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sábado, 12 de janeiro de 2019

O Juízo e o Perdão

“Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pai me falou ontem à noite, dizendo...” Gên 31;29

Labão perseguindo ao fugitivo Jacó; queixando-se que o genro saíra furtivo, invés de fazer uma despedida solene, com festa. “Por que fugiste ocultamente, e lograste-me; não me fizeste saber, para que eu te enviasse com alegria, cânticos; com tamboril e harpa?” v 27

Como, então, a despedida tencionada por Labão era apenas no reino das palavras, não, dos fatos, poderia acenar com as bondades que quisesse. Porém, no trato com seu genro durante umas duas décadas se revelou um trapaceiro.

Foi firmado nesse histórico, que Jacó decidir sair de fininho; “Então respondeu Jacó: Porque temia; pois, dizia comigo, se porventura não me arrebatarias tuas filhas.” V 31

Prometera Raquel em casamento, mas dera uns vinhos a mais ao feliz e babaca nubente, e “no escurinho do cinema” empurrara a filha mais velha, Lia. Depois exigira novo dote de sete anos de serviço por Raquel, fazendo valer os primeiros sete num “acordo” sem participação de Jacó; Nos tratos sobre posse dos rebanhos, não raro, mudara em busca de vantagens. Ora, sempre vivera de modo a gerar desconfiança com ações indignas; agora reclamava da desconfiança de Jacó?

Parece com alguns de nosso tempo que passam 24 horas por dia falando dos “fofoqueiros”. O espelho deve ter quebrado.

Não que Jacó fosse um primor de caráter; trapaceara também no tocante a Esaú seu irmão. Deus o punira fazendo sentir na pele mil vezes mais. Porém, na relação com seu sogro nada devia, para ser assim inquirido por aquele. Na verdade fora muito prejudicado.

“Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pai...” Não havia poder nenhum; dependia do aval Divino. A mensagem era: Meus homens são mais numerosos que os teus; se, pelejássemos estarias perdido, mas Deus não permitiu.

O Eterno diz: “Minha é a vingança; Eu darei a recompensa.” Recompensara ao trapaceiro Jacó fazendo-o sofrer nas mãos de outro maior; e, lançara em rosto do vil Labão seu caráter indigno. Tudo estava no devido lugar. Cada um com sua recompensa.

Um ufanista da moda lendo esse texto subiria na mesa dizendo: “Tá vendo, ninguém toca num escolhido de Deus; Ele não permite.” Não???

Ouçamos Jacó: “Estava eu assim: De dia me consumia o calor, de noite a geada; meu sono fugiu dos meus olhos. Tenho estado agora vinte anos na tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas, seis anos por teu rebanho; mas, o meu salário tu tens mudado, dez vezes. Se, o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o temor de Isaque não fora comigo, por certo me despedirias agora vazio. Deus atendeu minha aflição; ao trabalho das minhas mãos e repreendeu-te ontem à noite.” VS 40 a 42

Jacó fora tocado em sua saúde, na honra, justiça. Deus pôs o limite ao juízo. Quando põe, nem o inimigo pode tocar; como vimos na saga de Jó.

Pegar um incidente pontual desprezando o contexto e tripudiar em cima dele, não é interpretar à Palavra de Deus; é falsificar.

Porém, há em nossas mãos poder para fazer mal ao semelhante, dado que, arbitrários somos. Como naquele caso, a atuação do mal só será impedida se, ouvirmos a Voz de Deus.

A Palavra que ensina que a recompensa é dada pelo Senhor; no tocante a nós preceitua uma “vingança” do avesso; “Se, teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede dá-lhe água para beber; Porque assim lhe amontoarás brasas sobre a cabeça; e o Senhor te retribuirá.” Prov 25;21 e 22

Paulo reitera: “Não vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.” Rom 12;19 e 20

Muitos, como Labão, passam suas vidas agindo mal contra inocentes. Ao menor sinal de contrariedade sobem na mesa pedindo “justiça”. Cuidado! Deus pode atender suas petições.

O cerne da doutrina cristã é o perdão. Não sendo assim não há salvação. Todo perdão implica uma injustiça coberta com o manto do amor.

E aquele que brada por justiça quando supõe-se no direito, também terá que lidar com ela quando, no dever.

Quando Deus trata nossos pecados em misericórdia retribui ao mal com o bem. Demanda que perdoemos só por querer que Seus filhos se Lhe pareçam; “... fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos...” Mat 5;44

sábado, 10 de novembro de 2018

A Cura do Câncer

“Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como tive misericórdia de ti?” Mat 18;33

Se, pensarmos num valor muito presente na Palavra de Deus facilmente ocorrerá a isonomia. “Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos nossos devedores...” “Tudo o que quiserdes que outros vos façam, fazei a eles.” Etc. Isonomia é uma composição de duas palavras gregas, cujo significado é, lei igual, ou, mesma lei.

A inter-relação preceituada é tal, que, nos faz partícipes até das questões emocionas de nossos semelhantes; “Chorai com os que choram...” ou, no caso dos cristãos, que enfermidades físicas, espirituais de outrem, ou, vitórias, sejam um pouco suas também; “... se um membro padece, todos os membros padecem com ele; se, um é honrado, todos se regozijam com ele.” I Cor 12;26

No verso inicial acima, temos o Senhor condenando a um que, tendo sido perdoado de uma grande dívida se recusou a perdoar outra, pequena.

De certo modo, pois, somos legisladores nos valores que abraçamos; aquilo que pleiteamos como justo para conosco, igualmente se faz justo para terceiros, mesmo, eventuais desafetos. “Mas, vos digo que de toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado; por tuas palavras serás condenado.” Mat 12; 36 e 37

Assim, lícito é dizer que, Deus deixou as “clausulas pétreas” na Lei; permite-nos certas “emendas” que não as contrariem. Pois, dada a gama de possibilidades de ações humanas no teatro da vida, especificar cada uma demandaria um volume impensável; se, O Santo legislasse no varejo, invés de, no atacado.

O “Atacado” Divino reduz nossos atos todos ao campo dos valores, princípios. Por exemplo: Não há ensino Bíblico sobre não cruzarmos no sinal vermelho; sequer, carros existiam, então; porém, A Palavra preceitua: “Obedecei às autoridades, são ministros ordenados por Deus” Rom;13 ss etc.

Desse modo, quando O Salvador nos exortou a irmos além do que foi mandado desafiou nossa criatividade; “Assim também vós, quando fizerdes tudo que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.” Luc 17;10

O Senhor não tencionou com essa fala dizer que seria inútil para Deus fazermos o que devemos; mas, vacinou contra a presunção; ainda; desafiou a irmos além do trivial; mostrarmos amor pela obra, não uma obediência mecânica apenas.

Entretanto, se, ir além do mandamento Lhe é desejável no aspecto da entrega, do amor ao próximo, na questão doutrinária isso é expressamente vetado; “Eu, irmãos, apliquei estas coisas por semelhança a mim e Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro.” I Cor 4;6

Ou, “Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1;8

Ainda: “... se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida...” Apoc 22;18 e 19 etc.

Muito deparei com uma ameaça disfarçada de religião; “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares.” Isso não é bíblico? Não! Dizer, como numa canção antiga: “Não mexe comigo que ponho seu nome lá no meu terreiro, eu sou macumbeiro.” É o mesmo princípio dos “evangélicos” que revidam ofensas com: “Entreguei pra Deus”.

Primeiro; O Eterno não carece que lhe entreguemos nada; tudo já está em Suas Mãos; inclusive, nossas vidas; Depois; perdão é o mandamento mais presente na Sua Lei, o que é diametralmente oposto ao desejo de vingança.

Perdoar é uma atitude difícil, no prisma fraterno, que faz bem maior a quem oferece, que, a quem recebe. Mágoa é como um câncer que vulnera seu hospedeiro, não a terceiros; então, quando alguém que me magoou pede perdão, embora esteja primeiramente tratando suas culpas, por extensão ajuda na minha cura também.

Logo, quando O Criador demanda que perdoemos como fomos, por Ele, perdoados, age como um Pai cioso que requer dos Seus filhos que sejam cuidadosos com a saúde psíquica e espiritual.

Nada de pagarmos na mesma moeda, pois; digo; na mesma usada por quem nos fez mal. Mas, de quitarmos a conta, quando pedido, com a mesma “Moeda” de valor inestimável com a qual Deus nos comprou; “Nenhum deles (dos ricos) de modo algum pode remir seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele; Pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;7 e 8

“O perdão é um catalisador que cria a ambiência necessária para uma nova partida, para um reinício.” Martin Luther King

domingo, 22 de julho de 2018

O Bálsamo do Perdão

“Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como também tive misericórdia de ti?” Mat 18;33

Questão posta a um que foi perdoado em suas múltiplas falhas, e, não quis perdoar a outrem que falhou para consigo.

Temos grande necessidade de receber perdão, dadas nossas muitas falhas; e, dificuldade em doar, por causa do egoísmo. Aqui também, o “negue a si mesmo” cumpre seu papel.

Essa coisa rasa tipo, “perdoo quem merece; sou bom pra quem é bom comigo” é escambo, comércio, não, perdão.

O perdão veraz desafia-nos a sermos bons para quem foi mau conosco, a ponto de fazer inda mais; agir de modo a constranger eventual faltoso para que busque perdão; “Portanto, se, teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se, tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas, vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21 “Amontoar brasas sobre sua cabeça” não se refere a vingança; antes, constrangê-lo a rever suas razões, uma vez que, quereria mal a alguém que lhe trata bem.

Noutra parte diz mais: “Orai pelos que vos perseguem...”

Certa vez Pedro quis saber até onde O Senhor requereria dos Seus essa coisa difícil, perdoar. “Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.” Mat 18;21 e 22

Não é um número que deva ser levado ao pé-da-letra; contarmos até 490 vezes e depois não precisamos perdoar mais. A ideia é mais ampla; Quando O Eterno revelou a Daniel o tempo determinado para Sua Obra entre os Judeus, povo de Pedro, disse que duraria “setenta semanas”; isto é: Setenta vezes sete. “Setenta semanas estão determinadas sobre teu povo, sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniquidade, trazer a justiça eterna, selar a visão, a profecia e ungir o Santíssimo.” Dn 9;24

Assim, Pedro deveria entender da seguinte forma: Enquanto a Obra Misericordiosa de Deus estiver em curso, deveis perdoar sempre, como Deus o faz. Não se trata estritamente de um número; antes, de uma inclinação espiritual.

Todavia, perdão é via de mão dupla; a pessoa que falhou precisa admitir isso e desejar perdão. Que adiantaria dar a alguém algo que ele não quer? Esse é o dilema de Deus, inclusive, que está sempre pronto a Perdoar; renova Suas misericórdias a cada manhã como disse Jeremias; contudo, só perdoa aos que se arrependem; desejam Seu perdão.

Conosco se dá o mesmo. “Ora, se teu irmão pecar contra ti vai e repreende-o entre ti e ele só; se, te ouvir, ganhaste teu irmão; mas, se não te ouvir, leva contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. Se não as escutar, dize-o à igreja; se também não escutar à igreja, considera-o como um gentio e publicano.” Mat 18;15 a 17

Como vemos há quem erra e não admite que o fez; em particular, perante testemunhas, nem, perante a sociedade inteira; nesse caso, não deseja perdão; seja feita sua vontade.

Há ainda o terceiro tipo, o mais nocivo, talvez; os que querem o convívio amistoso onde carecem perdão, mas, chegam “sem querer querendo”. Pecaram gravemente contra alguém; causaram funda ruptura. Passado um tempo encontram sua vítima e, invés de admitir sua falha e pedir perdão “dividem” a culpa e “se perdoam” junto. Tipo: “Foi bobagem “nossa” vamos colocar uma pedra em cima e tocar o barco; a Obra de Deus continua, dá cá um abraço.”

Se, um fizer isso comigo, já fizeram, aliás, invés de sarar uma decepção dormida, reaviva-a ainda mais forte. Ora, a pessoa feriu de modo intenso, quando teria oportunidade de sanar, com o único remédio possível, arrependimento, tenta fazer meia sola com esperteza? Vai se catar!!

Platão dizia que é fácil perdoar uma criança com medo do escuro; difícil, a um adulto com medo da luz; é o caso aqui.

Claro que o perdão é medicinal, tanto para quem dá, quanto, para quem recebe. Nenhuma medicina se aplica, contudo, sem prévio diagnóstico da enfermidade.

Assim, o “dar de comer ao inimigo, vencer o mal com o bem” é uma forma prática de deixar patente que as “razões” dele não são racionais; constrangê-lo a revê-las, não, ignorar a existência da inimizade.

Enfim, o bálsamo do perdão cura duas feridas com uma dose só; mas, tal passo depende, necessariamente  de quem fez sangrar as mesmas.

“Aquele que não pode perdoar destrói a ponte sobre a qual ele mesmo deve passar.” G. Herbert

terça-feira, 26 de setembro de 2017

A Ingratidão dos Fracos

“O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes, se esqueceu dele.” Gên 40;23
Dois serviçais da Corte de Faraó que estiveram presos junto com José sonharam algo que o hebreu interpretou para ambos; depois, rogou ao de final feliz, que se lembrasse dele, uma vez saído da prisão, pois, José estava preso sem culpa.

Porém, livre e restituído ao seu posto, o copeiro real esqueceu por completo daquele que o ajudara em suas angústias. Pagou o bem com o mal; invés de reconhecimento, ingratidão.

Jesus ensinou que mais ama quem mais reconhece o valor do bem, recebido; sua gratidão o coloca sempre em “rota de colisão” com o perdão Divino. “Por isso te digo que seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas, aquele a quem pouco é perdoado pouco ama.’ Luc 7;47 Isso sobre uma pecadora que lhe beijava os pés, enquanto seu anfitrião fariseu, sequer, o ósculo dera.

Noutra parte ensinou sobre a gratidão a Deus por termos sido perdoados, salvos, como elemento a nos constranger a perdoar aos que falham conosco também. “...Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como tive misericórdia de ti? Indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, suas ofensas.” Mat 18;32 a 35

Sábios orientais ensinam que devemos escrever as ofensas recebidas na areia; os benefícios, na rocha. Contudo, muitas vezes fazemos o contrário. Ruminamos nossas mágoas indefinidamente, enquanto esquecemos nossos benfeitores. Ora, mágoa é um câncer que só faz mal a quem possui; muitas vezes o alvo de nosso ódio, sequer tem conhecimento dele.

Então, o perdão, além de desfazer uma das obras favoritas do Inimigo, o ódio, ainda propicia saúde ao seu agente. Como ele é um fruto da gratidão que devemos Ao Salvador, chegamos a uma conclusão necessária que a gratidão é medicinal às nossas almas.

Seu lado oposto, porém, esteriliza os corações que poderiam florir em gestos de bondade. “O coração ingrato assemelha-se ao deserto que sorve com avidez a água do céu e não produz coisa alguma.” Muslah-Al-Din Saadi

Usando essa mesma figura a Epístola aos Hebreus demandou melhores frutos daqueles que deveriam ser gratos ao Senhor pelo Inefável Resgate; “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, se produz espinhos e abrolhos é reprovada, perto está da maldição; seu fim é ser queimada. Porém, de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, coisas que acompanham a salvação...” Heb 6;7 a 9

Assim, um cristão ingrato é uma impossibilidade; como um quadrado redondo. A ingratidão é filha do egoísmo, de um que se ocupa de si mesmo acima de tudo; ora, a premissa inicial do cristianismo, é: “Negue a si mesmo”.

Pois, se, para efeito de ingresso as boas obras nada valem, é pela fé no Senhor que Redimiu, uma vez inseridos no Corpo de Cristo, eventual deserto de boas obras matará de sede a fé.

Por isso, na oração ensinada pelo Senhor, somos instados a pedir perdão a Ele, na mesma proporção que nos atrevemos a perdoar; “perdoa nossas faltas assim como perdoamos...”

A rigor, a gratidão é um “revide,” portanto, uma dívida; e somos chamados a amar, que é algo muito mais sublime que uma troca de afeições. 

Amar é correr riscos expor-se à ingratidão; dar-se sem esperar recompensas, senão, de Deus. “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?” Mat 5;44 a 46

Deus avivou a memória do copeiro ingrato, no tempo oportuno; e, aquele que tinha sido uma decepção para José tornou-se instrumento nas mãos do Eterno, quando Ele quis exaltar Seu Servo. Então, deixemos nossas ingratidões sofridas nas mãos Dele; Seja caso de vingança com o injusto, ou, recompensa ao injustiçado, no Seu tempo, fará justiça, “O Juiz de toda Terra” como disse Abraão.

A vileza e a ingratidão estão sempre dispostas
A vitimarem as pessoas mais bondosas
Por isso é que ser bondoso neste mundo
Não é para os fracos, é para os fortes!”
Augusto Branco

E nós podemos sempre ser gratos, mesmo sofrendo ingratidões; pois, Cristo nos fortalece.

domingo, 11 de junho de 2017

Perdão ou reencarnação?

“Como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” Heb 9;27 e 28

Uma semelhança e uma distinção, entre a sina Do Salvador e os demais humanos. Como nós, morrer uma vez; diferente; invés de enfrentar um julgamento, aparecerá “julgado”, sem pecados. Não que da Sua primeira aparição tenha resultado algum pecado; mas, daquela vez tomou sobre Si os nossos; reaparecer sem, é o Seu juízo, o testemunho do Próprio Deus, da Sua pureza e Santidade.

Pois, quanto à Sua vida na semelhança humana não poderia ser justificado, uma vez que se identificou com nossas falhas, assim, teria que ser condenado pelos reclames da Justiça Divina. “...Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.” I Tim 3;16

Aqui entra no que se refere a nós, a cruz. Uma vez que só seremos justificados em espírito mediante novo nascimento devemos nela, mortificar nossas naturais inclinações, para que, quando Cristo Juiz dos vivos e dos mortos se manifestar, tenhamos confiança.

A própria conversão é aplicação do Juízo de Deus sobre nossos pecados. Ele nos declara, pela Lei, dignos de morte; contudo, prepara uma “cidade de refúgio”, Jesus Cristo. Os que arrependidos, nele se abrigam, concordam com O Juízo Divino, e são absolvidos pela justiça de Cristo.

Se, a tomada da cruz sobre si assusta muitos, a ideia de passarem pelo Juízo também soa desconfortável aos que vivem alienados de Deus. Algumas doutrinas como o espiritismo, por exemplo, chegam a negar a existência do juízo onde cada um deverá prestar contas. Preferem, antes, ensinar a teoria das reencarnações sucessivas, até que as pessoas sejam aperfeiçoadas.

Embora tal ensino possa soar mais confortável a quem ouve, é blasfemo, incoerente. Blasfemo porque supõe uma salvação futura, mediante pagamento dos “Karmas”, o que torna inócuo, irrelevante o Sacrifício de Cristo; e, mentirosos Seus ensinos sobre justificação. Incoerente porque anemiza o sentido de duas palavras basilares: Amor e perdão.

Falam bem do amor, sua excelência, necessidade; porém, sua doutrina contraditória o enfraquece. Devo amar meu semelhante fazer-lhe o bem; porém, também, cada dor do sofredor, no fundo, lhe é um bem, um karma que está sendo purgado, um aperfeiçoamento levado a efeito. 

Aí, se, por amor eu ajudar alguém aliviando seu sofrimento estarei lhe fazendo um bem, ou, mal? Afinal, estava pagando sua “dívida”; eu enxerido atrapalhei.
O Amor ensinado na Bíblia posso praticar sem medo que faça dano algum. “O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.” Rom 13;10

Sobre o perdão, contudo, seu estrago é ainda maior. O Senhor na oração do Pai Nosso ensinou rogarmos perdão, na justa medida com que perdoamos nossos devedores; disse mais, que se os não perdoarmos, não seremos perdoados. Agora, se minhas faltas demandam outras vidas para serem pagas, qual a eficácia do perdão Divino sobre os pecadores arrependidos?

A Palavra perdão em sua origem traz a ideia de perda de direito; renúncia em favor de outrem. Assim, se Deus nos perdoa em Cristo, porque seria necessária nova vida, para remover minhas culpas, meus karmas? Afinal, fui perdoado ou não?

Quem quiser crer na doutrina espírita, creia, é um direito seu; agora, ninguém moral e intelectualmente honesto tem direito de dizer que o ensino é bíblico, que é uma doutrina cristã.

Eles fazem boas obras, sei; e nada de errado há nisso. É sempre bom socorrermos a quem sofre. O risco, porém, é que seu bem seja tornado mal. Como assim? Uma coisa é fazermos boas obras em gratidão a Deus por termos sido salvos por tão grande amor e sacrifício. Daí, passar a andar como Ele espera. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Outra; seria praticar as mesmas obras, esperando ser justificado por fazê-las, não, pela Graça de Cristo. Olhemos os versos anteriores: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Não adianta, como os ouço, chamarem a Jesus de Divino Mestre, enquanto apregoam doutrinas falsas que O Contradizem. Paulo falou de alguns semelhantes em seus dias: “Confessam que conhecem a Deus, mas, negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda a boa obra.” Tt 1;16

Nascer de novo, sim, mas, inda nessa vida, por arrependimento e conversão; depois, nada feito, apenas o juízo.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Perdão; o passado, passado a limpo

“... eu lançava na prisão, açoitava nas sinagogas os que criam em ti. Quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também estava presente, consentia na sua morte, guardava as capas dos que o matavam. Disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” Atos 22;19 a 21

Temos Paulo, em face a sua chamada, desqualificando-se por causa dos crimes pretéritos; Jesus, apressando-o por causa dos anseios futuros. Desse modo, o ser humano tende a olhar para as dificuldades; Deus, para os objetivos.

Por nefasto que tenha sido nosso pretérito, se, O Senhor nos perdoa, recebe, o passado está resolvido. Ficarmos nos atormentando com remorsos não deriva de eventual bondade nossa; antes, é traço de incredulidade, de quem duvida do perdão Divino.

Deus afirma que lança os pecados perdoados no “Mar do esquecimento”; nós, adquirimos roupas de mergulho e submergimos nas águas sujas atrás do que deveríamos esquecer.

Não que seja possível a uma pessoa saudável esquecer, estritamente, no sentido de não mais lembrar. Mas, como dizemos sobre esquecer um amor, ainda lembramos o vivido, agora, lembrança sem dor. É bom que lembremos desse modo, os descaminhos idos, pois, quanto piores forem, maior será nossa gratidão ao Salvador que deles nos tirou, como disse Davi: “... Tirou-me de um charco de lodo, firmou meus pés sobre uma rocha.” Sal 40

Quando o Senhor nos comissiona, não o faz por causa de coisas que fizemos; geralmente, apesar, do que fizemos. Noutras palavras, não nos chama por nossos méritos, antes, por Sua Bondade. Certo que, limpa o vaso que pretende usar, como fez quando chamou Isaías; o profeta que reconhecera a impureza dos seus lábios, O Santo o purificou, e comissionou.

Observemos os carros à noite; as luzes que apontam para frente são poderosas, reguláveis para perto e longe; as de trás, são tênues, avermelhadas, não servem para iluminar, antes, para mostrar a presença a outros, basicamente. Assim deveria ser com o “carro” das nossas vidas. Não obstante andarmos num mundo noturno, escurecido pela impiedade, devemos contar com a vívida Luz de Cristo para mostrar o caminho. Tanto para perto, implicações de nosso andar agora, quanto, longe, nossa esperança nas promessas. “Lâmpada para meus pés é a tua Palavra; luz para meu caminho”. Sal 119;105

As luzes de trás, servem mais a outros que a nós; os que viram o que fomos, e verem no que Jesus nos transformou, hão de identificar a presença da salvação. “Muitos, verão, temerão, e aprenderão a confiar no Senhor” Ainda, salmo 40.

Assim, quando O Senhor chama-nos, será perda de tempo investigarmos procurando motivos em nós; os motivos estão Nele. Nós temos passados ruins, limitações de talentos, credenciais pífias, mas, se tivermos ouvidos espirituais, coração voluntário, índole servil, estaremos “qualificados”, aos Divinos Olhos.

O mesmo Paulo, que considerava-se o principal dos pecadores por ter perseguido à Igreja, indigno de ser chamado apóstolo, nascido fora de tempo, - disse – ( e, pensar que temos “apóstolos” hoje! )  esse Paulo, digo, viveu na pele, aprendeu e ensinou sobre as “credenciais” que, Deus busca nos Seus comissionados: “Porque, vede, irmãos, vossa vocação, não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres que são chamados. Mas, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir às fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1; 26 a 29

Nosso “material de construção” é péssimo para Obra de Deus; Ele não usa isso. Regenera os Seus, da Água ( Palavra ) de do Espírito, ( Santo ). “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas passaram, eis, que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Com o Novo Material edifica-nos; nos faz partícipes na edificação da Sua Obra. Porém, testa-nos pelo fogo das aflições, para ver se estamos usando o devido cuidado. Feitos que não resistem à prova serão consumidos. “Se alguém, sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha; a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual a obra de cada um.” I Cor 3; 12 e 13

Nosso passado sujo foi purificado por sangue; nosso andar renascido é, pelo fogo. Pregadores que ensinam triunfalismo invés de santidade, devaneiam fugir de um fogo necessário agora; conduzem a outro inevitável depois.


Pois, se no nosso sujo pretérito aceitamos de bom grado a solução de Deus, em nosso incógnito devir, devemos confiar na Sua direção também. 

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Ruim demais para ser salvo



“E eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti. E quando o sangue de Estevão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente,  consentia na sua morte;  guardava as capas dos que o matavam. E disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” Atos 22; 19 a 21

Paulo em sua defesa relembra um colóquio com o Senhor. Ele lhe ordenara fugir apressado, pois, a ameaça se aproximava.  Contudo, o apóstolo argumentou que era culpado pelas perseguições que impôs aos cristãos, culminando com a morte de Estevão.  O Salvador sequer perdeu tempo com os remorsos dele, antes, mandou em frente.  “Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” 

Na verdade, temos dificuldade de lidar com o perdão; tanto quando damos, quanto, quando recebemos. Quantas vezes, ao sabor de um  desentendimento lançamos em rosto de alguém coisas idas que já “perdoamos”? 

Todo o passado sujo de Paulo era verídico, mas, o Senhor o chamara, perdoara,   escolhera; então, já não contava mais. Uma canção que  Nelson Ned cantava dizia: “E eu quando amo não brinco, eu amo.” De nós é até pretensioso afirmar algo assim; ainda que o valha nos domínios da poesia.  Mas,  Deus é assim mesmo. Quando ama, ama; se perdoa, perdoa. 

Não poucas pessoas com as quais conversei sobre salvação  se disseram ruins demais para serem perdoadas. “Já fiz cada coisa que até Deus duvida”, dizem; esquecendo que, quem se lhes mandou falar de amor e perdão é o mesmo Deus, que sabe. 

A insegurança de Paulo quanto ao perdão Divino, porém, perdurou apenas quando era insipiente na fé; depois, tomou posse; ensinou que não há ruindade suficiente para afastar alguém do amor de Deus; ainda que demande arrependimento para perdoar. “Esta é uma palavra fiel, digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” I Tim 1; 15 e 16 

Se, o principal dos pecadores, como se definiu, alcançou misericórdia, essa mesma dádiva está ao alcance de todos. Disse ainda. “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um, muitos serão feitos justos. Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;” Rom 5; 19 e 20 

Muitas vezes as desculpas de alguém que se evade ao convite da salvação se dizendo indigno, na verdade, ocultam a incredulidade, de um que sabe bem das implicações de pertencer ao Senhor, e recusa-se a aceitar.

Tanto é certo que o perdão está disponível a todos que querem reconciliação com Deus, quanto, que uma vez obtido isso,  algumas renúncias são necessárias. 

O mesmo Paulo descreve qual a identidade dos reconciliados. “Todavia o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus;  qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19  

Assim, os “ruins demais” sabem que a graça é ampla mas consequente; fingem-se indignos fugindo às consequências e traindo a si mesmos. Afinal, se a salvação demandasse méritos humanos estaríamos todos perdidos, irremediavelmente. “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.” Rom 3; 10 e 11 

Ademais, no caso de Paulo, entregar-se à justiça como cogitou, invés de fugir, seria tremendamente injusto.  Quem o ameaçava não eram os cristãos que foram por ele maltratados. Antes, os religiosos judeus para os quais trabalhara quando perseguidor; então, estavam furiosos, por, ter ele, deixado de ser.  Nesse caso, cometeria duplo erro; rejeitaria a graça Divina e corroboraria a maldade humana. 

Em suma, rejeitar a graça por ser ruim demais  é patentear a extrema maldade humana, tentando atribuir a Deus uma dificuldade que Ele não tem; perdoar. Para mascarar duas que nos temos; crer e obedecer. 

Isaías já realçara que entre as grandezas Divinas está essa: Misericórdia. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Is 55; 7 

A mulher de Ló pereceu por olhar pra trás, onde ardia o juízo. Diante de nós a graça; atrás, as culpas.  A direção do olhar, nós escolhemos. Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” Is 45; 22