“Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que profetizam; dize aos que só profetizam do seu coração: Ouvi a palavra do Senhor;” Ez 13;2
Profeta é alguém que fala em nome de outrem, no caso dos verdadeiros, do Senhor; comissionados por Ele. Assim, não decide quando vai falar, tampouco, o quê; antes, depende do Espírito de Deus que move seus passos e até, suas esperas.
Ezequiel estava denunciando os imitadores, os falsos.
Interessante que, não sendo de Deus, necessariamente faziam a obra da oposição; contudo, não diz que eram inspirados pelo inimigo, antes, pelo próprio coração. Coração deve ser entendido como a essência da personalidade, conjunto dos desejos, sentimentos e mentalidade de alguém.
Assim, embora pareça meritório quando alguém afirma fazer algo de todo coração, não sendo um coração regenerado, ainda é um doente terminal. Mediante Jeremias O Senhor disse: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração, provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;9 e 10
Notemos que antes de galardoar às obras O Senhor pesa os motivos; sonda o coração. A coisa certa com intenção errada também é má.
O Salvador avançou mais; “Porque do coração procedem maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.” Mat 15;19 Reitero, querer ou fazer, algo de todo coração não é nenhum “Selo do Inmetro” nenhuma garantia; depende do coração em questão.
Esse foi o imenso estrago da queda; o casal incauto que creu na promessa majestosa, “sereis como Deus” caiu e arrastou sua descendência a um estado tal, que não carece esforço para alinhar-se ao inimigo. Basta voarmos nas asas do nosso próprio coração caído, e, seremos como o diabo.
O Senhor em Sua Onisciência e Misericórdia prometeu tratar disso mediante o mesmo Ezequiel: “Então aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito, farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” Ez 36;25 a 27
Notemos que antes da “cirurgia” temos a assepsia da ferida; “água pura sobre vós...” depois o transplante do novo coração, que passaria a funcionar com outros ares em comunicação com o “Pulmão” do Espírito Santo. Água pura, sabemos, figura da Doutrina de Cristo, que lava, regenera; Malaquias falando Dele disse: “Porque ele será como o fogo do ourives, como o sabão dos lavadeiros.” Mal 3;2
Só pela ação do Espírito Santo em nós, somos capacitados a ir paulatinamente trocando nosso modo de pensar e sentir pelo Divino, o Coração de Deus. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8
E, para não termos coração duplo como disse Tiago, precisamos sacrificar o velho, para que o novo tenha todo o espaço; Paulo definiu essa escolha como a razão espiritual, disse: “...apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12; 1 e 2
O “sacrifício vivo” equivale à negação de nossa vontade natural, aquela que assemelha ao inimigo, para sermos paulatinamente impregnados da Vontade Divina. Os que ousam dar esse passo podem ser chamados, como Davi, homens segundo o Coração de Deus. Ou, como disse Paulo, têm “a Mente de Cristo”.
Tais, caso desejem falar das coisas espirituais certamente o farão como veros profetas; será o Coração de Deus, não o seu, a fonte de Suas Palavras. “...todas minhas fontes estão em ti.” Sal 87;7
Enfim, para ser falso profeta a serviço do capiroto basta “dar boca pro gateado” como dizem os gaúchos, para ser profeta do Senhor carecemos conversão, mudança de sentir e pensar, novo coração segundo Deus, e, sobretudo, o consórcio do Bendito Espírito Santo em nossos ministérios.
Distinguindo falsos dos verdadeiros o Senhor usou duas figuras interessantes; palha e trigo. Enquanto uns serviriam apenas ao fogo, outros seriam fontes de alimento espiritual. Quem tem intimidade com o “Pão Vivo que desceu dos Céus” tem paladar assaz apurado, de longe discerne as coisas geradas em corações de palha.
Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
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domingo, 30 de julho de 2017
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Divina empatia
“Em toda a
angústia deles ele foi angustiado; o anjo da sua presença os salvou; pelo seu
amor, pela sua compaixão ele os remiu; os tomou, os conduziu todos os dias da
antiguidade.” Is 63;9
Isaías, recapitulando a relação de Deus com Israel
apresenta um quadro maravilhoso. O Eterno identificando-se com as angústias
humanas, compadecendo-se dos seus amados e enviando Seu livramento.
Claro que
isso não autoriza uma conclusão leviana do tipo que pensa que Deus se
identifica com o homem em tudo, a despeito dos valores em jogo. Tem muita gente
que se angustia anelando coisas profanas, iníquas, desnecessárias, viciosas,
etc. de modo que, “todas” as nossas angústias nas quais podemos esperar a
Identificação Divina excluem as de motivação egoísta, carnal, supérflua.
Contudo, as que são necessárias ao nosso bem viver, se, honramos a Deus como
Senhor, podemos sim, contar com Sua identificação, e com Seu Socorro.
A relação
preceituada pelo Evangelho, resume todos os mandamentos a uma palavra: Amor. Dois
alvos: Deus e o próximo. Sabendo que, esse, o amor, devidamente entendido e
vivenciado é via de mão dupla. Digo, requer correspondência. Simplificando:
Deus, que me ama, identifica-se com minhas angústias, esperando que eu, O ame
também e me identifique com o Seu caráter manifesto em Cristo.
Esse é o “Sabão
do Lavandeiro” que profetizou Malaquias, o qual, atuando em nós, pode fazer os
“limpos de coração”, que estarão aptos para verem a Deus.
A dupla natureza dos
convertidos, não raro, enseja uma duplicidade de ações, que, deriva de uma
entrega superficial, um anseio de obter as benesses do reino, sem o custo pra
nele ingressar; Evangelho sem cruz; quiçá, uma “cruz” com anestesia dos
prazeres insanos.
O tema central de toda a Epístola de Tiago é precisamente
esse; duplicidade de gente que não abraça a fé de um modo cabal, antes, vive um
misto de obediência e rebelião. Essa impureza acalentada no íntimo tolhe que
Deus se identifique com nossos problemas, dado que, não ousamos nos identificar
com Sua Santidade. “Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos,
pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4; 8
A bondade de
Deus é levada a extremos por alguns que supõem que Sua graça seja amoral,
barata, desprovida de valores espirituais.
Voltemos ao começo. Digo, ao verso inicial
onde Deus se identificou com as angústias de um povo que se revelou rebelde, e
vejamos as consequências. “Mas, eles foram rebeldes, contristaram o seu
Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, ele mesmo pelejou contra
eles.” V 10 Assim, querendo ou não, nossas ações definem se teremos Deus como
protetor, ou, inimigo.
O mesmo profeta apresentara um quadro da Ira Divina
onde, o Eterno suspira como que desejando um adversário à altura, para
exercitar um pouco Sua Força; “Não há indignação em mim, quem poria sarças e
espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os
queimaria.” Is 27; 4 Dada a impossibilidade de o homem lutar contra Ele,
aconselha arrependimento, para obtenção da paz. “Ou que se apodere da minha
força; faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” V 5
O Salvador
desenvolveu a mesma ideia com outras palavras. “Ou qual é o rei que, indo à
guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho
sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede
condições de paz.” Luc 14; 31 e 32
A ideia central é: Posso vencer, ou, me
submeto. Quem recusa submeter-se a Deus e Sua vontade, indiretamente imagina
que O pode vencer. Não admitirá isso jamais; contudo, é a implicação de suas
escolhas.
Muitos, como Nicodemos, têm dificuldade para entender, deveras, o
Novo Nascimento. Aí imaginam vitória espiritual nas conquistas de grandezas
materiais. Ora, a escada dos vencedores espirituais, desce, invés de subir como
a dos que auferem grandezas efêmeras, ilusórias.
Um vencedor de Deus pode estar
enfermo, desempregado, humilhado por adversidades; se, não capitulou às más
escolhas malgrado isso, se segue fiel, é mais que vencedor, como disse o
apóstolo.
A Maior de todas as vitórias, foi lograda por um homem nu,
vilipendiado, humilhado, pendurado numa cruz. Afinal a luta espiritual é contra
o pecado que obra a morte; não, contra a morte estritamente, pois, mesmo essa,
Jesus venceu. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o
pecado.” Heb 12; 4
Essa liça é o “bom combate” aludido por Paulo. Quem nele
vence identifica-se com Deus e O tem consigo, na hora das suas angústias. Os
demais, ainda não O conhecem de fato.
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