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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Os Evangelhákonos

“Os doze convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.” Atos 6;2

A igreja iniciante, um misto de judeus e gentios e os problemas administrativos que surgiam com o andar da carruagem.

Então, algumas viúvas gregas sentiam-se desprezadas no suprimento de pão; uma comunidade que, tinha tudo em comum, mas, nem tanto, senão, não haveria o concurso de parcialidades, ou, omissões assim.

Chegando tal pleito aos apóstolos foi que ordenaram a escolha dos servidores, (diákonos) pois, disseram: “... não é razoável que nós deixemos A Palavra de Deus e sirvamos às mesas.”

Invés da nossa transformação ser opção, “no escuro”, baseada em um fanatismo cego, como nos acusam alguns, um crer sem saber direito em quê, A Palavra de Deus demanda sempre o concurso da razão; não como pedagoga, mas, como assessora da fé, para que, os que creem o façam com entendimento. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que, é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Nessa perspectiva, os apóstolos defenderam não ser razoável os homens da Palavra, deixarem sua ocupação para servir às mesas. Sua lógica era coerente, pois; uma vez que, esperava que cada um transportasse a carga conforme seus ombros; ou, sobretudo, que as coisas prioritárias não fossem ofuscadas pelas secundárias.

Se, o pão cotidiano era algo importante e deveria receber os devidos cuidados, o do espírito era essencial; quem o sabia e poderia distribuir, não deveria deixar isso por outra função de menos relevância. Pois, foi nessa ordem que O Salvador colocou as coisas: “Buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça; todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Entretanto, muito do que hoje se chama Evangelho já não pode mais fazer distinção entre homens da Palavra, e, os cuidados com o pão de cada dia. Há uma confusão ministerial onde, o pão do espírito se funde com o do corpo; as pessoas que deveriam ser desafiadas mediante O Evangelho a tomar a cruz para a salvação, não raro, são ensinadas a fazer mandingas em busca de prosperidade material.

O culto racional como vimos acima, é o “sacrifício vivo”, ou seja: A mortificação das vontades naturais, e, renovação do entendimento em dissenso com o mundo para conhecer à Vontade de Deus.

Isso requer uma mudança dos nossos pensares pelos Divinos; “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos; se converta ao Senhor que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem, vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Então, o trabalho dos homens da Palavra é ensinar aos discípulos os “Pensamentos de Deus”; não basta desafiar os ouvintes a uma mudança, antes, convém ensinar em quê consiste tal câmbio.

Paulo, por exemplo, foi bem didático: “... deixai a mentira, e falai a verdade cada um com seu próximo; porque somos membros uns dos outros. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Aquele que furtava, não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.” etc. Ef 4;25 a 28

Assim, o ministro da Palavra não é um provedor de pão; antes, um difusor de luz. O pão vem de outra fonte: “... trabalhe fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha...”

Desse modo, quando um ministro tenta fundir as duas coisas, que são complementares, paralelas, mas, não intrínsecas, deixa de ser um mensageiro probo, e se converte numa fraude.

Pois, o “servidor” que nos coloca o pão à mesa é nosso próprio labor; a Luz da Palavra transforma-nos para que, quer, no trabalho, em família, na sociedade, a mudança operada seja mensagem para quem nos vê; “... muitos verão; temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;3

Quem, invés da pureza Santa da Palavra, que dá vida, pretende transformá-la num meio de obter pão, não é evangelista nem diácono, mas, um velhaco que não desempenha nenhuma das funções direito.

Um “evagelhákono”. “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que, são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre; cuja glória é para confusão deles; só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3;18 e 19

Em suma, socorramos sempre que possível aos que carecem de pão; mas, não rebaixemos ao “Pão do Céu” que dá vida ao mundo, como se estivesse ao nível do que perece. Não seria razoável compararmos diamantes com vidro.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

O pão, A Palavra

“Eu te conheci no deserto, na terra muito seca. Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto; estando fartos, ensoberbeceu-se seu coração, por isso, esqueceram de mim.” Os 13;5 e 6

Não obstante, vermos as coisas mudarem várias vezes, tendemos a ser circunstanciais; isto é: Influenciados pelas coisas que nos cercam, mais, que pelas convicções internas. Acima temos O Senhor lembrando Sua fidelidade a Israel, em pleno deserto, onde Ele proveu água e pão. Porém, entrando na Terra da Promessa, encontraram fartura; fartos esqueceram de Deus.

Quantas vezes, algo assim acontece conosco. Se, estamos em momentos de privações materiais, de saúde, emocionais, etc. somos fervorosos em buscar ao Senhor, orar; mas, saciadas essas carências, tendemos ao comodismo indiferente, a infidelidade.

No fundo, se buscamos Deus quando nossas necessidades são mais intensas, não é a Ele, estritamente, que buscamos, antes, Nele, a satisfação egoísta de nossas próprias vontades. Inda que eventualmente, por Sua Graça, O Eterno supra, petições de infiéis, Seu Galardão, Sua bênção se reservam aos que buscam a Ele, não, ao que Ele dá. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e, é galardoador dos que o buscam” Heb 11;6

Embora sejam palpáveis, visíveis, tanto, as fartas, quanto, de privações, circunstâncias são, como o nome sugere, coisas que nos circundam, estão ao redor de nós; Deus, de quem O ama, está dentro. Se dependesse apenas do que o cercava, o primeiro casal não teria pecado, pois, estava num jardim de delícias, fartura, mas, o inimigo achou uma brecha interna, negligência para com a Palavra de Deus; nesse lapso, a semente do orgulho lançada, deu azo ao surgimento do ego, um deus caído que separou a humanidade do Criador.

Orações que querem coisas, não, relacionamento, inda são traços do ego no comando, donde vem o termo, egoísta. Se, Deus faz concessões nesses casos, isso deriva de Sua graça geral, Seu amor pelo mundo que faz sol e chuva descerem sobre justos e injustos. Porém, anseia mais que isso; deseja regenerar filhos espirituais mediante Jesus Cristo; não, meramente, alimentar, criaturas.

Esses, que recebem a ventura de voltar ao relacionamento com Ele, são testados no deserto, nas privações, para, não cometerem o mesmo erro de nossos antepassados, menosprezar à Palavra da Vida. “Te humilhou, te deixou ter fome, te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas, de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.” Deut 8;3

Se, vivemos mediante A Palavra, coisas devem ocupar lugar secundário, enquanto, a Justiça do Reino deve ser prioridade, segundo ensinou O Salvador. "Buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si. Basta a cada dia seu mal.” Mat 6;33 e 34

Aliás, Ele, Jesus Cristo, “O Segundo Adão”, não esteve num paraíso como aquele, antes, lutou contra o inimigo e venceu, em pleno deserto; onde, após jejum prolongado, foi tentado a verter pedras em pães. Justo aquele trecho da Palavra foi Sua arma de defesa: “Nem só de pão viverá o homem, mas, de toda a palavra que procede da boca de Deus.”

Claro que é lícito pedirmos coisas que nos faltam; porém, seja nossa prioridade o relacionamento sadio com O Pai, pois, logrado isso, Ele, que É Fiel, com Sua Sabedoria e Bondade, cuidará de nós. Ele ensina que quem é fiel no pouco, o será igualmente, no muito. Então, carência ou fartura são coisas circunstanciais; fidelidade é ponto, o valor que deve nortear nossos passos; estejamos, com muito, ou, pouco.

A vida abundante que O Senhor prometeu tem sido convenientemente pervertida por mercenários para que o texto pareça dizer vida farta. Abundância de vida num cenário de morte espiritual, como o que O Senhor encontrou, atina à conversão, nascimento de muitas vidas; e à eternidade legada aos renascidos, abundância de dias.

Fartura e privação de bens não têm peso espiritual, em alguns casos, como vimos, carência serve para ensinar a dependermos da Palavra.

Para O Senhor, multiplicar o pão é mui fácil; contudo, a vida depende de nossa participação; espiritualmente não existe o ingrato: “Não pedi para nascer”. Precisamos desejar isso, nos arrependermos de ter errado o alvo, para que sejamos, enfim, regenerados por Cristo.

Com Deus, mesmo o deserto se faz habitável; Ele verte água da rocha, faz cair o pão do céu; sem Ele, até um faustoso jardim, é lugar de queda, do triunfo da serpente traidora.

sábado, 8 de abril de 2017

As pedras, ou, os pães

“Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria.” Jo 4;44

Cá no sul usa-se certo ditado que parece contrariar a afirmação supra: “Touro em terreno alheio, é vaca”. Pode ser machista, politicamente desajustado, mas, a ideia é que, fora dos nossos domínios, não apitamos nada, antes, nos submetemos aos ditames de quem manda.

Entretanto, tratando-se de profeta, parece que o tal, manda mais, em terreno alheio, por quê? Precisamos investigar; buscar indícios.

A natureza do ministério profético supõe, que o ministro falará de coisas ocultas que ele viu em intimidade com Deus; isso o reveste de certo mistério, como se, sua própria vida devesse ter um quê, de oculta também. O fato de ter Sua Juventude e infância conhecida, era uma “falha” em Jesus, para que cressem que falava da parte de Deus. Diziam: “Não é este o filho do carpinteiro? não se chama sua mãe Maria, seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas? Não estão entre nós todas suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isto? Escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa.” Mat 13;55 a 57

Durante minha infância espiritual assisti e participei muito dessa doença, da qual, diziam padecer os atenienses: “Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, dizer e ouvir alguma novidade” Atos 17;21 Tínhamos bons mestres da Palavra em nossa casa, mas, queria ver a igreja lotar, era anunciar que determinado ilustre desconhecido de oliveira estaria pregando numa “Grande Campanha” evangelística.

Na maioria dos casos tratava-se de paraquedistas vendedores de bugigangas, cujos ensinos, qualquer neófito com algum discernimento, poderia contestar, mas, a coisa “bombava”.

Temos fome por novidades, mesmo que, nocivas; certo fastio do Pão do céu, como tiveram os judeus do Êxodo, no deserto.

O fato de que, O Salvador não foi bem vindo, entre os Seus, não O desqualificou um milímetro, antes, propiciou que outros, que inicialmente eram estranhos, passassem a pertencer à família da fé. “Veio para os seus, os seus não o receberam; mas, a todos que o receberam, deu o poder de serem feitos filhos de Deus.” Jo 1;12

Não que seja um erro desejarmos coisas novas; contudo, podemos errar quando buscamos em fontes duvidosas. Doutrinariamente devemos contar com certa “monotonia” nos ensinos da salvação: “Saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no sábado seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas.” Atos 13;42 “Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas.” Atos 15;27 “Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais...” II Ped 1;12 etc. Não há novidade.

Contudo, as vidas que se deixam transformar pela Palavra, experimentam novidades todos os dias, no processo paulatino de santificação; “Fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim, andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;4

Isso progride mediante obediência, limpa-nos, do “fermento velho”; em dado momento, nos vemos totalmente transformados; “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, e tudo se fez novo”. II Cor 5;17

Ainda que, um profeta sadio seja portador de boas novas, de certo modo, rebusca-se das velhas, que foram dadas há muito, e pelo Espírito Santo, apresenta-as renovadas, cheias de vida, como, de fato, são. “Ele disse-lhes: Por isso, todo escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52 Falou dos Escribas, mas, como aqueles, o profeta escreve, só que, não em papiros, pergaminhos, antes, corações.

Infelizmente, a maioria dos que correm por novidades são meros fugitivos do que já sabem, como as reiteradas orações de Balaão, desejando que O Eterno mudasse de ideia. Deus não me dará algo novo, se, me mostro omisso diante do que sei ser, Vontade Dele. Exceto, nova exortação quanto a isso mesmo.

No deserto, a rejeição ao Maná, e os murmúrios por outro alimento, culminou com a Ira de Deus, excesso de carne em juízo contra os murmuradores. Para os atuais, novidadeiros, aos quais, a beleza da verdade não basta, algo semelhante tem vindo: “Esse cuja vinda é segundo eficácia de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios de mentira, com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam amor da verdade para se salvarem.” II Tess 2;9 e 10

Ante o tentador, Jesus negou-se a transformar pedras em pães; aos pecadores, deu-se, como Pão vivo dos Céus. Mas, muitos preferem ainda, as pedras.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Santificação, o nome dos bois

“O mar estava posto sobre doze bois; três que olhavam para o norte, três para o ocidente, três para o sul e três para o oriente; o mar estava posto sobre eles; suas partes posteriores estavam todas para o lado de dentro... era para que os sacerdotes se lavassem nele.” II Cron 4; 4 e 6 Um dos utensílios do Templo de Salomão, o “mar”, na verdade uma grande banheira esculpida sobre doze bois.

Muitas coisas daquela época, além de sua utilidade imediata, traziam mensagens futuras. Para a teologia, são os “Tipos Proféticos”, ou, as “sombras dos bens futuros”, como alegorizado em Hebreus. Assim, o Cordeiro da Páscoa era um Tipo de Cristo; a água da rocha, Tipo de Sua Palavra; o maná, idem, símbolo do Pão do Céu; etc.

O aludido mar, sobre doze bois apontava profeticamente para algo, também? Ora, o próprio Salvador comparou Sua Palavra como “uma fonte que salta pra vida eterna”; “Água da Vida”; ou, um lavatório, quando disse: “Vós já estais limpos pela Palavra que vos tenho pregado.” Esse, aliás, é o “nascer da água e do Espírito” dito pelo Senhor. Da Palavra e do Espírito. Nada a ver com batismo que é mero testemunho público, a salvação se dá na conversão.

Paulo ensina: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e renovação do Espírito Santo”. Tt 3; 5 “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra.” Ef 5; 26

Vemos então, o concurso do Espírito e da Palavra, como agentes purificadores. Sendo a água, a Doutrina de Cristo, Seu corpo espiritual, a Igreja, todos os que O servem em Espírito e verdade formam o “Mar” que contém a água. Os doze bois que sustentam isso, óbvio, os doze apóstolos, iniciadores da obra e difusores da Doutrina. Se, Judas extraviou-se dada sua escolha, Matias foi posto em seu lugar, o “pedestal” foi refeito.

O fato de que cada grupo de três animais olhava numa direção tipifica o propósito universal, “toda criatura”. Todavia, aspecto mais relevante desse Tipo era que os sacerdotes deveriam se lavar antes de ministrarem. Isso não aponta para outra coisa, senão, para a necessária santificação dos que pretendem exercer o Ministério. 

Paulo foi didático: “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9; 25 a 27

Três coisas são necessárias pra se lavar; primeira: Identificar a sujeira; segunda; querer; terceira, dispor dos meios. A Palavra mostra o pecado, insta ao arrependimento, e purifica com a Água da Vida, o perdão de Cristo.

Tiago alude a uns que, vendo-se sujos, recusam a se lavar; “E sede cumpridores da palavra, não, somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, vai-se, logo se esquece de como era.” Tg 1; 22 a 24

Pedro, por sua vez, a outros que, tendo se lavado uma vez, sentiram saudade da antiga sujeira e voltaram; “Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada, ao espojadouro de lama.” II Ped, 2; 22

O Senhor, quando lavou os pés dos discípulos, disse que deveriam, eles, lavar uns aos outros. Claro que, num sentido espiritual de corrigir, advertir, exortar, afinal, estavam em pé de igualdade; se, alguém quisesse ser o maior, deveria se fazer menor ainda.

Todavia, o Papa Francisco disse que todas as religiões são boas, mesmo os ateus “temem a Deus” quando fazem o bem. Assim, estão todos limpos, pra quê água ainda? Se é mesmo sucessor de Pedro, como pretende, deveria atentar ao que o Senhor falou àquele: “Se eu não te lavar, não tens parte comigo”.

O Senhor nunca pretendeu vistas grossas ante a sujeira, antes, que cada um, aprofunde suas escolhas, sejam virtuosas, sejam, viciosas; “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22; 11

Sem santificação ninguém verá a Deus. Ele define o que é santo. Podemos até “decretar” que escórias e prata são a mesma coisa, mas, O Eterno tem métodos próprios de refino. “As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” Sal 12; 6

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A dureza branda do amor



“Muitos dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.” Jo 6; 60, 67 e 68

Temos duas reações opostas; um anônimo achando o discurso duro, e Pedro dizendo serem palavras de Vida. É possível que fossem as duas coisas ao mesmo tempo; cada um reagiu conforme a inclinação. 

Antes de pensarmos no discurso em si, devemos atentar ao  contexto. Um dia antes o Senhor multiplicara pães e peixes para uma multidão faminta. Então, atravessara o lago para pregar a novos ouvintes; mas, deparou com a mesma plateia anterior a Sua espera como quando se marca um show de um artista famoso qualquer. 

Invés de exultar com sua súbita popularidade, O Senhor deplorou aquela visão imediatista e interesseira e denunciou o erro. Vocês não me buscam por que entenderam meu ensino e querem mais, antes, porque comeram pão de graça e querem mais. Trabalhem, não pela comida que perece, mas, pela que permanece para a vida eterna. 

Eventuais interlocutores nem se deram ao trabalho de negar seu interesse, antes, confirmaram. “Disseram-lhe, pois: Que sinal, pois, fazes tu, para que vejamos e creiamos em ti? Que operas tu? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu.” VS 30 e 31 ( Voltaire disse que conhecemos um homem mais por suas perguntas que por suas respostas) A pergunta daquele cogitava de receber “pão do céu”. “...Moisés não vos deu pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.” 32 e 33 

Aqui estava o problema. O substantivo, “pão” estava certo; a questão era o adjetivo; celeste. “Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.” 48 a 50 O pão proposto pelo Mestre não tinha como alvo mera manutenção temporária da vida; antes, vencer a morte.

Quando o Senhor disse que para isso deveriam comer Sua carne e beber Seu sangue, a debandada começou; dada a “dureza” do discurso. Se, tudo aquilo que contraria interesses imediatos e naturais é duro, o Evangelho, malgrado o concurso do amor e da graça Divinos é uma mensagem assim. Declara inúteis, meras obras mortas, todas as “boas obras” humanas, que pretendem chegar a Ele desviando da cruz. 

Paulo em seus escritos denunciou uns assim: Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, cuja glória é para confusão deles; só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3; 18 e 19 Parece que uma vez mais temos o erro de pão. 

Claro que, quando Pedro inspirado disse que o Senhor tinha “Palavras de Vida Eterna”, não se trata de algo que as palavras façam sozinhas. Elas trazem diretrizes, que, uma vez seguidas conduzem à Vida Eterna. 

Outro dia, fazendo vergonhosa concessão à blasfema Teoria da Evolução, o Papa Francisco disse que Deus não criou tudo o que há com uma varinha mágica. A Bíblia ensina que O Fez à partir de Sua Palavra. 

Possivelmente miríades de anjos foram “coautores”; Ele ordenava: “Haja plantas, seres viventes, etc.” e deixava a forma ao alvitre deles; depois, supervisionava: “viu que era bom.” Daí, a riquíssima variedade que temos. Só o ser humano foi dito que Ele mesmo fez com Suas mãos. 

Assim ordena a nós, que preguemos “Palavras de Vida Eterna” à toda criatura; mas, deixa conosco, ocasião, modo como faremos. Somos os “anjos” da vez dando difusão à Sua Vontade.

Enfim, é certo que Ele não criou como mago; mas, fez espécies definidas, presas ao determinismo biológico da repetição mecânica. Aliás, segundo os pleitos evolutivos nem teríamos espécies, antes, estágios.

Na verdade, o “duro discurso” da salvação encontra uma dureza maior nos corações humanos que estão moldados há muito num cenário de aversão a Deus. Essa dureza leva pessoas a se aproximarem Dele apenas em busca dos próprios interesses. 

Se, é vero que chama a Si, todos, também condiciona a “comer sua carne e beber Seu sangue”; “tomais sobre vós, meu jugo”. Paulo amplia: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus... esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo... humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2; 5 a 8