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domingo, 21 de agosto de 2016

Noturnas reflexões

“Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas, a alegria vem pela manhã.” Sal 30;5

Quantas vezes ouvimos, ou, citamos esse texto quando nos parece oportuno, sem, contudo, refletirmos um pouco sobre ele. Primeiro, menciona dois estados emocionais Divinos; ira e favor. Depois, duas reações humanas; choro e alegria.

Não carecemos muita perspicácia para notarmos que se trata de um relacionamento de Deus com Seus filhos, ainda que, eventualmente, rebeldes. “Porque o Senhor corrige o que ama, açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb 12;6 e, “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, arrepende-te.” Apoc 3;19

Não significa, isso, que a maldade de outros que ainda não são filhos de Deus não entre em conta. Acontece que, Deus não é Deus de mortos, e essa é, infelizmente, a situação daqueles que O ignoram, ou, mesmo mencionando-O, eventualmente, não ousam se comprometer com o conhecimento e obediência da Sua Vontade.

Paulo fez distinção entre dois tipos de tristeza; um, pelo fato de ter falhado em alcançar o padrão Divino em nosso modo de viver, que definiu como, tristeza segundo Deus; outro, pela mera frustração de anseios naturais, a tristeza segundo o mundo. “Agora folgo, não porque fostes contristados, mas, porque fostes contristados para arrependimento; pois, fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual, ninguém se arrepende; mas, a tristeza do mundo opera a morte.” II Cor 7;9 e 10

Assim, os arrependidos que passam pela “noite” entristecidos, são os que, à Face Bendita do Favor Divino encontrarão a alegria ao amanhecer. 

A noite, entretanto, não se refere estritamente a um período entre dois dias, como conhecemos, antes, é uma noite espiritual, que dura o tempo necessário para que reconheçamos nossas culpas, delas nos arrependamos, e venhamos a confessá-las em busca do perdão. Só então, O Senhor fará “resplandecer Seu rosto” sobre nós, e veremos as nuances áureas da Sua graça.

Isso se dá muitas vezes, não é algo que acontece de uma vez por todas, antes, é um gradativo processo de abandono do pecado, que chamamos, santificação. A noite dos ímpios, indiferentes, é sem aurora, a dos “justos” vislumbra a esperança. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam... Mas, a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;19 e 18

Nem todos as noites, contudo, derivam de consequências de pecado. Há permissões Divinas que nos colocam à prova para nos infundir têmpera espiritual, edificar nossa fé, como se deu com Jó, por exemplo, cujos sofrimentos advieram mediante inveja caluniosa do inimigo, não, desvios de caráter dele. Para esses casos, de escuridão total, O Nome do Senhor, Seu Caráter, integridade, são a “Luz” que nos permite andar, mesmo no escuro. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Abraão não tinha, então, 1% da Revelação de Deus temos, os que conhecem Sua Palavra, entretanto, em seu momento de angústia temendo pela vida do sobrinho que viu ameaçada, “apostou todas as fichas” no Caráter de Deus: “Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

Assim, sendo O Eterno de Caráter Santíssimo, e, “grandioso em perdoar” como disse Isaías, mesmo estando na noite, os servos fiéis estão sendo abençoados, ainda que, só percebem isso depois. Porém, quando a “noite” deriva de más escolhas, rebelião, desobediência, o Espírito Santo, posto que, entristecido, ainda habita em nós, nos fará entender o motivo da tristeza.

Esses cultos rasos onde toda noite trazem as “revelações de Deus” não passam de fogo estranho, faíscas humanas acendidas por gente que inda não conhece ao Santo. Isaías aponta um fim desastroso a esses incendiários espúrios. “Eis que todos vós, que acendeis fogo, vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, entre as faíscas que acendestes. Isto vos sobrevirá da minha mão, e em tormentos jazereis.” Is 50;11


Enfim, qualquer que seja a causa da noite, ela não pode ser abreviada com artifícios humanos; mas, Aquele que ordenou a separação entre a luz e as trevas e foi obedecido, a Ele cabe chamar a aurora sobre nossas vidas.

Você que está no meio da noite, pois, tire o melhor que puder da tristeza, como uma fruta verde tira das seivas da Terra, para produzir, em tempo, a doçura da maturidade.

terça-feira, 3 de março de 2015

Os dois lados da moeda

“Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus:...” Rom 11; 22  

Uma tendência humana enfermiça é a que limita O Santo às nossas inclinações, desejos. Quem se presume justo, andando em retidão tende a pregar duras mensagens advertindo da severidade do Eterno; por outro lado, o que vive claudicante num misto de obediência e rebeldia, não raro, coloca em relevo a graça, a bondade. 

Escrevendo aos romanos, Paulo aconselhou a não “fracionarmos” o caráter Divino, antes, entendê-lo em toda amplitude. “Considera a bondade e a severidade de Deus”, disse. 

Na epístola de Judas se contém algo semelhante. Ou, a lembrança dos, que, tendo sido alvos da bondade, pela incredulidade subseqüente acabaram deparando com a severidade. “Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram;” Jd v 5 

Salomão lembrou outros que, fazem mau uso da longanimidade Divina. Em palavras mais simples, abusam da bondade. Disse: “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8; 11 

O mesmo Deus inspirou Davi a registrar num hino essa faceta de gente que, porque Ele cala ante certas práticas imagina, doentiamente, que, Deus aprova, ou, ao menos tolera deslizes de alguns; como se Ele tivesse favoritos, privilegiados. “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos, em tomar a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças as minhas palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão, consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, a tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito; eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50; 16 a 21 

Vemos que o ímpio em questão é religioso, uma vez que recita sentenças da Palavra de Deus, não obstante, agir de modo a contrariá-la.

Certos nefelibatas levam a Bondade Divina a extremos tais, que, supõem que todos serão salvos pelos Méritos de Cristo, façam o quê fizerem. Outros escandalizam-se pelo fato de quê, pessoas de passado nebuloso, de pecados grosseiros acabam perdoadas quando se arrependem;  como se, existisse para Deus dois tipos de pecadores; os que podem ser salvos e os que não. 

Que a bondade é irrestrita, Paulo fez questão de realçar em seu próprio exemplo: “Esta é uma palavra fiel, digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” I Tim 1; 15 e 16 

Todavia, se isso tudo e muito mais pode ser dito com verdade sobre a Bondade de Deus, não menos exemplos há da Sua severidade quando decide julgar. 

Tanto no início do sacerdócio levítico, quanto, na igreja ainda embrionária tivemos duas mortes, de gente que Profanou ao Santo. No primeiro caso, os dois filhos de Arão que compareceram ante Ao Senhor com “fogo estranho.” No Segundo, Ananias e Safira mentiram solenemente ao apóstolo Pedro e foram justiçados de modo severo, imediato.

Assim, brincarmos com coisas sérias indefinidamente, fiados que a bondade de Deus sempre está pronta para nos dar uma nova chance pode ser temerário;  como se ensina nos provérbios. “O Homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29; 1 

Então, erram os “facilitadores” que enfatizam em demasiado a dita “era da graça” fazendo parecer licença para pecar; como se o juízo severo pertencesse aos dias de Moisés, apenas. A epístola aos Hebreus, aliás, depois de cotejar Jesus Cristo com Moisés no capítulo 3 mostrando-O infinitamente maior que aquele, adverte, adiante, sobre a seriedade de brincar com algo tão Sublime como Seu Sangue, e Seu Santo e Gracioso Espírito. “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus; tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10; 28 e 29  

Em suma: Deus é tão bom que deu Seu Filho por nós; tão severo, que não reconhecerá nenhum, que recusar tomar a Sua cruz. 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Angústia, aferidora da alma

“Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10

A ideia vulgar de força é a compleição física “sarada”, capacidade de mover grandes pesos. Entretanto, a força buscada no provérbio supra, reside na alma. Como se reage nas angústias é o aferidor que determina se é forte ou fraca. O mais forte de todos os homens, Sansão, fraquejou nisso; se deixou seduzir pelos queixumes chorosos de Dalila; a alma fraca pôs o corpo robusto a perder.

A força física é imediata, visível, breve como corrida de cem metros rasos. A da alma requer um teste mais duradouro, como aquelas ultra-maratonas estilo “Iron Man” onde a capacidade é testada ao extremo. Se, a resistência física triunfa a obstáculos, igualmente físicos, a da alma se mostra em face às angústias.

Não são provas para Usain Bolt, o campeão jamaicano dos cem metros, antes, para homens de dores, imitadores do Salvador. Quanto já presenciei os “velocistas” imediatos fingindo-se maratonistas; os frágeis de alma fazendo poses de durões. Que fácil é o soldado levar sua vida no quartel! Diverso seria viver precariamente durante uma batalha.

Assim, os valentões de microfones, guerreiros de púlpitos que vociferam sua coragem ante a plateia; e, à menor prova, fraquejam vergonhosamente. “Sem luta não há vitória”, “maior é o que está em nós que o que está no mundo”, “essa é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”, etc. dizem; porém, à menor incompreensão por parte de um irmão toda sua “firmeza” cai por terra. Falando parecem desafiar canhões do inimigo, mas, atuando capitulam a bodoques.

Se pensarmos num exemplo de falastrão bíblico, presto surgirá a figura de Pedro; sempre o primeiro, a opinar, dizer que seu Mestre pagaria impostos indevidos, mesmo tendo que ir “pescar” a grana para sanar sua precipitação. Resumindo, ninguém era tão rápido em falar coisas indevidas.

Por fim, a “cereja da torta”: quando o Senhor falou que todos se escandalizariam nele o deixariam só, Pedro foi o primeiro a prometer que morreria com Seu Mestre. Os outros pegaram carona, mas, a bravata inicial foi dele. Contudo, na hora do “vamos reconhecer” desconheceu por três vezes ao Senhor que jurara seguir até à morte.

A alma ignora a amplitude de sua fraqueza, pois, mensura sua “força” com a régua da presunção, nos momentos em que não está precisando dela. Depois, à medida dos fatos é que descobre que não era tão “sarada” assim. “E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.” Mat 26; 75
 
Todos fracassaram, mas, a falha de Pedro foi tão notória que pareceu, aos olhos do colegiado de discípulos que estava fora, descredenciado, expulso do time. Porém, foi buscado uma vez mais pela graça do Santo. “Ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.” Mc 16; 7 Essa menção não o faz Papa, como defende o catolicismo, antes, neutraliza a possível ideia de rejeição do falastrão; “Dizei ... a Pedro...” Ou seja: Incluam aquele infeliz também.

Na real, nenhum de nós conhece exatamente sua capacidade ante às angústias. Heróis bíblicos como Elias e Jó, no auge da angústia desejaram a morte. Deus nem sempre atende nossas orações, felizmente. 

Mediante Isaías aconselha, que em plena escuridão ao nosso redor, mantenhamos ainda a confiança Nele. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50; 10

Os fracos de alma, em tempos assim presumem o abandono, falha de Deus em socorrê-los; o quê permitiria a busca de soluções alternativas, sem Ele. Entretanto, o verso seguinte aborta “acender fogo estranho”: “Eis que todos vós, que acendeis fogo, e vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, entre as faíscas, que acendestes. Isto vos sobrevirá da minha mão, em tormentos jazereis.” V 11
 
Infelizmente, muito do que se diz visando encorajar não passa de oba-oba inconsequente, ufanismo. Pessoas são chamadas para viver melhor quando deveriam ser ensinadas a morrer melhor. Assim como a dor do suplício cessa depois que a vida sai, as futilidades carnais pesam muito menos sobre os que crucificaram a natureza e renasceram em Cristo.

A porta é estreita quando conduz à cruz. Ao homem espiritual fica ampla. “Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Ped 1; 11 Muitas angústia derivam do “medo de morrer” de quem deveria ter morrido há muito.