“Ele estava na popa, dormindo sobre uma almofada,
despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não te importas que pereçamos?” Mc 4;38
Sem me ater
ao incidente, dele extrairei uma ideia apenas, como pano de fundo pra uma reflexão
que vejo oportuna, a “indiferença” de Deus ante o sofrimento humano. Pois, se,
então, pareceu aos discípulos que O senhor não se importava, atualmente, tenho
lido muitas acusações semelhantes.
Se O Eterno
não se importasse deveras, facilitaria bastante as coisas para Ele. Julgaria
cada um segundo suas obras, entregaria ao castigo devido, e fim de papo.
Contudo, a Bíblia diz que, “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho
Unigênito, para que, todo aquele que nele crê não pereça, mas, tenha Vida
Eterna”. Jo 3;16
Aqui, o
Senhor pontua a grandeza do amor pelo valor da dádiva; noutra parte, Paulo
vislumbra o mesmo, a partir da indignidade dos recebedores. “Porque apenas
alguém morreria por um justo; pode ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas,
Deus prova seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda
pecadores.” Rom 5;7 e 8
Assim, como O
acusam ainda de indiferença? Contudo, diria alguém, quem o faz? Muitos. Por
ocasião do devastador terremoto na Indonésia foi manchete de capa no jornal
Zero Hora: “Onde estava Deus?” Ou seja: A culpa é Dele. Quando o menino Aylan
morreu na fuga dos refugiados norte africanos e meso-orientais, e sua foto morto
na areia da praia correu o mundo, ouvimos coisas semelhantes.
Agora,
propagou-se como um vírus, outra foto de um menino sobre uma cadeira coberto de
pó, a face esquerda de sangue, retirado de um bombardeio na Síria, e muitos
postam suas indignações com frases tipo: “Como Deus permite algo assim com uma
criança?” Ou, “Ele não se importa?”
Para início
de conversa, nosso humanitarismo é pontual, seletivo, hipócrita. Primeiro, achamos
que inocentes são apenas as crianças, pelo menos, quando os decapitadores de
cristãos fazem seu “trabalho” há um estrondoso silêncio dos, agora,
humanitários. Segundo, tal indignação sazonal subsome nas areias movediças do
interesse tão logo, um fato “mais importante” como uma medalha olímpica, por
exemplo, chame atenção.
Muitos
cretinos tripudiam de coisas assim, realçando idiossincrasias políticas. Tarso
Genro escreveu vasto artigo dizendo que Aylan fora vítima do “colonialismo
europeu” subentendendo que o “socialismo” que defende é, sim, humanitário.
Contudo, os petistas lutaram com afinco pela aprovação do aborto, e ainda o
fazem. Para tais, uma criança morta na praia é uma tragédia digna de diatribes
contra os culpados. Milhões de inocentes mortos pela promiscuidade
irresponsável é um direito social.
Acaso
perguntam “onde está Deus” antes de atentarem contra vidas indefesas? Afinal,
para O Senhor, todos têm o mesmo valor, independe de raça, cultura, idade;
mesmo, os adultos são desafiados a se fazerem como crianças pra herdarem a
salvação, e, invés de Altíssimo, Todo Poderoso, Santíssimo, etc. somos instados
a orar chamando a Deus de Pai. Que coisa mais infantil! Pois é.
Na verdade,
todos desejam o que Deus propõe; igualdade, fraternidade, liberdade, paz.
Contudo, rejeitam as condições. O Eterno se importa sim, e declara expressamente:
“Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas, em
que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos
dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33;11
Acontece que
O Criador nos fadou à liberdade, capazes de optar, e além de nós, ama também à
justiça. Assim, faculta as escolhas e determina as consequências. Quem conhece
as Escrituras sabe que, foi justo, o excesso de violência que ensejou o juízo
Divino do dilúvio. Só um completo imbecil, pois, olharia para violência contra
inocentes achando que, isso não incomoda ao Santo.
Contudo, Sua “interferência”
se dá mediante o ensino de Sua palavra, a qual, ordenou que se pregasse a
todos. Esse “humanitarismo” fácil, cujo custo é mero exercício blasfemo da
língua, nem de longe mostra quem Deus É; antes, qual índole do que, em palavras
ocas presume se importar mais que Aquele que É amor.
O mestre foi
categórico: “Ninguém tem maior amor que este: Dar sua vida pelos seus amigos.”
Jo 15;13
Por fim, até
as catástrofes “naturais” A Bíblia põe na nossa conta, por causa de nossa
rebelião contra O Senhor. “...Na verdade a terra está contaminada por causa dos
seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e
quebrado a aliança eterna. Por isso, a maldição tem consumido a terra...” Is
24;5 e 6
Ele seria
indiferente se nos permitisse pintar e bordar, sem nenhuma consequência, mas,
não será assim. “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o
homem semear, isso também ceifará.” Gál 6;7