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quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Festa nos Céus, ou, na Terra

“Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e, perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?” Luc 15;4

A conhecida parábola da ovelha perdida; analisemos seu contexto imediato. O Senhor assentara-se à mesa com publicanos e fora criticado por isso pelos religiosos; “Os fariseus e os escribas murmuravam dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.” V 2

Então, O Salvador contou uma sequência de parábolas, ovelha e dracma perdidas e o filho pródigo. Isso visto de modo superficial pode parecer que Jesus aprovava a postura dos religiosos que seriam as 99 ovelhas, ou, as nove dracmas que não se perderam; e, os publicanos e demais pecadores, os perdidos que estavam sendo buscados; será?

Há duas coisas a considerar aqui; Jesus não estava avaliando a espiritualidade dos religiosos, mas, defendendo a necessidade de Sua ação de buscar aos perdidos. E, ao passar por alto sobre a hipocrisia deles como se fossem justos encerrava certa ironia, pois, se o fossem deveras estariam eles buscando perdidos, invés, de se suporem acima.

A Parábola do pródigo apresentou o irmão caseiro com ciúmes porque o pai festejou a volta do perdido; isso sim, os identificava; pois, estavam enciumados pelo fato de O Senhor ajudar aos fracos invés de compactuar com a encenação frívola deles.

Desse modo Cristo lhes fez ver que, mesmo se fossem justos como pretendiam, suas razões e críticas não faziam sentido; eram fruto de ciúme vazio. E, as razões do Senhor iam muito além de formalidades religiosas banais; atinavam ao propósito celeste, pois, “Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam arrependimento.” V 7


Eis uma coisa que todo obreiro deveria aprender! Dirigir seus passos e ações focando na repercussão nos Céus, não, no aplauso da Terra. Spurgeon dizia: “Preocupe-se mais com a pessoa para quem olhas quando pregas, que, com o seu modo de olhar.” De outra forma: Seja empático, amoroso, invés de performático espetaculoso. A repercussão nos Céus é que conta.

Os filósofos usavam esse critério salutar de discutir um assunto de cada vez, sem embaralhar a discussão; e a “bola da vez” era a correção ou não, do Salvador se misturar com pecadores. O Senhor os demoveu com ensinos de uma lógica comum, de fácil compreensão e coroou seu argumento com algo que eles pareciam desconhecer; a reação celeste.

Porém, quando se propôs a falar dos religiosos especificamente, não “dourou a pílula”, antes, os expôs como de fato eram. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas, interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, interiormente estais cheios de hipocrisia e iniquidade.” Mat 23;27 e 28

Salta aos olhos o contraste entre o justo e os hipócritas: Enquanto aquele fazia o necessário, mesmo em ambientes malsãos buscando a aprovação celeste, esses faziam toda uma encenação fajuta, vazia em busca da aprovação humana.

Embora tenha sido um fato histórico, é também um tipo profético dos ministros atuais. Uma minoria leal ainda se ocupa com pecadores visando a “festa nos céus”; a ampla maioria é a dos “tolerantes, inclusivos, liberais” que, em busca do aplauso de um mundo apodrecido em pecados, coloca em realce o amor de Deus e profana Sua Justiça; acomodando nas congregações toda sorte de posturas abomináveis; jamais ensejam uma festa celeste, mas, a Terra os festeja como modernos, racionais, amorosos...

De ministros assim O Senhor falou também: “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Enfim, quem pretende uma igreja inclusiva, tolerante com práticas pecaminosas não tem a menor ideia do que é de fato, a Igreja de Cristo. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente.” Tt 2;11 e 12

Como vimos, a Graça Salvadora veio para todos; trouxe seu ensino que demanda dos discípulos renúncia a toda sorte de impiedade, vida sóbria e justa; senão, nada feito.

Pessoas que querem ser membros do Corpo de Cristo sem abandonar suas práticas pecaminosas sonham com duas vidas concomitantes; essa, e a eterna. Devemos renunciar uma se desejamos outra. Senão, tiremos o máximo proveito do pecado até a perdição final, pois, é só o que teremos.

“Todos nós nascemos loucos. Alguns permanecem.” Samuel Beckett

sábado, 25 de março de 2017

A Dracma e a luz

“Qual mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa, busca com diligência até achar?” Luc 15;8

Lucas registra em sequência três parábolas do Salvador: A ovelha perdida, a dracma perdida, e o Filho perdido, chamado, pródigo. Em comum, três perdas, porém, cada uma com suas peculiaridades.

Ovelha perde-se pelas asperezas do caminho, fragilidade do bicho; dracma, por desleixo da dona de casa, sujeira acumulada; o pródigo, pela independência, arroubos insubmissos da juventude.

A dona da casa da minha salvação é minha própria alma, que, por descuidar de sua mordomia, acostumar com sujeira, acaba se perdendo em ambiente impensável, pois, diverso dos predestinacionistas, somos exortados à perseverança na fé, para certeza de salvação, não herdamos sem participação. Ainda que, seja graça, daí, totalmente alheia ao mérito, vinculada apenas aos Méritos do Salvador, deriva da Soberania Divina, que, possamos escolher entre vida e morte, bênção e maldição.

Deixemos a ovelha, por ora, cotejemos a dracma com o Pródigo. Esse, malgrado sua rebeldia que o instigava a viver à sua maneira, tinha certos pruridos, que o enviaram para longe, para evitar constranger aos seus, se, vissem sua dissolução. A Dracma, contudo, tipifica o hipócrita, que, mesmo estando desviado, no coração, seu anelo pelo aplauso humano é tal, que não se furta à encenação, buscando parecer com um salvo, sabendo, no fundo, que não é.

Estar perdido, espiritualmente, sempre é trágico, quaisquer que sejam as circunstâncias; entretanto, vivendo no ambiente dos salvos, é uma patologia espiritual difícil de entender, explicar.

Quem tem uma consciência viva no Espírito, “varre a casa” todos os dias, e confessando as culpas cotidianas, abandonando-as paulatinamente, vai sendo limpo, a santificação. Na celebração da Ceia do Senhor, somos exortados a uma “varrição” solene, cerimonial antes de agirmos como membros. “Examine o homem a si mesmo, assim, coma do pão; pois, quem come indignamente, o faz para própria perdição, não discernindo O Corpo do Senhor.”

Se, adotamos o erro como modo de vida, de maneira tal, que, nem o exame de consciência diário, nem o cerimonial nos acusam mais, então, malgrado, toda nossa aparência espiritual, estamos mortos, perdidos, dentro da casa.

Uma coisa que o “Novo Nascimento” propicia, necessariamente, é a revitalização da consciência, antes, morta, cauterizada pelo pecado. Falando do Advento do Espírito, O Senhor disse que Ele nos convenceria do pecado, da justiça e do juízo. Ora, esse tríplice convencimento se dá em nossas consciências, que, antes dormiam na rede confortável da impureza, mas, uma vez despertas, cientes do que está em jogo, anseiam ser purificadas, coisa que só O Sangue de Cristo, consegue. “...o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9;14

Embora sejamos atores comuns no teatro da vida, dentro de nosso ser há um combate espiritual, primeiro, no âmbito do entendimento da Vontade do Pai, depois, na disposição de cada um, ajudado pelo Espírito, passar a agir como pode, como, filho de Deus. “A todos que O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus.” Jo 1;12

O inimigo atua para escurecer mentes; “...o deus deste século cegou entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;4 Porém, O Espírito Santo reage em nós, fazendo discernir a Vontade Divina, e instando para que escolhamos obedecê-la; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Aqui cai por terra a ideia vulgar que liberdade seja o direito de fazer o que queremos. Não. A libertação propiciada por Cristo nos dá a possibilidade de fazer o que devemos. A diferença é que, antes Dele, nem que eu quisesse agradar a Deus, poderia, pois, estava morto em delitos e pecados. Agora, sou livre, à medida que, desfrutando vida espiritual, e, auxílio do Espírito Santo, posso obedecer, porém, não sou forçado a fazê-lo. Serão compulsórias apenas as consequências, escolhas são livres.

Como saberei, se, como a dracma, estou perdido dentro de casa? Basta fazer a prova da luz. Tens ainda coisas a esconder? Ousas a exposição, mesmo com algumas falhas? “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que, suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;20 e 21