domingo, 14 de junho de 2015

Questão de vida ou morte

“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, pelo pecado a morte; assim, também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Rom 5; 12 

Então, Adão morreu porque pecou; sua descendência pecou porque estava morta. “... a morte passou para todos os homens, por isso que todos pecaram.” 

Se, no estado original pecar era mera possibilidade para preservação do arbítrio do homem perfeito, após a queda, passou a ser a ordem “natural” das coisas. Não sem motivo, pois, a desobediência primeira é chamada de queda do homem. Caiu de uma posição excelsa de comunhão com Deus, onde podia fazer escolhas, para um patamar amaldiçoado, no qual, mesmo que tencionasse a escolha virtuosa da obediência, não era suficientemente forte para fugir do pecado.

Adiante Paulo descreve o conflito desse “puro impuro”; “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas, eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois, o que quero não faço, mas, o que aborreço faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas, o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.” Rom 7; 14 a 21 

Desse modo, o apóstolo distingue o vero “eu” doutro bastardo que nos habita; “... agora já não sou eu que faço isso, mas, o pecado que habita em mim.” Esse eu carnal, inferior é meu inimigo quanto às coisas espirituais. “Porque a inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.” Cap 8; 6 e 7 

Tanto a queda matou o homem espiritual, quanto, deu origem a esse suicida que peleja por manter-se alienado de Deus. Para o primeiro caso o Senhor faculta nascer de novo. “Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” Jo 3; 3 Porém, isso está condicionado à crucificação do assassino; a inclinação natural, a carne. 

Se, o eu verdadeiro foi tido na análise de Paulo como a essência espiritual, a consciência que denuncia às más inclinações, o “si mesmo” no desafio do Mestre é a natureza pecaminosa alienada, o ego. Do tal disse: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará”.  Luc 9; 23 e 24 

Assim, se estabelece a minha vida, como a concebo e vivo, x o amor a Cristo, que nos insta a vivermos como Ele preceitua. 

Então, embora muitos simplistas apregoem que a coisa trata-se apenas de opção psíquica, tipo, mudar de religião, a Bíblia não disfarça nem omite a seriedade do que está em jogo. É questão de vida ou morte, assim, tratada. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim, andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6; 3 e 4

Como após a queda ficamos ineptos para a boa escolha, O Salvador enviou ao Espírito Santo para porfiar juto aos que ouvem à Palavra da Vida, no sentido de os persuadir a abraçarem a salvação. 

Essa persuasão interior é chamada de, “ouvir a voz de Deus”, sem, contudo, tolher a liberdade de escolha. “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.” Heb 3; 7 e 8 

Por isso o Senhor nem entra em minúcias de pecados antes de tratar do essencial, a vida. Primeiro o arrependimento, confissão, conversão; depois, o andar segundo a nova vida; “vá e não peques mais.” 

As boas obras, justiça própria, etc. antes da conversão não passam de belas roupas enfeitando a cadáveres. 

domingo, 7 de junho de 2015

O Face de Jesus

“Vós mandastes mensageiros a João... Eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto, para que vos salveis. Ele era a candeia que ardia, alumiava; vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com  sua luz.” Jo 5; 33 a 35  

Jesus evocou o testemunho de João Batista como sendo a Verdade, depois, disse: Eu não recebo testemunho de homem. Não significa, isso, que estivesse se contradizendo; ora, autorizando, outra, negando o testemunho do Batista. Antes, colocando os pingos no is. 

Quando afirmou não receber testemunho humano, não se tratava de rejeitar eventuais; antes, de ter um testemunho mais excelente. Tanto por palavras do Pai, quando da ocasião de Seu batismo, quanto, pelas obras que realizava. “Eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o Pai me enviou.” V 36. 

O testemunho de João, dissera, é algo que a nós compete receber. “... digo isto para que vos salveis.” Longe de “legislar em causa própria”, pois, seu alvo era sempre o bem dos pecadores. 

Entretanto, esses, reféns das paixões eram muito volúveis; desafiados a mudarem, mudavam para pior, como, não raro, acontece conosco. “Ele ( João Batista ) era a candeia que ardia, alumiava, e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.” Tendo João surgido depois de largo hiato profético, o período inter-bíblico que vinha desde Malaquias, o último profeta do Velho Testamento, em tal contexto se encontraram água e sede. 

Rapidamente agregou em torno de si multidões famintas da Palavra de Deus, embora, parece que, o fato de Deus estar falando outra vez fosse mais importante que ouvir, o quê, Ele estava falando. 

João jamais pretendeu ser algo além da “Voz do que clama no deserto” o precursor do Salvador; fez questão de deixar claro isso. Contudo, os que se aglomeravam em torno dele não levavam a sério suas palavras, apenas exultavam com sua presença. Esse vício de, uma emoção favorável vendar os olhos da razão, tanto nos priva de ouvirmos à Vontade de Deus, quanto, nos permite orbitarmos felizes ao redor de falsos profetas. 

Tanto quanto, ao acender uma luz mais intensa a de menor fulgor “desaparece” do ambiente, assim deveria se dar com o ministério de João, após a chegada do Messias. “Convém que Ele cresça e eu diminua.” Afinal, tendo as obras milagrosas seu papel testemunhal também, em momento algum,  testificaram de João. “E muitos iam ter com ele e diziam: Na verdade João não fez sinal algum, mas, tudo quanto João disse deste era verdade.” Jo 10; 41 Isso de alguns que deixaram de seguir João e creram no Salvador. 

Porém, o que nos leva a nos alegrarmos um pouco com algo e depois abandonarmos? Há decisões que seguem aos ditames da razão; outras, da emoção. Aquelas perseveram em atenção ao alvo, malgrado o preço; essas, cambiam sempre que muda o estado emocional.

Assim, O Salvador era muito “bom” quando operava milagres, e “mau” quando denunciava a hipocrisia, demandava obediência, santidade dos seus. Essa segunda parte não enseja emoções agradáveis, mas, deveria desafiar aos dois neurônios. Algo tipo: Se esse homem tem poder para realizar obras dessa monta, deve ter motivo para requerer o que requer; por difícil que seja, vale à pena, tô dentro.

Mas, qual, posto que alguns pequenos lhe davam ouvidos, o “establishment” religioso acusava de sedição, oposição a Deus que derivaria da religião. 

Essa doença ainda é pujante em nossos dias; as pessoas não querem ser iluminadas, antes, “curtidas”. E o Face de Jesus era parcimonioso em “curtidas”. Parece que uma vez ou duas curtiu o “post” de um centurião que se disse indigno de Sua presença; ou, de uma mulher siro fenícia que afirmou se contentar com migalhas pela cura da filha; no demais, o Mestre era Grave, Verdadeiro, Justo. 

Estamos acostumados ao viés psicologizado que considera sentimentalismo como amor; pode ser gerador de emoções agradáveis esse engano, contudo, com Deus não cola. “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te.” Apoc 3; 19 

Outro lapso do emocional no controle é seu imediatismo; Deus mira o depois, ainda que o imediato seja doído. “Toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Heb 12; 11 

O construtor prudente, pois, não usa a “Colher Ungida” do Waldemiro Santiago; antes, começa e acaba sua obra, se deixando edificar nos bons e nos maus dias. Emoções boas estimulam; más, desafiam. Vençamos os desafios com Cristo, e veremos as más vertidas em gozo. 

domingo, 31 de maio de 2015

Graça; o tempo para um passo vital

“Todo aquele que matar alguma pessoa, conforme depoimento de testemunhas, será morto; mas, uma só testemunha não testemunhará contra alguém, para que morra. E não recebereis resgate pela vida do homicida que é culpado de morte; certamente morrerá.” Núm 35; 30 e 31 

Textos como esse, com pena de morte prescrita para assassinos “escandaliza” certos adversários da Bíblia; acusam que Deus seria vingativo no Antigo Testamente e gracioso no Novo, o quê, O faria incoerente; daí, falso. A Bíblia, mera compilação humana que “evoluiu” de acordo com o processo civilizatório. 

Bem, caso seja assim, Jesus não “evoluiu” tanto, uma vez que, em Seus ensinos preservou o tratamento isonômico para os pecadores em face aos seus pecados. “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados; com a medida com que tiverdes medido hão de medir a vós... Portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7; 2 e 12

Desse modo, não apenas o assassinato, mas, toda sorte de malfeitos está sujeita à retribuição. Paulo desenvolveu de outro modo: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas, o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” Gál 6; 7 e 8 

O que mudou, então, na transição da chamada era da Lei, para a da graça? O “simples” fato de que as penas que deveriam incidir imediatamente sobre os transgressores foram retidas; enquanto se faz a “aspersão do Sangue de Jesus”, como alegorizou Pedro, a difusão de Sua mensagem e Seus feitos. 

Aos que O receberem, a pena que caberia pelos seus erros, por graves que sejam, é anulada pelo Seu Sacrifício perfeito; “...ele foi ferido por causa das nossas transgressões; moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele; pelas suas pisaduras fomos sarados.” Is 53; 5 

Quanto aos demais, seguem sob o jugo da Lei, que não foi anulada, apenas, cumprida cabalmente pelo Senhor. A sua acusação deveria conduzir os culpados ao Salvador, embora, muitos resistam à ideia. “De maneira que a lei serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3; 24 

Afinal, se era vetado receber resgates em favor de homicidas, o Sacrifício perfeito do Salvador é resgate suficiente para todo tipo de pecados e todo número de pecadores que decidirem obedientemente se abrigar sob suas asas. 

Acontece que, se a Graça amplia o tempo e possibilita perdão, em sua essência é mais severa que a Lei; ouçamos: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.” Mat 5; 21 e 22 etc. 

Assim, a graça não é uma licença para pecar, antes, a possibilidade de escapar do juízo pelo caminho proposto. O Santo não evolui como nós, tampouco, muda. Se cria tipos, “sombras” e os cumpre no devido tempo é porque É Eterno; o Maior dos Mestres; age visando nos iluminar o bastante, para que voltemos ao Seu regaço. 

Entretanto, baratear a graça, brincar, blasfemar, como alguns fazem, em nada a vilipendia; segue sendo o que é. E não é salvo conduto para rebeldes, antes, agravo. “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus; tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10; 28 e 29 

Embora as consequências das escolhas sejam eternas, o tempo para fazê-las é limitado. A duração de nossa vida terrena. Sendo essa qual um vapor que aparece e desaparece como disse Tiago, mesmo a Graça Divina cruzando dois milênios já, nosso tempo é exíguo, abraçá-la urge. “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3; 11 

Deus não se importa se alguns “civilizados” se escandalizam com Sua “violência;” mas, importa-se tanto com o homem que Criou, que submeteu Seu Unigênito à maior e mais ultrajante violação, para que possa salvar.

Quem não se incomoda de ser, em parte, culpado por isso, Deus não importará com sua opinião quando for julgar. Enfim, abraçamos voluntariamente a graça, ou, nos será imposto o rigor da Lei. 

domingo, 24 de maio de 2015

O juízo do Lula e o Juízo de Deus

Um pensador romano, não lembro se, Cícero, ou, Sêneca disse: “Quando Deus quer punir a alguém começa por tirar seu juízo.” 

Pois bem, eferve nas redes sociais a discurseira de Lula acusando aos evangélicos, tanto de vender a salvação em troca de dízimos, quanto, pregarem o simplismo de que todos os males que nos ocorrem são culpa do Diabo. 

Ele nunca foi  de encarar fatos, antes, como a maioria dos políticos profissionais, dado a platitudes e mentiras em seus discursos. Mas, mesmo assim, pisou na casca da banana. Pois, para vergonha minha admito que o PT venceu as eleições, sempre, com vasto apoio de evangélicos. 

Que quero dizer? Que se muitos o apoiam, não podem ser criticados? Não. Mas, do ponto de vista dos estelionatários caçadores de votos que, “fazem o diabo” para ganhar uma eleição é um tiro no pé. 

Não se pode negar que, os pregadores da Universal e alguns satélites se encaixam nesse perfil estilo, “topa tudo por dinheiro” como diria o homem do Baú. Acontece que, tais, estão para o genuíno evangelho, mais ou menos como o PT para a democracia, para a política decente. Não passam de uma fraude. 

A similaridade é imensa; prometem facilidades, prosperidade nos discursos aos incautos, depois, com o butim constroem majestosos templos para a glória do homem. Os líderes petralhas igualmente surgiram de baixo, de sindicatos; manipulando massas construíram fortunas, como o Dirceu, o Palocci, o Lula, e, sobretudo, seu filho, que, ficou milionário da noite para o dia.

Venderam nuvens por mais de uma década; legaram aos nefelibatas que lhes deram crédito um país quebrado, de tarifas majoradas, conquistas sociais reduzidas, desemprego, inflação e cenário sombrio, recessivo, se aproximando. Não pediram dízimos, mas, confiança integral mediante votos.Todos os males do país, também diziam ser culpa do diabo; digo, FHC. 

Pois bem, agora que, as benesses de uma nação organizada que herdaram graças ao Plano Real e a Lei de responsabilidade fiscal acabaram, a fonte de facilidades secou, a tão propalada “herança maldita” caiu, enfim, no seu devido colo. 

Se, usando uma alegoria esportiva que a anta tanto gosta, juntarmos os melhores atletas em determinado elenco até um treinador medíocre poderá ser campeão; agora, se precisar “tirar leite de pedras”, só os mais competentes terão algum sucesso. Assim, pegar um país organizado, com finanças em dia e cenário internacional favorável, como foi o caso dele, torna mui fácil a tarefa de apenas viajar pra e pra cá contando vantagens. 

Mas, se após mais de uma década de incompetências e roubalheira, enfim, a conta estiver sobre a mesa, como agora, apenas um “maldito liberal” como Joaquim Levy pode lidar com a coisa, pois, falta competência no canhoto plantel. 

A demagogia populista de espalhar benesses como cortina de fumaça para encobrir a corrupção não mais é possível em tal cenário. Como o que o move é um projeto de poder, não de nação, e a conjuntura de protestos e “panelaços” não lhe favorece no sonho de voltar em 2018 começa a atirar para todos os lados, e, acaba fragmentando inda mais as parcas ilhotas de apoio no oceano de rejeição em navega. 

Não nego que fiquei mui decepcionado quando ganharam a eleição presidencial; mas, pensando bem, foi melhor assim. O que estariam dizendo e fazendo eles, se, as atuais medidas fossem derivadas de um governo tucano, por exemplo? No RS os mesmos que entregaram o Estado quebrado são os que criticam as duras medidas necessárias.

Todavia, para não passar em branco a questão doutrinária evangélica, o dízimo é “para que haja alimento na minha casa” disse o Senhor; provendo meios aos que se ocupam integralmente da obra. Nada a ver com ingresso no céu. 

A culpa do diabo é parcial, pois, segue o fato de que somos arbitrários, responsáveis por nossas escolhas, como disse Jeremias: De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3; 39 Então, “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14; 12 

Enfim, se o líder da maior roubalheira da história deste país está delirando desse modo, certamente é o juízo de Deus que começa a sair à luz. 

Alguns confundem tolerância, longanimidade com aprovação, cumplicidade; ante Deus não é assim, Ele diz: “Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas, te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50; 18 a 21

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Salvos pela morte... pela vida

  “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Rom 5; 10 

Duas coisas chamam atenção na afirmação de Paulo: Apresenta a reconciliação dos cristãos com obra concluída; “... fomos reconciliados...” a salvação, como algo a ser feito; “... seremos salvos...”. Mais: A reconciliação se deu pela morte de Cristo; a salvação se dará pela vida. 

Normalmente acostumamos a ver a coisa como única. Aceitei ao Sacrifício de Cristo em meu favor, me arrependi, confessei, estou salvo. Tudo se encerraria com a morte do Salvador. Entretanto, os reconciliados são chamados à vida de, e, em Cristo, para, enfim, gozarem a salvação. 

Assim, se para reconciliação se nos requer identificação com a morte, a salvação demanda identidade de vida. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Cap 6; 3 e 4

Viver a vida de Cristo só por imitação, claro! Como dissera Jó sobre sua relação com Deus: “Nas suas pisadas os meus pés se firmaram; guardei seu caminho, não me desviei dele.” Jó 23; 11 

O que nos pode encerrar no erro do simplismo irresponsável é a ideia de tratarmos a vida eterna pela duração, não pela essência; então, seria mera existência sem fim que herdaríamos após o sono do corpo. Contudo, vai mui além disso. Tem mais a ver com o caráter de quem a lega, do quê, com extensão. Algo em que podemos e devemos ingressar ainda em nossa peregrinação terrena. “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” I Tim 6; 12 Essa é a Vida de Cristo que somos instados a viver. 

Vários textos apresentam a conversão como “passar da morte para a vida”; ou, “nascer de novo”. Se, no âmbito natural é considerado um ser vivo aquele que nasce, cresce, vive, reproduz e morre, no espiritual, a última parte deixa de existir, a morte. 

Pedro preceitua a alimentação dos renascidos: “Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, fingimentos, invejas, as murmurações desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2; 1 e 2 Algumas coisas bem “adultas” precisamos deixar, concomitante ao recebimento da alimentação infantil. 

Feito isso virá o crescimento espiritual, como asseverou Paulo. “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13; 11 

Todavia, o negligenciar essa faceta prioritária da vida em Cristo atrofia, paralisa, como se deu com certos hebreus. “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas, o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5; 12 a 14 Então, um traço visível de maturidade espiritual é discernimento. 

Em suma: A reconciliação mediante o Sangue de Jesus Cristo é papel nosso, dos cristãos promover entre os que se mantêm em inimizade com o Pai. “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” II Cor 5; 20

Entretanto, a vida do reconciliado é de responsabilidade sua; não lhe é tolhido o arbítrio por ocasião da conversão; apenas é facultado pelo Espirito Santo escolher as coisas que agradam ao Pai, desde então. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” Jo 1; 12 

Desse modo, nossa salvação é “provisória”; “Porque em esperança fomos salvos...” Rom 8; 24 coisa que requer perseverança e desenvolvimento para gerar certeza. “Mas, desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança;” Heb 6; 11 

Infelizmente, a negligência na edificação enseja vermos clamando pelo Sangue de Jesus pessoas que recusam viver Sua vida. Se a Obra da salvação é completa, perfeita aos olhos de Deus, de nós se requer tomar a cruz todos os dias.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O lugar das coisas

“Como joia de ouro no focinho de uma porca, assim é a mulher formosa que não tem discrição.” Pv 11; 22

É lugar comum no meio cristão dizer: “tudo tem seu tempo determinado”. Mesmo os que desconhecem as Sagradas Letras costumam também preceituar paciência, submissão ao tempo para obter o que se espera.

Entretanto, se todas as coisas estão fadadas a ocuparem certo “nicho” no tempo, não podemos ignorar que, a cada uma existe também uma adequação espacial. A reflexão supra aloca algo precioso, uma joia, em ambiente imundo, o focinho de uma porca, o que se mistura à lama, para ensinar que, além de tempo, cada coisa deve adequar-se ao espaço que lhe é coerente para fazer sentido sua existência. É precisamente sobre isso que quero refletir; o lugar das coisas.

Incidentalmente cito uma frase de Spurgeon: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.” Bastam dois ou três exemplos para, mesmo a mente mais simples concluir que se trata de uma verdade incontestável.

Cabelos, por exemplo são uma coisa boa? A resposta parece óbvia, uma vez que muitos buscam tonificá-los evitando sua queda, e, os mais abastados fazem até implantes quando começam a cair. Contudo, achemos um fiozinho apenas em nossa comida, e veremos quão má se torna essa coisa boa. Aqueles que possuem uma ortografia mais esmerada, certamente identificam o “mal” que faz uma boa letra usada sem a devida destreza; o mundo virtual está cheio de gente que, ou não sabe, ou, pouco se importa em escrever incorrendo em erros crassos. 

Os pneus dos automóveis igualmente são coisas boas, indispensáveis até; mas, coloquemos um no lugar do volante, por exemplo, presto se tornará um mal; etc.

Cheias estão as páginas bíblicas de exemplos de pessoas que almejaram lugares que lhes não pertencia. Adonias quis o reino que era de Salomão; Saul a função que era de Samuel, quando, temerariamente ofertou sacrifícios invés de esperar pelo profeta; Davi colheu muitas desgraças ao usurpar o lugar de Urias cobiçando a esposa daquele; Geazi ficou leproso por falar em lugar de Eliseu coisas que contrariavam ao caráter santo do profeta; Uzias colheu o mesmo mal ao confundir atribuições de rei com as de sacerdote; etc. Uma expressão moderna que a esse vício define é: Sem noção.

Desgraçadamente, quando alguém erra seu lugar, na maioria das vezes se coloca mais alto que deveria. O Mestre ensinou: “Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; e, vindo o que convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar. Mas, quando fores convidado, vai, assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa.” Luc 14; 8 a 10 Assim, se errarmos nosso assento, que seja para baixo.

Embora para o filósofo Ortega Y Gasset, o “homem é o homem e suas circunstâncias”, para a Bíblia, é o homem e seu caráter, evidenciado pelo exemplo, pelo agir, metaforizado como, fruto. “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, toda a árvore má produz frutos maus.” Mat 7; 16 e 17

Afinal, o lugar original do homem no propósito Divino era em comunhão com o Criador; e, antes de se tornar um “sem noção” como hoje, soube após pecar, que era indigno da Face de Deus; com medo, se escondeu. Sabia que santo e profano são excludentes.

Hoje, infelizmente, muitas e muitas porcarias são ditas e feitas “em nome de Jesus”, como se, o Salvador Bendito tivesse pago tão alto preço para acariciar nossas paixões malsãs. Paulo tinha uma ideia mais saudável do lugar das coisas, pois, disse: “Todavia o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19

Embora, grosso modo, se equacione por aí, “Santo” com intercessor pós morte, quiçá, milagreiro, para a bíblia é um que se consagra, separa, ainda em vida, das coisas profanas. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?... Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e eu vos receberei;” II Cor 6; 14 e 17

Ninguém é obrigado a optar pelo precioso; mas, se o fizer, que se afaste da lama.

domingo, 3 de maio de 2015

Dependência ou morte

“E disse-lhes Moisés: Esperai; eu ouvirei o que o Senhor ordenará.” Núm 9; 8 

Bons tempos aqueles nos quais, o relacionamento Divino-humano era pautado pela Palavra de Deus. O contexto era de uns que, ante à páscoa estavam “impuros”. Moisés não admitiu aos tais na festa, tampouco, excluiu; antes, consultou ao Senhor. O Eterno, além de facultar a participação deles advertiu: “Porém, quando um homem for limpo,  não estiver em viajem e deixar de celebrar a páscoa, essa alma do seu povo será extirpada; ... esse homem levará o seu pecado.” V 13

Assim, o impuro seria aceito; o “puro”, omisso, indiferente, seria extirpado. Que estranhos esses conceitos! 

Acontece que, as “impurezas” em questão eram mais de cunho higiênico; assim considerados os que tivessem contato com cadáveres, doentes, mulher em seus dias pós-parto, etc. Naquele contexto seria impossível mencionar vírus, bactérias, infecções; desse modo, o Criador encerrou a profilaxia sob o soturno rótulo de imundo,  e ponto.

Um assim podia participar do santo memorial da páscoa demonstrando, via ritual, sua gratidão pela libertação. Entretanto, o “puro” que ignorasse o mandamento estaria em clara afronta à autoridade de Deus; sua imundície era muito mais grave; atinava à sujeira da alma. 

O insano hábito de “purificar” insignificâncias e manter o coração poluído foi encontrado latente entre os Fariseus, pelo Salvador. “Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! limpais o exterior do copo e do prato, mas, o interior está cheio de rapina e de iniquidade. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!  sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.” Mat 23; 24 a 27 

Essa distorção ainda é pujante em nossos dias. Muitos erram nas humanas sendas de usos e costumes que aprenderam a conjugar com “doutrina”; enquanto a Doutrina, propriamente dita, acaba sumindo na omissão de quem se satisfaz com aparências. A ampla diversidade cultural do planeta tolhe a “clonagem” externa dos santos; embora, a Lei do Senhor seja aplicável e saneadora em todos os nichos culturais. 

Temos muito mais facilidade de ver erros alhures, que em nós. Alguém definiu de modo cabal: “Reconhecemos um louco sempre que o vemos, nunca, quando o somos.” Acontece que, um pecador arrependido, por maiores que sejam seus pecados é melhor aos olhos Divinos, que um “santo” cheio de si; Cristo ensinou isso na parábola do Fariseu e do Publicano.

Enquanto o homem prudente “examina a si mesmo”, o “santo” corta o gramado do vizinho e deixa que a relva cresça e abrigue cobras e sapos em seus domínios. 

Todavia, também aqui há uma tênue divisa que separa ensino, de juízo temerário; não raro, os rebeldes equacionam ao que lhes coloca ante À Palavra, com um que “se mete” na vida dos outros invés de cuidar da sua. Aos tais falta a postura humilde do Eunuco ante Filipe, que disse: “Como entenderei se alguém não me ensinar?” 

Acontece que, os mestres da Palavra, além de receberem mais severo juízo, como adverte Tiago, não são fontes, antes, meros canais para fluxo do dom de Deus, o Pastor. “As palavras dos sábios são como aguilhões; como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único Pastor.” Ecl 12; 11 

Tal qual, nos dias de Moisés era Deus que determinava o modo de ser dos Seus, ainda hoje, nos termos de Sua Palavra, mediante ensino podemos mudar nosso andar diante Dele. 

Na verdade, a Palavra de Deus, por ser o que é nunca foi pacificamente aceita; antes, sempre foi alvo de oposição, polêmicas. Se fosse meramente humana como acusam alguns, acariciaria às humanas inclinações. Contudo, como as contraria, a oposição engajada mais a legitima que desqualifica como pretendem certos opositores. 

Ademais, além de aceitar aos maus, ( afronta aos “bons” ) advoga a inutilidade das grandezas naturais. “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias;  Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;  Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são.” I Cor 1; 27 e 28 

Não que Deus deseje aniquilação de alguma coisa boa; mas, das que, por melhores que pareçam aos olhos humanos, no final, redundam em morte. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14; 12  Como Ele conhece o fim de todos ouçamos o conselho de Davi:  “ entrega teu caminho ao Senhor...”