Mostrando postagens com marcador Númeno. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Númeno. Mostrar todas as postagens

sábado, 2 de março de 2019

O "Endereço" da Vitória

“Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são vossa glória.” Ef 3;13

Para os filósofos, sempre foi uma ocupação cara a tentativa de distinção, entre aparências, “Fenômeno” e essência, ou, “Númeno”.

Aparências falam aos sentidos naturais; essência, a “coisa-em-si” demanda um discernimento mais apurado.

Esse não deriva do domínio racional como pretendiam alguns; Paulo encontrou a “Fonte”. “Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda, profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão, o espírito do homem que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão, o Espírito de Deus.” I Cor 2;10 e 11

Logo, “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parece loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” Vs 14 e 15

Acima temos Paulo exortando aos cristãos de Éfeso para que não desanimassem pelas suas tribulações em favor deles, pois, era a glória deles. Embora a aparente derrota nos sofrimentos do apóstolo, no fundo era uma vitória que se dava.

Afinal, se, “Deus não é Deus de mortos” também não O É de derrotados. Apocalipse traz uma série de versos nas cartas destinadas às igrejas sempre com promessas alentadoras “ao que vencer”; nenhuma “repescagem” aos derrotados dum “limbo”, “purgatório”, ou, algo que o valha.

Entretanto, o quê se conceitua “vencer” nos domínios do espírito carece uma apreciação também.

Cheia está a “nuvem” bem como, muitos púlpitos de expressões como: “Tome posse da vitória”; “Chave da vitória”; “mais que vencedor” etc. Porém, aprofundando-se um pouco no que consideram vencer, não raro, deparamos com uma compreensão rasa, quando não, total ignorância.

Acham que é no pódio a vitória; não, na competição. Para tais, José venceu quando foi feito o segundo de Faraó. Não. Venceu quando foi filho obediente recusando imitar aos maus exemplos dos irmãos; quando recusou o assédio da mulher de Potifar; quando, mesmo injustiçado e preso não desfaleceu na fé. Ao ser convocado pra interpretar o sonho do soberano chegou o tempo de Deus coroar sua longa vitória; era seu pódio.

Não vencemos espiritualmente em momentos de exaltação, antes, nos de dor, perseguição, provação. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4 Mas, contra o quê a fé luta? Flechas incendiárias do Diabo lançadas pelos servos seus. “Tomando, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.” Ef 6;16

Quantas vezes pessoas que, sequer nos conhecem, nos ofendem, chamam de hipócritas, apenas porque o senhor deles vislumbra de longe, traços de Cristo em nós?

São nuances da nossa vitória, embora ao vulgo possa parecer diferente. “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai, alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;10 a 12

Figurando a necessária Luz que devem exibir os Seus, Cristo disse: “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14

No incidente onde O Salvador libertou ao gadareno o moradores pediram que Ele fosse embora; o que fora liberto queria estar com Ele. Assim É a Presença do Senhor. Nunca algo tênue, fugaz, indiferente. Gera reações de amor, ou, ódio.

O mesmo se dá conosco quando O representamos dignamente; sendo verdadeiros no falar e agir. As pessoas nos querem ver e ouvir mais, ou, nos calar com as flechas de fogo, aquelas.

Uma coisa que ignoram é que a Justiça de Cristo, a nós imputada dá uma paz interior que excede aos seus acessos de fúria, pois, “O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

Se, nossa vida regenerada já não pode ficar oculta, infelizmente esse lapso de regeneração neles também fica patente; “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Então, adotemos para nós o conselho de Paulo e não desfaleçamos por tribulações assim, pois, são indícios de vitória. 


Se, Cristo está em nós a oposição vai ver; vendo atacará; é a hora do escudo da fé. “Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos;” I Ped 2;15







sábado, 21 de julho de 2018

"Nossas" Vitórias em Deus

“Em Deus faremos proezas; porque Ele é que pisará nossos inimigos.” Sal 60;12

Certa confusão gramatical aqui; os predicados sinonímicos, “faremos proezas” e “pisará nossos inimigos” atinam a diferentes sujeitos; nós e Deus. De modo a parecer que, o que faremos, Ele fará.

Ensinam-nos os mestres de teologia, sobre inspiração, que, a origem da revelação dos escritores e profetas era Divina; a forma de expor, humana. Assim, a construção era uma amálgama, Divino-humana. De Deus o poder; do homem a disposição de cooperar com Ele.

O Eterno me faria saber de algo e deixaria que eu expusesse com minhas palavras, como me parecesse melhor. Isso explicaria pequenas “discrepâncias” entre os Evangelhos sinóticos. Os mesmos fatos por três repórteres diferentes. Mateus, Marcos e Lucas.

Em Ezequiel vemos um incidente onde Deus ordena algo ao profeta, e, de certa forma, Ele mesmo faz; “Disse-me: Filho do homem põe-te em pé, e falarei contigo. Então, entrou em mim o Espírito, quando Ele falava comigo; me pôs em pé e ouvi o que me falava.” Ez 2;1 e 2

Os defensores da predestinação dizem que, sendo nós pecadores, inclinados ao mal, não poderíamos desejar o bem; os “eleitos” seriam salvos sem cooperação nenhuma, apenas por eleição Divina. O problema mais sério de sua doutrina é que, ao exaltarem a Soberania ferem a Justiça Divina.

Porém, em certo sentido concordo com eles; somos maus e inclinados ao mal, contudo, a mesma “força” que O Senhor deu a Ezequiel dá a todos que escutam Seu chamado; possibilita obediência; porém, o “ouvi o que me falava” a ponto de reagir como o esperado, sempre será escolha humana; senão, não haveria diatribes contra os que resistem. “... vós sempre resistis ao Espírito Santo...” Atos 7;51 etc.

A salvação continua sendo Graça excelsa, mas, ninguém é forçado a aceitá-la. A “graça irresistível” patrocinaria uma parcialidade que destoa da justiça que ama, “O Juiz de toda Terra.”

Os filósofos, Immanuel Kant, sobretudo, faziam distinção entre essência e aparência das coisas. À primeira chamavam Númeno, ou, a coisa-em-si; à aparência, a percepção sensorial, o Fenômeno, ou, a coisa-para-si. Simplificando: Como as coisas são; e, como as percebo.

Quantas vezes ouvimos alguém dizendo que determinada calça ficou pequena, quando, na verdade foi a barriga que ficou grande? Assim, pode Deus parar a Terra por certo tempo enquanto Josué batalha, e o cronista narrar que pararam Sol e Lua. Nenhuma mentira no relato; apenas, uma variável entre o Númeno e o Fenômeno.

Então, quando o salmista diz que “Em Deus faremos proezas, porque Ele pisará nossos inimigos,” está já apresentando essa “fusão” perfeita dos que ouvem a Deus, obedecem-nO, e atuam conforme Suas diretrizes. Dele o Força, O Poder, o “Tesouro”; nossa a submissão, aquiescência, cooperação; o “vaso”. “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus; não, nossa.” II Cor 4;7

Por isso é necessário o “negue a si mesmo”. Enquanto eu estiver no comando da minha vida, O Senhor estará do lado de fora; se, a conversão equivale a uma cirurgia de transplante de coração, onde, o coração endurecido é mudado por outro maleável, não somos tão “anestesiados” assim, a ponto de sermos forçados a querer.

Quando diz: “Porei dentro de vós Meu Espírito e Farei que andeis nos Meus estatutos...” Refere-se aos remanescentes fiéis, que receberam a “água pura” (doutrina) e foram purificados da idolatria.

Para que Deus faça proezas através de nós Ele demanda uma identificação, submissão tal, que possamos dizer como Paulo: “Não mais vivo eu; mas, Cristo vive em mim.” Pois, “Se, alguém me ama, guardará minha palavra; Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23
Embora, “em Cristo” pareça se referir a lugar é um “lugar” tão “invasivo” que acaba mudando o ser; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo. Tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação.” II Cor 5;17 e 18

O que Deus fez por nós anseia fazer para outros usando-nos; por isso, Ele deu-nos o ministério da reconciliação.

Embora, “vitória” no contexto materialista atual seja a conquista de coisas, as “proezas” que glorificam a Deus são conquistas sobre o pecado, santificação. O Santo não poria mais lenha num fogo que deseja apagar; o egoísmo.

Ele pisará nossos inimigos; o mais cruel de todos, que todo dia quer me matar é meu ego; essa proeza de vencê-lo só é possível em Deus, na cruz. Não consigo amar meu próximo como a mim mesmo, a não ser que Cristo o faça, em mim.

sábado, 20 de maio de 2017

Nosso coração de Faraó

“O Senhor, porém, endureceu o coração de Faraó; este não os quis deixar ir.” Ex 10;27

Esse e versos semelhantes do mesmo contexto, se, mal compreendidos podem ensejar o pensamento blasfemo que Deus seria injusto; afinal, após desafiar Faraó a fazer certa concessão, “endurecia” o coração dele, depois, o punia com pragas, justo, por causa dessa dureza. Seria O Eterno um sádico?

Duas narrativas são possíveis ao mesmo fato; uma derivada do Númeno, outra, do Fenômeno. Númeno é “A realidade tal qual, existe em si mesma, de forma independente da perspectiva necessariamente parcial em que se dá todo o conhecimento humano; a coisa em si;” essa perspectiva parcial do conhecimento humano, sua visão, interpretação, é o fenômeno.

Muitas vezes o homem incorre em erros de perspectiva; por exemplo: Quando a barriga cresce diz que as calças ficaram pequenas; ou, fala que o sol nasce, quando, apenas surge, ao movimento da rotação, etc. Assim, o fenômeno são as coisas como vemos; o Númeno, elas como são.

A narrativa humana de que Deus endurecia ao coração do soberano não era a realidade, antes, a perspectiva do narrador que pensava: Se Deus pode fazer tais maravilhas, as pragas, bem poderia abrandar o coração do Rei, se não faz, é porque o endureceu.

Na verdade, não precisamos ajuda pra isso; Jesus disse: “Porque o coração deste povo está endurecido, ouviram de mau grado, fecharam seus olhos para que não vejam, ouçam, compreendam com o coração, se convertam, e Eu os cure.” Mat 13;15

O homem entregue a si mesmo está endurecido, refratário ao querer do Eterno. “... quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como animais.” Ecl 3;18

Disse mais: “O caminho do insensato é reto aos seus próprios olhos, mas, o que dá ouvidos ao conselho é sábio.” Prov 12;15

Quando diz que endurecia ao coração de Faraó, apenas o entregava a si mesmo, sem o auxiliar para que visse além da orgulhosa perspectiva, sob a qual, mantinha-se resiliente em sua rebeldia.

Nossa tendência natural é resistir às demandas Divinas por obediência, santidade. Paulo expôs assim: “...a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;7

Sem o novo nascimento pelo Espírito Santo, estamos impedidos de ver, ou, entrar no Reino; “...aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Jo 3;3 e 5 É nossa dureza, não a Vontade Divina que nos faz “barrados no baile”.

A mudança requerida para conversão, “negue a si mesmo” é tão traumática, radical, que, mediante Ezequiel, Deus figurou como um transplante de órgãos, não, mero amolecimento. “Aspergirei água pura sobre vós, ficareis purificados de todas vossas imundícias, todos vossos ídolos, vos purificarei. Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós meu Espírito, farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos, e os observeis.” Ez 36;25 a 27

Claro que isso, se dá com nossa anuência, não se trata de imposição, como se O Santo tivesse escolhido de antemão quem será salvo, e a esse Seu apelo fosse irresistível, como advogam os da predestinação. A mudança necessária deriva sim da maravilhosa Graça do Senhor, mas, precisa despertar o desejo humano por ela, senão, pode ser resistida, como denunciou Estevão: “Homens de dura cerviz, incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, sois como vossos pais.” Atos 7;51

Predestinação significa destino prévio para duas escolhas possíveis, não, pré-escolha. Em suma, quando Deus “endurece” alguém, apenas entrega-o a si mesmo; quando tenciona salvar, atua para persuadir mediante a Luz do Espírito Santo, mas, a decisão de andar na Luz, sempre será nossa.

Se O Eterno “endureceu” Israel e facilitou aos gentios, como diz em Romanos, refere-se ao foco da Obra circunstancialmente; o que logo voltará a ser Israel. Aos iluminados, pois, a responsabilidade de andar na luz, ou, o risco da queda, voltando a estar apenas em si mesmos; “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa palavra de Deus, as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus...” Heb 6;4 a 6

Dada a seriedade disso, a advertência: “...Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais vossos corações...” Heb 3;15