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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Passado passado, ou, presente?

“... Senhor, eles sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti. Quando o sangue de Estevão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente, consentia na sua morte e guardava as capas dos que o matavam. Disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” Atos 22;19 a 21

Paulo meio que duvidando da bondade Divina repisava o passado, remorsos, culpas; O Senhor mirava o novo, o devir que pretendia patrocinar mediante o ministério dele. O apóstolo dizendo: Eu não presto; O Senhor: Vai!

O que Paulo falou sobre seu passado ruim era vero; porém, O Salvador o perdoara e purificara; assunto encerrado. Mui diferente de certas nuances do “perdão” humano, que, malograda certa expectativa presto rebusca assuntos que deveriam estar esquecidos de vez.

Miquéias falou sobre a eficácia cabal do perdão Divino: “De novo terás compaixão de nós; pisarás nossas maldades e atirarás os nossos pecados nas profundezas do mar.” Miq 7;19

Muitas vezes nos pegamos relembrando coisas más que fizemos; não obstante, terem sido perdoadas pelo Senhor, ficamos sonhando com uma “volta no tempo”; nova chance de agir naquelas circunstâncias, para, dessa vez, fazermos diferente, melhor.

Embora possa parecer uma postura humilde, no fundo, é ainda um resquício de orgulho; nossa grotesca e superficial escala de valores que considera más apenas posturas bem toscas, violentas, ou, injustas; só essas nos incomodam. 


Somos indulgentes com milhares de outros erros que também trazem em si veneno bastante para ensejar nossa morte espiritual, e, desconsideramos isso; se aqueles erros crassos que mais nos incomodam fossem removidos passaríamos por alto a esses tantos outros, e, nos sentiríamos bons, merecedores de salvação.

Nesse aspecto Paulo não era diferente de nós; invés de olhar estritamente para onde O Senhor apontava, olhava para trás às voltas com “espinhos na carne”; coisas que, talvez, preferisse ter feito de outro modo.

Os que não cometeram erros mais grosseiros podem sucumbir ao orgulho de se julgarem bons, meritórios pro Céu; isso, por si só já os faz candidatos à perdição; nossas ruindades mais grosseiras acabam sendo “boas”, não em si mesmas, mas, no efeito colateral de tolher uma glória vã que poderia ser letal.

Os presumidos bons numa sociedade má acabam sendo os piores, pois, seguros de sua “bondade” se fazem refratários à medicina celeste que, recusa gastar insumos com os “sãos”; busca, apenas, os doentes.

Acaso não foram os “justos”, Fariseus e Saduceus que incitaram à crucificação do Salvador? A acusação de que eram hipócritas feriu seu “orgulho santo”; a imundícia que se escondia em “sepulcros caiados” acabou externando seu mau cheiro. Do mesmo calibre são todos os “bons” atuais que se alienam do Senhor na presunção de estarem vendendo saúde espiritual.

O Senhor veio em busca dos, reconhecidamente enfermos; esses receberiam aliviados, Sua cura, e seriam gratos ao Médico dos Médicos, invés de se presumirem meritórios. “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1;27 a 29

Desse modo, é até bom que relembremos eventualmente as fraturas expostas do nosso arcabouço moral, pretérito; não para que nos deprimamos por isso, tampouco, duvidemos do perdão Divino; mas, para que sejamos mais gratos ao Salvador que ao custo de Sua Vida Santa, nos resgatou de tamanha perdição.

Então, se O Senhor nos impulsiona ao novo, como fez com Paulo, não é hora de colocarmos nossas velharias sobre a mesa como pretexto para desobedecer; Ele sabe do nosso passado; se, chama mesmo assim é porque, para Ele, aquilo está resolvido já.

Entretanto, se, temos nossos “esqueletos no armário” e Deus está em silêncio, nesse caso, espera que exponhamos a sujeira mesmo, e, arrependidos busquemos Seu perdão. O silêncio Divino aí, não é aprovação, apenas, longanimidade. “Estas coisas tens feito, (pecados) e eu me calei; pensavas que era como tu, mas, eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Em suma, nosso passado pecaminoso só é passado deveras, após o “tratamento” da Cruz; senão, ainda está mui presente patrocinando uma morte espiritual disfarçada de vida.

Os que foram sarados ainda olham para trás, eventualmente; a profilaxia do orgulho; os que não, mesmo que devaneiem adiante, carecem voltar na “Máquina do Tempo” do arrependimento e confissão.

Só depois da correspondência ao “vinde a Mim” do Salvador, candidatar-se-ão a ouvir um, Vai!

“O remorso é uma impotência, ele voltará a cometer o mesmo pecado. Apenas o arrependimento é uma força que põe termo a tudo.” Balzac

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O Gigante a vencer

“Disse Jessé a Davi, seu filho: Toma para teus irmãos um efa de grão tostado e dez pães, corre  levá-los ao arraial, a teus irmãos. Porém, estes dez queijos, leva ao capitão de mil; visitarás a teus irmãos, para ver se vão bem; e tomarás o seu penhor.” I Sam 17;17 e 18

Um pouco antes do célebre combate entre Davi e Golias, temos seu pai, Jessé enviando-o ao campo de batalha como mero supridor de logística e repórter, nada tendo a ver com o combate iminente.

Desse modo, sua inserção no exército, mais, seu protagonismo foi totalmente anormal, inesperado, surpreendente. Acontece que, a mente humana lida com a lógica, e essa, com circunstâncias, aparências, possibilidades naturais dos que a concebem.

Na verdade, mesmo os que pretendem conhecer e servir a Deus, traçam suas concepções “lógicas” como se, O Todo Poderoso fosse previsível às nossas mentes frágeis, ignorantes, limitadas. Paulo ensina: “( Deus ) ... é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos...” Ef 3;20, assim, “...As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” I Cor 2;9

Desse modo, tanto pode pegar mero anônimo que escolher para, mediante ele fazer grandes coisas, como fez com Davi; quanto, destronar um famoso, revelando as falsidades que esse oculta, como muito ocorre, infelizmente. Mediante Ezequiel acenou com algo semelhante: “Assim saberão todas as árvores do campo que eu, o Senhor, abati a árvore alta e elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde e fiz reverdecer a árvore seca; eu, o Senhor, o disse, e fiz.” Ez 17;24

O Eterno não tem compromisso com nossas concepções lógicas, ademais, podendo ver corações, motivações, invés de meras aparências ou, ações, aquilo que nos é surpreendente, nada mais é, que o normal, para Ele. Esse é o papel da fé, pela qual o justo viverá. Ela supre os lapsos da nossa ignorância preenchendo as lacunas com a confiança irrestrita em Deus. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Mesmo o silêncio Divino tem lá sua eloquência para quem tem ouvidos espirituais. Pois, se “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” Heb 11; 1 também consegue, depois de conhecer a Deus, “ouvir” entrelinhas do silêncio providencial de um Deus amoroso e sábio. O silêncio de Deus não é necessariamente Sua aprovação, antes, concessão de liberdade para que tomemos nossas decisões à luz do que sabemos ser Sua vontade. Um convite à maturidade espiritual.

Contra um que equacionara silêncio com anuência, aprovação, O Eterno denunciou: “Assentas-te a falar contra teu irmão; falas contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;20 e 21

Na verdade, os que buscam grandezas para si são réprobos aos olhos Divinos. Então, geralmente Deus recicla rejeitos sociais para fazer grandes coisas; os que se satisfazem com sortes módicas, às vezes são escolhidos para feitos notórios. “Mas, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1;27 a 29

“A grandeza foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela”. (sabedoria judaica)

Assim, se há um gigante contra o qual temos que lutar inevitavelmente, esse, é o ego, que, malgrado a miserável sina de pecadores, insta mediante a natureza para que usurpemos o lugar de Deus, ansiando coisas que não nos cabem. Nessa peleja não estamos numa situação periférica, como fora inicialmente, a de Davi, antes, o protagonismo é nosso.


Seria injusto, Deus, que sonda corações requerer pureza de nós, quando nossas impurezas nos fossem ocultas; assim, nos ilumina mediante Sua Palavra, e capacita Pelo Espírito Santo, para que andemos na luz.

A mortificação do “Eu” só é possível na cruz, e nessa peleja a maioria estremece como estava o exército de Saul ante as ameaças de Golias. Contudo, os que recebem O Espírito e Nele andam, fazem das adversidades grandes vitórias, e dessas, encorajamento a outros que temiam uma igual luta. O mesmo gigante que amedronta quando vivo, se torna motivação para a luta, quando derrotado. 

domingo, 28 de dezembro de 2014

"O silêncio de Deus"



“E aconteceu que pela manhã seu espírito perturbou-se; enviou e chamou todos os adivinhadores do Egito, todos os seus sábios; Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas ninguém havia que lhos interpretasse. Então falou o copeiro mor a Faraó, dizendo: Das minhas ofensas  lembro hoje:” Gên 41; 8 e 9 

Mero sonho; poderia pensar alguém. O Rei estava tenso em busca de interpretação, então, era assunto primordial.  Parece que os sábios da corte sofreram um blecaute. Estabelecido o fracasso dos “profissionais”, então, o copeiro mor abriu os compartimentos fundos da memória. “Das minhas ofensas lembro hoje...” 

Acontece que fora colega de prisão de José, que estava detido inocente, sem direito a julgamento; lá, ele outro prisioneiro sonharam algo e José interpretou ambos os sonhos com precisão. Agradecido prometeu interceder junto a Faraó pela causa de José. Entretanto, uma vez liberto e reempossado em sua função, esqueceu o que prometera.  Como são rápidas e pródigas nossas palavras quando acreditamos que são chaves que nos livrarão da angústia. Naquele caso, era só uma dívida de gratidão a “angústia” do copeiro, mesmo assim, prometeu e não cumpriu. 

O fato novo, o sonho de Faraó trouxe à luz duas coisas; o mau caráter do copeiro; e o dom de Deus sobre José, que, se estivera oculto num cárcere, então, se tornou vital para uma questão de interesse nacional.   

Não quero, por ora, analisar a saga de José, mas, outro aspecto; a atitude do copeiro. Os pecados que “congelamos” no freezer do tempo, esquecemos de tal forma, que só um fato novo pode rebuscar. Alguns imaginam que a questão do pecado se resolve estritamente confessando a Deus. Não é assim? Não. Quando meus pecados dizem respeito a desvios de conduta que não afetam ao semelhante, diretamente, posso resolver, uma vez arrependido, confessando a Deus, suplicando perdão e mudando de atitude. Entretanto, se, meu agir mal afeta outras pessoas, preciso do perdão delas também. “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai,  repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;” Mat 18; 15 

O risco blasfemo é confundirmos longanimidade com pusilanimidade; bondade com fraqueza. Deus não silencia porque compactua; antes, porque espera nossa contrição, arrependimento. “Estas coisas tens feito,  eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50; 21 Se alguém se diz servo de Deus e atua licenciosamente, é como se pensasse que Deus aprova seus passos, que há  identidade com o Pai, malgrado seus erros. “Pensavas que eu era como tu...” 

Uns, nem dá tempo de congelar, como a arrogante presunção de Pedro ao afirmar que morreria com Jesus. O senhor estipulou um prazo exíguo; “antes que o galo cante, três vezes, me negarás.” Para o copeiro mor o “galo” demorou bem mais. O próprio José, ( que fora vendido como escravo pela inveja dos irmãos  ) promovido a governador do Egito, quando mais tarde colocou seus irmãos numa “saia justa”, forçou a memória adormecida deles. “Então disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós porém não ouvimos, por isso vem sobre nós esta angústia.” Gên 42; 21 

Apesar dos evolucionistas advogarem que somos uma sucessão de upgrades de ameba, somos os únicos animais que lidam com abstrações como, futuro, passado. Animais adestrados podem repetir coisas em face ao treinamento externo; nós podemos “viajar” no tempo, tanto rebuscando na memória, quanto, projetando sonhos. Assim, erros pretéritos ainda não tratados estão lá, no fundo da memória  esperando  um incidente qualquer que os desperte, para que a plena cura de nossas almas seja possível. Dessa cura, pois, depende a progressão espiritual. “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28; 13  

Geralmente o “fato novo” é um mensageiro fiel, que fala em Nome de Deus, com Isaías, por exemplo: Por muito tempo me calei; estive em silêncio, me contive; mas agora darei gritos como a que está de parto...” Is 42; 14

 Infelizmente, os profetas modernos, em busca de aceitação, invés de almas, têm patrocinado o “silêncio de Deus”.  Fazem barulho; profanam ao Santo nome acariciando pecados. “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, contudo, profetizaram. Mas, se tivessem estado no meu conselho, então, teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23; 21 e 22   

Pregador idôneo provoca sempre uma “crise no reino”, para que os pecados ocultos venham à tona; pode ser um chato, até inconveniente, mas, é medicinal.