terça-feira, 2 de setembro de 2014

Dinheiro, um amor besta



“Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Ecles 5; 10 

Se, Salomão qualificou  amor ao dinheiro como motor de uma busca inglória, insaciável, como correr atrás da sombra; Paulo alistou os efeitos colaterais dessa corrida. “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, em laço, em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, transpassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6 ; 9 e 10 A figura paulina é de um suicida; “transpassaram a si mesmos”.
   
Convém notar, porém, que as objeções não se referem ao dinheiro, estritamente, que é uma coisa boa. Mas, amor ao dinheiro, um sentimento malsão, deslocado. 

Na verdade, o dinheiro é só um símbolo, sem nenhum valor em si mesmo. Representa determinado valor que ostenta escrito, atentando a algumas variáveis. Outro dia fui ao mercado e entre as moedas que dei para facilitar o troco estava uma de pesos uruguaios e nem percebi. A moça da caixa educadamente devolveu, pois nada vale para ela. 

São signos que variam de país para país, ainda que, alguns tenham valor internacional. Mas, reitero, o valor é meramente fiduciário; digo, deriva da confiança num símbolo, seja moeda, seja papel. Há um sistema por trás que o garante; fiados nisso fazemos nossas trocas. 

Afinal, o dinheiro presta-se a uma tríplice função: Avalia, transforma e conserva  bens e serviços. Assim sendo, deveria ser tratado como meio, nunca, fim. 

Mas, ocorre-me agora a lembrança de um quadro no Programa Silvio Santos chamado, “Topa tudo por dinheiro”. Pessoas eram expostas a situações constrangedoras com a promessa de alguma recompensa monetária. A maioria topava. Aquele quadro reflete nossa sociedade, infelizmente. 

Qual o motor da corrupção, prostituição, tráfico, roubo, etc. senão, o amor ao dinheiro? Claro que há os miseráveis que fazem suas estripulias, acossados pela fome e outras privações. Mas, aqueles vícios alistados não são prerrogativas de miseráveis; na verdade, a maioria já possui o suficiente para bem viver e pratica tais coisas. 

Alhures se ouve: “Dinheiro não traz felicidade”; Contudo, alguns gaiatos redefiniram a sentença: “Dinheiro não traz felicidade, mas, manda buscar”. Na verdade, o bem em apreço deveria ser o conforto, não, felicidade. 

O Salvador denunciou mais de uma vez a inversão de valores. “...Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.” Luc 12; 15 Adiante contou a história de um fazendeiro que com grande depósito  pensava em curtir a vida. “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma;  o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus.” VS 20 e 21

Inegável que viver bem, cercado do conforto necessário é legítimo anseio de cada um. O que Salomão definiu como vaidade é a expansão excessiva de bens que servirão apenas para contemplar sem usufruir. “Onde os bens se multiplicam, ali se multiplicam também os que deles comem; que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os ver com os seus olhos? Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir.” Ecl 5; 11 e 12 

Além de prestar-se ao desfrute de terceiros, a fortuna atrapalha o sono do primeiro, digo, do proprietário.  Não raro, deparamos com amantes do dinheiro em trincheiras opostas; seria até engraçado, se, não fosse triste. “Igrejas” cuja ênfase central recai sobre dízimos e ofertas, invés de salvação, santificação. E “céticos” em relação a “Deus” por causa desses maus exemplos como se Deus se fizesse representar pelos tais, e, neles, se encerrassem as possibilidades de salvação. “Metaleiros” em trincheiras adversas, apenas.

Igrejas sérias recebem dízimos e ofertas, mas, não condicionam frequência, ou, salvação a isso; Veros convertidos são fiéis  sem necessidade de maiores estímulos que a consciência e o que aprendem da Palavra.

Contudo, célere anda o mundo rumo à desmonetarização; não haverá mais moeda, o dinheiro será virtual.  Assim, acabam-se as possibilidades de roubo. 

Seria ótimo se não trouxesse a tiracolo a maldição de ser o selo de satanás sobre os seus. E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal,...” Apoc 13; 16 e 17   

Paulo figurou o amor ao dinheiro como suicídio; aceitar tal “sinal” será suicidar-se, literalmente.

Os dois pombinhos

“Mas, se em sua mão não houver recursos para um cordeiro, então tomará duas pombas, … uma para o holocausto e outra para a propiciação do pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação, e será limpa.” Lev 12; 8
 
Instruindo sobre os rituais de purificação, Deus, ao tratar de Sua Justiça transparece belas nuances de misericórdia. O arrependido que não pudesse comparecer ante o sacerdote com um cordeiro para sacrifício, poderia fazê-lo com um casal de pombos. Assim, se é certo que o culpado  não é tido por inocente, também o é, que Ele requer arrependimento do pecador, invés de bens.

Jesus, aliás, desafiou líderes religiosos que enfatizavam sacrifícios como supra sumo da fé a entenderem melhor a intenção Divina. “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mat 9; 13 

No contexto fora censurado por assentar-se à mesa com pecadores. Os Fariseus eram pródigos em sacrifícios e ofertas, mas, insensíveis aos sofredores que os cercavam. Dos tais, o Salvador foi ao encontro.
  
Deve ter sido um tapa de luva no orgulho dos “mestres da Lei” ouvir tal exortação: “Ide e aprendei o que significa…”

Se é vero que o mundo  lança em rosto o tempo todo o que se pode fazer com dinheiro, a Bíblia ensina ao longo de sua narrativa o que Deus faz com simplicidade e obediência. Mesmo a “porta de entrada” do Salvador à humanidade não tinha pompa alguma. Quando da purificação pós parto que era requerida, conta-nos Lucas: “E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor… para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos.” Luc 2; 22 e 24 

Vemos que José e Maria não dispunham recursos para um cordeiro sequer. Para provisão dos bens necessários à sua descida ao Egito, Deus moveu três sábios que viviam há centenas de milhas, que fossem a Belém levando ouro, incenso, mirra, coisas de alto valor. Não há registro de nenhuma “corrente” de orações pedindo tal suprimento; foi iniciativa exclusiva de Deus, Sábio e Amoroso.

O que muitos da geração atual que mencionam seu Santo Nome sem reverência ou conhecimento algum precisam urgente entender é, o quê,  significa Sua Palavra; Deus quer ser conhecido, amado, não usado. “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e  conhecimento de Deus, mais do que  holocaustos.” Os 6; 6
 
Alguns O querem exibicionista mostrando poder, como se a criação não fosse suficiente. Certo que Jesus fez muitos milagres; entretanto, Sua ênfase sempre foi na misericórdia, justiça e amor. Também é que um cego de nascença foi curado e o Senhor disse que ele nascera assim, para que se manifestassem as obras de Deus.  Jo 9; 3

Devemos concluir daí, que todos os que têm necessidades especiais devem ser curados por Ele para seguirem sendo manifestas Suas obras? Depende de qual faceta queremos manifesta.

Tenho um sobrinho autista que é amado tanto quanto sua irmã, e acredito que em todas as famílias que têm seus especiais, a coisa é igual. Quer manifestação mais hígida do vero amor que essa? Amar por amar, não por talentos, dons, perfeição; antes, apesar de eventuais lapsos físicos ou psíquicos?

Acontece que ante O Altíssimo todos somos seriamente deficientes, contudo, nos ama apesar disso. Na verdade, amar aos belos, aos fortes, talentosos, nem mesmo é amá-los; equivale a amar a nós mesmos, dada a satisfação que tais “heróis” nos propiciam.

E, há uma diferença diametral entre misericórdia e sacrifício, que o Salvador desafiou a entender. O Sacrifício visa um bem próprio, seja perdão, seja uma bênção qualquer; entretanto, a misericórdia ocupa-se essencialmente da necessidade alheia.

Mesmo aí, no domínio das ações humanas tropeçam muitos; uns por omissos espiritualizam tudo num escapismo insano que ignora as necessidades práticas; outros, vestem-se de justiça própria como se as boas obras fossem atenuantes à sua heterodoxia doutrinária.

Ora, a ortodoxia evangélica requer as boas obras, a misericórdia, e não prescinde da santidade mediante a Palavra, vejamos: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2; 10 “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” Jo 17; 17

Obras de misericórdia testificam nosso amor ao próximo; santificação e obediência, amor a Deus. E Jesus sintetizou nisso, a saga Divino-humana: “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat 22; 40 E convenhamos que, caso queira, ninguém é tão pobre que não possa oferecer esses “dois pombinhos” em sacrifício a Deus.

Quem teme a morte?

“Procura vir ter comigo depressa, porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica, Crescente para Galácia, Tito para Dalmácia. Só Lucas está comigo...” II Tim 4; 10 e 11
   
Isso lido de modo superficial pode parecer que a solidão de Paulo o está incomodando e ele está rogando a breve presença do jovem Timóteo.  Entretanto, seu senso de urgência deriva de outra causa.  Estava condenado à morte; restava-lhe pouco tempo e tinha ainda providências antes de partir.

Dissera: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” Vs 6 e 7 De certo modo estava passando o bastão do revezamento na corrida ministerial; tinha mais cuidado com ordenar bem as coisas que preocupação com a própria vida, a qual encerrava como vencedor.

Queria estabelecer diretrizes ministeriais; “...Toma Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério.” V 11 e cuidar do “espólio” de seus bens. “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.” V 13 Livros eram raridade, portanto, de alto valor. Certamente deixaria seu legado aos sucessores, não, alhures.

Que não tinha sentimentos rancorosos contra os que o desampararam patenteou: “Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado.  Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão.” Vs 16 e 17 Consolava-se no fato que o lapso de amparo humano fora suprido com o apoio Divino.

Alguns brincam propondo  a questão: O quê você faria se soubesse que lhe restam poucos dias de vida? A maioria das respostas afirmam que aproveitariam ao máximo o tempo para se divertir. Paulo o fez organizando o trabalho que deveria seguir.

O rei Ezequias posto em situação semelhante reagiu de modo diverso: “Naqueles dias Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; veio a ele o profeta Isaías, filho de Amós, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás,  não viverás. Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e orou ao Senhor. E disse: Ah! Senhor, peço-te, lembra-te agora, de que andei diante de ti em verdade, e com coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo.” Is 38; 1 a 3
 
Não estou censurando o rei, do qual a Bíblia dá testemunho, e o próprio Deus o fez acrescendo-lhe quinze anos de vida; apenas, constatando uma reação diversa em contexto igualmente diverso.  Era o Velho Testamento, onde a ideia de vida eterna não era nítida como no Novo.

Não seria coerente viver ensinando a bem aventurança porvir, e morrer miseravelmente como se prezasse mais a vida aqui. Sócrates, o filósofo, que defendia coisas semelhantes em seus ensinos, ( que os justos não deveriam temer a morte ) quando condenado se protelou um pouco a execução, e alguns discípulos viram nisso a possibilidade dele fugir. O sábio afirmou que não faria, pois, seria contraditório viver ensinando algo, e na hora de demonstrar cabalmente a coerência entre o ser e o discurso, fraquejar.

Acontece que a maioria dos “apóstolos” atuais ainda que sua pregação acene, eventualmente, com coisas do Reino dos Céus, o pujante materialismo derivado do engano viça ainda aqui. O que o ímpio chama de “curtir a vida” tem no fim do túnel a ideia da morte; tanto que uns acrescem: porque a vida é curta. Assim, patenteiam seu deserto de esperança além. Sua pressa ao prazer, no fundo, é medo da morte.

Dos servos do Senhor se espera algo melhor, uma vez que o feito de Cristo logrou que, livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” Heb 2; 15 O texto não relata tais como voando nas asas do prazer, antes, sujeitos à servidão, escravos.

Paulo escrevendo aos romanos não avaliou os prazeres pecaminosos em si, mas, o fim a que conduzem. “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6; 21 e 22

Assim, se a morte a um salvo é mero estágio onde é possível a sua porta tomar providências como se a vida seguisse, para o que ignora O Salvador, é o fim; de seu tempo, esperança, oportunidade. Quem em Cristo já crucificou seus pecados não a teme, pois, Ele a venceu e nos inclui em Sua vitória.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O que é a verdade?



Tanto a teoria das ideias inatas de Platão, quanto o ceticismo metodológico de Descartes, que ensina a duvidar de tudo, até comprovar inequivocamente que é real; são facetas, do chamado racionalismo filosófico, que, mesmo parecendo convincente a muitos, não transitou sem oposição.

Entre os opositores mais notáveis, Aristóteles, Tomás de Aquino, John Locke, defensores do chamado empirismo. Para essa corrente de pensamento, nascemos como um CD virgem;  pouco a pouco, mediante aprendizado, experiências, nosso saber vai sendo gravado.

Ambas as linhas de pensamento têm argumentos mui verossímeis, sem deixarem de ter seus pontos fracos. Se já nascemos com certo “conhecimento” armazenado no íntimo que, aflorará no tempo certo, nosso arbítrio se fragiliza; ou, condiciona, fazendo-nos meros títeres do destino, Deus, ou, o que se acredite?   

Por outro lado, se nossas “verdades” são meras tributárias das experiências, a existência de valores universais, o absoluto, não faz sentido; pois, cada um terá suas experiências apenas como referencial, tendo assim, cada cultura, “verdades” diferentes?  Num caso Deus seria meio manipulador, no outro, estaria ausente.

Assim, transportando da arena filosófica para a teológica, fatalmente colocaríamos um gládio nas mãos de Armínio, outro, de Calvino. Se valores vêm prontos, Deus pré escolhe; Calvino. Se,  somos responsáveis por aprender e praticar, somos arbitrários, Armínio. Sim, esse cria  no livre-arbítrio, aquele, na predestinação. 

Mas, ambos já não pelejarão por nós; essa liça nos pertence; digo, nós devemos formar nossa posição de um lado ou outro; quem sabe, numa síntese. Claro que, se centenas de homens mais hábeis de outrora não lograram por termo à discussão com argumentos irrefutáveis, não seria eu a fazê-lo.

Mas, mesmo sendo um tanto temerário, tecerei umas considerações sobre isso. Meu arcabouço, óbvio, será mais espiritual que filosófico; não que seja possível dissociar os prismas, que estão ligados.

Nem todos abordam nosso aspecto metafísico como dual, ainda que no campo verbal usem os termos, alma e espírito. O espírito é nossa centelha Divina, a partícula que traz “memórias” de Deus; noções de valores que, mesmo não os tendo experimentado, nos fazem interpretar intuitivamente como erros, certos modos de agir. Nosso homenzinho, ( razão ) que fala e não é ouvido; sucumbe à besta (  desejos )  na excelente ilustração de Sócrates.

Minha alma é o que me faz único, ímpar, capaz de responder positiva ou negativamente aos impulsos do espírito; onde meus valores serão firmados mediante minhas experiências decorrentes das escolhas.  

A mensagem de salvação que permeia as Escrituras Sagradas, em momento algum fala em salvação do espírito, mas, sempre, da alma. O espírito não é dado como caído, mas, morto; daí precisa ser regenerado, recriado, não, salvo. “...aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 5 e 6

Em suas reflexões no Eclesiastes, Salomão dá como certos os destinos do corpo e do espírito humano; ele omite a alma, que pode ser salva; “o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” Ecl 12; 7 Por que isto? Porque o destino da alma dependerá de nossas escolhas, de nossa resposta à palavra de Deus. 

A morte espiritual causou a dispersão da alma na queda. Continuou respirando, mas, separada de Deus e sujeita ao maligno.  A comunicação com o Santo se perdeu.
 
Assim como é impossível um homem falar com os animais, ( salvo no cinema ou nas fábulas) a comunhão com Deus não é possível, senão, nos domínios do Espírito.  Nos dois registros bíblicos em que animais falaram houve motor espiritual; satanás agiu na Serpente, e o Anjo de Deus, na jumenta de Balaão. 

Um homem de espírito morto, pois, é mero animal, como disse Davi; “O homem que está em honra, e não tem entendimento, é semelhante aos animais, que perecem.” Sal 49; 20

Assim, o homem natural que exige provas “científicas” da existência de Deus, fecha a porta na cara da visita e manda entrar. Digo, só crê no que experimenta, e nega-se à experiência com Deus. 

A fé não oferece nenhuma experiência “a priori”, mas, uma vez abraçada, justifica-se, satisfaz ao intelecto. Assim, tatua a alma de modo tal, que ela não consegue nem quer mais, negar a existência de Deus, ou abdicar do conforto de Sua presença.

O homem espiritual passa a conhecer muito sem ter aprendido, mediante dons dados junto no novo nascimento;  e aprende cada dia mais, em sua ditosa experiência de ter a alma salva e estar em paz com Deus. 

Nessa síntese empírico-racional, um tanto, o necessário lhe é revelado; o demais, seus anseios, cumpre buscar..

A incrível reencarnação de Salomão

Apesar de todas as evidências Bíblicas serem contrárias à ideia da reencarnação dizem as más línguas, que o Rei Salomão, ele mesmo, reencarnou; vive  já adulto, em pleno “rabinato” na cidade de São Paulo, e atende pela alcunha de Edir Salomedo.
 
Diferente de sua primeira passagem pela Terra, quando, recebeu um reino afirmam que pediu ao Senhor para nascer pobre, começar de zero e construir um império, para ter sentido sua “vitória.”

Certo que herdou uns problemas da primeira vez, ( desafetos de seu pai ) mas, o esplendor e a riqueza estavam já nas mãos. Ao falso e sedicioso sacerdote Abiatar demitiu do ofício; Joabe que assassinara Abner e Asael  mandou matar; Simei que maldissera seu pai armou um laço e se  vingou  dele também; Adonias, o irmão que tentara usurpar-lhe o reino, também foi morto ao pedir a mão da bela Abisague que aquecera ao velho Davi; ele interpretou como traição.

Tirando isso, o resto foi só alegria. Recebeu um reino em tempos de paz, mão de obra escrava em fartura, além da amizade do rei de Tiro que muito cooperou no projeto de construção do templo.  Mesmo assim, paz e fartura lhe não bastaram, tanto que, meteu-se em conchavos políticos, de modo que a cada princesa que recebia de presente assinava um tratado e junto adotava ídolos da nação aliada; assumia o culto de sua nova esposa. Desse modo, o mais sábio dos homens deixou-se seduzir e agiu como tolo. 

Há quem pense, que, mesmo não sendo a reencarnação uma doutrina bíblica, ( ela ensina a ressurreição ) Deus ama tanto ao Filho de Davi que concordou, meio contrariado, em dar-lhe nova chance.
  
Assim reencarnou em Rio das Flores, RJ no ano de 1945. Parece que o Eterno resolveu de cara testar se ele tinha algum resquício de amor pela vida fácil; fez com que seu primeiro emprego fosse numa loteria ( LOTERJ ) onde pessoas devaneiam com riqueza sem trabalhar; depois laborou no IBGE fazendo censo econômico, mais uma vez, a tentação das riquezas que bravamente resistiu. Após dessa heroica resistência ao diabo no deserto começou a cuidar de importava de fato, a construção de seu reino.

Principiou a destilar sua sabedoria no bairro do Méier, no Rio; e como um meteoro não parou de crescer. Dizem que  ( como a filha de Faraó ) adotou Moisés. Quiçá um futuro libertador quando a opressão do tempo o vitimar.
  
Se dantes a rainha de Sabá veio de longe ouvir sua sabedoria e compôs três mil provérbios, hoje sua voz ecoa em 200 países, e sua “palavra amiga” assume números incontáveis.  Outrora escreveu os mixurucas  “Cantares, Provérbios e Eclesiastes” agora, só o Best Seller, “Nada a perder” bota todos no Chinelo.

Na primeira vinda construiu o templo com ofertas herdadas do pai, agora, refez partindo de zero. 

Dizem que certa noite o Senhor apareceu-lhe em sonho e disse, como antes: “Pede-me o que queres.” E Ele pediu; claro. “Senhor, se tenha achado graça aos teus olhos, dá-me ainda mais esperteza, astúcia, safadeza, pois, preciso derrubar a Rede Globo pela audiência da Record, desacreditar o catolicismo e demais evangélicos  para fomentar meu crescimento,  quebrar de vez o Waldemiro, pois esse, tem tirado muitos dos meus imitando minha sabedoria."

Afirmam seus chegados que O Senhor agradou-se de sua “humildade” por não ter pedido nada de novo, apenas o que já possuía;  então o Santo resolveu deixar as águas rolarem, digo, ele seguir seu intento de glorificar-se na Terra.

Dada a fama de sua astúcia e safadeza, duas “mulheres” foram a ele  para resolver um pleito. Falou a Primeira; na verdade, um efeminado. “Ai meu rei, socorro! Essa desavergonhada e eu fazemos programa com o mesmo bofe e ela prometeu engravidar dele e dar o filho para mim e meu companheiro adotarmos. Engravidou, gestou e pariu. Agora que viu que é um menino lindo e saudável recusa a cumprir a promessa.”
A Mulher: “Não é bem assim; ela pediu que eu fizesse isso, mas, eu não prometi nada, disse que iria pensar. Porém, vendo meu filho nascido me apeguei tanto que não resisto à ideia de me separar dele.”  

O Reibino coçou o queixo pensativo.  Duas postulantes e uma criança; as duas querem, o que fazer? Trazei-me um Noteboock, ordenou. Mandou “ambas” para a sala de espera e se pôs a escrever uma nova “palavra amiga” sobre as vantagens do aborto.  “Vaidade de vaidades, diz o pregador, que proveito temos em deixar que a semente germine? …”
 
Maravilhados com a portentosa vitória de um rei nascido pobre, muitos corruptos, mafiosos e bandidos cogitam visitar o templo, ( alguns já fizeram ) para aprender a safadeza e astúcia do rei Salomedo.

Em tempos de angústia



“Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10 

Ao pensarmos em força referente a um reino, governo, fatalmente associaremos à autoridade, respaldada por forte aparato bélico e grande exército. Uma potência; como os Estados Unidos, por exemplo. Mas, se a análise restringir-se a uma pessoa, então, buscaremos a excelente constituição física, ótima saúde, estatura...

Entretanto, angústia, ainda que possa derivar de fatores externos é um mal que assola a alma. Desse modo, a força útil em tempos angustiosos deve residir, óbvio, na mesma.

Capitular fisicamente ao mais forte é necessário para qualquer valente. Render a alma, não. Diariamente somos informados, infelizmente, de gente que, por recusar aderir aos fundamentalistas islâmicos, no Iraque, Síria e Nigéria são executados sumariamente. Esse é um triste e dolorido exemplo de capitular a uma força superior, sem render a alma. 

Jó, por sua vez, estava falido, perturbado com a morte dos filhos e desvio da esposa, assolado na saúde; de quebra, assediado por amigos tagarelas que invés de associarem-se à sua dor, simplesmente acusavam, sem provas. Desse modo, razões angustiosas sobravam.

Nenhuma foi forte o bastante, contudo, a ponto de fazê-lo negar sua fé. Disse: “Quem me dera agora, que as minhas palavras fossem escritas! Quem me dera, fossem gravadas num livro! Com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha. Porque eu sei que o meu Redentor vive, e  por fim se levantará sobre a terra.” Jó 19; 23 a 25 Eis um forte, em plena angústia! 

O salvador, quando se aproximava o momento derradeiro, não pode evadir-se ao conflito entre a fraqueza física que cogita fugir, e a alma forte que acaba a missão ao preço que for. “Tomou consigo a Pedro, Tiago, e João, e começou a ter pavor, a angustiar-se. E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai. E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas, o que tu queres.” Mc 14; 33 a 36 Mesmo a profunda angústia não deve nos levar a desejarmos nossa vontade antes da Deus.

Essa força interior em muito supera a externa, como dissera Salomão. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso; o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16; 32 Por quê? Porque tomar uma cidade muitos comandantes de exércitos lograram; submetendo-se à Vontade de Deus até a morte, Cristo tomou um Reino global, eterno. Facilmente se vê qual a força maior.

Agitações externas, tanto enfraquecem, quanto, em momentos eufóricos iludem, sobre a real força de nossas almas. Nos ditos avivamentos, muita ousadia vem à tona; mas, os reveses, as angústias é que mensuram nosso valor. 

Os hebreus no início agiram intrépidos movidos pela onda da igreja vitoriosa; mas, nos dias de espera estavam fraquejando. Em parte fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações, e em parte fostes participantes com os que assim foram tratados. Porque também vos compadecestes das minhas prisões, e com alegria permitistes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos tendes nos céus uma possessão melhor e permanente. Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão.” Heb 10; 33 a 35  

Depois dessa breve exortação à preservação da confiança o autor alista a famosa galeria dos “Heróis da fé” no capítulo 11, para, enfim, demonstrar que o tédio espiritual deles era pequeno, ante os que “Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados” v 37. 
Após, apontou Jesus como parâmetro, e sutilmente lembrou aos desanimados que a situação nem era para tanto. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” 12; 4  

Então, há angústias que são necessárias, dada a opressão que cerca; outras, gratuitas de quem devaneia com facilidades e frustra-se quando elas não vêm. O Mestre desafiou a um bom estado de ânimo mesmo em meio a elas. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Jo 16; 33 

Invés da doentia “teologia da prosperidade,” mais prudente seria um enfoque da adversidade, para, em Deus, triunfarmos a ela. Aflições não são causadas pelo Pai; mas, Ele usa nossa passagem por elas como elemento de purificação interior. “Eis que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48; 10