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domingo, 11 de fevereiro de 2018

Nobreza, virtude

“Como a abelha trabalha na escuridão, o pensamento trabalha no silêncio e a virtude no segredo.” Mark Twain

Na Grécia antiga quando uma árvore genealógica nobre era postulada, quando alguém se dizia descendente de um herói qualquer, invés de segredo, queria notoriedade, tal, era testado em combates, nos quesitos, valentia, força, habilidade, e nobreza de espírito. Tendo que demonstrar assim, mediante as provas, que era digno do nome que invocava.

Areté é a palavra grega para virtude. Se alguém se dizia um "aristoi", ou virtuoso, tal, era provado nas competições organizadas para esse fim, as "Aristéias". Uma vez vencedor, o postulante era considerado digno e desfrutava de todas as honras.

Posto isso, olhando para o contexto do cristianismo atual, algumas reflexões parecem oportunas: Seriam eles, os gregos, mais prudentes que Deus??? É que tantos se dizem da família de Cristo, herdeiros de suas virtudes, vivendo vidas ordinárias, sem sabor.

E olha que o campeão celeste foi inigualável quando lutou por nós! Valente, venceu o Diabo; forte, derrotou a morte; hábil, desmascarou toda hipocrisia que o cercava; em nobreza de Espírito, insuperável, uma vez que orou pelo perdão até de seus algozes.

Invocar, pois, tal nome, sem exibir nenhuma de suas qualidades, parece descabido e impróprio. Será que basta usarmos o nome de nosso herói, indiscriminadamente e todas as portas se abrirão como tanto se ensina? Ou terá o Eterno uma "Aristéia" onde prova aos seus pra ver se são verdadeiros, antes de aprová-los?

Na verdade os valentes do Senhor são testados à exaustão, nos domínios do Espírito; "Vê, eu te purifiquei, mas, não como a prata; provei-te na fornalha da aflição." (Isa 48; 10)

Nada mais infantil e pueril, que ouvir um bobo alegre jactando-se que depois da conversão os problemas acabaram. Sequer se converteu de fato, senão, a oposição já o teria visitado.

O nome de Jesus, no qual o Salvador ordenou que orássemos é bem mais que cinco letras; antes, uma identidade de caráter e ações, como ensina Paulo: "... qualquer que profere o nome do Senhor aparte-se da injustiça." (II Tim 2; 19) Certos "exorcistas" usaram apenas o Nome e levaram uma surra do Diabo; Ver (Atos 19; 13 a 16)

Todavia, o que vemos hoje, é uma geração de frouxos espirituais, que à mínima prova, antes de mostrarem valentia, gritam, esbravejam; determinam, ordenam, não aceitam... Valentia nas provas, diferente dessa histeria toda, seria dizer como Jó: "ainda que me mate, nele esperarei."(Jó 13; 15) Esses, sequer atentam para o conselho de Pedro que diz: "Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se, coisa estranha vos acontecesse. Mas, alegrai-vos no fato de serdes participantes da aflição de Cristo?" (I Ped 4; 12 e 13)

A ideia de participarmos da vitória de Cristo nos apraz, não de suas aflições; contudo, o ensino da Escritura é este. Cristo vivendo em nós, não é algo que necessitamos gritar, fala por si mesmo, como o Senhor ensinou: "Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte." (Mat 5; 14)

O que temos tristemente é um excesso de rótulos e carência de produto; muitos copos, pouco vinho; muito testemunho de palavras que o viver desmente. Talvez, hoje o Senhor diria como Einstein: "Não sei por que todos me adoram, se ninguém entende minhas idéias." No caso, ninguém me obedece. O pacifista Mahatma Gandhi redarguia a certos cristãos sem testemunho com uma ironia que dá o que pensar; pois, dizia: "Aceito vosso Cristo, mas recuso vosso cristianismo."

O pior, está cheio de "obreiros" para estimular tal cristianismo. Não é nosso intento cooptar ninguém; apenas, estimular reflexões sérias. Afinal, a Palavra de Deus não é um guia motivacional de auto-ajuda para ímpios conquistarem bens, como viça por aí; porém, um testamento de amor e justiça, no qual, os ímpios contumazes estão deserdados.

Quem sabe, menos promessas fáceis, das quais o homem natural tanto gosta, e um alerta sério quanto ao que deveras é a obra de Deus. Aqueles que abraçarem a fé, pois, que abram mão de seu pretenso direito de gerir suas próprias vidas, sabendo que as tais, pertencem ao Senhor.

E a nova natureza trará, necessariamente, novos hábitos, novos valores; esses vividos ensejarão um testemunho que fala por si e desperta certa aversão do mundo ímpio. Mais escárnios que reconhecimento. Mas, como diz um adágio, Mais vale merecer honra e não ter, que ter e não a merecer.

E não carecerão os tais, de muito barulho sobre sua profissão de fé, seu novo modo de vida professará. Ademais, "É inútil se vangloriar de qualquer coisa até que ela esteja realizada, nem depois, pois ela fala por si mesma." (J. G. Whittier)

domingo, 18 de dezembro de 2016

Confiar "no escuro"

“Ali o reto pleitearia com ele, eu me livraria para sempre do meu Juiz. Eis, que se, me adianto, ali não está; se torno para trás, não o percebo.
Se, opera à esquerda, não o vejo; se, se encobre à direita, não o diviso.” Jó 23;7 a 9


O infeliz Jó anelando no auge de sua angústia, direito de defesa. Seus três amigos que deveriam consolá-lo se portavam como promotores de justiça com severas acusações; privado de um defensor, desejava advogar a própria causa, contudo, cadê o Juiz?

Muitas vezes, quando dores agudas nos assolam, e, parece que nossas orações não são ouvidas; pior que isso, eventuais amigos acentuam com palavras tolas, nosso desalento, em horas assim, digo, desejamos que Deus se apresente, fale conosco, mesmo que, com palavras duras. Bem pode que estejamos sofrendo por culpa nossa, mas, ao não identificarmos a causa, tememos menos a exposição da mesma, que, esse sofrimento “no escuro”.

Entretanto, mediante Isaías O Senhor ensina que, em horas assim, quando a lógica parece contrariada, devemos repousar confiantes em Sua integridade, mesmo que, nossos entendimentos sejam privados de luz. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Quando proferiu Suas bênçãos no Sermão do Monte, entre outros, O Salvador mencionou os que têm fome e sede de justiça. Ora, isso, outra coisa não é, que um convite ao sofrimento pelo Seu Nome. Quando diz que serão fartos, alude à justiça porvir, pois, nesse mundo teremos aflições.

Uma coisa devemos ter em mente, antes de mais nada: se, O Juiz não nos está acessível, é porque o julgamento não começou. Além disso, não precisamos, como Jó, advogar em causa própria, pois, nos foi dado Um Defensor incomparável: “...se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados, não somente pelos nossos, mas, pelos de todo o mundo.” I Jo 2;1 e 2

Notemos que nosso Advogado não comparece ante O Juiz com “chicanas jurídicas” tão na moda, testemunhas que nos defendam, tampouco, artifícios que poderiam diluir culpas; antes, admite nossas falhas, e, apresenta Seu Sangue como propiciação, o que satisfaz os reclames por Justiça do Juiz de Toda a Terra.

Diferente dos advogados que impetram o Habeas corpus, (Habeas corpus, etimologicamente significando em latim "Que tenhas o teu corpo") Wikipédia. Nosso Advogado consegue um “Habeas animu” (alma) mediante perdão aos arrependidos, para que, nossas almas não sucumbam nas prisões eternas.

Fique claro, porém, que O Senhor defende apenas quem O Confessa como Senhor, se arrepende, e se esforça para agir de modo a agradá-lo. É defensor de arrependidos, não, fiador do pecado.

Mesmo que, estejamos, eventualmente, inocentes, podemos errar por carência de compreensão do que está em jogo, como foi o caso de Jó. Se, por um lado, O Próprio Senhor testificara da integridade dele, por outro, quando falou, o censurou por falar no escuro. “Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?” 38;2

Adiante, após algumas nuances do abismo entre criatura e Criador, ele mesmo rasgou seu diploma e decidiu não advogar mais. “...relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, que eu não entendia. Escuta-me, eu falarei; te perguntarei, e tu me ensinarás. Com meus ouvidos ouvi, mas, agora te veem os meus olhos. Por isso me abomino, me arrependo no pó e na cinza.” 42;3 a 6

Então, se nossas aflições, no final, resultarem também numa visão mais apurada de Deus, Sua Sabedoria, Amor e Misericórdia, por dolorosas que sejam, ainda estarão plenamente justificadas.

As facilidades tecnológicas nos acostumaram com certo imediatismo que nem de longe se verifica na vida espiritual. “Não rejeiteis a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;35 e 36

Não é errado ansiarmos o fim das aflições; contudo, muitas delas invés da ação do inimigo ou do mundo, derivam, antes, da medicina de Deus, que permite que a “fornalha” se aqueça sete vezes mais, se, nela, nossas amarras podem ser queimadas. “Eis que já te purifiquei, mas, não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48;10

Entretanto, antes que alguém acuse ao Senhor de sádico, faz apenas o estritamente necessário, mesmo assim, se dispõe a sofrer conosco para o nosso bem. “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2