“O ladrão tem
trabalho leve e sonhos ruins.” (Provérbio judaico)
Parece que a facilidade primeira do
dito “profissional” não compensa, pois, as consequências assomam até nas horas
de repouso, de dormir.
A liberdade à qual estamos “condenados”
deveria nos fazer mais ciosos de nossas escolhas, que críticos das alheias. Entretanto,
somos melhores críticos, que, autocríticos.
Não temos dificuldades com a ideia de
colher o que plantamos; nossa dificuldade é com o tempo; não somos bons na arte
de esperar.
Eis uma “vantagem” dos ladrões! Seu “trabalho”
frutifica imediato. Contudo, aquilo que, reputam frutos, é apenas “plantio”; os
sobressaltos da consciência futuros, que hão de perturbar seu próprio sono, são
os seus molhos maduros, sua devida colheita.
Não fosse assim, roubar seria até uma
arte, para evadir-se, alguém, das agruras da vida.
Na verdade somos inocentes apenas dos
dois extremos da existência; nascemos sem pedir, morremos sem querer. Pelo que
acontece no “intervalo”, somo responsáveis.
Sabemos que, cuida muito melhor dos
bens aquele que os adquiriu à custa de trabalho penoso, que outrem, que os
ganhou numa loteria qualquer. Quem experimentou o custo da aquisição, melhor
dimensiona o valor das coisas. Tal percepção sempre será efeito colateral do
trabalho, não se adquire teoricamente.
As borboletas, os saírem dos casulos passam
por penoso estreitamento; justo essa passagem forçada é que dilata os poros de
suas asas possibilitando depois, a graça do voo. De semelhante modo, nossos
estreitamentos, devidamente avaliados, e nossas escolhas direcionadas por Deus,
hão de plasmar asas futuras, compensando dores de agora.
Embora o preço nos seja um tanto
doloroso, as recompensas serão sobejas, se, o experimento Divino em nós,
layouts de anjos, for, enfim, vertido em arte final com nossa cooperação.
Os anjos iniciais, que foram criados
perfeitos, ganharam suas riquezas “na loteria”, não conheceram o sofrimento;
assim, mera vaidade, desejos por novidades vitimou a um terço deles, que caíram
seduzidos pelo “Anjo de Luz” que hoje reina nas trevas.
Como aqueles, seres perfeitos
inclinaram-se à imperfeição, O Criador trabalha em nós, imperfeitos, com o fito
de que ajudados pelo Espírito Santo, façamos o caminho inverso.
Na Eternidade, além da incidência de
nossas experiências sobre nós mesmos, no sentido de tolherem a tentação de,
outra rebelião contra O Eterno, seremos testemunhas do peso das dores, para os
anjos que se mantiveram fiéis, e, diverso do comício de Lúcifer, os desencorajaremos
às “novidades.”
Hoje, trabalham para nós; segundo a
Bíblia, “Não são porventura todos eles
espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de
herdar a salvação?” Heb 1;14 No devir, seremos almas salvas, para servir de
testemunhas em favor daqueles, que hão de conservar sua santa posição.
Nenhum povo da história se ocupou tanto em entender o
sentido da vida, como o fizeram os gregos. Desde priscas eras, de Tales de
Mileto, Anaxágoras, Anaximandro, Heráclito, etc. os chamados pré-socráticos, que,
laboraram em seus dias, para entender a natureza.
Em Sócrates tivemos um “Upgrade”, deixou ele de se ocupar
com a origem da matéria, para preocupar-se com a higidez das almas. “Conhece a
ti mesmo” era seu lema. Esse conhecimento da alma humana, que atingiu como a
nenhum outro, dentre os privados de Revelação Divina, também esposava a
necessidade das consequências aos atos.
Então, defendia que é mais infeliz aquele que comete uma
injustiça, que outrem que a sofre. Quem é injusto tem uma alma adoecida, carece
de cura, advogava. Quem sofria, bem poderia ser justo, e assim, nada deveria
temer na eternidade, mesmo que, a injustiça presente lhe custasse a vida, como
se deu, exatamente, com ele.
E, foi aos filósofos gregos da época, que Paulo apresentou
a humanidade como que, numa redoma de tempo e espaço, cujo alvo seria encontrar
a Deus; disse: “E de um só sangue fez toda a geração dos homens,
para habitar sobre a terra, determinando tempos já dantes ordenados, e limites
da sua habitação; para que buscassem ao
Senhor, se, porventura, tateando, pudessem achar; ainda que não está longe...;”
Atos 17;26 e 27
A ideia de procurar “no escuro”, porém, tateando, estava sendo
superada naquele momento pelo advento da Luz, Jesus Cristo. Do autoconhecimento
intentado pelos pensadores, estávamos sendo instados ao conhecimento de Deus. “Quem
vê a mim vê Ao Pai” dissera o Salvador.
E, a perfeição posta ante nós como Espelho, necessariamente refletirá
nossas imperfeições. O reflexo assusta, claro! Não é de Deus que as pessoas
fogem, é dos próprios medos.
Estamos “condenados” a sermos anjos, um dia; há dois times deles, e
quem escolhe a camisa somos nós. Uma escolha é fácil, como a do ladrão, mas, de
consequências nefastas; outra estreita como a da borboleta, mas, que nos
garante belas asas no Reino de Deus.