“Mas, tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de evangelista, cumpre teu ministério. Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício; o tempo da minha partida está próximo.” II Tim 4;5 e 6
Paulo às portas da morte dando as últimas instruções ao seu discípulo Timóteo. Muitos vão se desviar da verdade, mas, tu, sê sóbrio, faze a Obra, porque estou indo já. Ele estava passando o bastão a alguém idôneo, e exortando-o a continuar assim.
Dois aspectos chamam atenção na final da carreira de Paulo: segurança e altruísmo. Que diferente a postura dele das de “cristãos” modernos que padecendo uma doença terminal, agarram-se com unhas e dentes à vida, “ordenam, determinam decretam” a cura, como se Deus lhes devesse porque resolveram se apossar de algumas promessas na hora difícil.
A entrega de nossas vidas a Cristo enseja a salvação, reconciliação com Deus; depois, como um efeito colateral, livra-nos do medo da morte. “Como os filhos participam da carne e do sangue, também ele ( Cristo ) participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão.” Heb 2;14 e 15
Não significa que um convertido tenha pressa de morrer; tampouco, teme; sua fé acena com algo venturoso no porvir, isso “anestesia” eventuais temores naturais. O mesmo Paulo abordou assim: “Porque para mim viver é Cristo; morrer é ganho. Mas, se, viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. De ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.” Fp 1;21 a 23
Infelizmente, uma geração de pilantras modernos, travestidos de pregadores perverteu a fé, de uma confiança irrestrita em Deus, para uma força que nos serve e faz acontecer o que desejamos.
“Crede em Deus; crede também em mim”, ensinou O Salvador. Se, a fé é em Pessoas, descansa na integridade Delas, a despeito do que façam, confia; agora se tenho fé naquilo que quero, sequer a tenho estritamente; é apenas um instante desejo de me evadir às minhas angústias a todo custo; Deus é apenas um pretexto aos meus medos, uma ímpia tentativa do cooptar O Santo ao que quero, por desconfiar da sabedoria e conveniência do que Ele quer.
Os jovens ameaçados com a fornalha em Babilônia são um exemplo edificante de fé sadia. Nabucodonosor perguntara: “Qual Deus vos poderá livrar das minhas mãos?” Eles responderam: “O nosso Deus, a quem servimos nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. Se, não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.” Dn 3;17 e 18
Isso sim é uma fé! Não atrelou a obediência a nenhum livramento dizendo: “Porque cremos, nosso Deus nos livrará”; antes, “Ele pode; se não, mesmo assim obedeceremos ao Seu mandamento de não adorarmos imagens esculpidas”. Esse “se não” faz toda a diferença entre uma fé saudável que se entrega e confia, e outra arrogante que acha que Deus lhe deve satisfações somente porque ela diz crer. Deus quis e os livrou; mas, seguiria sendo Deus Santo e Justo se os deixasse perecer e os recompensasse apenas no porvir.
Até agora nos ocupamos somente da segurança de salvo de Paulo; porém, seu altruísmo fica evidente ao passo que, mesmo preso em Roma ocupou-se de escrever instruções pormenorizadas aos que seguiriam após ele. Invés de lavar as mãos dizendo, agora é com vocês, cumpri minha parte; antes, ansiava ficar, em espírito, nas instruções saneadoras que deixava.
“Pregues a palavra, instes a tempo, fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;” II Tim 4;2 e 3
Enfim, tanto a conversão nos livra do medo da morte, quanto, do egoísmo; o ego deve ser deixado na cruz.
Então, “cristãos” tremendo de medo da morte, ou, com aspirações egoístas, são fraudes visíveis à distância como uma cidade sobre um monte. Infelizmente, grande leva de professos cristãos atuais ainda carece se converter de suas “conversões”.
“– O cristianismo de hoje não transforma as pessoas. Pelo contrário, está sendo transformado por elas. Não está elevando o nível moral da sociedade; está descendo ao nível da própria sociedade, congratulando-se com o fato de que conseguiu uma vitória, porque a sociedade está sorrindo enquanto o cristianismo aceita a sua própria rendição!” A. W. Tozer
Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
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sexta-feira, 15 de setembro de 2017
domingo, 27 de março de 2016
O que me falta ainda?
“Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não
furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, amarás teu
próximo como a ti mesmo. Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado desde minha
mocidade; que me falta ainda? ... Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que
tens e dá-o aos pobres; terás um tesouro no céu; vem, e segue-me.” Mat 19;18 a
21
O jovem rico que foi a Jesus para justificar-se, não, ser
justificado. Jactou-se de observar toda a Lei desde jovem. Não entendia, sendo
tão “bom”, por que precisaria ainda dos ensinos do Novo Pregador que surgira. “O
que me falta ainda?” Eliminando o polvilho e pegando apenas o “princípio ativo”
do comprimido prescrito temos: “Falta ser perfeito, um tesouro no Céu”.
A justiça própria tem sido a maior barreira à salvação de
muitos. Aquele que se presume bom, suficiente, jamais identificará a necessidade
que tem, da Bondade de Cristo. Acontece que, tendemos a ser severos quando julgamos
outrem, o que sequer nos compete, e, indulgentes quando avaliamos a nós mesmos,
o que devemos fazer, diariamente.
Um dos mandamentos que ele “cumprira” desde a mocidade
era, “ama teu próximo como a ti mesmo”. Entretanto, era milionário cercado de
miseráveis; estranha forma de amar, essa, que encastela-se no conforto do
próprio egoísmo e desconsidera necessidades vitais dos que lhe orbitam.
Por isso O Salvador tocou nessa ferida quando o desafiou a
ser perfeito; o cuidado solícito com os necessitados que o cercavam. Não venham
os oportunistas verter isso em pregação política! Era preceito de amor cristão,
não, pregação do comunismo que expropria à força; um desafio ao amor, que, por
sua natureza, deve ser voluntário.
A rigor, O Senhor não tencionava que ele fizesse isso,
estritamente; Zaqueu quando se arrependeu fez bem menos, seguiu sendo rico, e
foi aprovado pelo Salvador, reputado “Filho de Abraão”. O que Jesus quis foi
iluminar ao sujeito para que visse que, sua pretensão de ter cumprido
cabalmente à Lei, era fanfarrice, engano.
Entretanto, mesmo depois da receita que lhe faria perfeito,
lhe daria um tesouro no Céu, restava uma coisa a fazer: “Vem, e segue-me”,
disse O Senhor. Se, o amor ao próximo só é possível expressar mediante obras, o
amor a Deus demanda segui-lo, obedecê-lo.
O Salvador disse que, de “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo”, dependem a Lei e Os Profetas. Assim, a fé sozinha
acaba estéril; as obras como meio de justificação, blasfemas.
Paulo ensina: “Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se
glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras,
as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;8 a 10 A salvação é de
graça mediante a fé; as boas obras, o modo de vida esperado por Deus, dos que
foram regenerados por Cristo.
Parece que o jovem rico em apreço conhecia, então, a “profundidade”
do nosso mundo virtual. “Quem ama aos pobres curte, compartilha”. Que fácil de demonstrar
os “sentimentos” que sequer demandam que eu desgrude o traseiro de minha
confortável cadeira de balanço!
Nosso amor cristão não deve ser cantado em prosa e verso;
antes, deve ser identificado naquele que é assistido por ele. E, ainda que façamos
obras excelentes, essas, não devem ser ostentadas para trazermos a glória para
nós, como aquele que lava pés e beija ante às câmeras. Ainda assim, nossas
coisas bem feitas não nos dão “crédito para pecar”, de modo a nos supormos bons
e justos, nem carecendo seguir a Cristo.
Amar requer renúncia, altruísmo, identificação, interesse,
coisas que em muito excedem às tolices pueris do mundo virtual. Mas, mesmo
nele, se pode ser hipócrita, bajulador, fingir concordar com o que não
concordamos, sonegar a verdade, para parecermos legais; afinal, queremos que
nos “curtam” o bem maior da pessoa que veramente amamos, nós mesmos; não
corrermos o risco de, sendo verdadeiros, colhermos incompreensões, invés de
aplausos.
Somos também riquíssimos de possibilidades; invés de
desenrolar um empoeirado papiro à meia luz e buscar entender à Vontade de Deus,
escrevo isso assessorado pela Bíblia online, outra, digital. Essa riqueza de
facilidades ensejada pela tecnologia pode nos trair e esconder que, como para
aquele do princípio, ainda nos falta uma coisa; descermos do pedestal fácil do
faz-de-contas, e expressarmos amor no teatro árduo e carente, da realidade.
Na abundância usamos devanear com o prazer; na extrema
carência, o mero meio de sobreviver nos basta. O risco é que nossas imensas
riquezas sejam disfarces de nossa miséria espiritual, como daquele. Acordemos, ainda
nos falta uma coisa.
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
O site de Deus
“Ele
respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e
anda. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito, e
anda?” Jo 5; 11 e 12
Digamos que pairava certa ambiguidade naquele contexto; um
milagre espetacular, a cura de um paralítico que sofria, havia 38 anos, e uma
pequena “transgressão”, uma vez que tal milagre ocorrera num sábado. Por qual
desses dois motivos estariam os inquiridores procurando o autor? Estariam maravilhados ante a cura,
quem sabe, com outro doente para apresentar? Infelizmente, não. O motivo era
seu zelo doentio pela guarda do Sábado, como se, até fazer o bem, nele, fosse
proibido. “E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo,
porque fazia estas coisas no sábado.” V 16
Todos nós, em dado momento temos que
lidar com “ambiguidades” assim. A ênfase, a escolha, testifica de nossos
valores. Quando o zelo por uma inclinação pessoal, denominação, credo,
bandeira, agremiação, etc. se torna mais importante que uma vida, por melhores
que pareçam nossas razões, ainda estão calcadas no egoísmo, na indiferença.
A
mesma Lei, que os Fariseus pareciam tanto zelar, apregoava amar ao próximo como
a si mesmo; desse modo, curar sua enfermidade, quem conseguisse, estaria dando
vívida demonstração de amor. Tiago ensina: “Porque qualquer que guardar toda a
lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” Tg 2; 10
Tratando-se de ágape, o amor cristão, não existe amor fora da Lei; antes, sintetiza a razão da Lei, como ensinou O Mestre: “E
Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua
alma, de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes
dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat 22; 37 a 40
Entretanto, também aqui, há o
risco de ambiguidades, deturpações, ênfase deslocada. Se, é pacífico que, amor
é o cerne de tudo, não exclui os mandamentos, criando uma doutrina humanista,
onde, quem fizer o bem ao seu próximo, independente dos laços espirituais,
estará fazendo a coisa certa. Se, o texto ensina que a Lei depende do amor, não
advoga que o amor, por si só, prescinde da Lei, antes, completam-se, como
ensinou Paulo: “E ainda que tivesse o dom de profecia, conhecesse todos os mistérios e toda a
ciência; ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os
montes, não tivesse amor, nada seria. Ainda
que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, ainda que entregasse o meu corpo para ser
queimado, não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13; 2 e 3 Assim,
a Lei traça um caminho, o amor, provê motivo para caminhar.
Não se entenda com
isso, porém, que defendo o legalismo ultrapassado; antes, os mandamentos
ensinados pelo Salvador. Ademais, se alguém presume que, amar ao semelhante,
por si só, basta, a despeito das escolhas espirituais, convém lembrar que, antes
de ensinar amar ao próximo, o texto ensina amar a Deus de todo coração, de toda
alma. Minhas preferências, por hígidas que sejam, são minhas; o próximo, é dele;
se, cuidar dos interesses dele antes dos meus, estarei dando uma demonstração
madura de amor cristão.
O Senhor ensinou isso com outras palavras: “Ide, porém,
aprendei o que significa: Misericórdia quero, não sacrifício. Porque eu não vim
a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mat 9; 13 No
contexto, O Salvador saíra do convívio dos “santos” e assentara-se à mesa com os
maus.
Mas, desafiou a aprenderem o significado de uma antiga sentença: “Misericórdia
quero, não sacrifício”. Que parte eles não tinham entendido? Em misericórdia me
ocupo das carências alheias; sacrifício faço, pensando nas minhas. Aquela
faceta, pois, atua altruista; essa, de modo egoísta. Parece nobre, santo,
o que jejua; não que seja errado; mas, é engajado, ativo em amor o que
compartilha. Não são coisas excludentes, também complementares, disciplina do corpo e cuidado com as carências
alheias.
Aliás, lembrei da frase de um rabino que sintetiza maravilhosamente
isso: “As necessidades materiais de teu próximo, - disse – são as tuas
necessidades espirituais.” ( Israel de
Salant )
Sim, embora possamos, via oração, “acessar o site de Deus”, a senha
para que sejamos aceitos depende de relações horizontais. João ensina: “Se
alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão é mentiroso. Pois quem não ama a
seu irmão, ao qual viu, como pode amar Deus, a quem não viu? E dele temos este
mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão.” Jo 4; 20 e 21
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