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quarta-feira, 19 de abril de 2017

Reconciliação

“Mas, eles foram rebeldes, contristaram seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

A ideia de termos inimizades, por inócuas que sejam, nunca é um pensamento agradável, embora, em algumas situações, pouco, ou, nada possamos fazer. Há casos, nos quais, mesmo que nada tenhamos feito de mal às pessoas, por inveja, ou, alguma outra razão insana, não gostam de nós, saem espalhando veneno a nosso respeito. “Orai pelos que vos perseguem e abençoai aos que vos maldizem”; a receita Bíblica, porque, pessoas assim, certamente, têm carência espirituais grandes.

Contudo, quando algo mais que isso pode ser feito, devemos fazê-lo. “Portanto, se trouxeres tua oferta ao altar, e te lembrares de que teu irmão tem algo contra ti, deixa diante do altar tua oferta, vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, depois, vem e apresenta-a. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão.” Mat 5;23 a 25

Se, meu irmão tem algo contra mim, foi porque falhei com ele, nesse caso, reconciliação depende de mim. Quando depende dele, nada posso fazer, exceto, orar.

Não podemos chegar a Deus, saltando sobre o semelhante. “Aquele que odeia seu irmão está em trevas, anda em trevas, não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos.” I Jo 2;11 “Se alguém diz: Eu amo Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar Deus, a quem não viu? Dele temos este mandamento: que quem ama Deus, ame também seu irmão.” Cap 4;20 e 21

Entretanto, quando nossa inimizade é contra Deus, motivada por rebeldias, aí, temos um problema de outra dimensão. Eli, o sacerdote relapso, pusera a questão aos filhos: Pecavam, esses, nas coisas do próprio sacerdócio; invés de exercer com vigor sua autoridade, apenas ergumentou: “Não, filhos meus, porque não é boa a fama que ouço; fazeis transgredir o povo do Senhor. Pecando homem contra homem, os juízes julgarão; pecando, porém, o homem contra Deus, quem rogará por ele?” I Sam 2;24 e 25

O Eterno pôs a questão noutros termos, o de quem luta contra Ele. “Quem poria sarças, espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Que se apodere da minha força, faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27;4 e 5

Fazer paz com Deus, eis a questão! Embora incautos vejam no Evangelho apenas um desafio a mudar de religião, uma “busca por clientes” estilo telemarketing, ( nalguns casos, infelizmente, é ) no fundo, é um apelo do amor de Deus, que pelo Seu Espírito fala em nós, apresentando aos inimigos eventuiais, uma mensagem de reconciliação. Inimigos? Isso não seria dramático demais? Não. É ser bíblico. “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

Assim, a medida que apresentamos de modo sadio a mensagem do Único Mediador, somos feitos agentes da reconciliação entre pecadores e O Santo. “Tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” II Cor 5;18 a 20

Claro que isso demanda que deixemos de vez, a rebeldia que, se, por um lado nos dá independência para agirmos como quisermos, por outro, nos distancia do Pai, como fez o filho pródigo em sua insana e egoísta saga. Achou que poderia se virar muito bem por conta; foi usado pelas cobiças alheias quando tinha o que dar; empobrecido, terminou comendo com porcos.

Quem não pode dizer de modo verdadeiro, como aquele? “Pai, pequei contra o céu, e perante ti”? Reconhecimento de culpas, eis, o primeiro passo para reconciliação com O Pai! “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas. o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Feito isso, poderemos, dizer como Paulo: “Se o Senhor é por nós, quem será contra nós”. Quem, que tenha poder maior? Contudo, “soltos das patas” digo, por nossa conta, estamos em inimizade com Deus, a mercê de um que, mesmo fingindo gostar de nós é traidor, assassino. Rogo, pois, de parte de Deus, que vos reconcilieis com Ele, mediante a cruz de Cristo.

sábado, 15 de outubro de 2016

Nuances do Reino

“Porque o trono se firmará em benignidade, sobre ele no tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, busque o juízo, e se apresse a fazer justiça.” Is 16;5

Certamente o profeta messiânico fala do Reino de Deus. Após defini-lo como firmado nas bases do bem, três palavras; julgue, juízo e justiça, dão mostras do bem maior, ante, O Rei Vindouro.

No encerramento da Revelação, O Senhor insta para que cada um deixe patentes suas escolhas: “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22;11 Paralelismo sinonímico que equaciona injustiça à sujeira, justiça, à santidade.

Quer dizer que é na base do dente por dente e olho por olho? Apenas justiça, e a misericórdia? É uma boa pergunta, pois, o salmista associara essa àquela no séquito dos valores Eternos. “A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram.” Sal 85;10 Vemos, porém, que ambas aparecem com “acessórios”; A misericórdia, com a verdade, a justiça, com a paz.

Acontece que temos pouca afinidade, tanto com a verdade, quanto, com a justiça, quando, essas nos são desfavoráveis. Digo, tendemos a clamar por justiça quando nos sentimos no prejuízo. Igualmente, a verdade nos parece boa se, realça-nos em algum mérito, vantagem, senão, incomoda.

A Misericórdia em pessoa, Jesus Cristo veio. Porém, por trazer junto a verdade, foi rejeitado. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.” Jo 3;19 Assim, nada vale estarmos convencidos da Misericórdia, se, não estivermos, igualmente, convictos de nossos pecados. Por isso, labora O Bendito Espírito Santo; “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16;8

A misericórdia Divina é misericordiosa, não, amoral; Deus perdoa sempre quem reconhece falhas, se arrepende, confessa. Assim, até a Justiça Divina se satisfaz, imputando aos arrependidos, a Justiça de Cristo. Aos demais, resta o olho por olho, a punição proporcional à falha. Não se trata de uma grandeza superior, mas, de uma preferência do Amor Divino, dar primazia à misericórdia no trato com nossas faltas. “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e, misericórdia triunfa do juízo.” Tg 2;13

Quando associa justiça à paz, não se refere aos relacionamentos interpessoais, sujeitos a diversidade de caracteres e motivações, antes, à paz com Deus, que usufruem, mesmo em tempos angustiosos, aqueles que, mediante a misericórdia, se fazem herdeiros de Cristo.

A paz é, em caso de conflito de interesses, um bem bilateral. Desde a queda, o homem se fez inimigo do Criador, uma guerra suicida, inda assim, guerra. Quando O Mediador veio para ser nosso Resgate os anjos cantaram: “...paz na Terra...”  Quando subiu a Jerusalém para consumar Sua Obra, O Espírito Santo pôs nos lábios de alguém: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu...” Luc 19;38

Desde então, os que pertencem a Cristo estão em paz com Deus, malgrado toda sorte de aflições eventuais. O Salvador ensinou que Sua Paz não era como a do mundo; Paulo disse que excede a todo entendimento.

Por ora, O Reino de Deus é mero enclave nesse mundo ímpio; mas, os súditos que renasceram pelo Sangue de Cristo e foram vivificados pelo Espírito Santo, usufruem em si, e entre si, os benignos efeitos da Misericórdia e da Justiça Divinas. “Até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto; então o deserto se tornará em campo fértil, o campo fértil será reputado um bosque. O juízo habitará no deserto, a justiça morará no campo fértil. O efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;15 a 17

Contudo, há um “Reino” paralelo, cuja ênfase recai sobre prosperidade, direitos, ignorando que, não há bênção maior, que estar reconciliado com Deus, Fonte de todo o bem. Se, até quando vai pelo caminho o tolo diz a todos quem é, como versou Salomão, até quando ora, o ímpio patenteia a sua sujeira. “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.” Prov 28;9


Vivemos tempos difíceis, onde, as pessoas, senhoras de si, invés de se afastarem do que O Santo veta, vetam o veto, digo, distorcem e pervertem A Palavra. 

Enquanto a ampulheta do tempo não se esvazia, os ímpios estão em “vantagem”, podem fazer que quiserem. Entretanto, quando isso acontecer, a misericórdia deixará de ser, um bem, disponível; Restará ao Eterno apenas a justiça. Não era bem o que Ele queria, contudo, é um bem, que quer. 

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O site de Deus



“Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito, e anda?” Jo 5; 11 e 12 

Digamos que pairava certa ambiguidade naquele contexto; um milagre espetacular, a cura de um paralítico que sofria, havia 38 anos, e uma pequena “transgressão”, uma vez que tal milagre ocorrera num sábado. Por qual desses dois motivos estariam os inquiridores procurando  o autor? Estariam maravilhados ante a cura, quem sabe, com outro doente para apresentar? Infelizmente, não. O motivo era seu zelo doentio pela guarda do Sábado, como se, até fazer o bem, nele, fosse proibido. “E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado.” V 16

Todos nós, em dado momento temos que lidar com “ambiguidades” assim. A ênfase, a escolha, testifica de nossos valores. Quando o zelo por uma inclinação pessoal, denominação, credo, bandeira, agremiação, etc. se torna mais importante que uma vida, por melhores que pareçam nossas razões, ainda estão calcadas no egoísmo, na indiferença. 

A mesma Lei, que os Fariseus pareciam tanto zelar, apregoava amar ao próximo como a si mesmo; desse modo, curar sua enfermidade, quem conseguisse, estaria dando vívida demonstração de amor. Tiago ensina: “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” Tg 2; 10 Tratando-se de ágape, o amor cristão, não existe amor fora da Lei; antes,  sintetiza  a razão da Lei, como ensinou O Mestre: “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat  22; 37 a 40

Entretanto, também aqui, há o risco de ambiguidades, deturpações, ênfase deslocada. Se, é pacífico que, amor é o cerne de tudo, não exclui os mandamentos, criando uma doutrina humanista, onde, quem fizer o bem ao seu próximo, independente dos laços espirituais, estará fazendo a coisa certa. Se, o texto ensina que a Lei depende do amor, não advoga que o amor, por si só, prescinde da Lei, antes, completam-se, como ensinou Paulo: “E ainda que tivesse o dom de profecia,  conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes,  não tivesse amor, nada seria. Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres,  ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13; 2 e 3 Assim, a Lei traça um caminho, o amor, provê motivo para caminhar. 

Não se entenda com isso, porém, que defendo o legalismo ultrapassado; antes, os mandamentos ensinados pelo Salvador. Ademais, se alguém presume que, amar ao semelhante, por si só, basta, a despeito das escolhas espirituais, convém lembrar que, antes de ensinar amar ao próximo, o texto ensina amar a Deus de todo coração, de toda alma. Minhas preferências, por hígidas que sejam, são minhas; o próximo, é dele; se, cuidar dos interesses dele antes dos meus, estarei dando uma demonstração madura de amor cristão. 

O Senhor ensinou isso com outras palavras: “Ide, porém, aprendei o que significa: Misericórdia quero, não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mat 9; 13 No contexto, O Salvador saíra do convívio dos “santos” e assentara-se à mesa com os maus. 

Mas, desafiou a aprenderem o significado de uma antiga sentença: “Misericórdia quero, não sacrifício”. Que parte eles não tinham entendido? Em misericórdia me ocupo das carências alheias; sacrifício faço, pensando nas minhas. Aquela faceta, pois, atua altruista; essa, de modo egoísta. Parece nobre, santo, o que jejua; não que seja errado; mas, é engajado, ativo em amor o que compartilha. Não são coisas excludentes, também complementares,  disciplina do corpo e cuidado com as carências alheias. 

Aliás, lembrei da frase de um rabino que sintetiza maravilhosamente isso: “As necessidades materiais de teu próximo, - disse – são as tuas necessidades espirituais.”  ( Israel de Salant ) 

Sim, embora possamos, via oração, “acessar o site de Deus”, a senha para que sejamos aceitos depende de relações horizontais. João ensina: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão.” Jo 4; 20 e 21

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Entre a serpente e a estrela

“O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” Jo 10; 10
 
Nessas vinte e três palavras temos uma síntese de todo o drama Divino-humano que se desenrola na Terra. A vinda do ladrão, a antiga serpente enganadora, e a réplica Divina trazendo a “Estrela de Jacó”,  Jesus Cristo.  O primeiro para roubar, matar, destruir; o Segundo, para “desfazer as obras do diabo”.
 
Desde o Éden ao Calvário, dezenas de profecias foram dadas aos judeus sobre a vinda o Salvador; se bem que a da Estrela de Jacó, propriamente, veio através de um gentio, Balaão.

Segundo os cientistas o sol é uma estrela; sua incidência sobre a terra diverge das demais dada a distância não a grandeza que seria muito inferior. Pois, sobre o Senhor, há também metáforas que o fazem um Sol. Em Malaquias, atrelado à justiça; “Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.” Mal 4; 2 Figura bem semelhante usou o Próprio Senhor: “…se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.” Jo 10; 9
 
Nos hinos hebraicos a bênção Divina não se divorcia da justiça, que demanda retidão.  “ Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.” Sal 84; 11 Nos lábios de Zacarias encontramos o “oriente do alto” associado à misericórdia; “Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou;” Luc 1; 78

Interessante que o advento do Salvador associado à justiça e à misericórdia foi cantado nos Salmos também; ali, acrescido de outro bem, a verdade e ensejando  paz; “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.” Sal 85; 10 e 11

A bem da verdade, e em busca da paz com Deus, Justiça e misericórdia são indispensáveis para seres como nós, que vivem “entre a serpente e a Estrela” como definiu poeticamente a mulher, o cantor Zé Ramalho.

Esse ínterim, ainda que possa ser situado cronologicamente da queda humana à redenção em Cristo, é muito mais, nosso “status quo” espiritual, nossas oscilações entre obediência e rebeldia, pecado e arrependimento.

Assim, se aos olhos Divinos toda transgressão demanda o reparo da justiça, e, nossas “posses” nos fariam eternos inadimplentes, Ele satisfaz Sua Justiça mediante misericórdia. Imputa a nós a Justiça de Cristo, demandando apenas, arrependimento e confissão.

Muitos devaneiam que a existência de Deus por si só, deveria por fim a todas as guerras, fome, enfermidades que há na terra; sendo esses fatos, “provas” que Ele não existe. Ora, o fim dessas coisas e o paraíso restaurado como sonham tais nefelibatas seria a prova que o diabo não existe. Ou, estaria preso, como estará por um milênio na volta de Cristo.

Não que o Eterno seja sádico, isso seria blasfêmia; sim, Ele é amor, isso é fato; e é da natureza do amor prezar pela plena liberdade de quem ama. Essa não é possível sem arbítrio. 

No mau uso do amor, pois, o “Anjo de luz” se tornou Satanás; de igual modo a mulher, instigada pela serpente se tornou caída e arrastou seu imprudente e também culpado marido.

Essa “herança maldita” nos vem de berço. Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.” Rom 5; 12
 
Espere! Dirá alguém; eu nada tive com o erro de Adão e Eva, não tive escolha; portanto, não é justo que eu seja condenado. É, esse é um lado da questão. Entretanto, nada tivemos com a Vitória de Cristo, e não é justo que por Ele sejamos salvos; contudo seremos, caso nos arrependamos e decidamos Lhe obedecer; e para isso, agora temos escolha. 

Paulo sintetiza: “…se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.” Rom 5; 15

 Então, você, presumido escapista, não poderá se salvar sem Ele, Jesus Cristo; mas Nele o será, mesmo sem mérito algum. Nada vale tentar transferir a culpa para alguém, a mordomia de sua alma é sua. 

O primeiro casal, aliás, passou a bola, ou tentou, e nada adiantou; o mesmo poeta empresta ainda uma sentença útil: “E sei que não será surpresa se o futuro trouxer, o passado de volta…”

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Os dois pombinhos

“Mas, se em sua mão não houver recursos para um cordeiro, então tomará duas pombas, … uma para o holocausto e outra para a propiciação do pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação, e será limpa.” Lev 12; 8
 
Instruindo sobre os rituais de purificação, Deus, ao tratar de Sua Justiça transparece belas nuances de misericórdia. O arrependido que não pudesse comparecer ante o sacerdote com um cordeiro para sacrifício, poderia fazê-lo com um casal de pombos. Assim, se é certo que o culpado  não é tido por inocente, também o é, que Ele requer arrependimento do pecador, invés de bens.

Jesus, aliás, desafiou líderes religiosos que enfatizavam sacrifícios como supra sumo da fé a entenderem melhor a intenção Divina. “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mat 9; 13 

No contexto fora censurado por assentar-se à mesa com pecadores. Os Fariseus eram pródigos em sacrifícios e ofertas, mas, insensíveis aos sofredores que os cercavam. Dos tais, o Salvador foi ao encontro.
  
Deve ter sido um tapa de luva no orgulho dos “mestres da Lei” ouvir tal exortação: “Ide e aprendei o que significa…”

Se é vero que o mundo  lança em rosto o tempo todo o que se pode fazer com dinheiro, a Bíblia ensina ao longo de sua narrativa o que Deus faz com simplicidade e obediência. Mesmo a “porta de entrada” do Salvador à humanidade não tinha pompa alguma. Quando da purificação pós parto que era requerida, conta-nos Lucas: “E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor… para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos.” Luc 2; 22 e 24 

Vemos que José e Maria não dispunham recursos para um cordeiro sequer. Para provisão dos bens necessários à sua descida ao Egito, Deus moveu três sábios que viviam há centenas de milhas, que fossem a Belém levando ouro, incenso, mirra, coisas de alto valor. Não há registro de nenhuma “corrente” de orações pedindo tal suprimento; foi iniciativa exclusiva de Deus, Sábio e Amoroso.

O que muitos da geração atual que mencionam seu Santo Nome sem reverência ou conhecimento algum precisam urgente entender é, o quê,  significa Sua Palavra; Deus quer ser conhecido, amado, não usado. “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e  conhecimento de Deus, mais do que  holocaustos.” Os 6; 6
 
Alguns O querem exibicionista mostrando poder, como se a criação não fosse suficiente. Certo que Jesus fez muitos milagres; entretanto, Sua ênfase sempre foi na misericórdia, justiça e amor. Também é que um cego de nascença foi curado e o Senhor disse que ele nascera assim, para que se manifestassem as obras de Deus.  Jo 9; 3

Devemos concluir daí, que todos os que têm necessidades especiais devem ser curados por Ele para seguirem sendo manifestas Suas obras? Depende de qual faceta queremos manifesta.

Tenho um sobrinho autista que é amado tanto quanto sua irmã, e acredito que em todas as famílias que têm seus especiais, a coisa é igual. Quer manifestação mais hígida do vero amor que essa? Amar por amar, não por talentos, dons, perfeição; antes, apesar de eventuais lapsos físicos ou psíquicos?

Acontece que ante O Altíssimo todos somos seriamente deficientes, contudo, nos ama apesar disso. Na verdade, amar aos belos, aos fortes, talentosos, nem mesmo é amá-los; equivale a amar a nós mesmos, dada a satisfação que tais “heróis” nos propiciam.

E, há uma diferença diametral entre misericórdia e sacrifício, que o Salvador desafiou a entender. O Sacrifício visa um bem próprio, seja perdão, seja uma bênção qualquer; entretanto, a misericórdia ocupa-se essencialmente da necessidade alheia.

Mesmo aí, no domínio das ações humanas tropeçam muitos; uns por omissos espiritualizam tudo num escapismo insano que ignora as necessidades práticas; outros, vestem-se de justiça própria como se as boas obras fossem atenuantes à sua heterodoxia doutrinária.

Ora, a ortodoxia evangélica requer as boas obras, a misericórdia, e não prescinde da santidade mediante a Palavra, vejamos: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2; 10 “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” Jo 17; 17

Obras de misericórdia testificam nosso amor ao próximo; santificação e obediência, amor a Deus. E Jesus sintetizou nisso, a saga Divino-humana: “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat 22; 40 E convenhamos que, caso queira, ninguém é tão pobre que não possa oferecer esses “dois pombinhos” em sacrifício a Deus.