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domingo, 9 de abril de 2017

O Uno e o diverso

“Mas, a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.” Ef 4;7

O fato do texto começar com, “mas”, o contrapõe, em parte, ao que vem antes. E antes vem a afirmação da unidade dos salvos, em um só corpo, um Senhor, um espirito, um batismo, uma fé, uma esperança...

Assim, fica posto o que é único, e, o que pode ser diverso. Após, estarmos no indivisível Corpo de Cristo, os salvos em qualquer denominação, temos a particularidade de sermos usados “segundo a medida do dom de Cristo”, o que, mesmo em essência sendo iguais a todos, nos diferencia.

Paulo versando sobre a diversidade dos dons espirituais disse que, O Espírito Santo, reparte a cada um conforme lhe parecer útil. Assim, um só Espírito, mas, com diversidade funcional dos salvos.

Posto isso, somos desafiados a mantermos a paz com os que são do mesmo Espírito, mesmo que, funcionem para Ele, diferente de nós. “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” Ef 4;3

Infelizmente, cristãos, em grande parte, acostumaram a ter usos e costumes como doutrina; Aí, um que se veste diferente, ou, não usa os cacoetes de determinado ramo do cristianismo, se lhes torna um “herege” algo a ser denunciado, evitado. 

Precisamos aprender a diferença entre fatores culturais, do essencial. Por exemplo: A Bíblia aconselha: “Saudai uns aos outros com ósculo santo.” Ora, nós ocidentais não temos esse hábito; isso fazem os orientais. Nós costumamos apertar a mão ao saudar alguém. Quem está certo? Ambos. A intenção, a essência, é que se cumprimente afetivamente. O modo de expressar isso difere de uma cultura para outra. Ambos os gestos são válidos.

Quando esses cristãos falam dos desvios do cristianismo, sempre se referem a casca, vestes, aparência. Erros teológicos graves, como a “Teologia da prosperidade”, o fetichismo, o legalismo, arianismo etc. passam desapercebidos aos olhos desses vigilantes da fé alheia. Nem sabem o que significam aquelas palavras, pois, aprenderam a maldizer a pretenciosa teologia, que também não sabem bem do que trata, mas, como discorda em parte de suas percepções, deve ser algo ruim.

Usam o bordão de que na igreja deve reinar decência e ordem, e isso está mesmo na Palavra. “Mas, faça-se tudo decentemente e com ordem.” I Cor 14;40 Basta ler o contexto para ver que se trata de uso disciplinado do dom de línguas na igreja. Falarem todos em línguas estranhas, e ao mesmo tempo, pior, não tendo intérprete, soará indecente, aos olhos de um visitante qualquer. “Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos?” v 23

Mas, para esses, as gritarias e desordens tipo reteté, são os “cultos de fogo”; eu, um maldito consumidor de “tiologia” querendo minar sua fé. Ser espiritual não equivale a ser barulhento, antes, humilde, bom ouvinte, discípulo, obediente... “Porque Deus não é Deus de confusão, senão, de paz, como em todas as igrejas dos santos. Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor.” Vs 33 e 37

Não que a igreja seja local para desfile de vestes indecorosas, mas, o bom porte dos servos do Senhor, por si, e o testemunho do Espírito Santo nas consciências, vai incomodar eventual descuidado, para que reveja posturas, sem carecer do julgamento de outro pecador que senta ao seu lado.

O hipócrita costuma confiar nas coisas certas que faz, ignorando os reclames da consciência que pesam sobre os lapsos, do que não faz. Muitas vezes seu orgulho disfarça-se de humildade. Quem precisa chamar atenção para seus “acertos” ainda ignora cabalmente seus erros. Veste bem o seu corpo, mas, sua presunção e soberba ainda desfilam nuas.

Aos disputantes de igreja em Roma Paulo perguntou: “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio Senhor ele está em pé ou cai. Mas, estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar.” Rom 14;4 E olha que, o contexto era sobre alimentação, nem se falava sobre vestes.

Então, ao que culturalmente é diferente de nós, ou, recebeu do Senhor dons diversos dos nossos, bem pode ser um de nós, se serve ao Mesmo Senhor, no Mesmo Espírito; Deus o recebeu. Onde homens usam saias, penachos de índios ou, pigmeus, ou, belos ternos com gravatas, em todos esses cenários, há servos de Deus genuínos, e hipócritas misturados. A vera doutrina bíblica é universal, aplica-se a todas as culturas; é capaz de transformar em santos, aos mais profanos, independente do cenário e do caldeirão cultural que viva.

Se alguém julga-se espiritual, reconheça que isso deriva da Palavra de Deus.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Menor que nós; o Deus que não precisamos

“Chamou ao menino Icabode, dizendo: De Israel se foi a glória! Porque a arca de Deus foi tomada, por causa de seu sogro, de seu marido.” I Sam 4; 21

O contexto é de uma batalha perdida por Israel, onde, Hofni e Finéias, filhos do Sacerdote Eli foram mortos, ele próprio morreu ao saber;  a Arca de Deus fora tomada pelos inimigos. A mulher de Finéias que estava grávida, ao receber as novas, precipitou o parto, ao dar à luz, disse as palavras supra.

... de Israel foi-se a glória, porque a Arca de Deus foi tomada.” Interessante essa interpretação rasa que temos; supormos que, um símbolo seja maior que, o que simboliza. Por exemplo: Uma aliança conjugal simboliza um pacto de fidelidade mútua, entre nubentes, “até que a morte os separe”. Mas, quem garante isso não é a aliança, antes, integridade e fidelidade dos pactuantes. Sem isso, a aliança nada vale; o adultério fatalmente acontecerá.

Chamemos a essência, de substância; o símbolo, de figura. Assim, a substância no relacionamento Deus-Israel era a Divina presença entre o povo, a figura desse relacionamento, a Arca da Aliança. Como no exemplo anterior, a figura não faz sentido, quando a substância não existe. Infelizmente, eles pensavam que a Arca movia Deus, invés da consagração, da obediência.

Tanto, que resolveram leva-la temerariamente ao campo de batalha, assim, estariam “forçando” Deus a participar da peleja para “defender-se”. Santa ignorância! Ora, a adversidade era já o juízo Divino contra uma casa sacerdotal relapsa, profana, que fora advertida mediante profetas, e seguira em sua rebelião.

Os Filisteus eram os instrumentos do juízo de Deus contra o povo desobediente. Pra eles a glória era ter a Arca, não um relacionamento sadio. Como transformaram o objeto em ídolo, O Altíssimo permitiu que fosse tomado pelos inimigos.

Uma coisa que deveria ser elementar, infelizmente, não é. A substância sempre vem antes da figura; o relacionamento, do símbolo. Os cônjuges, primeiro se amam, pra depois casarem, usarem alianças; o convertido primeiro crê, se arrepende, pra depois patentear isso mediante o batismo; o pão e o vinho da Santa Ceia são símbolos do Corpo e do Sangue de Cristo, e somos exortados a aferirmos a substância, antes de nos associarmos à figura. Examine a si mesmo antes de participar, discirna o Corpo de Cristo, para que eventual participação indigna não se torne juízo para si. Noutras palavras: Se você não é dos tais, não encene como se fosse, será pior.

Uma das figuras mais vilipendiadas pelos mercenários modernos é o óleo da unção. Qualquer pessoa minimamente esclarecida nas coisas espirituais sabe que, quem unge é O Espírito Santo, sendo o óleo, mera figura dessa unção. Traduzindo: A unção não está no óleo, mas, na vida do ministro, se, deveras, é um ungido.

Contudo, grassa ante nossos olhos um fetichismo doentio, similar ao que se faz na macumba. Há muitos “evangélicos” correndo atrás desses objetos “consagrados”. O que querem com isso? Obrigar Deus a pelejar por eles? Ora, se, O Todo Poderoso é algo assim, manipulável, que qualquer cretino o desloca ao sabor dos seus anseios, por que precisaríamos Dele ainda? Se pode ser movido por nós, devemos ser mais fortes que Ele.

Na verdade nem sei o que me irrita mais, se, o salafrário que vende “facilidades góspeis” profanando ao Santo Nome, ou, o imbecil que as compra, como se fosse possível encontrar joias caras em lojinhas de 1,99. Francamente!! Que gente estúpida, sem noção!!

Ontem me ofereceram em meu pátio uma “fitinha da Proteção Divina” que deveria amarrar em meu pulso; tomar um ônibus grátis que passará hoje perto de minha casa e ir lá, para que o “pastor” corte-a e tire o mal da minha vida. A vontade foi fazer um escarcéu, mas, estava trabalhando, várias pessoas na rua; ia parecer que estávamos brigando por religião. Peguei os “testemunhos de vitória” a referida fita, os coloquei no lixo e segui meu trabalho.

Quando a Unção está na vida de alguém, não precisa de símbolos, a eficácia de sua oração se encarrega de demonstrar; quando não está, não adianta “rosa ungida, cimento da casa própria fitinha do escambau, óleo da ponte que caiu”, nada!! Mera macumba com roupas estranhas.

Infelizmente, otário e vigarista se completam; aquele por querer coisas caras via caminhos fáceis; esse, por fazer crer que é portador desses caminhos. Quem se deixa roubar por um mercenário de preguiça de conhecer nas Escrituras a Vontade do Senhor, merece ser roubado, pois, rouba a si mesmo, a própria vida.


Deus não pode ser coagido a fazer o que não quer; e só quer proteger aos fiéis. “Os meus olhos procurarão aos fiéis da Terra...” Sal 101; 6