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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Felizes os que caem?

“Meus irmãos tende grande gozo quando cairdes em várias tentações; sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência.” Tiago 1; 2 e 3

Tal afirmação entendida de modo superficial pode dar azo a que se advogue a bênção sobre os que caem em tentações. A primeira parte do texto parece edificar a ideia. Entretanto, o verso seguinte desafia à prova da fé, que triunfaria mediante paciência. Então, o “cair em tentação” em foco, equivale a não pecar, antes, admitir internamente a ideia, mas,  cotejar tal desejo com o conteúdo da fé, e nesse esperar, graças ao amparo da paciência.

Adiante ele explica a gestação do pecado. “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Mas, cada um é tentado, quando atraído e engodado pela  própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado;  o pecado sendo consumado gera a morte.” Vs 13 a 15 

Vemos que há todo um processo interior “dando vida” a esse agente da morte. Cobiça vontade e ação. Essa última equivale a “dar à luz o pecado”; antes disso pode ser abortado em paciente espera e confiança em Deus. 

O “cair em tentação” que Tiago defende como motivo de gozo, pois, é resistir às nuances do mal que assedia; o gozo derivaria de tê-las, pacientemente vencido; não,  impiamente consumado. Afinal, ele mesmo, se expressa de modo mais claro sobre o tema: “Bem aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.” V 12 Não poderia, ele, com coerência, abençoar ao que cai como ao que suporta a tentação. 

Refere-se ao mesmo caso; o que assediado por maus desejos triunfa a eles e haure o gozo de sentir em seu espírito a vitória do Espírito Santo, o direcionando em fé mediante paciência. 

Nesses dias velozes de tanto ativismo, muitos pregadores de interesses terrenos disfarçados de celestiais transtornaram o sentido da Palavra de Deus; sobretudo, do quesito, fé.

Embora possa exercer vigoroso papel ativo, seu sentido é muito mais, passivo. Não é uma força que faz as coisas acontecerem como advogam os da “prosperidade”; antes, uma confiança irrestrita na Pessoa Bendita do Senhor, mesmo que, nossos sonhos não aconteçam; que nossas orações não sejam respondidas como esperamos. Afinal, se fé é provada com a régua da paciência, certamente os “centímetros” da mesma são feitos de tempo, de espera. 

Embora o tema central de toda epístola  seja advertência contra a duplicidade de ânimo, a paciência aparece como coadjuvante mui expressiva. 

Quanto aos ambíguos apresenta como doentes espirituais, portadores de corações sujos; “Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Cap 4; 8 Vemos uma vez mais, a sutil diferença entre o pecado praticado, suja as mãos; e o pecado acariciado apenas no domínio dos desejos; suja o coração. 

A ideia subentendida é que, as pessoas se dispõem a esperar em Deus certo tempo; mas, impacientam-se ante anseios não supridos e partem para “soluções” naturais; leia-se, pecado. Isso lembra parte do Salmo onde Davi versa: “Por que te abates, oh minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois, ainda O louvarei.” Nesse colóquio consigo mesmo ele deixa transparecer que, o abatimento da alma derivava da impaciência; tanto quê, propôs como solução esperar em Deus. 

Mas, voltando a Tiago, ele evocou, enfim, o mais intenso exemplo de paciência das Escrituras, como argumento final, aos “bem aventurados” que se dirigia; disse: “Meus irmãos tomai como exemplo de aflição e paciência, os profetas, que falaram em nome do Senhor. Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.” Cap 5; 10 e 11

Vemos que o fim foi escolha exclusiva do Senhor; não algo que Jó tenha “decretado” “determinado”; ou, pelo qual tenha feito “campanha, corrente”.  

Muitas vezes equacionamos fé com esperança, como se fossem iguais; embora tenham certo parentesco, a fé tem um objeto específico, Deus; como condicionante, que peçamos segundo Sua Vontade. A esperança é amoral; tanto coabita com ímpios, quanto, com santos. 

Desse modo, a esperança do cristão não deve “dar golpes no ar”, antes, alinhar-se a que foi proposto. “...tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;” Heb 6; 18.

Enfim, quando as tentações nos convidarem para “novas possibilidades”, a fé lembrará o que está proposto, para a devida assepsia da nossa esperança.