domingo, 20 de setembro de 2015

Obra acabada

“Agora, porém, completai o já começado, para que, assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento...” II Cor 8;11 

No contexto, Paulo refere-se a certas oferendas que começaram a ser recolhidas na próspera igreja de Corinto; tarefa que tinha sido deixada incompleta, cujo fim, seria ajudar outras igrejas mais pobres. Exortou: “completai o já começado...” Por ora, me aterei a isso. O hábito humano de largar coisas importantes sem acabar. 

Quando desafiava alguns a abraçarem a salvação, Cristo advertiu: “Pois, qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.” Luc 14;28 a 30 

Nesse caso, o sujeito não pode acabar por falta de insumos, meios. Mas, quais são exatamente, os “materiais de construção” necessários pra edificarmos em nossas vidas a salvação? Ouçamos: “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” V 33 

Vemos que tal edifício se faz não com coisas que possuo, antes, com minha capacidade de renunciar posses; noutras palavras: Não se faz com o que tenho, antes, com o que Deus me dá se O permitir remover coisas inúteis. 

O que o salmista dissera da segurança de uma casa e sua edificação, vale, sobretudo, no prisma da salvação de nossas almas. “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” Sal 127;1

De igual modo, a salvação; se não for nos termos do Senhor, Sua Palavra, por mais esmerada que pareça, no fim, será trabalho vão. Eis o desafio da fé! Ela insta a desconfiar de coisas palpáveis e depositarmos nossa segurança no Caráter do Senhor, malgrado a privação da vista.  “A fé é o firme fundamento do que não se vê.” 

Quando se vai edificar algo levamos em conta as necessidades e o gosto de quem vai habitar. Os espaços internos, a aparência exterior, o material, a cor, tudo deve atender às inclinações do futuro proprietário. 

Pedro ensina: “E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas, para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;4 e 5 Aqui temos a utilidade funcional da “casa”, mas, Paulo identifica o morador. “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. Onde, também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.” Ef 2; 20 a 22 

Na Parábola do Semeador o Senhor alistou alguns óbices à edificação; perseguições, o estrago das “aves” que comem a semente, enganos do mundo, a sedução das riquezas materiais... Quantos têm parado de edificar ante esses obstáculos! 

Contudo, outro mais pernicioso que esses, uma vez que oculta o abandono da obra, faz parecer que a edificação continua é a heresia. 

Os materiais “alternativos” por resistentes que pareçam serão rejeitados pelo Senhor do Templo. Paulo identificou um atalho assim entre os gálatas, e denunciou: “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?” Gál 5;7 

Vemos que, ante o Eterno, palavras da moda como tolerância, diversidade, aceitação, inclusão, etc. sequer são mencionadas, antes, o substantivo mor do Seu edifício é a verdade. Está para a obra, como a armação de ferro que sustenta a toda estrutura. 

Não obstante a pecha de "donos da verdade” com a qual maculam, alguns, aos que seguem à Palavra, ela, a Verdade é que nos possui. Tolhe-nos todos os caminhos alternativos; “ninguém vem ao Pai senão por mim”, disse.

Entretanto, muitos enfatizam o amor de Cristo em detrimento da justiça, como se fosse possível fazer concreto com areia e pedras, sem cimento. 

Selecionar partes da verdade conforme nossas inclinações é já indício de abandono da obra, pois, pintamos o interior da casa com nossas cores favoritas, não, do Morador. 

Quantos supõem agradar ao Santo, ignorando que Ele está do lado de fora. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, abrir a porta, entrarei...” Apoc 3 ; 20

Deixemos O Espírito Santo dar as tintas; a obra agradará a Deus, e será devidamente acabada. "Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;..."

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Divina empatia

“Em toda a angústia deles ele foi angustiado; o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, pela sua compaixão ele os remiu; os tomou, os conduziu todos os dias da antiguidade.” Is 63;9 

Isaías, recapitulando a relação de Deus com Israel apresenta um quadro maravilhoso. O Eterno identificando-se com as angústias humanas, compadecendo-se dos seus amados e enviando Seu livramento. 

Claro que isso não autoriza uma conclusão leviana do tipo que pensa que Deus se identifica com o homem em tudo, a despeito dos valores em jogo. Tem muita gente que se angustia anelando coisas profanas, iníquas, desnecessárias, viciosas, etc. de modo que, “todas” as nossas angústias nas quais podemos esperar a Identificação Divina excluem as de motivação egoísta, carnal, supérflua.

Contudo, as que são necessárias ao nosso bem viver, se, honramos a Deus como Senhor, podemos sim, contar com Sua identificação, e com Seu Socorro. 

A relação preceituada pelo Evangelho, resume todos os mandamentos a uma palavra: Amor. Dois alvos: Deus e o próximo. Sabendo que, esse, o amor, devidamente entendido e vivenciado é via de mão dupla. Digo, requer correspondência. Simplificando: Deus, que me ama, identifica-se com minhas angústias, esperando que eu, O ame também e me identifique com o Seu caráter manifesto em Cristo. 

Esse é o “Sabão do Lavandeiro” que profetizou Malaquias, o qual, atuando em nós, pode fazer os “limpos de coração”, que estarão aptos para verem a Deus. 

A dupla natureza dos convertidos, não raro, enseja uma duplicidade de ações, que, deriva de uma entrega superficial, um anseio de obter as benesses do reino, sem o custo pra nele ingressar; Evangelho sem cruz; quiçá, uma “cruz” com anestesia dos prazeres insanos. 

O tema central de toda a Epístola de Tiago é precisamente esse; duplicidade de gente que não abraça a fé de um modo cabal, antes, vive um misto de obediência e rebelião. Essa impureza acalentada no íntimo tolhe que Deus se identifique com nossos problemas, dado que, não ousamos nos identificar com Sua Santidade. “Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4; 8 

A bondade de Deus é levada a extremos por alguns que supõem que Sua graça seja amoral, barata, desprovida de valores espirituais.

Voltemos ao começo. Digo, ao verso inicial onde Deus se identificou com as angústias de um povo que se revelou rebelde, e vejamos as consequências. “Mas, eles foram rebeldes, contristaram o seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, ele mesmo pelejou contra eles.” V 10 Assim, querendo ou não, nossas ações definem se teremos Deus como protetor, ou, inimigo. 

O mesmo profeta apresentara um quadro da Ira Divina onde, o Eterno suspira como que desejando um adversário à altura, para exercitar um pouco Sua Força; “Não há indignação em mim, quem poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.” Is 27; 4 Dada a impossibilidade de o homem lutar contra Ele, aconselha arrependimento, para obtenção da paz. “Ou que se apodere da minha força; faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” V 5


O Salvador desenvolveu a mesma ideia com outras palavras. “Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.” Luc 14; 31 e 32

A ideia central é: Posso vencer, ou, me submeto. Quem recusa submeter-se a Deus e Sua vontade, indiretamente imagina que O pode vencer. Não admitirá isso jamais; contudo, é a implicação de suas escolhas.

Muitos, como Nicodemos, têm dificuldade para entender, deveras, o Novo Nascimento. Aí imaginam vitória espiritual nas conquistas de grandezas materiais. Ora, a escada dos vencedores espirituais, desce, invés de subir como a dos que auferem grandezas efêmeras, ilusórias. 

Um vencedor de Deus pode estar enfermo, desempregado, humilhado por adversidades; se, não capitulou às más escolhas malgrado isso, se segue fiel, é mais que vencedor, como disse o apóstolo. 

A Maior de todas as vitórias, foi lograda por um homem nu, vilipendiado, humilhado, pendurado numa cruz. Afinal a luta espiritual é contra o pecado que obra a morte; não, contra a morte estritamente, pois, mesmo essa, Jesus venceu. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12; 4 

Essa liça é o “bom combate” aludido por Paulo. Quem nele vence identifica-se com Deus e O tem consigo, na hora das suas angústias. Os demais, ainda não O conhecem de fato.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A tragédia de Aylan e a lógica de Tarso

A imagem da criança síria de nome Aylan morta numa praia turca por ocasião da crise migratória que partes da África e Oriente Médio sofrem, impactou o mundo. 

Medidas mais condescendentes por parte de líderes europeus começam a ser anunciadas em face à mesma. Não dá para negar que é uma cena triste, comovente, estarrecedora.

Entretanto, se, serviu para evocar sentimentos de misericórdia em relação aos refugiados, tem dado azo à manifestações de hipócritas oportunistas que são de causar vero asco, nojo, mesmo, no popular. 

Deparei com um vasto texto assinado por Tarso Genro, acusando ao “colonialismo europeu” como o grande culpado por essa tragédia. Outro dia ironizei num poema que intelectual de esquerda é lógico e possível como um esquadro redondo; ou seja, impossível. 

Intelectual pressupõe alguém que lança mão da inteligência, do pensamento filosófico para interpretar a vida. Entretanto, tais, usam oportunidades pontuais, como essa, para pintarem mais forte sua vermelha bandeira ideológica com sangue de inocentes. 

Ora, o famigerado Programa Nacional de Direitos Humanos que o PT do seu Tarso tentou implantar no país e não conseguiu ainda, prevê a descriminação do aborto. Assim, milhares de crianças mais tenras e indefesas que o infeliz Aylan seriam assassinadas todos os anos com o beneplácito do Estado. 

Alguém ironizou dizendo: “uma morte é uma tragédia; milhares de mortes, apenas um número, uma estatística.” Essa parece ser a lógica do “intelectual” Tarso. Aliás, está na moda agora, um tal de “dane-se a lógica”, ou coisa assim, onde alguém posta no Faceboock a foto de um corpo humano com cabeça de animal.  Poderíamos inverter, colocando a cabeça do “Pensador” num corpo de jumento, sem querer ofender o bichinho, claro. 

Os que fogem da Síria, como a família de Aylan, o fazem em face às guerras fomentadas pelo Estado Islâmico, os cortadores de cabeças, que explodem monumentos milenares e sacrificam em série gente que não comunga de sua visão religiosa.  

Entretanto, em seu discurso na ONU, ano passado, a presidente Dilma disse que não se deve usar a força contra ao tais; antes, “dialogar”.  A mente esquerdopata tem sua lógica muito peculiar. É inimigo dos Estados Unidos, então, é nosso amigo. Assim, apoiam ditaduras como a de Cuba, Venezuela, narcotraficantes como Evo Morales, etc. 

Onde o comunismo passou derramou veros rios de sangue; a história mostra o que se fez na União Soviética e todo leste europeu. Agora esses puritanos estão escandalizados com a morte de uma criança? Vergonha na cara, decência, não? 

Nós mesmo começamos a sentir na pele os efeitos da gastança irresponsável e populista desses bravos libertários. Sartori herdou dele próprio, um Estado falido, incapaz até de pagar o funcionalismo que dirá investir. Deve ser culpa dos europeus também. 

A País está à beira da bancarrota e Dilma em sua “autocrítica” diz que “é possível que tenham sido cometidos erros”, mas, a cantilena segue dizendo que a verdadeira culpada é a crise internacional. Ora, o Pixulecão não dissera no alto de sua sapiência que o Tsunami internacional, para nós era só uma marolinha? Mais um intelectual de esquerda, acho. 

Mas, presto apareceria alguém mostrando-me injustiças “de direita” para provar que estou errado. Porra!! Intelectual não é de direita nem de esquerda, é do intelecto. Analisa os fatos sem uma inclinação “à priori”. Se um crime for cometido nos Estados Unidos é tão crime que se fosse cometido em Cuba e vice-versa, simples assim. 

Quem fracionou o mundo em dois meios, esquerda ou direita? Pra mim, existe uma dualidade sim, mas, “dialoga” com outras falas; Verdade, ou, mentira; fato, ou, boato; justo, ou, injusto. Essa coisa bipolar, doentia, de que “os nossos” estão certos, sempre, e “eles” errados não provém da inteligência, antes, da doentia paixão ideológica. 

Gente que admirei, como Chico Buarque e Luís Fernando Veríssimo, perderem meu respeito, justo por isso. Malgrado seus inegáveis talentos no que fazem, defendem o indefensável no prisma político... mentes privilegiadas para a arte, de repente se tornam comuns, ordinárias, dado esse lapso.

Agora vem Tarso dando moral de cuecas? O que o PT faz com a grana da Petrobrás, e outras estatais mostra bem como esses “socialistas” promovem a “inclusão social”. Incluem em obscuras contas nos paraísos fiscais o dinheiro que custou o suor de toda uma nação. Se isso não é colonialismo, exploração safada é o quê? 

Estaria ele indignado com a morte de um inocente? Para cima de mim, não! Não passa de um oportunista barato e safado, querendo tirar proveito ideológico de uma tragédia.

Claro que a dor alheia me comove, sobretudo, vitimando inocentes; mas, a hipocrisia me irrita mais; deprimente ver o maltrapilho moral desfilar no carnaval da justiça disfarçado com a alegoria da virtude...

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

As duas faces do trabalho

“Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha? Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.” Ecl 3; 9 e 10 

Primeiro, o sábio questiona o fim do trabalho; depois, predica-o como um exercício humano aos olhos Divinos. Coisas que cabe considerar. Que proveito derivamos do trabalho? 

Infelizmente, a vasta maioria humana sente vero pavor a ele. Basta ver as filas ante casas lotéricas para constatar quantos dentre nós devaneiam coma vida fácil conquistada num golpe de sorte. É mui fácil “filosofar” sobre seus frutos, bem como, a dignidade que ele envolve; contudo, viver essa visão, plenamente é fruto de outro baraço. 

Amiúde, ouço mais queixas de pessoas abastadas, que das paupérrimas, sobre o “status quo”. Digo, os que têm muito temem perder; os que labutam por mera sobrevivência satisfazem-se com bem pouco. 

Olhando os salários de certos artistas, atletas, pilotos, etc. a impressão que dá é que o trabalho dos tais tem como alvo construir impérios na terra. Terão os tais, achado, enfim, o proveito do trabalho? 

O sábio pensava diverso; “Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele?” v 22 Parece que as coisas que pode usufruir são sua porção; escapa-lhe ao olhar o que será depois de sua vida. 

Antes, dissera de modo bem explícito: “Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida; também que todo o homem coma e beba, goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.” S 12 e 13 As possibilidade de praticar o bem, restrita à sua vida, bem como, o usufruto do trabalho. 

Entretanto, embora se ponha a amontoar riquezas que não poderá levar a lugar algum, isso não justifica que outros decidam apropriar-se de seus bens à força; nossa possibilidade de estupidez ou sabedoria são inegociáveis ante Deus. Ademais, estamos tratando o tempo todo do substantivo, trabalho. Estritamente, das abelhas, não dos zangões sociais que nada fazem e usufruem do labor alheio. 

Visto o fim do labor restaria apreciarmos o prisma do exercício Divino no qual somos avaliados. 

A parábola dos talentos realça a diligência, usarmos da melhor maneira os nossos dons como alvo celeste. Contudo, a excelência nos resultados não é algo a ser obtido sem a mesma qualidade ética, moral; vejamos sobre empregadores desonestos: “Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e por vós foi diminuído, clama; os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos. Deliciosamente vivestes sobre a terra, vos deleitastes; cevastes vossos corações, como num dia de matança. Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.” Tg 5; 4 – 6

Agora, os trabalhadores: “Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo; não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor, não como aos homens.” Ef 6; 5 a 7 Assim, o trabalho se faz um campo de prova para nossos caracteres ante Deus. 

Quantos atropelam valores, vilipendiam vidas amealhando riquezas que, absolutamente não necessitam, tendo já o bastante para bem viver. Talvez visem deixar “bem” aos filhos que sucederão na empresa. 

Ocorre um provérbio chinês que diz: “Se teus filhos forem bons, não carecem de sua herança; se, maus, não a merecem.” Sendo isso vero, acredito que sim, a formação do bom caráter nos filhos é a mais desejável das heranças, um trabalho a que todo pai deveria lançar mão, sobretudo, com a infalível ferramenta do exemplo. 

Na verdade é imprecisa a afirmação que nada se leva dessa vida; nada, no prisma material. Entretanto, os valores que nortearam nossos atos irão conosco sim; quer, como advogados de defesa, quer, como promotores de justiça, acusando-nos. E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, as suas obras os seguem.” Apoc 14; 13 

Se, é vero que não seremos julgados pelas obras para fins de salvação, também o é que, as tais referendam nossa profissão de fé, ou, não. 

Ainda que seja na última hora do dia, pois, ouçamos o apelo do Senhor da vinha; Ele é gracioso, abençoador; nos dará mais que merecemos, se, nos alistamos na Obra Eterna do Mestre Jesus Cristo. Ele trabalha ainda, você é o alvo.

domingo, 6 de setembro de 2015

Jesus é socialista ou, capitalista?

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se, meu reino fosse deste mundo, pelejariam  meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora o meu reino não é daqui.” Jo 18;36 

Uma coisa vital, embora, nem sempre devidamente compreendida é a natureza do Reino de Deus. Outro dia deparei com uma “filosofia” facebookeana onde o post dizia: “Jesus foi o primeiro socialista, pois, dividiu o pão em treze partes iguais.” 

Grosso modo parece um argumento verossímil, uma vez que, O Mestre fez isso deveras. Entretanto, o problema não está no fato em si; antes, na conclusão derivada dele, que, se visa difundir. 

Primeiro deveríamos constatar com nossos olhos, os “socialistas” atuais dividindo equitativamente o que possuem. Se alguém conhece algum apresente-o por favor! O que vemos são as pujantes garras da corrupção amealhando fortunas para salafrários que, de socialistas têm apenas o engodo que servem aos incautos amestrados que os aplaudem. 

Por outro lado, certas “igrejas” as da prosperidade apresentam ao Salvador como um pujante capitalista, uma vez que abençoaria mais quem mais investisse em Sua Obra. Uma espécie de mercador de bênçãos. Assim, O Senhor tanto pode ser socialista, quanto, capitalista, dado que, as duas correntes vicejam por aí. 

Nada mais obsceno que a indigência mental travestida de reflexão! Ela ignora a realidade, perverte os fatos, corrompe as mentes, turba o raciocínio lógico e robustece às grades na prisão da ignorância. Homens profanos dela lançam mão para produzir crença sem ciência; adesão sem entendimento. 

O senhor jamais desejou servos assim, antes, lamentou a sorte dos que foram omissos em conhece-lo. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei...” Os 4; 6   Adiante exorta via o mesmo profeta algo que deveria ser aprendido; “Porque eu quero misericórdia, não  sacrifício; o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” Cap 6; 6 

Isso excluiria a visão “capitalista” das igrejas que apregoam o “sacrifício” em troca de bênçãos; mas, a misericórdia, a ocupação piedosa com as carências dos fracos não seria o germe da doutrina socialista? 

Bem, nenhum deles faz isso, repartir, sabemos; ademais, o “socialismo” aos moldes do que se tentou no leste europeu, partes da Ásia, bem como o que se faz na maioria da América Latina, os “bolivarianos”, tem como alvo repartir aos bens alheios, não, os próprios. 

Desse modo, podem beber nas fontes que desejarem, exceto, na Bíblia, pois, ela preserva o direito à propriedade desde sempre. Um dos dez mandamentos é: “Não furtarás.” Roubo não muda sua essência se a “causa” for nobre; segue sendo roubo, violência. 

Além disso o livre arbítrio que o Eterno preza é tolhido nesses sistemas. O Estado se ocupa de “pensar” pelos cidadãos. Constrói e desconstrói valores ao alvitre dos que detêm o poder. 

Uma vez que, um dos pais do socialismo, Karl Marx decretou que, “a religião é ópio do povo” mera droga, centenas de milhares de pessoas foram perseguidas e mortas em seus domínios, por professarem a fé em Deus.

Entretanto, os “socialistas” tupis, além de outras causas de valor mui duvidoso, esposam em seus programas a descriminação do uso de drogas. Ou seja: Em sua moral o Estado determina quais drogas podemos usar. Maconha, Crack, Cocaína, heroína, êxtasi, Oxi, poooode! Como diria a Dra. Lorca. Mas, fé em Deus mediante uma profissão religiosa, “isso não te pertence mais” lembrando a outra personagem. 

Quando vejo certos párias propositores de tais excrecências aplaudidos me ponho a pensar na causa. Seria identificação, ou, prostituição. 

Mas, a política joga com mentes incautas, com essa coisa rasteira, pueril, de apontar eventuais erros de A, para “justificar” descaminhos de B. Acontece que as pessoas em sua maioria já estão somatizadas domesticadas, drogadas, incapazes de pensar. O máximo que conseguem é torcer. Aí, cada diatribe do “seu time” ao adversário é um gol, precisa ser aplaudido. 

Essa sempre foi a tática dos tais, o fracionar a sociedade, “nós” contra “eles”. Ser um de nós é mérito, um deles, vergonha. 

O reino de Deus, mencionado ao princípio, se ocupa com verdade versus mentira, o resto, absolutamente, não interessa. Preceitua ter misericórdia dos desfavorecidos, mas, também o respeito ao arbítrio e ao mérito. Que cada um colha do que plantar. 

Mais; que vagabundos não recebam de graça seu pão. “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” II Tess 3; 10 

Em suma, O Reino de Deus, não é desse mundo em sua escala de valores, embora, nele, deva ser difundido via os excelsos valores do céu. Heróis da política hoje, podem ser presidiários amanhã; O reino de Deus faz homens livres.

domingo, 30 de agosto de 2015

Matadores de crianças

“Porque, falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro, prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção...” II Ped 2; 18 e 19

Em sua dura diatribe contra os falsos mestres, Pedro expõe o “modus operandi” dos tais. Seu campo de trabalho, invés de um pioneirismo junto aos povos não alcançados pelo Evangelho, ou, quiçá, ateus, eles “engodam...aqueles que estavam se afastando dos que andam em erro.”

Um traço de conversão, e lá vão tais “mestres” “edificar” ao novo convertido. Como o Faraó assassino, que, mandou jogar no Nilo os recém nascidos, esses são igualmente, infanticidas.

Seu método; engodo. O mais conhecido de todos é o usado pelos pescadores. O anzol, mensageiro da morte, reveste-se de alimento para atrair suas vítimas. Esses, segundo o apóstolo usavam as “concupiscências da carne e dissoluções;”

Não são dois tipos de isca, antes, qualidades complementares da armadilha. Sendo a mensagem evangélica, “espírito e vida” como ensinou O Salvador, demanda, sua aceitação, a crucificação da carne. Simplificando: A abstinência das naturais inclinações, em prol da escolha resoluta da Vontade de Deus.

Assim, qualquer mensagem que apelar ainda aos anseios carnais como isca não deriva do Evangelho genuíno, tampouco, seu portador é um mensageiro fiel. Desse modo, a dissolução, o barateamento do que é caro, se faz necessário, pois, um “Pescador” do Senhor usaria uma isca mais excelente sabendo que, “a fé vem pelo ouvir, ouvir A Palavra de Deus.

Outro traço posto em relevo é que eles se propõem a dar o que não possuem; “prometendo-lhes liberdade sendo servos da corrupção.” Um cristão maduro, provido de discernimento se socorreria da máxima aquela: “O que és fala tão alto, que não consigo ouvir o que dizes.” Entretanto, um neófito pode ser ludibriado.

A conveniência, a encenação necessária prepara as palavras, que, em muitos casos estão certas até; mas, a motivação, o alvo geralmente é mais sutil, esgueira-se pelas entrelinhas, só vislumbrável por entendidos. Nesse lastro, Jesus chegou a defender o ensino dos fariseus, dado que, deplorou seu caráter. “Todas as coisas que vos disserem que observeis, observai-as, fazei-as; mas, não procedais em conformidade com suas obras, porque dizem e não fazem;” Mat 23; 3

Isso lembra muitos “socialistas” de nosso país, que, “dividem” as riquezas das “elites” em seus discursos; em particular enriquecem via caminhos tortuosos da corrupção. Para si, o maldito capitalismo não incomoda nenhum pouco, posto que o deplorem quando engodam à plebe.

Desse modo, o que uma pessoa é avaliza ao que faz, ou não; mas, o fazer sempre será serviçal do ser. A mensagem regeneradora nunca apelou ao fazer, antes que, ao ser. Mudado esse, necessariamente, aquele cambiará.

Quando os discípulos perguntaram ao Senhor Ressurreto sobre os tempos, Ele disse que lhes não pertencia tal informação, antes, deveriam cuidar do ser. “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas, recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia, Samaria e até aos confins da terra.” Atos 1; 7 e 8

Embora a ideia de testemunha seja alguém contar fielmente o que viu, no prisma espiritual o testemunho veraz é que permitimos que outros vejam em nós. A vera conversão é tão indisfarçável que, Jesus usou uma figura grandiloquente; disse: “Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.”

Paulo, aliás, abdicou do privilégio de ter visto a Cristo, em prol dum testemunho melhor; “daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora já não o conhecemos deste modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5; 16 e 17

Então, cumpre que cuidemos de novos convertidos; assistamos via discipulado para que, tendo começado a se afastar dos que andam em erro, progridam na sua edificação em Cristo, antes que sejam vitimados por tais “mestres” na arte de armar arapucas.

A falta de tal exercício causou atrofia em certos hebreus, que seguiam infantes; “...Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais os primeiros rudimentos das palavras de Deus;” Heb 5; 12

Se, muitos fazem caminhadas diárias pela manutenção da saúde física para poucos anos, o que deveríamos fazer pela alma, cujo valor é eterno? “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4; 8

domingo, 23 de agosto de 2015

"The Voice"

“E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, as ovelhas o seguem, porque conhecem sua voz.” Jo 10; 4

O senhor usa aqui uma alegoria da relação, pastor-ovelha para figurar a Sua, com seus servos. A confiança se estabelece na intimidade gerada pelo convívio, que faculta aos servos identificarem a voz do líder.

Entretanto, se às ovelhas, a voz, estritamente, já basta como aferidora, aos cristãos, o assunto resulta um pouco mais complexo. Digo, a “voz” vai além de recursos vocais, articulação fonética. Um traço posto em relevo após o Sermão da montanha foi que, Jesus era diferente da de outros metres. “E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; porquanto os ensinava como tendo autoridade; não como os escribas.” Mat 7; 28 e 29

Nesses tempos de frouxidão moral, onde disciplina, autoridade, não raro, são equacionadas com rispidez, falta de amor, muitos terão dificuldade de identificar a voz do Pastor, por, treinados em vieses psicologizados invés do convívio com o Santo.

Poucos ministros que se dizem de Cristo logram a devida negação do eu, “que ele cresça e eu diminua” como disse João Batista, para, enfim, serem reduzidos a vozes no deserto, como aquele. Quem atinge tal alvo, se faz como a voz do Sumo Pastor; dignamente O representa.

Amiúde, a Voz de Deus abarca toda Sua Palavra, devidamente contextualizada, Seus mandamentos. Repreendendo aos do Êxodo disse: “Nada falei sobre sacrifícios e ofertas, antes, disse: Dai ouvidos à Minha voz.” Desse modo, a voz associa-se ao conteúdo do que está sendo dito, antes, que o recurso sonoro envolvido.

Paulo apresenta uma situação em que o diabo transfigura-se em anjo, seus ministros, em ministros de justiça. Se, a figura é um recurso aparente, a voz, em dado momento trará à tona o que jaz no interior. No Apocalipse temos uma figura interessante: “E vi subir da terra outra besta; tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão.” Apoc 13; 11 Temos a imitação visual de Cristo, “Semelhante a um cordeiro”, mas, a essência satânica assomando na fala; “falava como o dragão...”

Como fala tal ser? Bem, na primeira vez que apareceu “pilotando” uma serpente falou relativizando a Palavra do Criador, minimizando consequências, prometendo grandezas espúrias, imputando imperfeição ao Caráter Divino. Qualquer ministro, que, hoje, anda exibir tais traços em sua mensagem, mesmo que faça as maiores demonstrações de poder, ou, até, obras de caridade, não passa de um filhote de dragão transfigurado, tentando parecer-se com O Cordeiro.

Desgraçadamente, grande parte da igreja move-se por essas vozes. Pessoas recebem sinais, prodígios e são instadas a testemunharem para glória e arrecadação de “apóstolos” “missionários” “bispos” e “pastores” vários, como se fosse esse o fim da Voz do Salvador. Milagres não são aferidores de nada; o gládio é entre verdade e mentira, o que muitos incautos recusam-se a ver.

Paulo aludindo ao surgimento do anticristo ensinou: “Esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, sinais e prodígios de mentira, com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade.” II Tess 2; 9 a 12

Vemos obliquamente mais um traço da Voz Bendita de Cristo: Enseja amar à verdade. Desse modo, como poderia alguém, pregar santidade, ou, mencionar o Santo em seus lábios acoroçoando ainda anseios ímpios no íntimo? O mesmo Paulo desfaz a possibilidade; “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19

Desse modo, temos uma nuance mais, da “Voz” de Cristo; gera testemunho santo.

A identificação da Voz do Pastor requer ajuda do Espírito Santo, que lega o necessário discernimento. Esse faculta a abstração de todo a aparência, busca apenas, a verdade.

Em coisas espirituais, pois, deveríamos nos comportar como os jurados do programa, “The Voice” que ficam de costas para o cenário e os candidatos; eventual aprovação que resulta em virar a cadeira deriva exclusivamente da voz, outro fator não conta.

Embora se diga: “a voz do povo é a voz de Deus”, no âmbito espiritual ninguém faz passeatas tentando destituir o governo que escolheu, por sentir-se enganado. Afinal, um traço mais, da voz do Santo, é Sua imutabilidade; muito mais perene que as coisas que reputamos concretas, como advertiu O Salvador: “Passarão os céus e a Terra, mas, minhas Palavras não hão de passar.”