“Portanto,
como por um homem entrou o pecado no mundo, pelo pecado a morte; assim, também
a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Rom 5; 12
Então,
Adão morreu porque pecou; sua descendência pecou porque estava morta. “... a
morte passou para todos os homens, por isso que todos pecaram.”
Se, no estado
original pecar era mera possibilidade para preservação do arbítrio do homem perfeito,
após a queda, passou a ser a ordem “natural” das coisas. Não sem motivo, pois,
a desobediência primeira é chamada de queda do homem. Caiu de uma posição excelsa
de comunhão com Deus, onde podia fazer escolhas, para um patamar amaldiçoado,
no qual, mesmo que tencionasse a escolha virtuosa da obediência, não era suficientemente
forte para fugir do pecado.
Adiante Paulo descreve o conflito desse “puro
impuro”; “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas, eu sou carnal,
vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois, o que quero não
faço, mas, o que aborreço faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei,
que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas, o pecado que
habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
algum; com efeito o querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem. Porque
não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o
que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho então
esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.” Rom 7; 14 a
21
Desse modo, o apóstolo distingue o vero “eu” doutro bastardo que nos habita;
“... agora já não sou eu que faço isso, mas, o pecado que habita em mim.” Esse
eu carnal, inferior é meu inimigo quanto às coisas espirituais. “Porque a
inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto
a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de
Deus, nem, em verdade, o pode ser.” Cap 8; 6 e 7
Tanto a queda matou o homem espiritual,
quanto, deu origem a esse suicida que peleja por manter-se alienado de Deus.
Para o primeiro caso o Senhor faculta nascer de novo. “Jesus respondeu e
disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo,
não pode ver o reino de Deus.” Jo 3; 3 Porém, isso está condicionado à crucificação
do assassino; a inclinação natural, a carne.
Se, o eu verdadeiro foi tido na
análise de Paulo como a essência espiritual, a consciência que denuncia às más
inclinações, o “si mesmo” no desafio do Mestre é a natureza pecaminosa alienada,
o ego. Do tal disse: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue a si
mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque, qualquer que quiser salvar
a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida, a
salvará”. Luc 9; 23 e 24
Assim, se
estabelece a minha vida, como a concebo e vivo, x o amor a Cristo, que nos
insta a vivermos como Ele preceitua.
Então, embora muitos simplistas apregoem
que a coisa trata-se apenas de opção psíquica, tipo, mudar de religião, a
Bíblia não disfarça nem omite a seriedade do que está em jogo. É questão de
vida ou morte, assim, tratada. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados
em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com
ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os
mortos, pela glória do Pai, assim, andemos nós também em novidade de vida.” Rom
6; 3 e 4
Como após a queda ficamos ineptos para a boa escolha, O Salvador enviou
ao Espírito Santo para porfiar juto aos que ouvem à Palavra da Vida, no sentido
de os persuadir a abraçarem a salvação.
Essa persuasão interior é chamada de, “ouvir
a voz de Deus”, sem, contudo, tolher a liberdade de escolha. “Portanto, como
diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje sua voz, não endureçais os vossos
corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.” Heb 3; 7 e 8
Por
isso o Senhor nem entra em minúcias de pecados antes de tratar do essencial, a
vida. Primeiro o arrependimento, confissão, conversão; depois, o andar segundo
a nova vida; “vá e não peques mais.”
As boas obras, justiça própria, etc. antes
da conversão não passam de belas roupas enfeitando a cadáveres.