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quarta-feira, 14 de junho de 2017

Os "maus" samaritanos

"Ele, porém, querendo justificar-se disse a Jesus: Quem é o meu próximo?” Luc 10;29
O Senhor contou a Parábola do Samaritano, que encerra a omissão de socorro a um ferido, por parte de um sacerdote e um levita; por fim, o gracioso favor de um estrangeiro, ajudando ao infeliz. Após, devolveu-lhe a pergunta: “Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?” v 36 A resposta ficou óbvia: “... O que usou de misericórdia para com ele...” v 37

Na verdade, nós decidimos quem é nosso próximo, à medida que, afetiva, não, fisicamente podemos nos aproximar, ou, distanciar de alguém. Os dois religiosos eram socialmente mais próximos do conterrâneo assaltado; tinham laços de sangue, deveres espirituais, que os impulsionariam a eventual socorro; entretanto, se revelaram distantes, pois, omissos, indiferentes.

Por outro lado, o samaritano tinha barreiras sociais, inimizade racial, que, em tese o distanciariam do homem vulnerado; entretanto, sua compaixão, identificação com as necessidades de um ser humano, independente da crença, raça, o fez próximo, atuante, exemplar.

A sociedade nos moldes que temos, está forjada para competir, não, coexistir. Não raro os “competidores” burlam as regras, pois, o que lhes vale é chegar antes, dane-se o direito do próximo! Assim, furamos fila, passamos sinal fechado, mentimos, omitimos... qualquer coisa que nos permita “vencer” parece justificável a uma geração que tem o egoísmo como centro, vale-tudo como parâmetro, e, pressa como veículo das doentias realizações.

Que dizer dos corruptos de todas as siglas, tão em evidência? Roubam a confiança, a esperança, junto com o dinheiro daqueles para os quais discursaram tanto se dizendo seus representantes.

Muitos são induzidos a crer que a culpa é nossa no sentido de que não sabemos votar, escolher. Como se, entre os preteridos tivesse uma gama de postulantes honestos; nós, masoquistamente tivéssemos optado apenas, pelos piores. Santa ilusão! Muitos dos não eleitos estão por lá, orbitando ao lado dos corruptos, se corrompendo também, em escalões menores, mas, com anelos de um upgrade, tendo seus líderes como parâmetros do querem ser quando crescerem.

Óbvio que a culpa é nossa! Que não sabemos escolher! Porém, não me refiro a representantes; aqueles são o retrato fiel de uma sociedade corrupta e corruptora que não sabe escolher valores como, honestidade, probidade, verdade, decência...

Outro dia deparei com uma frase que diz muito: “Comece sendo a transformação que queres ver no mundo”. Nossa doença mais letal é que somos ciosos das mudanças que queremos alhures, e refratários às que deveriam ocorrer em nós. Facilmente fazemos protestos, passeatas para que a sociedade mude; por outro lado, fugimos como o diabo da cruz, para não abandonarmos os vícios que amamos.

Assim, a terra que está sob nossa administração recusamos cultivar; entretanto, queremos arar alhures, a seara que não nos pertence. O Salvador ensinou diferente: “Por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho; então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” Mat 7;3 a 5

Assim, o “próximo” que carece nossa atenção, socorro, está tão próximo que se funde conosco. Como o ferido da parábola, só necessitou auxílio de um estrangeiro porque os seus se omitiram ao que lhes seria um dever. De igual modo temos a consciência e as leis, que deveriam ser as primeiras opções de socorro, quando estivermos feridos na capacidade de discernir o que é decente, correto fazer. Na omissão desses “chegados” restará a possibilidade de um “estrangeiro”, alguém que vê nossos maus passos nos corrigir, chamar de volta à sensatez, à razão.

Porém, a febre do egoísmo já mencionada, tolhe qualquer ensino como intromissão. Cheias estão as redes sociais de diretas e indiretas sobre cada um cuidar da sua vida. No fundo, isso é não ser socorrido pelo “próximo” citado, e rejeitar até o auxílio do “estrangeiro”, pois, a ferida moral incomoda menos que eventual processo de cura. Nosso “azeite e vinho” são mandados longe; não raro, o “doente” somos nós.

O mau uso da liberdade forja duras prisões; nosso próximo segundo o Senhor é quem usa de misericórdia conosco. Porém, se lemos eventual tentativa de ajuda como intromissão, nossas feridas jamais serão curadas. Não existe engano mais perigoso que um doente terminal acreditar que está vendendo saúde.

Rejeição à virtude não vem sozinha; tem a nefasta assessoria do amor pelo vício. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20