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sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Fraudes Espirituais

“Mas, tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de evangelista, cumpre teu ministério. Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício; o tempo da minha partida está próximo.” II Tim 4;5 e 6

Paulo às portas da morte dando as últimas instruções ao seu discípulo Timóteo. Muitos vão se desviar da verdade, mas, tu, sê sóbrio, faze a Obra, porque estou indo já. Ele estava passando o bastão a alguém idôneo, e exortando-o a continuar assim.

Dois aspectos chamam atenção na final da carreira de Paulo: segurança e altruísmo. Que diferente a postura dele das de “cristãos” modernos que padecendo uma doença terminal, agarram-se com unhas e dentes à vida, “ordenam, determinam decretam” a cura, como se Deus lhes devesse porque resolveram se apossar de algumas promessas na hora difícil.

A entrega de nossas vidas a Cristo enseja a salvação, reconciliação com Deus; depois, como um efeito colateral, livra-nos do medo da morte. “Como os filhos participam da carne e do sangue, também ele ( Cristo ) participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão.” Heb 2;14 e 15

Não significa que um convertido tenha pressa de morrer; tampouco, teme; sua fé acena com algo venturoso no porvir, isso “anestesia” eventuais temores naturais. O mesmo Paulo abordou assim: “Porque para mim viver é Cristo; morrer é ganho. Mas, se, viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. De ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.” Fp 1;21 a 23

Infelizmente, uma geração de pilantras modernos, travestidos de pregadores perverteu a fé, de uma confiança irrestrita em Deus, para uma força que nos serve e faz acontecer o que desejamos.

“Crede em Deus; crede também em mim”, ensinou O Salvador. Se, a fé é em Pessoas, descansa na integridade Delas, a despeito do que façam, confia; agora se tenho fé naquilo que quero, sequer a tenho estritamente; é apenas um instante desejo de me evadir às minhas angústias a todo custo; Deus é apenas um pretexto aos meus medos, uma ímpia tentativa do cooptar O Santo ao que quero, por desconfiar da sabedoria e conveniência do que Ele quer.

Os jovens ameaçados com a fornalha em Babilônia são um exemplo edificante de fé sadia. Nabucodonosor perguntara: “Qual Deus vos poderá livrar das minhas mãos?” Eles responderam: “O nosso Deus, a quem servimos nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. Se, não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.” Dn 3;17 e 18

Isso sim é uma fé! Não atrelou a obediência a nenhum livramento dizendo: “Porque cremos, nosso Deus nos livrará”; antes, “Ele pode; se não, mesmo assim obedeceremos ao Seu mandamento de não adorarmos imagens esculpidas”. Esse “se não” faz toda a diferença entre uma fé saudável que se entrega e confia, e outra arrogante que acha que Deus lhe deve satisfações somente porque ela diz crer. Deus quis e os livrou; mas, seguiria sendo Deus Santo e Justo se os deixasse perecer e os recompensasse apenas no porvir.

Até agora nos ocupamos somente da segurança de salvo de Paulo; porém, seu altruísmo fica evidente ao passo que, mesmo preso em Roma ocupou-se de escrever instruções pormenorizadas aos que seguiriam após ele. Invés de lavar as mãos dizendo, agora é com vocês, cumpri minha parte; antes, ansiava ficar, em espírito, nas instruções saneadoras que deixava.

“Pregues a palavra, instes a tempo, fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;” II Tim 4;2 e 3

Enfim, tanto a conversão nos livra do medo da morte, quanto, do egoísmo; o ego deve ser deixado na cruz.

Então, “cristãos” tremendo de medo da morte, ou, com aspirações egoístas, são fraudes visíveis à distância como uma cidade sobre um monte. Infelizmente, grande leva de professos cristãos atuais ainda carece se converter de suas “conversões”.

“– O cristianismo de hoje não transforma as pessoas. Pelo contrário, está sendo transformado por elas. Não está elevando o nível moral da sociedade; está descendo ao nível da própria sociedade, congratulando-se com o fato de que conseguiu uma vitória, porque a sociedade está sorrindo enquanto o cristianismo aceita a sua própria rendição!” A. W. Tozer

sábado, 30 de agosto de 2014

A "Teologia" dos bárbaros

“Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal.” Prov 24; 16 
 
No meio religioso costuma-se pensar que aquele que cai deixa de ser justo. Caiu porque se desviou do bom caminho. Sim, o julgamento do caráter a partir das circunstâncias é  comum no meio evangélico. Um hino antigo que denunciava essa visão  diz: “Se estou enfermo é porque estou em pecado…” 
 
Mais ou menos a “teologia” de R. R. Soares que baseado num verso de Isaías 53 onde diz que Jesus “Levou sobre si nossas enfermidades” conclui que um salvo não pode ficar enfermo; doença é do diabo.  Contudo, basta ler o verso seguinte para ver que tipo de enfermidades o profeta tinha em mente. “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele…” Assim, as enfermidades em apreço tiram a paz com Deus, não a saúde. Claro que está falando de enfermidades da alma, pecados.
 
Certo é que o Senhor curou  muitos e ainda cura em resposta às orações. Mas, também é certo que Epafrodito, Timóteo,  Paulo, tinham seus problemas de saúde e o Senhor não interveio.  De modo que, a cura física é uma possibilidade ao alcance dos fiéis, não, uma necessidade.

Todavia, a queda do justo refere-se a problemas com pecados mesmo; não há inferência que autorize concluir que se refere à saúde. Tanto é possível “cair” para consumo externo; digo, sofrer por causas alheias ao seu caráter, como Jesus, Jó e Paulo, por exemplo; quanto, os justos cometerem seus próprios deslizes.

Acontece que há pecados que são de conduta; outros, de princípio. Esses se referem aos valores que adoto como aceitáveis ante Deus. O pecado de conduta é, quando, num momento de fraqueza ou descuido atuo de forma a trair os princípios que  tenho como norteadores de meu agir.
Tomemos como exemplo o pecado da mentira. Baseado em muitos textos onde vemos que o Santo abomina essa postura, também eu, passo a adotar com um princípio, um modo de agir segundo Deus, que me faz justo no tocante a isso. Entretanto, por uma conveniência circunstancial, digamos que eu conte uma mentira. Cometi, assim, um pecado de conduta; conduzi-me contrariamente aos princípios que acredito, caí. Mas, presto me arrependo, confesso,  peço perdão; o Senhor misericordioso me levanta.

Todavia, os ímpios que acham a mentira um sinal de esperteza e fazem uso dela com frequência, “tropeçam no mal”. Desconhecem a Vontade de Deus por rebeldia, ignorância; assim, estão caídos e sequer percebem. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4; 19
 
Além disso, circunstâncias adversas podem ocorrer  fortuitas, sem culpa de ninguém. Como se deu com Paulo em Malta. “E, havendo Paulo ajuntado uma quantidade de vides,  pondo-as no fogo, uma víbora, fugindo do calor, lhe acometeu a mão. E os bárbaros, vendo-lhe a víbora pendurada na mão, diziam uns aos outros: Certamente este homem é homicida, visto como, escapando do mar, a justiça não o deixa viver.” Atos 28; 3 e 4
 
Essa era sua “teologia”; Paulo acabara de escapar de um naufrágio, em terra firme foi acometido por uma víbora venenosa.  É um assassino que os deuses perseguem para matar, pensaram. Contudo, “sacudindo ele a víbora no fogo, não sofreu nenhum mal. E eles esperavam que viesse a inchar ou  cair morto de repente; mas tendo esperado já muito, e vendo que nenhum incômodo lhe sobrevinha, mudando de parecer, diziam que era um deus.” VS 5 e 6
 
Nem uma coisa nem outra. Certo que Paulo tinha suas culpas pretéritas, mas, fora perdoado e comissionado por Cristo, de modo que não havia perseguição contra ele, exceto, dos judeus. Também, que foi Jesus que neutralizou o veneno da víbora porque era com ele, não que Paulo fosse  Deus.

A Bíblia ensina-nos a conhecermos os caracteres pelos frutos, não, pelas circunstâncias. Afinal, só quem sobe aos padrões elevados de Deus pode cair.  A consciência do que adota princípios ímpios está cauterizada, perde a sensibilidade espiritual como um bêbado perde a física. “Como  espinho que entra na mão do bêbado, assim é o provérbio na boca dos tolos.” Prov 26; 9
 
Claro que um relapso que aos poucos deixa de ouvir aos reclames da consciência, acabará caindo de vez. O Homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29; 1
 
Por mais que incomode, pois, a denúncia de uma consciência viva labora para preservar nossa alma. “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1; 19 A consciência acusa a queda; a boa índole reconhece a culpa; o arrependimento conduz ao que Levanta.