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terça-feira, 19 de setembro de 2017

O Homem Livre

“Somente o homem livre é uma personalidade. Os demais são arranjos... Um homem verdadeiramente livre não deseja comandar os demais, mesmo que as condições o favoreçam. O líder das massas está no mesmo estado de servidão da massa - ele não tem existência autônoma alguma fora da massa.” Nicolai Berdiaev

Uma coisa que ocupava as reflexões do pensador ucraniano era a liberdade em oposição à massificação, que considerava a perda do indivíduo; fuga. Por outro lado, os dominadores das massas também eram de certo modo, servos dos anseios de amos; logo, também escravos.

Qualquer semelhança com Maduro, e os “madurenhos” que o sustentam na Venezuela não é coincidência, antes, demonstração prática do pensar correto do filósofo.

A massificação assumiu proporções tais que é muito difícil encontrar ainda um homem livre. A maioria não passa de peças de Lego que uma invisível mão encaixa como aprouver montando os arranjos que deseja. Essa mão usa “mantras,” datas, bandeiras, arte, conceitos “politicamente corretos,” etc. Cada pecinha servil no vasto tabuleiro se encaixa dócil presumindo-se livre.

Parece que outorgamos a outrem o direito de nos dizer como as coisas são; damos a eventuais ditos, uma anuência omissa, preguiçosa, como se estivéssemos diante de um conceito absoluto; quando, não raro, é mera opinião, inclinação, ou interesse de alguém tão falho quanto nós, quiçá, pior.

Ocorre-me um dito de Bernard Shaw: “Quando penso nas coisas como elas são me pergunto: Por quê? – disse – Se as considero do modo que não são, indago: Por que não?” Seu cérebro, pois, se exercitava tanto sobre as coisas “prontas” quanto, sobre as “aprontáveis”. Parecem-me traços de um homem livre.

Não que eu seja contra frases feitas; antes, delas lanço mão sempre que oportuno; muitas sentenças são insuperáveis sobre determinados temas; e só um tolo, a pretexto de ser “livre” de ideias alheias, as evitaria. Porém ao redor dessa chama propiciada por outro devemos atiçar o fogo com nossa lenha, colocarmos nossos neurônios atrás do arado, invés, de folgar lassos no trabalho alheio.

Entretanto, as facilidades das redes sociais, além das asas globais que nos dão servem de estímulo à preguiça mental; a indigência intelectual pode posar de diligência, de carona no labor de alheios pensares.

Para efeito de encenação, alegoria, isso funciona muito bem; entretanto, para edificação psíquico-intelectual é nocivo, deletério, mediocrizante, massificador. Henry Ford criador da famosa montadora dizia: “Pensar é o trabalho mais duro que há; essa é, talvez, a razão pela qual tão poucos se ocupem nele.”

Plutarco em seus dias dissera algo que é justo, um alerta contra isso: “A mente não é um vaso para ser cheio; antes, um fogo a ser aceso.” Se quisermos “encher o vaso” de asneiras, o Sistema nos oferece mais lixo que a exposição do Santander. Porém, o pensar vero deve ser feito com nossos insumos, as vivências, o aprendido e o ainda ignoto; sempre será uma labuta interior, diverso de ser manipulado por uma tela que presumimos operar.

Uma introspecção sincera, pesando motivos, avaliando rumos, custos, objetivos, ou, postulados alheios, até; requer tempo demais dessa geração vídeo, onde muitos ao deparar com um texto como esse, sequer, leem, satisfeitos com as demais coisas; afinal, têm pressa e querem antes, rir dos vídeos de “pegadinhas” do que encarar a si mesmos em considerações tão soturnas.

Isso explica o vero pavor nas redações do vestibular, pois, uma geração robotizada perde o prumo quando desafiada a se comportar de modo humano; pensar.

Saint-Exupérry chamava o sistema de “máquina de entortar homens”; por minha vez acho que imbeciliza desde a infância, e os torna amorais, dando acesso irrestrito pros fedelhos às piores perversões adultas; de modo que quando crescidos nem carecem mais ser entortados; estão mais curvilíneos que a pista do GP de Monza.

Apesar de ser Marxista, Berdiaev não aprovava a doutrinação ideológica de crianças nas escolas; “Sugestões e condicionamentos a que são submetidos homens desde sua infância fazem deles escravos. Um sistema educacional errôneo pode extrair totalmente de um homem sua capacidade de ser livre nos seus julgamentos e apreciações.”

No nosso contexto, na questão da forma os jovens são avessos a pensar, e no prisma do conteúdo têm sido enchidos de conceitos tortos e pré-concebidos, o que, inevitavelmente resultará numa geração de zumbis, aptos apenas para mantras, um “walking Dead" intelectual, invés, de seres livres como convém.

Ninguém precisa concordar com outrem para agradar, mas, a maioria não concorda consigo mesmo; digo, as ideias que defende não são suas, foram inoculadas a força, ou, adotadas por preguiça. Em ambos os casos, apenas um títere em lugar de um ser humano.

O veraz homem livre muitas vezes é desagradável, sobretudo, se desfilar sua liberdade na vereda dos algemados.

domingo, 27 de novembro de 2016

A Fidel o que é de Fidel

“Ao vil nunca mais se chamará liberal; e do avarento nunca mais se dirá que é generoso.” Is 32;5

A dificuldade de chamar às coisas por seus devidos nomes, sobretudo, nos meandros políticos, a falsidade conveniente, comodista, enfim, a hipocrisia, são traços marcantes na marcha do homem caído, divorciado do Criador.

Esses lapsos de moral, verdade, vergonha na cara, ficaram sobremodo evidentes, agora, por ocasião da morte do ditador cubano, Fidel Castro. Com algumas exceções, como Donald Trump, por exemplo, que o definiu como “Um ditador brutal que por quase seis décadas oprimiu seu povo,” a maioria das entrevistas e notas oficiais se esforçaram para colar em Fidel, virtudes que, absolutamente, não possuía. Mesmo Aécio Neves, tratou de dourar a pílula para vergonha de quem, um dia votou nele.

Uma coisa precisa ser clara do ponto de vista cristão: Uma morte é sempre uma morte, e quando se trata de alguém que viveu tão distante dos nossos valores, restam sempre os constrangimentos respeitosos para com a dor de quem, apesar de tudo, tinha laços com o finado, e para com Deus, pois seria contraditório um servo de Deus vibrar com um gol do diabo.

Entretanto, abstraído isso, e visto aquele, pelo que foi em sua vida, morreu tarde, na verdade havia dez anos que estava morto já, não obstante, seu fantasma assombrasse ao povo da ilha ainda, malgrado, a fragilidade pela enfermidade, e os traços da decrepitude.

A Rede Globo esforçou-se para mostrar o “luto” na ilha, esquecendo de considerar que, sempre foi o “braço de ferro”, a imposição da força mediante militares fiéis, a única classe bem assalariada no país, que ele se manteve no poder; assim, como manifestariam seu sentimento assombrados com o temor da repressão brutal que sempre pesou sobre eles? Os cubanos deveras livres, os da Flórida, manifestaram em forma de um carnaval seu “luto”, pois, refugiamos em outro país, estão safos do fantasma tirano, suas garras bélicas e opressoras.

Mesmo sua irmã, Juanita Castro, que vive na América disse que não irá ao seu funeral, tamanha é a mágoa que sente, por ser vítima da opressão também, meramente por divergir politicamente, dele.

Os da linha LGBT que chamam cristãos de homofóbicos, tão somente por discordarem de suas práticas, embora, respeitando seu direito de praticá-las, deveriam estudar melhor os traços pintados por Fidel, e seus comparsas, onde, “el paredón” era a crítica usual contra gente de quem discordavam, fosse, pelas ideias, fosse, pelas práticas, como os gays.

Aquele que um dia pegou em armas pela restauração da democracia, e da liberdade de expressão em seu país, uma vez no poder, nunca mais reconheceu direito à divergência, à vontade legítima de seu povo, tampouco, deu voz a quem ousava discordar dos ideais libertadores de “la revolución”. “Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua.” Platão

Lula lamentou sua morte dizendo que, foi como perder um irmão mais velho. Justiça seja feita, ele está sendo coerente, são mesmo, farinha do mesmo saco. Bem conhecemos esses “socialistas” que tomam a um povo como se fosse seu gado particular, e sentem-se tão protetores, tão indispensáveis, tão deuses, enfim, como se, as migalhas que oferecem como marketing os fazem tão nobres, que confere-lhes o direito de figurar entre os mais ricos do mundo, e continuarem socialistas. Lula rumava pela mesma senda, mas, foi abortado em tempo, então, lamenta com razão a morte de “seu irmão”.

Claro que o fim del “Gran comandante” não basta para que as coisas mudem por lá. Está no poder seu irmão, Raul, com o mesmo aparato ao redor de si, e os mesmos “valores”, que há muito envilecem, oprimem, miserabilizam ao bravo povo cubano. Contudo, pode ser o início do fim da tirania, os alvores de novos tempos surgindo no horizonte da ilha centro-americana.

Lembrei nesse instante de um personagem que era rei, em, “O Pequeno Príncipe” e, que dizia ter direito de exigir obediência de seus súditos, pois, suas ordens eram razoáveis. Disse, por exemplo, que deveria ser desobedecido se ordenasse a alguém que saísse voando como pássaro, pois, estaria pedindo algo contrário às suas possibilidades, à sua natureza.

Pois, bem, esses tiranos de bosta ordenam que, o povo voe, e a maioria se quebra toda tentando, invés de quebrar o trono dos déspotas insanos. “Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo.” Mahatma Ghandi

Fora os óbvios lamentos de seus alinhados ideológicos, como, Nicolás Maduro, Evo Morales, Rafael Correa, e Lula, no mais, qualquer coisa que visar “melhorar” ao defunto, não passa de tosca hipocrisia. Aqueles alinhados, diga-se, não são hipócritas, são apenas, bostas da mesma latrina.