveito político, dela. Do seu viés, faz o mesmo que os que protestam; igualmente oportunista, obsceno, amoral e imoral. Ou, os que pretendem ver nesses minguados ajuntamentos de escrotos, um reflexo de luta de classes, um “ódio à pobreza” e coisas assim, que circulam em apreço aos imbecis primeiros. Se, o PT representasse deveras, aos pobres, seus próceres não estariam milionários, como estão Dirceu, Palocci, Lula e família, etc. portanto, pra boi dormir.

Em suma, respeitemos ao difícil momento de Dona Marisa. Mas, quem não consegue desejar melhoras a ela, pelo menos, que melhore a si mesmo avaliando seu papel no teatro da vida.

De minha parte, não preciso desejar que ninguém morra, pois, contra o meu desejo, o tempo está cuidando disso; e, lamento informar, nos vai pegar todos. O triste, e profundamente lamentável, é que alguns, preferem morrer antes da mão do tempo golpear, existem, numa espécie de “Walking Dead”, mas, desconhecem, tanto os sentimentos, quanto, os valores que dão sentido à vida.

A melhoria na política depende dela ser “oxigenada”, pela inserção de melhores protagonistas, não, pela falta de modéstia dos imbecis.

Que Dona Marisa melhore, que o Brasil melhore, que a política se faça com cérebros, não com relinchos.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

hemiplegia espiritual

“Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los, mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.“ Atos 15;5

Que parte do “negue a si mesmo” eles não entenderam? Na verdade esse erro não é exclusividade deles. Quantos de nós, invés de entendermos a conversão como é, autonegação, submissão, mortificação, novo nascimento, veem como um upgrade, uma potencializada na visão filosófico-espiritual, da vida. Quem cria em algo distinto da Bíblia, busca pontos de “encaixe” entre seu pretérito e a nova crença.

A Lei de Moisés não é de origem Divina? É. Entretanto, seu alvo nunca foi salvar o homem, isso era-lhe impossível; “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado, na carne;” Rom 8;3

O objetivo da Lei sempre foi manifestar nossa falência espiritual, e consequente necessidade do Salvador. Paulo disse: “... a lei nos serviu de aio, para conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24

Quando ele mesmo diz que não anulamos, antes, estabelecemos a Lei pela fé, outra coisa não diz, senão, que o propósito pelo qual a Lei foi dada, se cumpre, à medida que nos remete a Cristo, O Salvador.

A Epístola aos Hebreus ensina que, mudando-se o sacerdócio, necessária se faz a mudança da Lei. O Sumo Sacerdote da Nova Aliança resumiu tudo em dois mandamentos: Amar a Deus, e ao próximo. Amor a Deus se manifesta, além de, louvores, adoração, em obediência. Todavia, o Novo Sacerdote não requereu obediência à Lei, antes, aos Seus ensinos: “...ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho mandado;” Mat 28;19 e 20

Contudo, não é apenas no aspecto legalista que, os convertidos dentre os gentios trazem seus pretéritos e tentam anexá-los à nova fé. Isso era problema, sobretudo, de judeus. Embora, haja os que, reféns de uma interpretação errônea, tendo renascido frutos da Nova Aliança, tencionem cultuar ainda, a antiga.

Amante do renome e dinheiro, Simão, o mago, “convertido” quis comprar o dom de batizar com O Espírito Santo; Pedro foi categórico: “... teu dinheiro seja contigo para perdição, pois, cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.” Atos 8;20 Adiante, o livro dos Atos menciona uma atitude diferente de outros magos que se converteram: “...muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram seus livros, os queimaram na presença de todos; feita a conta do preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata.” Atos 19;19

Isso reflete vera compreensão da conversão; ruptura cabal com o passado obscuro, entrega total ao novo, de Deus. Que triste discernir a hemiplegia espiritual dos convertidos atuais, que querem amenizar as dores da cruz, com o torpor do vinagre das antigas predileções naturais. Quem amava carnaval, agora quer uma versão “gospel”; idem os do funk, do erotismo, os amantes do dinheiro, sobretudo, mas, agora, “em Nome de Jesus”, que vergonha!!

A impressão de certos, “novos nascimentos”, é que alguns, nasceram velhos, com paladar de adultos ímpios. A dieta espiritual é diversa: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo.” I Ped 2;2

Paulo conhecera a Cristo fisicamente, e disse que, isso não era relevante. “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não conhecemos deste modo.” II Cor 5;16 e conhecer do modo correto, espiritual, requer que “queimemos nossos livros” também, pois, “...se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” V 17

A mudança exterior de um convertido se dá, porque houve outra, interior, no jeito de pensar, adotando em lugar dos próprios, os pensamentos de Deus. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Conversão, enfim, não equivale a mudar de vida, antes, mudar da morte para a vida; não é upgrade, é regeneração. “...quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Dizer-se cristão, sem honrar as implicações disso, é como determinada igreja, da qual o Senhor disse: “Tens nome de quem vive, e estás morta”.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Jesus em más companhias

“Vendo todos, isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador.” Luc 19;7
Como o Senhor Jesus cometeu tal erro? Que falta fez uma “Dona Florinda” para dizer: “Vamos tesouro, não se misture com essa gentalha.”

Porém, se evitasse pecadores, onde poderia entrar? “O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento, buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, sequer um.” Salm 14;2 e 3

Se, somos todos pecadores, como A Palavra de Deus afirma, por que, apenas alguns são tidos, os demais, são gente boa? Porque, nossa noção de pecado é muito superficial, indulgente; não raro, o que gostamos nos soa lícito, malgrado, seja abjeto diante do Eterno.

Com esse “aferidor moral”, vemos facilmente pecados em outros, pois, tanto quanto, somos omissos em censurar nossas predileções errôneas, somos atuantes em acusar alheias; ver o mal em outro me faz, indiretamente, me sentir bom, por não cometer os mesmos erros. Como gosto de me sentir “do bem”, ajuda nisso, vislumbrar aos que são “do mal”, vejo fácil, pecados externos.

Para isso basta o auxílio da visão; às vezes, nem preciso, a simples malícia já permite “ver” onde os demais estão falhando. Para identificar minhas faltas careceria sintonia fina com O Espírito; Sua faculdade que tenta falar-me, a consciência. Como ela sempre adverte do mal, antes do mau passo, e esse, já dei, de certa forma a consciência é um “inimigo” vencido, portanto, não devo me preocupar.

Claro que, mesmo após o erro cometido, ainda, consciência acusa; sua voz se faz cada vez mais tênue, à medida que, ignorada. Isso levado ao cabo cauteriza, de tal modo, que, não mais a ouvimos, e, nos fazemos refratários às denúncias dos próprios erros, o que é fatal. Paulo ensina: “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual, rejeitando, alguns, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1;19

Se, os religiosos e demais hipócritas da época acusaram Jesus por desejar entrar na casa de Zaqueu, um publicano, no episódio da mulher adúltera, todos foram desafiados a analisarem-se, invés de o fazerem em relação às culpas alheias. “Quem estivar sem pecado, atire a primeira pedra.”

As mentes acostumadas a usar o telescópio para ver de longe os pecados alheios, foram, enfim, apresentadas às lentes do microscópio, para olharem dentro de si. Depararam com tantos germes, vírus, bactérias, que sua pretensão de saúde espiritual desmoronou de vez.

Entretanto, não obstante sermos pecadores, O Salvador veio ao nosso encontro, ainda vem, todos os dias, cada vez que, de alguma forma ouvimos Sua Palavra. Ele não requer santidade para entrar em nossa vida, apenas, que ouçamos Sua Voz, que lhe abramos a porta do coração. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir minha voz, abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele cearei, e ele comigo.” Apoc 3;20

Se, O recebemos como Senhor, nos dá O Bendito Espírito Santo, para nos capacitar a sermos como Ele deseja, não para que O recebamos em nossa mesa, mas, para que sejamos recebidos na Sua, nas Bodas do Cordeiro.

Para lá, sim, se requer santidade, vestes de justiça, consciência pura. A fato de que eu sou pecador e devo estar ciente disso, não faz com os pecados alheios não sejam o que são; apenas, que para apresentar a eficácia do Sangue de Cristo a outrem, preciso tê-la usufruído primeiro. A história do cisco e da trave no olho.

Essa eficácia é de tal modo, profunda, que, mesmo ao microscópio, sou capacitado a me ver limpo, se, não, pela não prática do mal, ao menos, pelo perdão e purificação, mediante arrependimento e confissão. “...o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9;14

Desse modo, é correto afirmarmos que, O Salvador Amoroso se dispõe a entrar na casa do mais torpe pecador, falar a ele do Seu Amor. Ele se mistura com gente má, amando gente, e tencionando remover apenas o que Lhe incomoda, a maldade. A Ira do Eterno está sobre o pecado, se nos separarmos dele em tempo, estaremos livres do Juízo.

Esse é o alvo da cruz. Matar nela o velho homem que se alimenta da maldade, para renascermos em Cristo, que nos prescreve outra dieta: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo.” I Ped 2;2

Esse “leite” puro, sem água, formol ( A Palavra ) nos há de limpar ao gosto do Senhor. “...os limpos de coração... verão a Deus;” Mat 5;8

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A volta do Rei

"Porque toda a casa de meu pai não era senão de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste a teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Mefibosete, o filho aleijado de Saul, com muito mais noção de justiça que tivera seu pai. O contexto era a volta de Davi, após a traição de Absalão. Não fora com o rei nos dias de sua fuga, segundo ele, por causa da deficiência. Mas, não mais fizera a barba, lavara-se, nem lavara suas roupas, em sinal de tristeza pela angústia de Davi.

Caso pensasse como seu pai, teria no filho de Jessé um usurpador do trono, um inimigo. Entretanto, conhecedor dos feitos de Davi e de Saul, concluiu com acerto, que os seus eram dignos de morte, portanto, estar, ele, na mesa real, era já uma honra imerecida.

Diferente de Mefibosete, a maioria das pessoas tem mais facilidade para presumir direitos, imaginar méritos, que aquilatar culpas, e encontrar para elas, o devido juízo.

Observando a humanidade em seu agir, nem de longe porta-se como raça caída que, deveria, temendo o juízo por vir, buscar reconciliação com O Criador. A vida lhes parece um convite para festa, paraíso dos direitos sem deveres, quase tudo deveria ser franco, o Estado, um Deus provedor, o cidadão, um filho pródigo a esbaldar-se nos meretrícios da vida fácil.

Entretanto, pior que a alienação do mundo, é a que tem sido ensinada nos suntuosos templos modernos. As prédicas, invés de situar devidamente os coxos espirituais, de que, andando cada um do seu jeito, não passam de dignos de morte, e, que é mínima a exigência para salvação, desafia aos incautos para que porfiem com Deus, exigido riquezas, pois, esse seria um direito dos filhos do Reino.

O trabalho sempre foi uma bênção, que o digam os que, por alguma privação física não podem executá-lo. Por certo trocariam seu monótono ócio, pelo labor. O que veio anexo ao juízo pela queda foi a fadiga, “espinhos e cardos” que a Terra passou a produzir.

Entretanto, o “sonho de consumo” da maioria é evadir-se a ele, seja, via corrupção, roubo, loterias, um golpe de sorte qualquer, que lhes faculte vida fácil. E, se algumas “igrejas” acenam com riquezas rápidas, fazendo, o “fiel” certas mandingas, por que, não tentar?

Essa insanidade da alma ímpia travestida de cristã tem feito a fortuna de uma corja de mercenários que, comete toda sorte de obscenidades espirituais, fazendo os mais rasteiros jogos; danem-se os incautos, desde que eles, os “ungidos” tenham mesas de reis.

Para um salvo, deveras, o simples assentar-se com O Rei dos Reis, é uma honra inaudita, e, mesmo não carecendo abortar legítimos anelos de prosperar na Terra, não deve ter abalada sua confiança, se, as coisas se revelarem mais duras que seus anseios. O inimigo, a carne e o mundo obram para matá-lo, e, preservar a nova vida em cenário assim, adverso, é já uma grande conquista.

Na verdade, nossa saga, não se trata de celebração, onde somos chamados a opinar sobre decoração, música, cardápio; antes, é questão de sobrevivência, vida ou morte, onde, a cada um é dado o mesmo conselho que a Ló, quando da destruição de Sodoma e Gomorra; “escapa por tua vida”.

Cheio está o mundo de conhecimento inútil, crenças e crendices que não passam de entorpecentes das almas, enquanto, aquilo que é vital, Jesus Cristo, quando muito, se profana Seu Nome, mas, ninguém submete-se ao Seu Senhorio, Sua Palavra. Faz lembrar o trêmulo e embriagado Belsazar, quando, Daniel interpretou a sentença Divina sobre ele. “...destes louvores aos deuses de prata, ouro, bronze, ferro, madeira e pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas, a Deus, em cuja mão está a tua vida, de quem são todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.” Dn 5;23

As alternativas a Deus, na época, eram deuses de esculturas; as de hoje são mais vastas. Ainda temos idolatria, infelizmente, mas, concorrem o hedonismo, misticismo, espiritismo, ateísmo, islamismo, outros “ismos” mais, além de muitas filosofias que presumem legar ao homem aquilo que, somente a Bendita Palavra de Deus pode dar. E essa, muitos mencionam apenas como um rótulo, pois, pervertem a interpretação, ou, omitem o que é vital.

Não importa quão boas pareçam as obras de alguém, ninguém se converte deveras, sem ver, como Mefibosete, que é digno de morte diante do Rei. Só assim, encontrará o necessário arrependimento, e entenderá agradecido a justiça de cruz, vendo-a como graça, não, sacrifício. 

O Rei perseguido voltará, convidará à Sua Mesa somente os que O recebem agora, e se alimentam da Sua Palavra.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Naturismo espiritual

“É impossível que não venham escândalos, mas, ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos.” Luc 17;1 e 2

Jamais, o Evangelho passou por tantos escândalos como agora. Nem dá para dizer que sofremos vergonha alheia. A vergonha acaba sendo nossa, pois, ainda que, meros professos, sem frutos, os que escandalizam são “dos nossos”.

Uma hora, é o sangue do “Apóstolo” ferido colocado acima do de Jesus; outra, Silas avisando que seus seguranças atiram para matar, melhor nem tocarem nele; outros, quebrando imagens com pompa e circunstância gestando inimizade, rancor, invés de pregarem a verdade, simplesmente; a cereja do bolo: Outro “apóstolo” Agenor Duque, aquele que, de tão humilde veste-se de saco, malgrado, use tênis da Nike, deu seu recado ao esfaqueado Waldemiro. “Lutou” publicamente com um “possesso” que entrou com uma faca em seu culto, o fez nesses termos: “Se tenho alguma brecha na minha vida, pode enfiar a faca; pastor que peca, tem que levar facadas mesmo; agora, se sou homem de Deus, caia agora de joelhos, solte a faca”.

O “diabo” obedeceu, claro, afinal, precisava atestar a santidade do “apóstolo”. Bons tempos aqueles em que era Deus que testificava sobre a idoneidade dos Seus servos, agora, é o canhoto que coloca o “ISO 9000” em determinados produtos. “Eles, ( os Apóstolos ) tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, confirmando a palavra com sinais que seguiram.” Mc 16;20

Pior que esse teatrinho canalha, foi que, enquanto o “liberto” passava no caixa, para receber seu cachê, a igreja lotada vibrava. Uma geração imbecil, sonolenta, que foi ensinada a buscar “de” Deus, invés de buscar “a” Deus; sem um milímetro de discernimento, faz a fortuna desses salafrários, que profanam O Nome Excelso do Santo, e envergonham aos crentes decentes.

Além da busca estar errada, igualmente, o método apregoado pelos pulhas. As marionetes são ensinadas a fazerem coisas "para" Deus, uma espécie de troca, onde, o esforço do “fiel”, geralmente mede-se pelo tamanho da oferta para a “obra do Senhor”. Evangelho ensina-nos a servir, fazendo as coisas “com Deus”, em Seu Espírito, segundo Sua Palavra, com Seu Coração, pois, amor a Ele e ao próximo resumem tudo, Lei e Evangelho.

Assim, duas moedas, dadas por uma viúva pobre, se revelou mais, que fartas porções despejadas por ricos ostensivos. Aquela fizera por amor, esses, por aplausos.

Paulo, aliás, desdenhou todas as obras e dons, se, exercitados separados do concurso do amor, disse: “Ainda que tivesse o dom de profecia, conhecesse todos os mistérios, toda a ciência; ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, se não tivesse amor, nada seria. Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;2 e 3

De qualquer forma, trata-se de uma impossibilidade lógica, pois, ninguém pode dar o que não possui. Assim, como ensinariam amar a Deus, esses ladrões, profanos, amantes de si mesmo?

Infelizmente, a plateia que os segue, os merece. Quem oferta algo acreditando que O Altíssimo seja assim, raso, venal, perverte O Santíssimo à sua imagem rasteira, mercantil, depravada.

A conversão consiste em crucificar esse egoísmo insano, render-se ao Senhorio do Salvador, deixar que Ele, por Sua Palavra e auxílio do Espírito Santo, nos transforme outra vez, na Imagem de Deus, como foi antes da queda.

Contudo, é muito mais fácil a perversão, pois, acena com o Céu na Terra, e, melhor, sem cruz; apenas, dinheiro, quanto mais, maior a bênção.

Não existe esse ensino que quem peca deva levar facadas, deve arrepender-se e buscar perdão; até porque, todos pecamos. Tampouco, que a idoneidade espiritual nos coloque acima de determinadas dores comuns a todos. João Batista foi tido pelo Maior dos Profetas, não há registro que tenha “deixado brecha”, entretanto, mais que facada, foi decapitado. Por quê? Porque o juízo de Deus ainda não é aqui.

Entretanto, se esse ensino não há na Bíblia, outro há, que diz: “Pelas tuas palavras serás justificado, ou condenado” E, segundo ele, pastor que peca deve ser esfaqueado. Como diria o personagem aquele, “olha a faca!”

Um adágio diz: “se o sapo soubesse que está nu, não sairia da lagoa”. Claro que o “sapo” é outro. Esses crápulas cegos pela ganância nem percebem a magnitude da sua obscenidade. Quem os segue, não diria que sofreu lavagem cerebral, precisaria para isso, ter cérebro; pois, estão à vontade nesse campo de nudismo espiritual. 


Azar de nós outros, que não conseguimos engolir o sapo.