“Então subornaram uns homens, para que dissessem:
Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés, contra Deus. Excitaram o
povo, os anciãos, escribas; e, investindo contra ele, o arrebataram e levaram
ao conselho.” Atos 6;11 e 12
Estevão era o alvo dessas “providências” todas. Calúnias de gentalha
venal, mentiras travestidas de zelo religioso, para causar tumulto e levar o
servo de Deus a julgamento. Mas, o que ele fizera que incomodava tanto aos
agitadores? “Estêvão, cheio de fé, de poder, fazia prodígios, grandes sinais
entre o povo.” V 8
Desde a queda, o ego, esse bastardo assassino que tomou toda
humanidade, sempre emulou à competição, às disputas, inveja, de modo que, até
mesmo os discípulos de Cristo em dado momento queriam saber quem era o maior.
Então, alguém irrelevante, de repente começar a fazer prodígios, sinais, cheio
de poder, era demais para os que, ainda preservavam sua insignificância.
A única coisa decente nos invejosos é a autocrítica. Nunca se
levantam contra outrem que invejam assumindo a razão; antes, inventam outros
motivos mais “palatáveis”, pois, até esses enfermos morais, no fundo,
reconhecem sua doença, ainda que, jamais admitam. A Estevão, atribuíram blasfêmias,
não se levantavam contra ele por serem maus, antes, zelosos da virtude; assim,
tentavam parecer, pelo menos.
Já considerei noutro texto que deve ser mui trabalhoso ser
hipócrita, pois, é como um ator interpretando uma personagem, que, deve encenar
o tempo todo, sob pena de cair a máscara. Ser íntegro, além da saúde espiritual
e física, que enseja, dá muito menos trabalho. Tal sujeito, o hipócrita, deve
ser “honesto” quando, só, com seus botões, mas, à aproximação de alguém, é como
se ouvisse o clássico, “Luzes, câmeras, ação!”
Pensando melhor, deve ser bem mais difícil ser honesto, senão, a
maioria seria. Nessa senda, não poucas vezes, temos que enfrentar a nós mesmos,
um “adversário” terrível, segundo Salomão: “Melhor é o que tarda em irar-se do
que o poderoso, o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.”
Prov 16;32 Se, é melhor o que domina a si mesmo, que outrem que toma uma
cidade, esse tal “si mesmo”, é duro na queda.
Por isso, pois, cristianismo, contrário dos motejos imbecis de uns
e outros que nos acusam de covardes, de nos “escondermos atrás da Bíblia”, é
coisa pra valente, que não opta por enfrentamentos fáceis, antes, aceita o
primeiro desafio do Salvador: “Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo,
tome sua cruz e siga-me.” Luc 9;23
Que fácil é seguir a manada gritando, impropérios, calúnias, até!
Agora, seguir à justiça, não raro, nos faz réus, condição muito menos
administrável que a barulhenta empreitada de juiz dos alheios motivos.
Há um chiste que circula nas redes sociais que parece, ora,
oportuno, diz: “Quando quiseres falar mal de mim, me chame; sei cada coisa a
meu respeito!” Embora o alvo seja certa ironia bem humorada, não deixa de ser
verdadeiro. Todos sabemos coisas muito ruins sobre nós, e justamente para fugir
delas, preferimos apontar as de terceiros, ou, usarmos nossa máscara mágica que
“embeleza” um tiquinho.
Os “covardes” de Cristo sabem da seriedade do que está em jogo;
Paulo ensinou: “Porque, se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.”
I Cor 11;31
O Sacrifício do Salvador no Monte Santo foi para rasgar máscaras
mesmo, como Isaías dissera: “Destruirá neste monte a face da cobertura, com que
todos os povos andam cobertos, o véu com que todas as nações se cobrem.” Is
25;7
Que adianta usarmos máscaras no teatro humano, se o “Oscar”
espiritual será dado pela “Academia” Divina? Ou, que vale fazer tipo ante
humanos se estamos nus diante de Deus? “Porque a palavra de Deus é viva e
eficaz, mais penetrante do que espada alguma de dois gumes; penetra até à
divisão da alma e do espírito, juntas e medulas; é apta para discernir os pensamentos
e intenções do coração. Não há criatura alguma encoberta diante dele; antes,
todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele, com quem temos de
tratar.” Heb 4;12 e 13
Então, é mais fácil sim, para um convertido, enfrentar a si mesmo,
ser honesto, que atingir temerariamente a terceiros. Por quê? Porque depois de
Cristo, nasceu de novo. “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as
coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17 Se, mudou tudo,
também, o conceito de beleza. “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome,
adorai-o na beleza da santidade.” Salm 29;2
Essa, não enseja competição, antes, acentua, onde existe comunhão.
O “si mesmo” ficou na cruz. O regenerado herdou sem merecer, a inocência de
Cristo. “Que Ele cresça, e eu diminua”.