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sábado, 19 de agosto de 2017

Livre Arbítrio; só que não

“Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23

Uma aparente contradição de Jeremias, bem como, a negação do livre arbítrio.

“Não é do homem o seu caminho...” Ora, parece dizer que não; outra, que sim, que é “seu”; temos um problema que provoca os dois neurônios. Afinal, somos arbitrários, ou, não? Digo, temos escolha ou, “maktub” está escrita nossa sina, a ela estamos fadados?

Salomão disse: “Do homem são as preparações do coração, mas, do Senhor a resposta da língua. Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas, o Senhor pesa o espírito. Confia ao Senhor tuas obras e teus pensamentos serão estabelecidos.” Prov 16;1 a 3

Visto dessa forma se amplia um pouco. Não se trata de negar o direito de escolha; mas, fazer escolhas que serão bem sucedidas. Associa-te ao Senhor, para o êxito, ou, “Confia ao Senhor tuas obras e teus pensamentos serão estabelecidos.”

Ouçamos Cristo: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” Jo 15;5

Esse “nada” não se refere à negação funcional do homem alienado de Deus; mas, à valoração do produto final das conquistas na vigência dessa alienação. Paulo evocou o pretérito de certos pecadores querendo conhecer o saldo: “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21

Assim, seus feitos eram “coisas,” não, nada. Contudo, coisas que nada valiam, pois, pereceriam na morte. É esse nada, pelo qual laboram aqueles que se atrevem a tentar desbravar a vida sem Cristo.

Desse modo, o meu caminho é meu, porque sou um indivíduo; não é o seu. Mas, se pretendo ser servo de Deus, não é tão meu assim, que me permita andar a revelia, em oposição à Sua Palavra, ou, Seu Espírito. Se eu fizer isso, o resultado final será nada; mesmo que, eu ganhe o mundo. “Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder sua alma?” Mc 8;36

Então, se desejo intimidade com Deus e persevero na observância da Sua Palavra serei guiado por Ele, de modo que, meu caminho será estabelecido rumo ao Divino Propósito. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

Logo, nosso livre arbítrio se reduz a uma dualidade simples: Obedecer ou não, com seus desdobramentos que vão mui além de nossa possibilidade, mensurar. Aliás, desde o início, O Eterno sempre colocou a coisa como dual, e desafiou os Seus à melhor escolha. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e morte, a bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência...” Deut 30;19

Entretanto, nossa escolha não é feita de uma vez por todas. Tipo; escolhi ser servo de Deus, xô Satanás, e o bicho ficará longe; não é tão simples assim. Cada tentação é um desafio, uma escolha. Sempre poderemos optar entre obediência ou, rebelião. É o livre arbítrio que temos.

Schopenhauer negava que o tenhamos. Dizia: “Dado o motivo e o caráter a ação resulta necessária”. No princípio discordei dele; mas, pensando melhor, ele está certo. Ele não estava defendendo que a ocasião faz o ladrão como vulgarmente se diz. Antes, que era o concurso do motivo e o caráter que patrocinavam a escolha, e assim é.

Por isso a necessidade do Novo Nascimento, pois, “o que nascido da carne é carne;” e “... a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Assim nosso arbítrio se resume ao reconhecimento de nossa falência espiritual, coisa que a pregação da Palavra e a cooperação do Espírito Santo persuadindo ao pecador, deixam claro; visto isso, aceitarmos O Único livramento possível; Jesus Cristo. Após, já não seremos autômatos do pecado, antes, pela cooperação do Espírito Santo, teremos escolha que antes, a natureza caída não tinha.

Esse caminho bendito que conduz à Vida Eterna não é do homem; é do Espírito. Desse modo voltamos em parte ao dilema do Éden. Deus dissera: “Desfrutem tudo, menos isso”. O inimigo: “Decidam vocês mesmo, sejam como Deus.”

Enfim, podemos segundo conselho do diabo seguirmos sendo senhores dos nossos caminhos rumando ao nada; ou, voltarmos à casa paterna como o pródigo; o que só é possível pelos Caminhos do Senhor. Façamos nossa escolha!

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Têmpera, a cautela de Deus

“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas, se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Abraham Lincoln

Nada mais enganoso que caracteres humanos e seus múltiplos disfarces. Amiúde dizemos que, aparências enganam, quando, na verdade, é a ingenuidade que prefere se enganar. Diferente de Deus, sem nenhum trauma por aceitação, nós, tendemos a colocar primeiro o “vinho bom” reservando o mau para, quando do concurso da embriaguez. Noutras palavras, acentuamos nossas pretensas qualidades, e diluímos, maquiamos nossos defeitos.

Assim, invariavelmente as pessoas nos decepcionam “para baixo”, são piores do que parecem. Muitas vezes, até o que parece meritório carece melhor análise, pois, pode ser mero disfarce. Sócrates dizia: “Quando alguém for reputado justo, lhe caberão por isso, encômios, aplausos, louvores. Nós, ficaremos sem saber se o tal, é justo por amor à justiça, ou, aos louvores que recebe. Convém colocá-lo em situação tal, que de todas essas coisas seja privado; se, inda assim permanecer justo, o é, por amor à justiça.”Necessariamente, ante palavras assim, assoma a saga de Jó, o herói bíblico que fora fiel na fartura, e seguiu sendo, na adversidade.

Quem conhece nossa história mais recente há de lembrar quão incisivo era Lula quando deputado de oposição, em suas denúncias contra a improbidade e corrupção. Em dado momento chegou a dizer que no Congresso havia pelo menos uns trezentos “picaretas”, políticos venais. Contudo, após várias tentativas subiu ao poder, e, ele que fora um sindicalista pobre, morando em apto de 40 m2 tornou-se um milionário, bem como, assim são, seus filhos. O sujeito zeloso da ética, da probidade sumiu nas águas fartas e poluídas do poder. Quem falava mal dos corruptos, em pretensa honestidade, hoje fala mal de juízes, procuradores, em evidente sinal de medo, acessório da culpa.


Acho graça quando, ao apostarem nas loterias, várias vezes acumuladas, o que amontoa veras fortunas em prêmios, as pessoas que jogam fazem seus planos benevolentes de todo bem que fariam se ganhassem. A lógica da palafita jamais será a mesma que a do palácio. Fazem tais planos benévolos ancorados no que presumem ser; contudo, se o ser fosse mesmo seu alvo, sua meta, seriam, a despeito das circunstâncias, invés de estarem fazendo suas preces à fortuna, nas longas filas do ter. Acho que, no fundo, tentam negociar hipocritamente com a sorte, prometendo serem bonzinhos se, ela lhes for favorável.


José Ortega Y Gasset, filósofo espanhol disse: “O homem é o homem, e suas circunstâncias”. Isso, vertido para uma linguagem vulgar equivale ao popular, “A ocasião faz o ladrão.” Se isso fosse veraz, uma minoria de caracteres nobres que não capitula ao vício, mesmo em ocasiões favoráveis, deve ser considerada anômala, estragada? Ou, ao ter furtado, alguém, em ocasião favorável deve ser inocentado, uma vez que, a culpa foi da ocasião?


Na verdade, tendemos a ver o mérito que falta, na situação que falta, quiçá, na pessoa ausente. Por exemplo: No futebol, determinado jogador erra bisonhamente uma jogada, e logo o torcedor lembra outrem que não erraria. “Tira essa pereba e bota o fulano”, gritam. Mas, nada garante que, o fulano da reserva faria melhor. De igual modo, nas situações cotidianas, não raro apreciamos erros alheios dizendo: Se fosse eu, jamais faria isso; esquecendo que, eventualmente, eu, faço coisas ruins, que outros não fariam.


Nossas oportunidades, quer grandes, quer módicas, são o “poder” no qual somos investidos, e onde, aceitemos ou não, nossos caracteres são testados. O Salvador ensinou que, o fiel no pouco será colocado gestor do muito. D’onde se conclui que o adjetivo fiel, é mais que as variáveis circunstanciais, pouco, ou, muito.



O Eterno, conhecedor de nossa natureza caída, não nos guinda a lugares altos, sem, antes, aperfeiçoar nosso caráter em meio à dura têmpera das aflições. "Eis que te purifiquei, mas, não como a prata; provei-te na fornalha das aflições." Is 48;10

Ao exortar que os grandes se façam pequenos espera que, eventual poder não nos suba à cabeça em detrimento do dever. “...Os reis dos gentios dominam sobre eles, os que têm autoridade são chamados benfeitores. Mas, não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; quem governa como quem serve.” Luc 22;25 e 26



Por fim, Paulo: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas, cada qual também para o que é dos outros. Haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas, esvaziou-se, tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma humana, humilhou-se, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2;4 a 8

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Médico bêbado

“Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos; mas, que nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30; 12 

Uma pecha atual mui difundida é chamar alguém de, sem noção. Se, atribuímos isso a um, qualquer, que mal avalia ações, palavras, quiçá, as consequências dessas, a Palavra de Deus expande a coisa de modo a atingir toda uma geração. Presunção de pureza disfarçando imundície. 

De onde se origina tamanha distorção? Ocorre-me uma frase de Henry Lacordaire: “O homem justo é honrado mede seus direitos com a régua de seus deveres.” Parece que o dito cujo é bom nesse negócio de ter noção.

Entretanto, a geração aludida nos Provérbios combina mais com a máxima de Charles Talley-Rand:"O mais lucrativo dos comércios seria comprar os homens pelo que valem e vendê-los pelo que julgam valer." O fato é que somos mui indulgentes para com nossas falhas, enquanto, severos com as alheias. 

A medicina age e receita medicamentos em função de um diagnóstico; o qual, deriva da leitura perspicaz dos sintomas; a alma enferma deveria saber ler esses indícios, caso, não fosse desprovida de noção. Muitos cometem coisas  abjetas e jactam-se: “Durmo com a consciência tranquila.” 

Nesses casos, a consciência, que está para a alma como o médico para o corpo, jaz, cauterizada entorpecida. Se alguém se submetesse à “análise” de um médico bêbado, não deveria estranhar se o tratamento agravasse, invés de sanar eventual doença. De igual modo, confiar no testemunho de uma consciência que, de tão habituada à mesquinhez, não sabe mais a diferença entre isso e bom caráter. 

Nossos caracteres não são corretamente mensurados em tempos de calmaria, antes, nos de revezes, quando as coisas  vão mal. A presumida integridade de tempo bom pode esvair-se ao assolar uma tempestade. 

Fiz pequena reforma em parte da casa, trocando o assoalho antigo por novo. Aparentemente nada de errado havia com o velho tablado; parecia suster tantos quantos coubessem no ambiente. Acontece que, fora atacado por cupins em tempos idos. Meu falecido pai estancara a praga, mas, o dano feito permaneceu na madeira. Mesmo parecendo íntegro num olhar superficial, não consegui tirar nenhuma tábua inteira; todas quebraram ao esforço da ferramenta, pois, sua inteireza era aparente, muitas, sequer para lenha prestaram. 

Assim se passa com muitas almas que ostentam presumido caráter, mas, fraquejam vergonhosamente à menor pressão da adversidade. Dessas dolorosas descobertas que vertem máximas como: “A ocasião faz o ladrão.” Na verdade não o faz; é só o “Pé de cabra”  que acaba revelando o dano dos cupins da cobiça. 

A excelência do caráter de Jó só foi revelado aos homens em meio a imensas agruras. Em seus dias prósperos só era visível ao Eterno. Sabendo de qual “matéria-prima” Seu servo era feito, O Santo permitiu que fosse testado às últimas conseqüências. 

Entretanto, aquilo que é patente ao Criador, muitos vezes nos está oculto. Assim, permite que sejamos testados, para que outros, e, sobretudo, nós, saibamos quais valores repousam em nossas almas. 

Isso quanto aos que professam crer no Senhor. Os que estão espiritualmente mortos, a preocupação primeira do Senhor é trazê-los à vida. 

Aos que afirmam Crer em Jesus, resta uma prova de fogo, como ensina Paulo: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. Se, alguém, sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará; porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual seja a obra de cada um.” I Cor 3; 11 a 13 

Então, não basta temos a consciência em silêncio; antes, que esteja viva, mesmo quê, eventualmente, nos acuse de erros. Que respeito há no silêncio de um morto?

Claro que é fácil sermos “puros” aos nossos próprios olhos, mas, nosso padrão de pureza é outro; “Quem  rejeitar a mim e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12; 48 

Enfim, a pureza aos olhos Divinos necessariamente deriva dos preceitos de Sua palavra, como disse o salmista: “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme  tua palavra.” Sal 119; 9 

Concluindo; pouco importa se gostamos disso ou daquilo, e nada vemos de mal em determinada postura. Se colide com os ensinos da Palavra é imundo aos olhos do Santo. “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, a opressão não podes contemplar...” Hc 1; 13 

Muitas gerações abraçaram a perfídia, a violência, a luxúria; mas, nenhuma tanto quanto essa; seja nossa, pois, a advertência de Pedro: “Salvai-vos dessa geração perversa...”