“Considera,
pois, a bondade e a severidade de Deus:...” Rom 11; 22
Uma tendência humana enfermiça é a que limita
O Santo às nossas inclinações, desejos. Quem se presume justo, andando em
retidão tende a pregar duras mensagens advertindo da severidade do Eterno; por
outro lado, o que vive claudicante num misto de obediência e rebeldia, não raro,
coloca em relevo a graça, a bondade.
Escrevendo aos romanos, Paulo aconselhou a
não “fracionarmos” o caráter Divino, antes, entendê-lo em toda amplitude. “Considera
a bondade e a severidade de Deus”, disse.
Na epístola de Judas se contém algo semelhante.
Ou, a lembrança dos, que, tendo sido alvos da bondade, pela incredulidade subseqüente
acabaram deparando com a severidade. “Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma
vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do
Egito, destruiu depois os que não creram;” Jd v 5
Salomão lembrou outros que,
fazem mau uso da longanimidade Divina. Em palavras mais simples, abusam da
bondade. Disse: “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por
isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o
mal.” Ecl 8; 11
O mesmo Deus inspirou Davi a registrar num hino essa faceta de
gente que, porque Ele cala ante certas práticas imagina, doentiamente, que,
Deus aprova, ou, ao menos tolera deslizes de alguns; como se Ele tivesse
favoritos, privilegiados. “Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os
meus estatutos, em tomar a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a
correção, lanças as minhas palavras para detrás de ti. Quando vês o ladrão,
consentes com ele; tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o
mal, a tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas
mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito; eu me calei; pensavas
que era tal como tu, mas eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus
olhos:” Sal 50; 16 a 21
Vemos que o ímpio em questão é religioso, uma vez que
recita sentenças da Palavra de Deus, não obstante, agir de modo a contrariá-la.
Certos nefelibatas levam a Bondade Divina a extremos tais, que, supõem que
todos serão salvos pelos Méritos de Cristo, façam o quê fizerem. Outros
escandalizam-se pelo fato de quê, pessoas de passado nebuloso, de pecados
grosseiros acabam perdoadas quando se arrependem; como se, existisse para Deus dois tipos de
pecadores; os que podem ser salvos e os que não.
Que a bondade é irrestrita,
Paulo fez questão de realçar em seu próprio exemplo: “Esta é uma palavra fiel, digna de toda a
aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais
eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que
sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo
dos que haviam de crer nele para a vida eterna.” I Tim 1; 15 e 16
Todavia, se
isso tudo e muito mais pode ser dito com verdade sobre a Bondade de Deus, não
menos exemplos há da Sua severidade quando decide julgar.
Tanto no início do
sacerdócio levítico, quanto, na igreja ainda embrionária tivemos duas mortes,
de gente que Profanou ao Santo. No primeiro caso, os dois filhos de Arão que
compareceram ante Ao Senhor com “fogo estranho.” No Segundo, Ananias e Safira
mentiram solenemente ao apóstolo Pedro e foram justiçados de modo severo,
imediato.
Assim, brincarmos com coisas sérias indefinidamente, fiados que a
bondade de Deus sempre está pronta para nos dar uma nova chance pode ser
temerário; como se ensina nos
provérbios. “O Homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente
será destruído sem que haja remédio.” Prov 29; 1
Então, erram os “facilitadores”
que enfatizam em demasiado a dita “era da graça” fazendo parecer licença para
pecar; como se o juízo severo pertencesse aos dias de Moisés, apenas. A epístola
aos Hebreus, aliás, depois de cotejar Jesus Cristo com Moisés no capítulo 3 mostrando-O
infinitamente maior que aquele, adverte, adiante, sobre a seriedade de brincar
com algo tão Sublime como Seu Sangue, e Seu Santo e Gracioso Espírito. “Quebrantando
alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três
testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós, será julgado merecedor aquele
que pisar o Filho de Deus; tiver por profano o sangue da aliança com que foi
santificado e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10; 28 e 29
Em suma: Deus é tão bom que deu Seu Filho por
nós; tão severo, que não reconhecerá nenhum, que recusar tomar a Sua cruz.