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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Defeito Manada


“Se nos estados puramente emocionais da massa, o “eu” não sente a solidão não é porque se comunique com um “tu”, mas porque perde-se; sua consciência e individualidade são abolidos.” Nicolai Berdiaev

Seguido tomo emprestada essa frase do filósofo ucraniano por me parecer verdadeira. No prisma sociológico impera a pós verdade; narrativas falaciosas buscam se impor aos fatos, o que a maioria berra é tido por verdade mesmo que isso significa que Cuba é democrática, impeachment é “golpe”, Lula é inocente, etc.

No viés antropológico, temos o pós indivíduo, a era das ideias prontas a compartir, a preguiça mental, o clichê, o lugar comum, enfim, a massa.

Há um espírito manipulador por detrás desse sistema insano que conforme seus interesses dita as regras. Se, trata-se de um muro moral que obstrui ao vício e a degeneração, então, a palavra de ordem é “diversidade”; no entanto, em questões que não demandam valores o negócio é a inclusão, o efeito manada, onde todo o gado segue ao mesmo berrante; o diverso vai ao camarim e o comum ganha o palco.

Não sei que bicho me mordeu e transformou nessa passa rebelde, que se recusa a fazer parte da massa do Pannetone da mediocridade, mas normalmente tomo como parâmetro uma postura advogada pelo teatrólogo Irlandês George Bernard Shaw; “Quando penso nas coisas como elas são pergunto: Por quê; se as analiso como não são, questiono: Por que não?”

Esse “porquê” a ser encontrado excede em muito a arena da curiosidade filosófica; identificá-lo em tempo pode encerrar coisas vitais.

Não é cuidado materno ninar um berço para que durma certo infante num cômodo que está incendiando.

Assim o espírito desse mundo canta seus cantos de ninar, enriquecendo a eufonia da voz que disfarça a soturna mensagem do “Boi da cara preta”.

A Bíblia que recusa teimosamente a avançar para o período atual da pós verdade segue sisuda chamando as coisas ainda pelo antigos nomes. Tipo, pecado de pecado, mundanismo de mundanismo, e mortos espirituais precisamente, do que são.

Invés de ninar cadáveres que respiram Paulo deu um soco na mesa e estragou o sono. “Desperta tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te esclarecerá”. Ef 5;14

Natural que A Bíblia seja rejeitada pelo espírito desse mundo; tenham criado até uma “versão inclusiva” onde certos “Preconceitos” deixam de figurar. No entanto, ela insiste num “Ai” contra essas “inclusões”; “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem mal; que fazem das trevas luz, da luz trevas; fazem do amargo doce, do doce amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21

As multidões pelejam pela dita inclusão; tomam avenidas de diversas metrópoles pelo planeta e deixam patente seu “orgulho”. Invés de reconhecer à “beleza democrática” de tais manifestações, o apreço bíblico é outro: “O aspecto do seu rosto testifica contra eles; publicam os seus pecados, como Sodoma; não os dissimulam. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos.” Is 3;9

Sobre multidões, aliás, lembro de uma cena do diálogo de Platão, “O Banquete,” onde, meia dúzia de amantes do saber decidiram discursar, cada um por sua vez sobre o “deus” amor.

Agatão o teatrólogo se disse tímido ante a tarefa, e alguém observou: “Ontem à noite levaste a plateia ao delírio, no teatro, agora temes praticar para uns poucos”? Ele respondeu: “A multidão é ignorante; todo homem ajuizado teme mais o escrutínio de alguns sábios que se expor antes milhares de tolos”. Assino com ele; assim é.

Dentre os muitos que foram manipulados por poucos, para gritar “Crucifica-o!” quantos que, tendo sido abençoados no convívio com Jesus, curados, ensinados, alimentados, se tivessem que falar num tete a tete com o Mestre, invés de berrar no meio da manada corariam de vergonha ante ao que estavam propondo? Desse modo chegamos à verdade das falas de Berdiaev que a multidão é uma praga que leva o “Eu” a perder-se.

No caso de perder-se em relação a Cristo, pode não ser um mero lapso eventual, uma perda pontual; tem muita chance de, ao seguir a manada alguém perder-se eternamente.

Diversidade apraz ao Criador, fato que Sua Obras gritam, e a peculiaridade dos indivíduos testifica, contudo, há um caminho comum por onde tenciona salvar todos, Jesus Cristo. “Ninguém vem ao Pai senão por mim...” Disse.

Nessas arribações de bando de onde me excluo, nem sei se a nostalgia deriva de me sentir barrado no baile, ou, pela impotência de ver tantos mortos bailando de costas para a Vida.

Pois O Eterno não julgará à massa; mas, às partículas. “... cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

domingo, 20 de outubro de 2019

Esconderijo do Avestruz


“Pobreza e afronta virão ao que rejeita a instrução, mas o que guarda a repreensão será honrado.” Prov 13;18


Consequências diversas para reações diversas aos mesmos bens; um rejeita-os outro, guarda-os.

A geração atual tende à massificação, à diluição das culpas particulares em abstrações coletivas; sociedade, novos tempos, violência do trânsito... Sempre uma tangente para que nossas ações não sejam estritamente nossas, mas meros reflexos sociais, o que de certa forma, nos absolveria.

Geralmente não se aquilata uma ação pelo mérito, mas pela incidência comum; eu fiz, mas todo mundo faz; tá fulano é corrupto, mas todos são; quem nunca fez isso atire a primeira pedra; etc.

Então, se maldade, hipocrisia e injustiça espraiarem-se por todos os lados, ninguém mais terá “pretextos” para ser bom, coerente ou, justo; quem tal pretensioso pensaria ser? O soldadinho do passo certo? O último dos moicanos, melhor que os outros?

Vemos o Presidente Bolsonaro com suas convicções patrióticas; parece uma ilhota num mar de lama. Se, cada agressão verbal gratuita que sofre virasse uma pedra teríamos um novo Everest sobre seu cadáver morto a pedradas.

Há três milênios foi vaticinada a vinda de certa geração sem noção e sem vergonha, que é o número da atual; “Há uma geração que amaldiçoa ao seu pai e não bendiz à sua mãe. Há uma geração que é pura aos próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;11 e 12

A Palavra de Deus não deriva de sociedade nenhuma, tampouco das humanas predileções; “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1;21

Se, a Bíblia fosse livro humano como acusam, ocultaria as falhas dos seus heróis como Abraão, Moisés, Davi, Salomão... Seria muito mais leniente com nossas maldades, que nem seriam tão nossas; afinal, somos vítimas da sociedade...

Nesse contexto tão carente de referenciais e valores, um homem (mulher) honesto (a) sempre será uma pedra no caminho tão vasto, dos que querem esbaldar-se nas delícias do pecado, e do crime.

Pois, a vida como desfila aos nossos olhos oferece grátis, cursos de mestrado, doutorado, PHD em falsidade; e a maioria se forma com louvores. O narcisismo doentio dessa geração permite-lha falar de si mesma na terceira pessoa e cobrir-se de elogios, nos raros momentos em que se diz deveras, o que se pensa.

A Palavra de Deus esposa outra ideia sobre os encômios; “Que, um outro te louve, não tua própria boca; o estranho, não os teus lábios.” Prov 27;2

Independente do que digam ou pensem os outros sobre nós somos como Deus nos vê; o apreço alheio, não raro é doentio, falso, interesseiro, superficial.

O Eterno não é padeiro; não fez massa. Criou indivíduos particulares, ímpares; selou a mão de cada um com impressões digitais próprias; revelou isso muito antes de o homem as ter percebido há uns quatro milênios já. “Ele sela as mãos de todo o homem, para que conheçam todos os homens a sua obra.” Jó 37;7

Nicolai Berdiaev disse algo sobre a anulação do indivíduo que vale rebuscar: “Se, nos estados puramente emocionais da massa, o eu não sente a solidão, não é porque se comunique com um tu; mas, porque perde-se; sua consciência e individualidade são abolidos.”

Imaginemos que estejam vendo o Grêmio jogar, lado a lado, um trabalhador honesto, um falsificador e um adúltero; de repente, gol! Os três saltitam juntos se abraçam, identificam-se. Naquele momento não há “eus” particulares; todos são são Grêmio.

Pois, para efeito de nossa reflexão contam os indivíduos, como ensina A Palavra Divina; “... cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Fomos Criados únicos, “condenados” à liberdade, desafiados a fazer escolhas. Como vimos ao princípio, uns rejeitam, outros guardam a instrução. O que outros fazem ou deixam de fazer não me são agravantes nem atenuantes; as desculpas esfarrapadas com as quais as pessoas mentem a si mesmas já são uma escolha. Não cola o “disfarce” de mera nuance fortuita no mosaico social.

Há alguns bons exemplos; raros, é verdade, mas poderíamos imitar esses, caso assim desejássemos.

Segundo Confúcio, há três métodos de aprendizado; A reflexão; o mais nobre; a imitação; o mais fácil; a experiência; o mais doloroso. Se, nenhum dos três nos pode adestrar é porque nossa escolha pela maldade nos pareceu melhor mesmo.

Jactam-se de livres para escolher seu modo de viver, e insanos acabam optando pela forma de morrer;

“Céus e Terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30;19

sábado, 9 de fevereiro de 2019

Fora do Script

“A única coisa que interfere com meu aprendizado é a minha educação.” Albert Einstein

Lançados no palco da vida sem “Script” tendemos aos valores que permeiam nosso existenciário; o que vemos, ouvimos e aprendemos molda nosso caráter, e por fim, patrocina nossas escolhas no teatro da existência.

Na linguagem teatral chamam “caco” a uma fala improvisada do ator que, eventualmente esquece o texto que deveria interpretar; como atua ao vivo precisa suprir ao lapso; vira-se como pode.

Nessa geração tecno-lixo, de meios ultramodernos e valores tão baixos, acho que as pessoas de melhores almas são as que saem do “script” globalizante, das imposições “politicamente corretas” e conseguem gerar seus “cacos” de fonte genuína, rebeldes ao sistema sistematizante; ainda capazes de pensar por si mesmas.

A massificação tende à mediocridade. Essa geração das frases feitas, aluguel de ideias, compartilhamento fácil do trabalho alheio acaba atrofiando cérebros, almas, e tolhendo todo fogo criativo que lhes poderia habitar. Muitos pensam se identificar com determinados ditos e reproduzem aquilo sem a menor intimidade vera com a coisa.

Basta ver as músicas do passado e as atuais para ter uma visão bem didática desse estio criativo, existencial e filosófico que nos assola.

O “script” é paupérrimo e faltam “cacos”; atores de bom nível.

Duas correntes filosóficas antagônicas debateram ao longo dos séculos; Racionalistas e Empiristas. Aqueles postulando que nosso saber vinha “impresso” em nossas almas (a razão) ao nascermos; e aflorava no decorrer do tempo; os Empiristas defendiam que nascemos como uma página em branco; com o tempo, através das experiências vividas e o aprendizado moldamos nosso saber.

Uma coisa que, a meu ver, passou de largo nesses pleitos é a questão da dupla natureza humana. Somos corpo alma e espírito. É uma dupla de três? Diria um gaiato. Não.

A alma foi criada para ser serviçal do espírito expressando-se através do corpo. Desde o pecado, a queda, o espírito “morreu” isto é; separou-se do Criador. Aí a alma deixou a condição de serva e assumiu a autonomia proposta pelo inimigo; “vós mesmos sabereis o bem e o mal.” Nada de, em espírito obedecer ao Criador.

Assim, o homem natural ainda tem espírito, dados os rasgos de sentidos daquele que se pode notar. Inda sonha, tem intuição, consciência. Porém, alienado do Criador e da Força que Dele advém torna-se impotente para o comportamento espiritual, para a “mordomia da casa”; essa é sua morte que permite que alma dê vazão aos desejos dela e do corpo que assomam naturalmente.

“... o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.” Rom 7;18 e 19 Eis o espírito impotente denunciando o mau governo da alma!

Por isso O Salvador quando veio disse que “Os mortos ouvirão minha voz, e os que ouvirem viverão;” ou, “Aquele que não nascer de novo não pode ver, entrar, no Reino dos Céus.”

Desse modo o que está sob autonomia da alma é dito natural, carnal segundo as Escrituras. Os que nascem de novo são os espirituais; o espírito volta ao comando e força a alma à submissão.

O saber nos dois âmbitos, natural e espiritual demanda aprendizado, experiência, exemplos; de modo que há razão em grande parte no postulado empirista; “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22;6 ou, “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Porém, aquele que nasce de novo e cresce na edificação e comunhão espiritual, eventualmente, “sabe” coisas que jamais aprendeu.

Não sendo derivado do estudo nem do exemplo, mas de uma revelação espiritual; algo supra-aprendizado, inato, como pensavam os racionalistas.

Contudo, mesmo nas coisas espirituais, a indigência, o lugar comum, a ausência de “cacos” nos condena à mediocridade como alguém disse: “Quando todos estão pensando o mesmo, ninguém pensa grande coisa.” Ou, como disse O Salvador, “Quando fizerdes só o que vos foi mandado dizei: Somos inúteis”.

Toda luz que nos vier, das mais variadas fontes possíveis tem seu proveito; mas, façamos do aprendizado nosso bom depósito e quando arder a chama do ensino que seja um fogo oriundo de nossa lenha; não sejamos papagaios repetindo o que ouvimos sem viver, quiçá, sem nem mesmo entender direito.

A maioria não tem “tempo” para um texto longo assim; muito menos pensar por si. Os memes são tão legais... Você foi criado indivíduo, não, massa.

Quem por comodismo, preguiça, inércia escolhe o fácil antes que o valioso, de quem reclamará depois, se herdar uma eternidade que não vale nada?

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Os incorrigíveis

“Ouve o conselho, recebe a correção, para que no fim sejas sábio.” Prov 19;20

Num primeiro momento isso parece pacífico, fácil de assimilar; entretanto, nas veredas práticas a coisa não é bem assim. Somos a geração mais melindrosa de todos os tempos. “Lista negra” é racismo; um apelido inofensivo qualquer é bullying; usar devidamente o artigo masculino já soa a machismo; deveria ser x, parece; a ditadura do politicamente correto tudo faz para massificar tolhendo aos indivíduos, com suas qualidades e defeitos, na amorfa e insossa amálgama da massa.

Nesse espírito, qualquer nuance de correção, por necessária que seja, fatalmente vai deparar com falas diretas, ou, indiretas para que cuidemos de nossas vidas; somos livres para “curtir” elogiar, nada mais. Ensinar é pretensão; corrigir, invasão indevida.

Uma cristã compartilhou inadvertidamente um texto com valores totalmente diversos da Palavra; adverti-a sobre isso, mas, o fiz de modo educado; ela me excluiu do seu rol de amigos; outra, postou uma frase faltando uma palavra, o que revertia o sentido; mais uma vez, tentei ajudar; meu comentário foi apagado, embora, tenha ela corrigido o erro.

Outro dia deparei com uma “navegante” postando frases com as palavras “limdo” e “abemçoe”; educadamente avisei pelo chat para não envergonhá-la. Que nada, segue fazendo ainda mais barbáries com o pobre do m mais perdido que sapo em cancha de bocha. Em suma, só podemos aplaudir ou, calar.

Faz tempo, postei um anglicismo qualquer que num aspecto estava errado; uma amiga que é professora de inglês, cordialmente avisou-me do erro. Editei, corrigi e agradeci a gentileza dela, não doeu nada, antes, melhorou meu texto, me fez crescer.

Porém, como essa geração plena de melindres, suscetibilidades, avessa a toda sorte de correção lidará com as coisas de Deus? Ora, a conversão é bem mais que um ajuste ortográfico de pequena monta; é uma mudança radical de mentalidade; cambiando nosso parco modo de pensar pelo Divino. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Paulo em sua epístola aos Romanos amplia a ideia; “Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita, Vontade de Deus.” Rom 12;2

Claro que, correção não é algo agradável, mas, seu fruto é precioso. O preceito visa um fim, não, um sentimento. “Ouve o conselho, recebe a correção, para que “no fim” sejas sábio.” Prov 19;20

A epístola aos Hebreus desenvolve mais; “Na verdade, toda a correção, no presente, não parece ser de gozo, senão, tristeza; mas, depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Heb 12;11

Um pouco antes, explica sua existência e os motivos, e, coloca dura sentença aos que a rejeitam: “Porque o Senhor corrige ao que ama; açoita a qualquer que recebe por filho. Se, suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há que o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são participantes, sois então bastardos, não, filhos.” VS 6 a 8

Precisamos nos situar; ou, somos seres em estágio de aperfeiçoamento, enriquecimento cultural, espiritual, filosófico, que, eventualmente carecem correção; ou, somos obras acabadas, perfeitas; nossos atos e palavras refletem nossa perfeição.

Dado o fim a que conduz, A Palavra de Deus aquilata a correção como superior às pedras preciosas de alto valor; “Aceitai minha correção, não a prata; e o conhecimento, mais do que ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela.” Prov 8;10 e 11
Eli o sacerdote perdeu o posto, os filhos e a vida; fez Deus alterar uma promessa que lhe havia feito, por ter se mostrado incorrigível, justo, em corrigir as profanações de seus filhos; “Por que pisastes meu sacrifício e minha oferta de alimentos que ordenei na minha morada; honras aos teus filhos mais que a mim... Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade tinha falado que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém, agora, diz o Senhor: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém, os que me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;29 e 30

Servir Deus alheio à Sua disciplina não é servi-lO; é profaná-lO.


“Já vi jovens com a vida perdida serem salvos por correção e disciplina rigorosa. Mas o que mais vi, foram jovens bons se perderem por exagerados elogios.”
Bruce Lee

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

A "cruz" dos ímpios

“Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, não buscando a honra que vem só de Deus?” Jo 5;44

Se, no prisma existencial “é melhor serem dois do que um”; ou, “na multidão de conselhos se acha sabedoria”, para efeito estrito da fé, o concurso dos outros muitas vezes atrapalha.

O Senhor chegou a questionar: “Com podeis crer recebendo honra uns dos outros...” Ou seja: Se, meu crer depende de um apreço, aprovação, de outro pecador como eu, invés do gracioso perdão Divino, dado que a inclinação da carne é invariavelmente má, meu ingresso à fé se torna impossível.

Paulo identificou esse problema entre os coríntios; invés de dilatarem-se no Espírito estavam estreitados pela pressão ímpia das pessoas com as quais se relacionavam. O apóstolo tratou de expressar que tal restrição era só deles; “Não estais estreitados em nós; estais estreitados nos vossos próprios afetos.” II Cor 6;12

Não que o convertido deva romper, necessariamente, laços com cônjuges, ou, amigos que ainda não creram; mas, se o convívio com os tais deixa de ser livre para tornar-se um jugo, uma opressão, nesse caso, aconselhou Paulo a ruptura, separação; “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis... saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e Eu vos receberei;” vs 14 e 17
Os demais apóstolos, por sua vez, entre a honra humana e a Divina fizeram a boa escolha: “Chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem no nome de Jesus. Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” Atos 4;18 a 20

O mundo inclina-se à massificação, à abolição do indivíduo; somos pressionados implícita e explicitamente a nos enturmarmos, senão, as pessoas não nos “curtem”, quiçá, excluem. A fé destitui o ego, esse motorzinho insano que se alimenta de vaidade, orgulho, e acelera nossas vidas, na autopista da perdição; o vaidoso deseja seguidores, honrarias humanas, aplausos, elogios...

O cristão que negou a si mesmo descansa seguro na Divina aceitação, malgrado, as vaias do mundo. Longe de ser um alinhado ao sistema ímpio é uma voz ousada que o denuncia; funciona como consciência exterior para aqueles, que, pela servidão ao pecado cauterizaram às próprias.

Do seu jeito o ímpio também “nega a si mesmo;” não no sentido de sacrificar maus anseios como o cristão na cruz; mas, na eterna sina de camaleão onde tenta sempre ajustar-se ao meio tendo como valor maior a aceitação social, posto que, ímpia, que a posição pessoal, quando essa, eventualmente destoa do que está posto.

Sua insana “cruz” fere a verdade, os gostos, a personalidade, em troca do “paraíso” temporal da adequação aos existenciários ímpios; finge gostar do que não gosta, elogia ao que deprecia, comercializa bajulações, interesses vis, vende sua alma para ser da turma.

Muitas pessoas, os ecumenistas entre elas confundem unidade com união. A Bíblia faz distinção entre ambas. Da unidade dos cristãos ensina: “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus, Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos vós.” Ef 4;3 a 6

O Elo aqui é o Espírito Santo, malgrado, denominações, usos, costumes, vieses culturais, etc.

Entretanto, a união é um aglomerado de diversos, no prisma moral, espiritual, e o elo, interesse. A essa postura a Palavra denomina motim; um levante dos marujos contra o comandante; “Por que se amotinam os gentios, os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, os governos consultam juntamente contra o Senhor, contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas?” Sal 2;1 a 3

Então, em Deus a diversidade racial, cultural, cultual é pacífica, desde que, seja em submissão ao Espírito que patrocina o novo nascimento; no mundo, a diversidade espiritual é aplaudida, pois, a miscelânea ímpia serve aos interesses assassinos do príncipe do sistema.

Todos têm sua fé, mesmo, ateus; na verdade a deles é maior que a nossa, pois, acreditar que toda essa beleza e perfeição é fruto do acaso demanda uma rendição ilógica abissal.

E, a maioria toma o nome do Santo nos lábios; porém, somente os que renegam o aplauso humano e se rendem a Ele nos Seus termos, O verão; os demais pisando plantas e cultivando ervas daninhas, quando carecerem frutos, infelizmente sofrerão as agruras da fome.

“Prudência é saber distinguir as coisas desejáveis das que convém evitar.” Cícero

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Coragem de saber-se fraco

“Eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo, e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés, e rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas, lhe imponhas as mãos, para que sare, e viva.” Mc 5;22 e 23

A rejeição ao Salvador era ácida nos meios religiosos de então. Corriam risco de ser expulsos das sinagogas os de posição que confessassem crer Nele. Segui-lo era coisa para a gentalha, não para os de elevada posição. Entretanto, no texto acima, temos um dos principais, prostrado diante de Jesus. O que o fez romper barreiras das convenções sociais e se aproximar assim, de alguém, oficialmente, “persona non grata?”

O texto mostra que Jairo se humilhava suplicando graça, em favor de uma filha moribunda. Um bem maior, a vida estava em jogo, e isso bastou para que ele mandasse às favas a opinião da torcida, e fosse à luta pelos seus anseios mais caros.

Não que a vida em sociedade seja danosa, ruim, mas, quando invade as plagas de nossas consciências, deixa de ser convívio de indivíduos para ser abolição dos mesmos, aos ditames das conveniências comuns, massificação.

Isso vige como nunca com as lupas xeretas e sempre ciosas do “politicamente correto” tentando impor ao ímpar, o “establishment” social, em detrimento das convicções individuais de cada.

A maioria se deixa persuadir pelas pressões temendo as pechas de radical, fundamentalista, fanático, etc. Acontece que a massa, tanto no prisma intelectual, quanto, moral, espiritual, nunca foi grande coisa. “A multidão é ignorante”, diziam os gregos. Todavia, os berrantes tocam para que sigamos a ignorância, invés de deixarmos viçar a beleza ímpar que Deus implantou em cada um de nós.

Somos psiquicamente drogados e nem percebemos o que está em jogo; nossas vidas. O Chamamento do Salvador é à ruptura, mesmo expondo-se à pecha de “soldadinho-do-passo-certo” por não marchar no ritmo da galera. Disse O Senhor: “Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição; muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” Mat 7;13 e 14

Bastou para Jairo, a questão ser de vida ou, morte, para que rompesse com os ditames de uma sociedade religiosa e hipócrita, como, então. Mas, só pode ver a gravidade do que estava em jogo, porque sua filha estava morrendo. Senão, O Príncipe da Vida passaria, e ele olharia de longe, apenas.

Na verdade, salva alguma variação em atenção ao tempo, bem se aplica a cada um de nós, a mensagem que Isaías, o profeta entregou ao rei Ezequias, certa vez; disse: “...Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás. Is 38;1

Esse tempo que nos resta após termos certo conhecimento dos caminhos de Deus, é para que bem ordenemos nossas casas; nossas vidas, pois, a morte nos espera logo ali, onde, individualmente, não, em massa, seremos julgados. Nossas escolhas contarão, não, o aplauso da turma. “...cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Há casos, como o de enfermidades graves, em que a morte inda vem lenta dando certo tempo para arrependimento; outros tantos, em que vidas são ceifadas de repente, onde, as escolhas feitas não podem ser mais mudadas. Por isso, o apelo do Amor de Deus sempre nos é apresentado como urgente, um desafio presente, não, uma possibilidade futura, diz: “Enquanto se diz, hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais vossos corações...” Heb 3;15

Às vezes as pessoas mascaram sua obstinação de ceticismo, ignorância, quando, no fundo, é apenas opção pelo comodismo. Jairo não se prostraria ante Jesus rogando pela vida da filha, se, não soubesse que O Senhor poderia curá-la; se sabia, por que não iria após O Salvador mesmo sem essa urgência? Porque seria bem mais cômodo não se indispor com seus confrades de hipocrisia.

Assimilemos uma coisa, pois: Salvação e comodismo são excludentes. Quem ousa negar a si mesmo e tomar sua cruz, terá oposição dos familiares, da sociedade, e ódio do inimigo. Entretanto, terá um “Contraponto” Majestoso; a assessoria Bendita do Espírito Santo de Deus, que o fará passar vitorioso a tudo isso, se, tão somente obedecer à Voz Dele.

Se, é vero que Deus amou o mundo ao dar Seu Filho, também o é, que salvará uma minoria apenas; não por Sua Vontade, mas, por nossas inclinações serem mais para o pecado que para a justiça. 

A coragem de Jairo para romper com os seus derivou do medo de perder a filha; que a nossa derive do amor próprio, do temor de alienar-se eternamente, da Fonte da Vida, Jesus Cristo.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Meios de massificação



Desde que o ser humano se pôs a pensar do ponto de vista filosófico, nuca teve a “manada” a multidão, como aferidora da medida. Malgrado o dito que, “a voz do povo é a voz de Deus”, embora útil a sentença em determinadas situações, isso nem sempre se verifica.  “A multidão é ignorante”, diziam filósofos gregos. 

Entretanto, o fenômeno moderno dos veículos de comunicação de massa, traz um efeito colateral à comunicação; a massificação.  Somos imitadores natos. Quem sabe,  faltem parâmetros imitáveis em nosso meio; e isso delegue o espelho às ditas celebridades, que se nos tornam modelos; invariavelmente ancoradas em um dom, um talento, quase nunca, em valores. 

Assim, pior que a massificação em si, é a qualidade da massa que se produz.  Os vencedores, amiúde, são contados por troféus, conquistas, fama, com ou sem virtudes, bastando seu talento.  Esses ícones que a maioria da galera gostaria de ser, são projeções ímpares de indivíduos; contudo, ainda que, involuntariamente, acabam sendo meios de anulação dos demais que os admiram e idolatram, fantasiando  nos tais, a perfeição que lhes falta. Muito “seguidores” inclusive brigam com seus ídolos, quando, se decepcionam com essa ou aquela postura. 

O indivíduo, como o nome sugere, é indivisível o “átomo” metafísico.  Seu potencial, suas características são únicas. A adesão de um assim a outro, posto que talentoso, não obra a realização individual, antes, anulação do ser, a perda do “eu” no coletivo. 

Qualquer um que ouse ter uma postura não “ortodoxa” como a Jornalista Raquel Sheherazade, por exemplo, enfrenta duras restrições, afinal, não fala nem pensa como “todo mundo”. Embora não concorde necessariamente com tudo o que ela diz, admiro pessoas que entram no mar e não viram peixe, digo, não se contaminam pelo meio, antes, preservam a individualidade e as opiniões, quer sejam pacíficas, quer, polêmicas. 

Mesmo no meio espiritual, muitos acreditam que a Vontade de Deus seja produzir uma “massa” santa. Ora, basta apreciarmos um minuto o que nos cerca para vermos como O Criador ama a diversidade. Aliás, quando Pilatos usou o peso coletivo como argumento contra o Salvador, Ele devolveu a responsabilidade ao indivíduo. Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim.” “...Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz...” Jo 18; 35 e 37 

Isso de diluir responsabilidades funciona nos meios sociais, políticos; ante Deus, não, como disse Paulo: “Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, toda a língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14; 11 e 12

Até os de fora questionam a diversidade denominacional dos cristãos como se isso fosse prova de confusão, erro. Em Seus dias na Terra o Salvador disse: “Quem não é contra nós é por nós.” 

Claro que há muita confusão,  heresias no seio do cristianismo; isso advém da mistura de salvos e não salvos, obedientes e rebeldes, nada tendo a ver com nomenclaturas, ou, mesmo método de evangelização. A unidade dos salvos é espiritual. Pertencemos a um mesmo Espírito e somos indivíduos. 

Nosso “ícone” não massifica; antes faz crescer, santifica. “Até que todos cheguem à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejam mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Ef 4; 13 e 14 Essa unidade, invés de massa, forja adultos espirituais.

Cada cristão conhece a Vontade de Deus para si parcialmente; uns mais, outros menos. A medida de nosso conhecimento é nossa luz; segundo  ela, Deus espera que andemos. “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros  e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1; 7  

Como todo ser vivo tende a crescer, igualmente a luz dos salvos; “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4; 18

Alguém disse: “Quando todos pensam o mesmo, ninguém pensa grande coisa.” Se observarmos com atenção os profetas, nunca foram aves de bando, antes, águias solitárias arrostando tempestades. 

Embora saibamos que a lisonja faz mais mal que a crítica, a maioria prefere esta, pelo conforto, àquela, dado que é um remédio amargo.  De certo modo, é inevitável que estejamos na massa; mas, mesmo estando, podemos não ser massa, como as passas do Panettone. Se, Maria vai com as outras, pelo menos, que as outras saibam pra onde vão.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O racismo e a massa



"Você não se sente sozinha aqui no deserto?
No meio da multidão também nos sentimos sozinhos.”
( Saint-Exupéry )
  
A brilhante definição do poeta francês expõe que, mesmo a solidão tendo sua faceta exterior, quando, em isolamento; também teu seu aguilhão interior que, pode ferir até em circunstâncias impensáveis, como, entre uma multidão. 

A massa nem sempre é encontro; na maioria das vezes é perda, anulação. O eu deixa de existir e “gruda” numa coisa acéfala, amorfa, estúpida, divorciada dos valores individuais.

Por exemplo: Torço para o Grêmio, embora, não frequente o estádio há muitos anos. Mas, quando ia, deixava de ser eu entre a massa. Vibrava, aplaudia, gritava com; abraçava desconhecidos, graças um fato comum simbolizado por três cores; Grêmio.  

Uma multidão sempre é heterogênea, composta de honestos e safados, corajosos e covardes; fortes e fracos; inteligentes e parvos; civilizados e bárbaros; etc.  Assim, a massificação nivela o que, absolutamente não está no nível. 

Outro dia, torcedores do grêmio cantaram frases aludindo à morte de Fernandão, ídolo colorado, provocando rivais, durante um Grenal. Ora, mesmo rivalidade acirrada deve ter limite, que paire acima de coisas abjetas como essa. A imensa maioria discorda daquilo, mas, foi a torcida do Grêmio, a massa. 

Agora, o clube será julgado por ofensas racistas que alguns imbecis dirigiram contra o jogador Aranha, goleiro do Santos. Na condição de gremista me envergonho uma vez mais. Como ser humano folgo, porque não estava lá; senão, a vergonha seria maior. 

O ridículo disso é que grande parte do elenco do Grêmio tem negros ou descendentes; a torcida os aplaude. Nem é racismo no sentido estrito do termo, mas, estupidez mesmo. Estou advogando-os? Não. Que respondam pelo que fizeram. Talvez, o Grêmio seja desclassificado no julgamento de hoje. Se for, nada a reclamar. Acharia justo se fosse outro time; acho também, sendo o meu. 

Somos sete bilhões de biografias sendo escritas, concomitantemente, cada uma com suas peculiaridades; mas, a bosta do “efeito manada” teima em tentar anular indivíduos. A ideia é fazer o que outros fazem; cantar o que cantam; pensar o que pensam; enfim, reitero; anular o eu. 

Deus não planejou assim, nem tratará com a massa. “...cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14; 12 Quando Pedro tentou “diluir” um toque especial na multidão Jesus não aceitou. “E disse Jesus: Quem é que me tocou? Negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta, te oprime, e dizes: Quem é que me tocou? E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude.” Luc 8; 45 e 46 A mulher do fluxo de sangue foi exposta, mas, abençoada, curada. 

Se, por um lado, os mandamentos são os mesmos para todos quantos pretenderem agradar a Deus, por outro a diversidade cultural, a individualidade são respeitadas. 

Basta ler com atenção a epístola aos Romanos para perceber isso. O que é individual, pois, é indivisível. Ao receber instruções pessoais Pedro quis saber também da sorte de João. “Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que  importa a ti? Segue-me tu.” Jo 21; 22  

No âmbito funcional da igreja, também, as diferenças são respeitadas. “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, todos temos bebido de um Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo? E se a orelha disser: Porque não sou olho não sou do corpo; não será por isso do corpo? Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?” I Cor 12; 12 a 17

Então, a unidade espiritual e a diversidade funcional ficam estabelecidas na “massa” dos salvos. Assim como é possível estar só na multidão para efeito de conforto pessoal; também  é no sentido de não ser absorvido pelos “valores” que a massa professa, caso discorde. Estar na massa sem massificar; preservar a identidade como as passas do panetone. 

Isso, tanto para efeitos positivos; andar entre os maus sem se tornar um; quanto negativos; congregar com os salvos mantendo-se ímpio. 

Se, é sábio que os pinguins se aglomerem durante uma nevasca aquecendo-se mutuamente, no prisma humano a sabedoria costuma andar meio solitária. “As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor do que domina entre os tolos.” Ecl 9; 17