domingo, 31 de maio de 2015

Graça; o tempo para um passo vital

“Todo aquele que matar alguma pessoa, conforme depoimento de testemunhas, será morto; mas, uma só testemunha não testemunhará contra alguém, para que morra. E não recebereis resgate pela vida do homicida que é culpado de morte; certamente morrerá.” Núm 35; 30 e 31 

Textos como esse, com pena de morte prescrita para assassinos “escandaliza” certos adversários da Bíblia; acusam que Deus seria vingativo no Antigo Testamente e gracioso no Novo, o quê, O faria incoerente; daí, falso. A Bíblia, mera compilação humana que “evoluiu” de acordo com o processo civilizatório. 

Bem, caso seja assim, Jesus não “evoluiu” tanto, uma vez que, em Seus ensinos preservou o tratamento isonômico para os pecadores em face aos seus pecados. “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados; com a medida com que tiverdes medido hão de medir a vós... Portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7; 2 e 12

Desse modo, não apenas o assassinato, mas, toda sorte de malfeitos está sujeita à retribuição. Paulo desenvolveu de outro modo: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas, o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” Gál 6; 7 e 8 

O que mudou, então, na transição da chamada era da Lei, para a da graça? O “simples” fato de que as penas que deveriam incidir imediatamente sobre os transgressores foram retidas; enquanto se faz a “aspersão do Sangue de Jesus”, como alegorizou Pedro, a difusão de Sua mensagem e Seus feitos. 

Aos que O receberem, a pena que caberia pelos seus erros, por graves que sejam, é anulada pelo Seu Sacrifício perfeito; “...ele foi ferido por causa das nossas transgressões; moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele; pelas suas pisaduras fomos sarados.” Is 53; 5 

Quanto aos demais, seguem sob o jugo da Lei, que não foi anulada, apenas, cumprida cabalmente pelo Senhor. A sua acusação deveria conduzir os culpados ao Salvador, embora, muitos resistam à ideia. “De maneira que a lei serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3; 24 

Afinal, se era vetado receber resgates em favor de homicidas, o Sacrifício perfeito do Salvador é resgate suficiente para todo tipo de pecados e todo número de pecadores que decidirem obedientemente se abrigar sob suas asas. 

Acontece que, se a Graça amplia o tempo e possibilita perdão, em sua essência é mais severa que a Lei; ouçamos: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.” Mat 5; 21 e 22 etc. 

Assim, a graça não é uma licença para pecar, antes, a possibilidade de escapar do juízo pelo caminho proposto. O Santo não evolui como nós, tampouco, muda. Se cria tipos, “sombras” e os cumpre no devido tempo é porque É Eterno; o Maior dos Mestres; age visando nos iluminar o bastante, para que voltemos ao Seu regaço. 

Entretanto, baratear a graça, brincar, blasfemar, como alguns fazem, em nada a vilipendia; segue sendo o que é. E não é salvo conduto para rebeldes, antes, agravo. “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus; tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10; 28 e 29 

Embora as consequências das escolhas sejam eternas, o tempo para fazê-las é limitado. A duração de nossa vida terrena. Sendo essa qual um vapor que aparece e desaparece como disse Tiago, mesmo a Graça Divina cruzando dois milênios já, nosso tempo é exíguo, abraçá-la urge. “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3; 11 

Deus não se importa se alguns “civilizados” se escandalizam com Sua “violência;” mas, importa-se tanto com o homem que Criou, que submeteu Seu Unigênito à maior e mais ultrajante violação, para que possa salvar.

Quem não se incomoda de ser, em parte, culpado por isso, Deus não importará com sua opinião quando for julgar. Enfim, abraçamos voluntariamente a graça, ou, nos será imposto o rigor da Lei. 

domingo, 24 de maio de 2015

O juízo do Lula e o Juízo de Deus

Um pensador romano, não lembro se, Cícero, ou, Sêneca disse: “Quando Deus quer punir a alguém começa por tirar seu juízo.” 

Pois bem, eferve nas redes sociais a discurseira de Lula acusando aos evangélicos, tanto de vender a salvação em troca de dízimos, quanto, pregarem o simplismo de que todos os males que nos ocorrem são culpa do Diabo. 

Ele nunca foi  de encarar fatos, antes, como a maioria dos políticos profissionais, dado a platitudes e mentiras em seus discursos. Mas, mesmo assim, pisou na casca da banana. Pois, para vergonha minha admito que o PT venceu as eleições, sempre, com vasto apoio de evangélicos. 

Que quero dizer? Que se muitos o apoiam, não podem ser criticados? Não. Mas, do ponto de vista dos estelionatários caçadores de votos que, “fazem o diabo” para ganhar uma eleição é um tiro no pé. 

Não se pode negar que, os pregadores da Universal e alguns satélites se encaixam nesse perfil estilo, “topa tudo por dinheiro” como diria o homem do Baú. Acontece que, tais, estão para o genuíno evangelho, mais ou menos como o PT para a democracia, para a política decente. Não passam de uma fraude. 

A similaridade é imensa; prometem facilidades, prosperidade nos discursos aos incautos, depois, com o butim constroem majestosos templos para a glória do homem. Os líderes petralhas igualmente surgiram de baixo, de sindicatos; manipulando massas construíram fortunas, como o Dirceu, o Palocci, o Lula, e, sobretudo, seu filho, que, ficou milionário da noite para o dia.

Venderam nuvens por mais de uma década; legaram aos nefelibatas que lhes deram crédito um país quebrado, de tarifas majoradas, conquistas sociais reduzidas, desemprego, inflação e cenário sombrio, recessivo, se aproximando. Não pediram dízimos, mas, confiança integral mediante votos.Todos os males do país, também diziam ser culpa do diabo; digo, FHC. 

Pois bem, agora que, as benesses de uma nação organizada que herdaram graças ao Plano Real e a Lei de responsabilidade fiscal acabaram, a fonte de facilidades secou, a tão propalada “herança maldita” caiu, enfim, no seu devido colo. 

Se, usando uma alegoria esportiva que a anta tanto gosta, juntarmos os melhores atletas em determinado elenco até um treinador medíocre poderá ser campeão; agora, se precisar “tirar leite de pedras”, só os mais competentes terão algum sucesso. Assim, pegar um país organizado, com finanças em dia e cenário internacional favorável, como foi o caso dele, torna mui fácil a tarefa de apenas viajar pra e pra cá contando vantagens. 

Mas, se após mais de uma década de incompetências e roubalheira, enfim, a conta estiver sobre a mesa, como agora, apenas um “maldito liberal” como Joaquim Levy pode lidar com a coisa, pois, falta competência no canhoto plantel. 

A demagogia populista de espalhar benesses como cortina de fumaça para encobrir a corrupção não mais é possível em tal cenário. Como o que o move é um projeto de poder, não de nação, e a conjuntura de protestos e “panelaços” não lhe favorece no sonho de voltar em 2018 começa a atirar para todos os lados, e, acaba fragmentando inda mais as parcas ilhotas de apoio no oceano de rejeição em navega. 

Não nego que fiquei mui decepcionado quando ganharam a eleição presidencial; mas, pensando bem, foi melhor assim. O que estariam dizendo e fazendo eles, se, as atuais medidas fossem derivadas de um governo tucano, por exemplo? No RS os mesmos que entregaram o Estado quebrado são os que criticam as duras medidas necessárias.

Todavia, para não passar em branco a questão doutrinária evangélica, o dízimo é “para que haja alimento na minha casa” disse o Senhor; provendo meios aos que se ocupam integralmente da obra. Nada a ver com ingresso no céu. 

A culpa do diabo é parcial, pois, segue o fato de que somos arbitrários, responsáveis por nossas escolhas, como disse Jeremias: De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3; 39 Então, “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14; 12 

Enfim, se o líder da maior roubalheira da história deste país está delirando desse modo, certamente é o juízo de Deus que começa a sair à luz. 

Alguns confundem tolerância, longanimidade com aprovação, cumplicidade; ante Deus não é assim, Ele diz: “Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas, te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50; 18 a 21

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Salvos pela morte... pela vida

  “Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Rom 5; 10 

Duas coisas chamam atenção na afirmação de Paulo: Apresenta a reconciliação dos cristãos com obra concluída; “... fomos reconciliados...” a salvação, como algo a ser feito; “... seremos salvos...”. Mais: A reconciliação se deu pela morte de Cristo; a salvação se dará pela vida. 

Normalmente acostumamos a ver a coisa como única. Aceitei ao Sacrifício de Cristo em meu favor, me arrependi, confessei, estou salvo. Tudo se encerraria com a morte do Salvador. Entretanto, os reconciliados são chamados à vida de, e, em Cristo, para, enfim, gozarem a salvação. 

Assim, se para reconciliação se nos requer identificação com a morte, a salvação demanda identidade de vida. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Cap 6; 3 e 4

Viver a vida de Cristo só por imitação, claro! Como dissera Jó sobre sua relação com Deus: “Nas suas pisadas os meus pés se firmaram; guardei seu caminho, não me desviei dele.” Jó 23; 11 

O que nos pode encerrar no erro do simplismo irresponsável é a ideia de tratarmos a vida eterna pela duração, não pela essência; então, seria mera existência sem fim que herdaríamos após o sono do corpo. Contudo, vai mui além disso. Tem mais a ver com o caráter de quem a lega, do quê, com extensão. Algo em que podemos e devemos ingressar ainda em nossa peregrinação terrena. “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” I Tim 6; 12 Essa é a Vida de Cristo que somos instados a viver. 

Vários textos apresentam a conversão como “passar da morte para a vida”; ou, “nascer de novo”. Se, no âmbito natural é considerado um ser vivo aquele que nasce, cresce, vive, reproduz e morre, no espiritual, a última parte deixa de existir, a morte. 

Pedro preceitua a alimentação dos renascidos: “Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, fingimentos, invejas, as murmurações desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2; 1 e 2 Algumas coisas bem “adultas” precisamos deixar, concomitante ao recebimento da alimentação infantil. 

Feito isso virá o crescimento espiritual, como asseverou Paulo. “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13; 11 

Todavia, o negligenciar essa faceta prioritária da vida em Cristo atrofia, paralisa, como se deu com certos hebreus. “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas, o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5; 12 a 14 Então, um traço visível de maturidade espiritual é discernimento. 

Em suma: A reconciliação mediante o Sangue de Jesus Cristo é papel nosso, dos cristãos promover entre os que se mantêm em inimizade com o Pai. “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” II Cor 5; 20

Entretanto, a vida do reconciliado é de responsabilidade sua; não lhe é tolhido o arbítrio por ocasião da conversão; apenas é facultado pelo Espirito Santo escolher as coisas que agradam ao Pai, desde então. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” Jo 1; 12 

Desse modo, nossa salvação é “provisória”; “Porque em esperança fomos salvos...” Rom 8; 24 coisa que requer perseverança e desenvolvimento para gerar certeza. “Mas, desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança;” Heb 6; 11 

Infelizmente, a negligência na edificação enseja vermos clamando pelo Sangue de Jesus pessoas que recusam viver Sua vida. Se a Obra da salvação é completa, perfeita aos olhos de Deus, de nós se requer tomar a cruz todos os dias.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O lugar das coisas

“Como joia de ouro no focinho de uma porca, assim é a mulher formosa que não tem discrição.” Pv 11; 22

É lugar comum no meio cristão dizer: “tudo tem seu tempo determinado”. Mesmo os que desconhecem as Sagradas Letras costumam também preceituar paciência, submissão ao tempo para obter o que se espera.

Entretanto, se todas as coisas estão fadadas a ocuparem certo “nicho” no tempo, não podemos ignorar que, a cada uma existe também uma adequação espacial. A reflexão supra aloca algo precioso, uma joia, em ambiente imundo, o focinho de uma porca, o que se mistura à lama, para ensinar que, além de tempo, cada coisa deve adequar-se ao espaço que lhe é coerente para fazer sentido sua existência. É precisamente sobre isso que quero refletir; o lugar das coisas.

Incidentalmente cito uma frase de Spurgeon: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.” Bastam dois ou três exemplos para, mesmo a mente mais simples concluir que se trata de uma verdade incontestável.

Cabelos, por exemplo são uma coisa boa? A resposta parece óbvia, uma vez que muitos buscam tonificá-los evitando sua queda, e, os mais abastados fazem até implantes quando começam a cair. Contudo, achemos um fiozinho apenas em nossa comida, e veremos quão má se torna essa coisa boa. Aqueles que possuem uma ortografia mais esmerada, certamente identificam o “mal” que faz uma boa letra usada sem a devida destreza; o mundo virtual está cheio de gente que, ou não sabe, ou, pouco se importa em escrever incorrendo em erros crassos. 

Os pneus dos automóveis igualmente são coisas boas, indispensáveis até; mas, coloquemos um no lugar do volante, por exemplo, presto se tornará um mal; etc.

Cheias estão as páginas bíblicas de exemplos de pessoas que almejaram lugares que lhes não pertencia. Adonias quis o reino que era de Salomão; Saul a função que era de Samuel, quando, temerariamente ofertou sacrifícios invés de esperar pelo profeta; Davi colheu muitas desgraças ao usurpar o lugar de Urias cobiçando a esposa daquele; Geazi ficou leproso por falar em lugar de Eliseu coisas que contrariavam ao caráter santo do profeta; Uzias colheu o mesmo mal ao confundir atribuições de rei com as de sacerdote; etc. Uma expressão moderna que a esse vício define é: Sem noção.

Desgraçadamente, quando alguém erra seu lugar, na maioria das vezes se coloca mais alto que deveria. O Mestre ensinou: “Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; e, vindo o que convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar. Mas, quando fores convidado, vai, assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa.” Luc 14; 8 a 10 Assim, se errarmos nosso assento, que seja para baixo.

Embora para o filósofo Ortega Y Gasset, o “homem é o homem e suas circunstâncias”, para a Bíblia, é o homem e seu caráter, evidenciado pelo exemplo, pelo agir, metaforizado como, fruto. “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, toda a árvore má produz frutos maus.” Mat 7; 16 e 17

Afinal, o lugar original do homem no propósito Divino era em comunhão com o Criador; e, antes de se tornar um “sem noção” como hoje, soube após pecar, que era indigno da Face de Deus; com medo, se escondeu. Sabia que santo e profano são excludentes.

Hoje, infelizmente, muitas e muitas porcarias são ditas e feitas “em nome de Jesus”, como se, o Salvador Bendito tivesse pago tão alto preço para acariciar nossas paixões malsãs. Paulo tinha uma ideia mais saudável do lugar das coisas, pois, disse: “Todavia o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19

Embora, grosso modo, se equacione por aí, “Santo” com intercessor pós morte, quiçá, milagreiro, para a bíblia é um que se consagra, separa, ainda em vida, das coisas profanas. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?... Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e eu vos receberei;” II Cor 6; 14 e 17

Ninguém é obrigado a optar pelo precioso; mas, se o fizer, que se afaste da lama.

domingo, 3 de maio de 2015

Dependência ou morte

“E disse-lhes Moisés: Esperai; eu ouvirei o que o Senhor ordenará.” Núm 9; 8 

Bons tempos aqueles nos quais, o relacionamento Divino-humano era pautado pela Palavra de Deus. O contexto era de uns que, ante à páscoa estavam “impuros”. Moisés não admitiu aos tais na festa, tampouco, excluiu; antes, consultou ao Senhor. O Eterno, além de facultar a participação deles advertiu: “Porém, quando um homem for limpo,  não estiver em viajem e deixar de celebrar a páscoa, essa alma do seu povo será extirpada; ... esse homem levará o seu pecado.” V 13

Assim, o impuro seria aceito; o “puro”, omisso, indiferente, seria extirpado. Que estranhos esses conceitos! 

Acontece que, as “impurezas” em questão eram mais de cunho higiênico; assim considerados os que tivessem contato com cadáveres, doentes, mulher em seus dias pós-parto, etc. Naquele contexto seria impossível mencionar vírus, bactérias, infecções; desse modo, o Criador encerrou a profilaxia sob o soturno rótulo de imundo,  e ponto.

Um assim podia participar do santo memorial da páscoa demonstrando, via ritual, sua gratidão pela libertação. Entretanto, o “puro” que ignorasse o mandamento estaria em clara afronta à autoridade de Deus; sua imundície era muito mais grave; atinava à sujeira da alma. 

O insano hábito de “purificar” insignificâncias e manter o coração poluído foi encontrado latente entre os Fariseus, pelo Salvador. “Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! limpais o exterior do copo e do prato, mas, o interior está cheio de rapina e de iniquidade. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!  sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia.” Mat 23; 24 a 27 

Essa distorção ainda é pujante em nossos dias. Muitos erram nas humanas sendas de usos e costumes que aprenderam a conjugar com “doutrina”; enquanto a Doutrina, propriamente dita, acaba sumindo na omissão de quem se satisfaz com aparências. A ampla diversidade cultural do planeta tolhe a “clonagem” externa dos santos; embora, a Lei do Senhor seja aplicável e saneadora em todos os nichos culturais. 

Temos muito mais facilidade de ver erros alhures, que em nós. Alguém definiu de modo cabal: “Reconhecemos um louco sempre que o vemos, nunca, quando o somos.” Acontece que, um pecador arrependido, por maiores que sejam seus pecados é melhor aos olhos Divinos, que um “santo” cheio de si; Cristo ensinou isso na parábola do Fariseu e do Publicano.

Enquanto o homem prudente “examina a si mesmo”, o “santo” corta o gramado do vizinho e deixa que a relva cresça e abrigue cobras e sapos em seus domínios. 

Todavia, também aqui há uma tênue divisa que separa ensino, de juízo temerário; não raro, os rebeldes equacionam ao que lhes coloca ante À Palavra, com um que “se mete” na vida dos outros invés de cuidar da sua. Aos tais falta a postura humilde do Eunuco ante Filipe, que disse: “Como entenderei se alguém não me ensinar?” 

Acontece que, os mestres da Palavra, além de receberem mais severo juízo, como adverte Tiago, não são fontes, antes, meros canais para fluxo do dom de Deus, o Pastor. “As palavras dos sábios são como aguilhões; como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único Pastor.” Ecl 12; 11 

Tal qual, nos dias de Moisés era Deus que determinava o modo de ser dos Seus, ainda hoje, nos termos de Sua Palavra, mediante ensino podemos mudar nosso andar diante Dele. 

Na verdade, a Palavra de Deus, por ser o que é nunca foi pacificamente aceita; antes, sempre foi alvo de oposição, polêmicas. Se fosse meramente humana como acusam alguns, acariciaria às humanas inclinações. Contudo, como as contraria, a oposição engajada mais a legitima que desqualifica como pretendem certos opositores. 

Ademais, além de aceitar aos maus, ( afronta aos “bons” ) advoga a inutilidade das grandezas naturais. “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias;  Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;  Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são.” I Cor 1; 27 e 28 

Não que Deus deseje aniquilação de alguma coisa boa; mas, das que, por melhores que pareçam aos olhos humanos, no final, redundam em morte. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14; 12  Como Ele conhece o fim de todos ouçamos o conselho de Davi:  “ entrega teu caminho ao Senhor...”

terça-feira, 21 de abril de 2015

Naturalmente mortos

“Mas, estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem perecerão na sua corrupção.” II Ped 2; 12

Depois de adjetivar alguns como falsos, dissolutos, avarentos, irreverentes, blasfemos, em sua dura diatribe Pedro os coloca no vale da irracionalidade; como animais, simplesmente; por fim, corruptos.

Antes de maior escrutínio cabe lembrar que, tais, circulam no meio cristão, como sendo dos tais, invés de uma postura de indiferença, oposição. Pode parecer insensato apreciar como mau, o domínio natural; afinal, acostumamos com expressões tipo: “A ordem natural das coisas”; “essa é a natureza do fulano”; “ Faz aquilo naturalmente”, etc. de modo que, seguir o curso da natureza parece ser a coisa certa. 

Entretanto, houve um “acidente” que trouxe  o homem, então, espiritual, ao domínio natural. Embora a primeira negociata corrupta feita no Éden prometera a divinização da espécie, na hora da “entrega” do que o homem comprara recebeu mera estatura animal, desprovido da vida espiritual, que tivera inicialmente, quando inda era “imagem e semelhança” de Deus. 

Salomão cogitou  do homem alienado de Deus, e chegou a conclusão semelhante; “Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens, também sucede aos animais, a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro;  todos têm o mesmo fôlego; a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade.” Ecl 3; 18 e 19 

Desse modo, agir “naturalmente” preserva o “status quo” pós queda, que não é o objetivo Divino, antes, regeneração. A “carne” forma que a Bíblia usa para descrever a inclinação natural tende sempre ao seu curso, que, naturalmente, se opõe a Deus. “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas, os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do Espírito, vida e paz.” Rom 8; 5 e 6 

Vemos que, em oposição aos que são segundo a carne há outros,  segundo o Espírito. De onde vieram tais? “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 5 e 6 

Só o novo nascimento faculta a vida espiritual; essa demanda submissão a Cristo para que sejamos guindados ao sobrenatural de Deus. Claro que andar contra a corrente requer uma constituição diversa da natural. Precisamente aí o Senhor começa o suprimento dos Seus. Digo, capacita-os a andarem segundo inclinação espiritual. “Mas, a todos quantos o receberam deu-lhes  poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas, de Deus.” Jo 1; 12 e 13 

Claro que nova natureza requer igualmente nova, mentalidade. “Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” I Cor 2; 16 Uma mentalidade de cunho espiritual, advinda de dimensão superior, necessariamente há de se opor à do mundo natural. “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12; 2 

Vemos que o alvo dessa mente transformada pelo Espírito não mais é a “ordem natural das coisas,” antes, a Vontade de Deus.  Nele carecemos renovação de entendimento por que o jeito desse mundo entender as coisas está obsoleto, ultrapassado. 

Assim, o pretenso homem espiritual que transita  sem contradições, com “bom encaixe” entre os naturais, não passa de  fraude, engodo; longe está de ter renascido. Num prisma oposto à criação a teoria de Darwin é engano; mas, esses semoventes que gravitam no éter das paixões naturais não passam de “animais evoluídos”, alienados da regeneração anelada por Jesus Cristo. 

Em suma: Se, em face aos animais são “evoluídos”, ante O Espírito não passam de ignorantes. Pedro os apresenta “blasfemando do que não entendem.” 

Um bom entendimento do caminho Excelso, forçosamente há de ensejar um novo modo de ser, como ensinou Paulo: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5; 17 

Não que um renascido não peque, não caia. Mas, quando isso acontecer, como o pródigo saberá a diferença de estar entre os porcos e a casa do Pai.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Embriagues espiritual

“Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” I Tim 4; 5 

Paulo está exortando ao jovem Timóteo a ser diferente de outros que mencionara antes. “Mas, tu sê sóbrio...” implica concluir que os tais, não eram. Assim como sobriedade, literalmente é oposta à embriaguez, também a figura, usada como símile da gravidade psíquica denuncia certo torpor dos sentidos dos que a evitam. 

O texto sugere que uns se “embriagam” para fugir das aflições, uma vez que, propõe: “Sofre as aflições”. Assim, evocamos a figura vulgar do que bebe para esquecer algo que o incomoda. Incomodar-se, dado não ser refratário à dor é sinal de higidez psicológica, sanidade de alma. Agora, como lidamos com nossas dores determina, em última análise, se somos mesmo  sadios, ou, insanos.

Na verdade, seria negligente um que, podendo solver um problema que o aflige, se omitisse, ao preço das aflições. Entretanto, “esquecer” circunstancialmente algo dorido, apenas “varrendo pra debaixo do tapete” com a vassoura da embriaguez, não é resolver um problema, antes, fugir dele. E a fuga, nesses casos é covardia. 

O contexto sugere que as aflições aludidas por Paulo, das quais muitos fugiriam, derivam do preço de se preservar a pureza doutrinária, pois, os “ébrios,” “desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” Disse. V 4  Assim, se torna necessária a conclusão que, a verdade preservada nesse existenciário onde impera a mentira, dá origem a aflições. Afinal, Aquele que É a verdade disse: “No mundo tereis aflições; tende bom ânimo, eu venci o mundo.” 

Ocorre-me um filme com Jim Carrey, chamado, “O mentiroso”, onde, um advogado vivido pelo ator, em atenção a um pedido de aniversário de seu filho é “amaldiçoado” com o peso de passar 24 horas sendo incapaz de mentir. Sua vida que era edificada toda sobre a falsidade conheceu, então, aflições ímpares. 

Acontece que, a mentira está para a alma como as drogas para o corpo; uma “viagem” que salta sobre os problemas, ignorando-os, invés de os resolver. Cheia está a Bíblia das digitais de falsos profetas. Sempre se opondo aos verdadeiros. Não recordo nenhum exemplo onde apresentaram, os tais, vaticínios mais duros que a realidade; antes, invariavelmente eram mais brandos que ela. 

Acabe rumava a um combate onde seria morto, advertido por Micaías; os falsos diziam que voltaria vitorioso; ante o cativeiro babilônico, Jeremias advertia que seriam setenta anos, os falsos reduziam a dois. O mesmo Jeremias, aliás, dissera que a mensagem comum dos tais era: “Curam superficialmente a ferida do meu povo dizendo, paz, quando não há paz.”  

Aliás, o falso profeta mor,  pai de todos eles começou seu trabalho no Éden com uma mensagem muito “boa”. A advertência Divina preconizava a morte para a desobediência, mas, a nova mensagem foi: “Certamente não morrereis; sereis como Deus.” Em lugar de risco de morte foi proposta a divinização de espécie, muito “melhor” claro! 

Então, os signatários da verdade estão em aflições por que, desde que o “pai da mentira” entrou em cena, esse tem sido seu labor, diretamente, ou, mediante quem o serve. 

Paulo prescreveu sobriedade, Cristo, bom ânimo. Sobriedade é minha reação devida, à mentira; bom ânimo, meu antídoto para não fraquejar ante as aflições. Mas, meu ânimo seria por que Jesus Cristo venceu o mundo?  Okeko? Como diria o gaiato. Acontece que, Sua vitória é atribuía também, aos que são Seus. Os que Nele creem e obedecem. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.” I Jo 5; 4 

Um convidado das Bodas de Caná confessou que embriagava aos convivas para depois servir o vinho ordinário, e espantou-se de, o abençoado por Jesus ter deixado o melhor vinho para o final. E o melhor vinho tencionado pelo Santo é alegria verdadeira de vencer; não o simulacro pobre dos que se escondem temendo lutar. 

Assim, Paulo aconselha também aos crentes de Roma a suportarem a “fermentação” das aflições a espera do vinho excelso da vitória final. “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” Rom 8; 18 

Em suma, o que “resolve” seus medos embriagando-se, no fundo aumenta-os. Afinal, depois do pileque, os problemas seguem lá, com acréscimo da ressaca, dos custos, e, eventuais danos durante a bebedeira. 

Qualquer “facilidade” que evite as aflições da cruz não passa de uma droga ordinária, que, fingindo combater a dor, preserva seu drogado num rumo que conduz a tormentos eternos. 

Procura a satisfação de veres morrer os teus vícios antes de ti. ( Sêneca )