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domingo, 28 de junho de 2020

O Domínio Desejável


“Poder havia em minha mão para vos fazer mal, mas o Deus de vosso pai me falou ontem à noite, dizendo: Guarda-te, que não fales com Jacó nem bem nem mal.” Gn 31;29

Interessante essa fala de Labão a Jacó. Havia poder em minhas mãos para te fazer mal, mas Deus proibiu que o fizesse. Se, havia poder para tanto e careceu uma intervenção Divina vetando, óbvio que ele vinha com más intenções.

Quando Jacó trabalhara catorze anos com o sogro, Deus permitiu que esse o explorasse mudando o salário ao seu bel prazer; agora que saíra fugido temendo que o sogro lhe tomasse esposas e filhos, O Eterno dera um basta na coisa.

Quanta arrogância cairia por terra se, o homem finalmente entendesse que, qualquer poder que desfrute, será sempre por permissão ou, Vontade Divina. Paulo advertiu aos que tinham servos: “Vós, senhores... deixai as ameaças, sabendo que o Senhor deles e vosso está no céu; que para com Ele não há acepção de pessoas.” Ef 6;9

Quando no “Julgamento” de Jesus, Pilatos jactou-se: “Não sabes que tenho poder para te crucificar ou, te libertar?” O Salvador objetou: “Nenhum poder terias contra mim, se, do alto não te fosse dado...”

Fomos desafiados desde Caim, a dominar sobre o pecado; exercer poder nessa área; “... o pecado jaz à porta, sobre ti será seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” Gn 4;7

Entretanto, invés do domínio próprio que tolheria o pecado, o homem tende ao domínio do próximo, coisa que Salomão desaconselhou; “... tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Quem exerce autoridade, bem ou mal, querendo ou não, representa a Deus que a instituiu; “... porque não há potestade (autoridade) que não venha de Deus; as potestades que há foram ordenadas por Ele. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; os que resistem trarão sobre si mesmos, condenação. Porque os magistrados não são terror para boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela.” Rom 13;1 a 3

Quando diz que a autoridade procede de Deus, refere-se à hierarquia estabelecida, não necessariamente, ao caráter de quem a exerce. Há muitos tiranos indignos da função que ocupam.

Pois, se é certo que a posição de autoridade deriva de Deus, também o fim da mesma deve atinar ao Divino propósito; louvar às boas obras e punir às más.

Pois, quando uma autoridade terrena ordena coisas flagrantemente opostas aos Divinos mandados, aí certa dose de rebeldia é saudável como observou Pedro certa vez: “Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos, antes do que a Deus;” Atos 4;19

O fato de que algo consta em determinada Lei, não o faz necessariamente probo, justo, ou meritório.

Muitas leis mostram o estado de espírito, ou o casuísmo dos legisladores, mais que, apontam a vereda da justiça. Isaías denunciou: “Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra...” Is 24;5 e 6

A transgressão das leis aqui, não significa desobediência apenas; antes, alteração ao humano gosto, mudando os estatutos, (Divinos) e quebrando a Aliança Eterna.

Nesses casos, quando a lei é apenas camuflagem da hipocrisia, um pretexto para o mal, então, o mérito está na desobediência, não no cumprimento. “Porventura o trono de iniquidade te acompanha, o qual forja o mal a pretexto de uma lei? Sal 94;20

Por isso os que se convertem são instados a trocar seus pensamentos pelos Divinos, para que, quando artifícios da maldade tentarem nos desviar, tenhamos em nós um tribunal de apelação para o discernimento, A Palavra de Deus, para não sermos enganados.

Os homens espirituais, que têm a “Mente de Cristo” não cairão no conto do império da mentira. “O homem natural não compreende as coisas do Espirito de Deus... o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Sabendo que “Todas as coisas cooperam juntamente para o bem dos que amam a Deus...” Ele permite certos males; muitas enfermidades da alma, só com as dores das consequências identificamos. O doce fruto do pecado dá numa árvore de folhas amargas; quem come desse, necessariamente terá que beber um chá daquelas.

Triunfar sobre o pecado, que Caim, nem homem nenhum conseguiu, Cristo O Cordeiro de Deus o fez. Através Dele Deus fala para que o mal não nos toque; “Quem me der ouvidos habitará em segurança; estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

domingo, 6 de outubro de 2019

Prova de Fogo

“Porém Ele (Deus) sabe meu caminho; provando-me, sairei como ouro.” Jó 23;10

Jó defendendo a integridade dos seus caminhos; se Deus o provasse, - disse – sairia como ouro. Ora, era justamente o que acontecia. Estava em plena prova permitida pelo Eterno.

Se atuamos de modo íntegro atrelamos a essa integridade uma espécie de crédito, de estarmos imunes aos sofrimentos. Por que fulano está passando por isso se, é uma pessoa tão boa? Estranhamos.

Não estamos errados em supor que retidão mereça recompensa; mas, nos equivocamos quando acreditamos que devamos colher seus frutos, necessariamente, ainda nessa vida. Nossa justiça pode estar “depositada” numa conta a ser sacada apenas no porvir, o “Tesouro no Céu”. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Sendo o mundo um império do maligno, quanto mais honesto alguém for, vivendo nele, mais tende a sofrer; como Ló em Sodoma; “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, vendo e ouvindo sobre suas obras injustas.” II Ped 2;8

Escrevendo ao jovem Timóteo Paulo advertiu-o dessa dura realidade; “Todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12

Incomoda-nos não só a injustiça circunstante, como as perseguições dos que, animados por outro espírito alvejam Cristo em nós. “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;11 e 12

Note que mentiras, injúrias e perseguições são realidades daqui; galardão, recompensa, espera-nos no porvir; nos Céus. Isso somente os olhos da fé podem ver; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Não sejamos ingênuos achando que a prova da fé em meio a tribulações, perseguições seja mera possibilidade, da qual podemos até fugir se, orarmos; é uma necessidade. “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo.” I Ped 1;7

Muitos interpretam errado, certo verso onde, João Batista afirma que, Jesus batizaria com O Espírito Santo e com fogo, como se, fosse um evento só; são duas coisas distintas.

O Batismo no Espírito Santo reveste-nos capacita-nos para a caminhada; o batismo de fogo são as agruras da caminhada, provações; “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é a obra de cada um.” I Cor 3;13

Então, se a nossa vida espiritual andar solta, sem obstáculos, incompreensões, perseguições, tentações acima do normal, convém estarmos atentos; pode que, como denunciou O Senhor de certa Igreja, Tenhamos nomes de vivos e estejamos mortos. “Ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os Sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.” Apoc 3;1

Claro que o Capeta não gastaria dardos contra cadáveres espirituais; seu alvo é derrubar quem está em pé; acena-nos com o vívido neon das tentações, vai cantar cantigas de ninar aos mortos para sigam assim, sem atentarem para a sua nefasta realidade. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Assim, para quem vive alienado da Vontade Divina e “tudo vai bem”, não é por que vai, deveras; mas, porque está cego ao mal no qual jaz.

Os servos do Altíssimo são estrangeiros, peregrinos na Terra; como tais, falam outro idioma e possuem outros valores. Se, as coisas fossem vistas espiritualmente, sobre o planeta haveria intensa escuridão pontilhada pelas luzinhas de alguns pirilampos. Como o canhoto é espírito pode ver nessa dimensão fica fácil identificar seus alvos.

Nossa vida depois de Cristo não passa por provações; é uma prova, combate em tempo integral contra o império das trevas.

Se, somos “alvos fáceis” no sentido da identificação, também somos capacitados pelo Espírito a ver as coisas como são, não, como parecem; “O que é espiritual discerne bem tudo e não é discernido.” I Cor 2;15

O que O Senhor disse de Jerusalém aplica-se aos demais que O servem; “Porque eis que as trevas cobriram a terra, a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo; Sua Glória se verá sobre ti.” Is 60;2

Discernimento é ouro. Ante as provas saiamos como Jó.

sábado, 2 de março de 2019

O "Endereço" da Vitória

“Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são vossa glória.” Ef 3;13

Para os filósofos, sempre foi uma ocupação cara a tentativa de distinção, entre aparências, “Fenômeno” e essência, ou, “Númeno”.

Aparências falam aos sentidos naturais; essência, a “coisa-em-si” demanda um discernimento mais apurado.

Esse não deriva do domínio racional como pretendiam alguns; Paulo encontrou a “Fonte”. “Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda, profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão, o espírito do homem que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão, o Espírito de Deus.” I Cor 2;10 e 11

Logo, “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” Vs 14 e 15

Acima temos Paulo exortando aos cristãos de Éfeso para que não desanimassem pelas suas tribulações em favor deles, pois, era a glória deles. Embora a aparente derrota nos sofrimentos do apóstolo, no fundo era uma vitória que se dava.

Afinal, se, “Deus não é Deus de mortos” também não O É de derrotados. Apocalipse traz uma série de versos nas cartas destinadas às igrejas sempre com promessas alentadoras “ao que vencer”; nenhuma “repescagem” aos derrotados dum “limbo”, “purgatório”, ou, algo que o valha.

Entretanto, o quê se conceitua “vencer” nos domínios do espírito carece uma apreciação também.

Cheia está a “nuvem” bem como, muitos púlpitos de expressões como: “Tome posse da vitória”; “Chave da vitória”; “mais que vencedor” etc. Porém, aprofundando-se um pouco no que consideram vencer, não raro, deparamos com uma compreensão rasa, quando não, total ignorância.

Acham que é no pódio a vitória; não, na competição. Para tais, José venceu quando foi feito o segundo de Faraó. Não. Venceu quando foi filho obediente recusando imitar aos maus exemplos dos irmãos; quando recusou o assédio da mulher de Potifar; quando, mesmo injustiçado e preso não desfaleceu na fé. Ao ser convocado pra interpretar o sonho do soberano chegou o tempo de Deus coroar sua longa vitória; era seu pódio.

Não vencemos espiritualmente em momentos de exaltação, antes, nos de dor, perseguição, provação. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4 Mas, contra o quê a fé luta? Flechas incendiárias do Diabo lançadas pelos servos seus. “Tomando, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Ef 6;16

Quantas vezes pessoas que, sequer nos conhecem, nos ofendem, chamam de hipócritas, apenas porque o senhor deles vislumbra de longe, traços de Cristo em nós?

São nuances da nossa vitória, embora ao vulgo possa parecer diferente. “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai, alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;10 a 12

Figurando a necessária Luz que devem exibir os Seus, Cristo disse: “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14

No incidente onde O Salvador libertou ao gadareno o moradores pediram que Ele fosse embora; o que fora liberto queria estar com Ele. Assim É a Presença do Senhor. Nunca algo tênue, fugaz, indiferente. Gera reações de amor, ou, ódio.

O mesmo se dá conosco quando O representamos dignamente; sendo verdadeiros no falar e agir. As pessoas nos querem ver e ouvir mais, ou, nos calar com as flechas de fogo, aquelas.

Uma coisa que ignoram é que a Justiça de Cristo, a nós imputada dá uma paz interior que excede aos seus acessos de fúria, pois, “O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

Se, nossa vida regenerada já não pode ficar oculta, infelizmente esse lapso de regeneração neles também fica patente; “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Então, adotemos para nós o conselho de Paulo e não desfaleçamos por tribulações assim, pois, são indícios de vitória. 


Se, Cristo está em nós a oposição vai ver; vendo atacará; é a hora do escudo da fé. “Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos;” I Ped 2;15







domingo, 25 de março de 2018

Por trás da fumaça

“Dizendo isto, com dificuldade impediram que as multidões lhes sacrificassem. Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto.” Atos 14;18 e 19

Duas situações opostas num curto espaço de tempo. Primeiro, pela cura de um coxo efetuada pela sua intercessão queriam tratar Paulo como um deus oferecendo sacrifícios; depois, as mesmas pessoas convencidas pelos desafetos do apóstolo o apedrejaram.

Poucos minutos entre a glória e a ignomínia, ambas, imerecidas. Não merecia glória pela cura, pois, fora Obra de Deus; tampouco, ser apedrejado; era inocente do que o acusavam.

Duas dificuldades humanas; resistir ao imediatismo que atua ao sabor dos instintos, e, identificar corretamente o mérito de uma questão. Dizemos que as aparências enganam; porém, quando, açodados por elas negligenciamos o discernimento é a nossa precipitação, a julgar o mar por uma onda, que se torna feitora dos nossos enganos.

A razão nos faz diversos dos animais e permite excursões ao passado na nave da memória, ou, mesmo, viagens ao futuro, nas asas da esperança e fé. Assim, agir apenas ao sabor do instante nos castra dessa preciosa prerrogativa e nivela por baixo, aos instintivos animais.

Em política, sobretudo, se diz que o povo tem memória curta; assim, os mesmos que causaram os problemas de uma nação podem se apresentar em seguida como solução; não raro, usufruírem apoio para isso.

Nas questões espirituais, porém, o exercício da memória é vital, uma vez que as diretrizes não mudam, tampouco, sucumbem aos modernismos do mundo. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele; achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16

Não que mudanças sejam necessariamente más; porém, quando nos incitam à rebelião contra princípios da vida, aí, se nos tornam mortíferas. “Teme ao Senhor, filho meu, e ao rei; não te ponhas com os que buscam mudanças, porque de repente se levantará sua destruição; a ruína deles, quem o sabe?” Prov 24;21 e 22

O discernimento é jóia preciosa que vai além das aparências vendo as coisas como são. Durante a crucificação do Senhor, ao Seu lado crucificaram também a dois ladrões. As aparências sugeriam a punição severa de três malfeitores; porém, conhecedor dos fatos, um dos ladrões disse que ele e seu igual mereciam tal sentença, mas, “Esse ( Jesus ) nada fez”, disse. A aparência não o enganou.

Quando alguém postula um emprego leva um currículo, uma folha corrida de suas capacitações e das ocupações pretéritas; embora, como se apresenta no momento possa contar uns pontinhos, são as informações desse as determinantes para sua admissão, ou, não. Assim, um homem espiritual com folha corrida de probidade diante da igreja e do Senhor, se, pego em eventual mau passo, não deve ser apedrejado, como, não deveria ser glorificado quando andou bem.

Infelizmente, a imensa maioria de nós é leniente com nossas falhas, e, severa com as alheias; porém, a Palavra do Senhor adverte: “Com a mesma medida que medires medirão a vós.” Pedro negou a Cristo; Tomé duvidou; Tiago e João queriam queimar aos samaritanos; Paulo foi cúmplice na morte de Estevão. Todos foram perdoados e usados pelo Senhor. Um mau passo é um fraquejar pontual; um mau caminho é uma escolha, um andar habitual.

Aos Olhos Divinos, até o que falamos faz parte de nossos currículos: “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram freqüentemente um ao outro; O Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante dele, para os que temeram o Senhor, os que se lembraram do seu nome.” Mal 3;16 Porém, é o que fazemos, como agimos, o corpo de testemunhas que nos segue mesmo, depois dessa vida; “...Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos; suas obras os seguem.” Apoc 14;13

O Senhor exortou Seus ouvintes a não julgarem pela aparência, mas, “segundo a reta justiça;” a muitos chamou de hipócritas, sepulcros caiados, por serem zelosos na pose para suas “selfies” e omissos no caráter.

Muitos buscam para si a glorificação por pretensas curas, mas, seus maus caracteres visíveis bem que mereceriam pedradas. O Senhor julgará.

Discernimento de vida a própria experiência lega aos exercitados nela; porém, o espiritual é acessível apenas aos homens espirituais. “Não recebemos o espírito do mundo, mas, o que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Ele.” I Cor 2;12

Na dimensão da fé, as aparências não aparecem; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

sábado, 2 de dezembro de 2017

A pequena grande estatura

“Até que todos cheguem à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina...” Ef 4;13 e 14

Quando Paulo alude à Estatura de Cristo como alvo, de certa forma soa-nos a missão impossível. E, essencialmente é. Nenhum de nós, o mais santo dos homens que já viveu, vive, ou, viverá atingirá tal esplendor.

Contudo, a “perfeição” desejada é antes, funcional que essencial; ou seja, mesmo que fiquemos a anos-luz do Ser, do Senhor, Ele É Criador, nós, criaturas podemos agir como Ele agiria em termos de maturidade, diante de eventuais embates; heresias, sobretudo. “... não sejamos mais meninos inconstantes levados em roda por todo vento de doutrina...”

A Epístola aos hebreus cobrou daqueles, exatamente, essa “perfeição”; maturidade espiritual, discernimento. “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos ensine os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não, de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas, o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir o bem e o mal.” Heb 5;12 a 14

Invés de, decidir sobre o bem e o mal, discernir a ambos; identificá-los mesmo quando se acham camuflados. Coisa que Paulo declarou impossível aos homens naturais, e, “natural” aos espirituais. “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Se, pois, em antítese à perfeição colocou “meninos inconstantes”, óbvio que sua ideia é mesmo a maturidade espiritual. Quando escreveu seu célebre texto sobre o amor, equacionou a vaidade frívola dos dons em si e disputas parciais com meninice; por fim, evocou seu próprio crescimento como uma sutil exortação a que o imitassem; “Quando eu era menino falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11

Por que o homem natural não consegue ver espiritualmente? Duas razões concorrem; um lapso e uma barreira. Após a queda todos resultaram espiritualmente mortos, daí, “...aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” Jo 3;3 Além disso, “...o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho...” II Cor 4;4

Entretanto, mesmo os renascidos por sonolentos, omissos, podem ser enganados pelos ministros de Satanás transfigurados em ministros de justiça. Desgraçadamente essa geração “fast food” não tem paladar para a Palavra de Deus; é presa fácil dos enganadores, pois, a identificação do falso requer conhecimento do verdadeiro.

O “cristianismo” de muitos se limita a compartilhar e dar seus améns às “orações poderosas” que circulam; porém, conhecer À Palavra do Todo Poderoso, por ela, Sua Vontade, aí são poucos. Os ministros da moda desafiam os incautos a fazer grandes sacrifícios como prova de fé; quanto maiore$ o$ $acrifício$, mais fé. Ora a Palavra de Deus é categórica: Deus não quer isso; antes, deseja ser conhecido, amado. “Pois desejo misericórdia, não, sacrifícios; conhecimento de Deus em vez de holocaustos.” Os 6;6

Por isso, Pedro desafiou aos nascituros que tivessem apetite pelo seio materno; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

Muitos devaneiam em vestir roupas novas sem tomar banho; querem o exercício dos dons espirituais, sem se deixar ser purificado pela ação do Espírito. A primeira mudança se requer em nós, nosso caráter, para sermos capacitados pela Sabedoria Divina a ajudar outros; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;7

Em outras palavras: Só receberemos autoridade espiritual após sermos devidamente exercitados na submissão; “Estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” II Cor 10;6

Enfim, a Estatura de Cristo de nós requerida nada tem com grandeza; antes, com maturidade, humildade. “haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas, esvaziou-se, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma humana humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2;5 a 8
Os maiores espiritualmente não se fazem notar; contribuem para que Deus seja notado.

domingo, 4 de junho de 2017

Pílulas de farinha

“Oh! quão fortes são as palavras da boa razão! Mas, que é que censura vossa arguição?” Jó 6;25

Jó enfadado da presença dos loquazes amigos, com muitas falas, nenhum discernimento; muita “doutrina”, nenhuma empatia. Tudo que sabiam dizer era se arrependesse dos seus erros, reconciliasse com Deus; suas cogitações, que o sofrimento do infeliz era consequência de pecados.

Ainda que assim fosse, redargüiu, ele, em dado momento, sua aflição e dor eram tais, que deveriam ser compassivos; “Ao que está aflito deveria o amigo mostrar compaixão, ainda que deixasse o temor do Todo-Poderoso.” Cap 6;14 Adiante, ampliou a ideia: “Falaria eu também como vós, se, vossa alma estivesse em lugar da minha, ou amontoaria palavras contra vós, menearia contra vós minha cabeça? Antes, vos fortaleceria com minha boca, e a consolação dos meus lábios abrandaria vossa dor.” Cap 16;4 e 5

Uma coisa que nos deveria ser elementar: Quando a demanda for por compaixão, empatia, deixemos a doutrina, as exortações, para momento oportuno; ajudemos, como o samaritano, sanando às feridas. Porém, as coisas não são assim, infelizmente.

As facilidades tecnológicas por um lado nos dão asas, por outro, nos endurecem, desumanizam. Todos têm acesso às redes sociais, podemos compartilhar idéias, que, mesmo profundas, não requerem de nós que conheçamos mais que a superfície; aí, estultos posam de sábios, carnívoros, de espirituais. Brincamos de apascentar “tropas de ossos” virtuais e nos sentimos partícipes da Obra de Deus.

Pior é o efeito colateral dessa sapiência mecânica, esse “cristianismo” de esteira, de academia; não satisfeito ao supor-se genuíno, inda faz contraponto a outros que “comem gafanhotos e mel”. Digo; sofrem agruras do deserto, para se manterem íntimos de Deus.

Quantas vezes deparei com a frase: “Deus não escolhe os capacitados; Ele capacita os escolhidos.” Ok. Contudo, esse Divino Capacitar demanda sofrimento, entrega, obediência, humildade. Pois, a capacitação espiritual tem outra têmpera, que muitas vezes prescinde de cultura, polidez, loquacidade, coisas que a carne tanto aprecia. Essas armas são periféricas; Deus pode fazer Sua Obra sem elas, usando pessoas rudes, toscas, culturalmente; entretanto, íntimas Dele, obedientes, experimentadas.

Paulo que era tão culto quanto se poderia ser em seu tempo, alertou: “Porque, vede, irmãos, vossa vocação; não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres que são chamados. Mas, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são.I Cor 1;26 a 28

O que quero dizer com isso? Que cultura, polidez, eloqüência são coisas más? Não. Que ministério espiritual não deriva de autônomas iniciativas, antes, requer escolha por parte do Senhor. Podemos como os amigos de Jó ter muitas palavras e ignorarmos as carências reais da alma humana, ou, desconhecermos a Fonte que alegamos fluir por nós; Deus.

A diferença entre um remédio que sana enfermidades e um placebo, é que esse, diverso daquele, é um simulacro, sem o princípio ativo, portanto, ineficaz. Igualmente, pretensões espirituais nos lábios de quem não pratica, não passam de pílulas de farinha, mera encenação.

Quando Paulo ensinou que nossas palavras deveriam ser temperadas com sal, no fundo, requeria isso: Que soassem verdadeiras; tivessem sabor de coerentes, temperadas com um testemunho conforme, para soarem eficazes aos que ouvirem. Aliás, o mesmo Jó acusou as falas de seus amigos dessa falta: “Comer-se-á sem sal o que é insípido? Ou haverá gosto na clara do ovo? Minha alma recusa tocá-las, pois são para mim como comida repugnante.” Cap 6;6 e 7

Na verdade, iniciativas autônomas fazem dano à Obra de Deus, o “trabalho” dos enxeridos, acaba dando trabalho aos escolhidos, desde o início da Igreja. “...alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento...” Atos 15;24

Os frutos dos que saíram por conta foi perturbação doutrinária; agora, vejamos as credenciais dos que foram escolhidos e enviados para corrigir: “Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados, Barnabé e Paulo, homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” Vs 25 e 26

Assim, os escolhidos não o são para “brilhar”; antes, para que exponham as próprias vidas por amor à Obra de Deus.

Façamos a escolha que nos cabe, apenas, e essa, independente de ministério, nos fará abençoados. “Os céus e a Terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30;19

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Obra de arte restaurada



“Volta, minha alma para o teu repouso, pois o Senhor te fez bem.” Sal 116; 7 “Senhor, meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim. Certamente me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada.” Sal 131; 1 e 2 

Essa dependência infantil de um Pai, ou, mãe; a linguagem terna que o Salmista emprega em sua relação com Deus é um grande problema para velhos “lobos do mar” como nós.  

A docilidade dependente e obediente de uma criança é normal entre as tais; mas, levar um adulto, em face à iluminação espiritual a agir inocente assim é o grande desafio de Deus. As coisas que dependem apenas de Sua vontade e poder lhe são fáceis.  As que envolvem seres arbitrários como nós, não.  Se Ele está nessa peleja, dado não ser fácil, é possível.   

O Salvador nunca dourou a pílula para que parecesse palatável; sempre pôs as coisas como são, aos olhos Divinos.  “Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.” Mc 10; 15   

Isso quanto ao retrato psicológico dos postulantes. No que se refere às causas espirituais, a coisa é  mais densa que mera humildade. Demanda um renascer espiritual mediante a fé. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar...” Jo 3; 3 e 5  Primeiro disse que sem o renascimento ninguém pode ver; depois, entrar. 

O processo é como jardins com “esculturas” em ciprestes.  A cidade de Victor Graeff tem uma praça cheia de trabalhos notáveis que se pode ver na NET. Como conseguem moldar animais, casas, pessoas, objetos, apenas podando árvores? Fazem isso manipulando-as desde pequenas, quando ainda são moldáveis. Tente alguém moldar a um cipreste adulto para ver se consegue. Assim é conosco. 

Não importa se eventual convertido é  notável na sociedade;  famoso nos esportes, arte, política... à partir do momento que abraçou a fé é criança; precisa mamar. Figura que Pedro usa, aliás. “Deixando, pois, toda a malícia,  todo o engano,  fingimentos,  invejas  e todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2; 1 e 2 Está claro que fala para crianças grandes, uma vez que exorta a deixar hábitos típicos de adultos; malícia, engano, fingimento... 

A autonomia que desconsidera a vontade de uma autoridade superior deriva sempre do orgulho. Aqui temos o início do drama. O primeiro casal foi incitado a agir de modo independente do Criador, ignorando Seu mandado.  

A consequência, como sabemos, foi a morte espiritual. A redenção, necessariamente demanda nascer de novo.  Se, o veneno primeiro foi o orgulho, o antídoto, naturalmente deve ser  oposto; humildade.

Paulo foi explícito quanto a isso. “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus; mas, esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;  achado na forma de homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, morte de cruz.” Fp 2; 5 a 8 

“Esvaziou a si mesmo”;  é; uma pessoa cheia de si não tem espaço para nada interior, nem mesmo, uma criança. Então, a primeira condição proposta é “desocupar a casa”. “Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me,” Luc 9; 23 

Acontece que crianças espirituais são diversas das naturais. Essas crescem proporcionalmente ao curso do tempo; aquelas, à quantidade que “mamam”. Os Hebreus foram descuidados com o “leite” em seu tempo; não chegaram alimentos  sólidos; seguiam pequenos.

Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais os primeiros rudimentos das palavras de Deus;  vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5; 12 a 14   

Vemos que crescimento espiritual traz aperfeiçoamento, discernimento de valores segundo Deus.  A Palavra vivida é a tesoura que apara nossos maus hábitos e molda como Ele deseja. 

Ou nos deixamos ensinar, ou, só serviremos para lenha; essa, presta apenas para queimar.