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sábado, 29 de julho de 2017

Fuga impossível

“Ah, se soubesse onde o poderia achar! (a Deus) Então, me chegaria ao seu tribunal.” Jó 23;3

A ordem natural é o homem pecador querer distância do Eterno. Tentar se esconder; ainda que não seja possível constrói um biombo de auto-engano e refugia-se nele. “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não veja? diz o Senhor. Porventura não encho os céus e a terra?” Jr 23;24

Uma vez que somos necessariamente nascidos da carne carecemos novo relacionamento, espiritual. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Desse modo, contrariando a tendência fugitiva Jó desejava uma audiência. Invés de ouvir Sua Voz e se esconder como fizera Adão, queria defender-se. Aliás, afirmou expressamente ter feito diferente daquele: “Se, como Adão, encobri minhas transgressões, ocultando meu delito no meu seio;” Cap 31;33 Vemos que sua confiança não era filha da pretensão de não ter pecados; antes, de os não ter escondido, mas, confessado ao Senhor.

Ainda que sejamos pecadores, um bom andar, a preservação da boa consciência, invés de medo nos enseja paz com Deus. “Amados, se nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus;” I Jo 3;21

Coração aqui é sinônimo de consciência, aquela voz interna que denuncia quando erramos e silencia diante de passos retos. Essa pureza interior, diferente da justificação meramente formal do sacerdócio antigo, que compensava pecados com sacrifícios, sem estar, necessariamente, contrito, arrependido, a purificação da consciência; digo, é a excelência superior do Sangue de Cristo. 

Lava por dentro, não apenas exteriormente. “Porque, se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre imundos os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” He 9;13 e 14

Purificados para servir. Bem na contramão dos pregadores festeiros que acariciam ímpios para que ofertem em troca de bênçãos materiais; sequer tocam no doloroso tema da santificação. Tiago denunciou a impureza da ambiguidade, que anseia relacionamento com Deus e o mundo ao mesmo tempo, disse: “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8

Existe grande diferença entre o temor do Senhor, preceituado como necessário, e medo. Aquele é profunda reverência pela Pessoa Bendita do Eterno, zelo para não feri-lo em Sua Honra e Dignidade, pelo Nome e a Excelsa Majestade do Todo Poderoso; esse, o medo, é só isso mesmo; subproduto da desobediência, incapacidade de buscar reconciliação mediante arrependimento, fuga inglória, impossível.

É o Temor, sabedor que Deus É “Tão puro de olhos que não pode contemplar o mal” como disse Habacuque, que nos exorta à devida purificação. “Qualquer que nele tem esta esperança purifica-se, como também Ele é puro.” I Jo 3;3

Sabedores que não existe fuga geográfica possível, pecadores contumazes inventam meios, igualmente impossíveis, mas, que logram certa eficácia no escopo da apreciação humana. Esses são os hipócritas, que, cientes, no fundo, que desagradam ao Santo, fazem sua encenação aos olhos humanos tentando cooptar a aprovação da opinião pública.

Os superficiais apreços humanos empalidecem ante a ciência do Eterno. “...porque o Senhor não vê como vê o homem, pois, o homem vê o que está diante dos olhos, porém, o Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Se, todos somos necessariamente nascidos da carne, só os convertidos que recebem ao Senhor Jesus são, também, nascidos do Espírito. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

Essa balela genérica que se ouve alhures, tipo, também sou filho de Deus padece falta de amparo Bíblico. Todos são criaturas; só os que “Nascem de novo” recebem adoção de filhos; os demais seguem sendo fugitivos. Até filhos podem ser fujões eventuais, quando erram e recusam buscar perdão mediante arrependimento. Judas errou e decidiu “consertar” as coisas do seu jeito, suicidou-se.

Enfim, embora nos falte a integridade de Jó busquemos a Deus. Na verdade, Ele nos busca, apenas, deixemo-nos encontrar; demos boas vindas ao Salvador. Ele diz: “Atentai para a minha repreensão; pois eis que vos derramarei abundantemente do meu espírito e vos farei saber minhas palavras.” Prov 1;23

Diz mais: “Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” VS 32 e 33

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Enriqueça seu currículo



“Direi a Deus: Não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo. Parece-te bem que me oprimas, que rejeites o trabalho das tuas mãos e resplandeças sobre o conselho dos ímpios? Tens tu porventura olhos de carne? Vês tu como vê o homem?” Jó 10; 2 a 4 

A esta altura, Jó desistira de esperar alento dos amigos; preferia dirigir-se a Deus, dado que, eles ainda estavam ao seu lado tentando argumentar. Mesmo que aqueles tivessem começado bem, ficando ao lado dele em silêncio solidário à sua dor por sete dias, após, começaram a arguir motivos, acusar ao infeliz pelo que estava passando. 

Então, o patriarca afrouxou as cordas da esperança no apoio deles, e disse: “Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso. Meus irmãos aleivosamente me trataram, como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam, que estão encobertos com a geada, neles se esconde a neve, no tempo em que se derretem com o calor, se desfazem, e  esquentando, desaparecem do seu lugar. Desviam-se as veredas dos seus caminhos; sobem ao vácuo e perecem. Os caminhantes de Tema os vêem; os passageiros de Sabá esperam por eles. Ficam envergonhados, por terem confiado; chegando ali, se confundem.” Cap 6; 14 a 20 

Em suma: Estou aflito, não deixei de temer a Deus; quando meus amigos vieram tive esperança de certa compaixão, mas, me traíram; estou com vergonha de ter confiado neles. 

Comparou-os a ribeiros sazonais, que correm por certo tempo ao derreter a neve do inverno, depois, somem. Quem dirigir-se a eles esperando água, perderá tempo por ter desviado seu curso. Assim, foram seus amigos.

Ah, as almas “sazonais” que mudam quando as circunstâncias mudam! Quantas decepções nos causam! Se, é próprio do homem comum pautar-se pelas circunstâncias, pelo que vê, não deveria ser assim com o que afirma crer em Deus, dado que, a relação baseia-se na fé; e “a fé é o firme fundamento das coisas que não se veem”. Heb 11; 1 Noutras palavras, firma-se no olhar de Deus. 

Deste inquiriu Jó: “ Vês Tu como vê o homem?” Certamente não. Ele mesmo disse ao profeta Samuel: “...porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém, o Senhor olha para o coração.” I Sam 16; 7 

Tanto pode ver o coração do homem, quanto, o futuro; não raro, no que consideramos derrota, Ele vê vitória. O que nos escapa à vista e compreensão, a Ele é patente. 

Nenhum dos  coevos de Jesus entendeu o que se deu na cruz; viram estrondosa derrota; estava dispersos, desanimados... como os dois a caminho de Emaús. “E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.” Luc 24; 21  

Ficou claro que tinham perdido a esperança. O Senhor os chamou de néscios, tardos de coração. Na parábola do Semeador Ele mesmo ilustrara aos sazonais como sementes que caem sobre pedras; nascem rápido, mas, como tem pouca terra, ao primeiro sol secam. Assim, os emotivos, circunstanciais, marinheiros da bonança. 

Ora, eu teria vergonha de, uma vez salvo, assentar-me à mesa ao lado de Jó, Paulo, Jeremias... O Salvador, sobretudo, tendo como “currículo” uma caminhada sob céu de brigadeiro, como ensinam certos “teólogos” da praça. 

O mestre sempre advertiu aos seus, sobre aflições, rejeição, perseguição. Qualquer ensino que destoar disso é fraude. 

Embora a fé não viole a inteligência, muitas vezes arrosta às circunstâncias. Se a Tomé foi dada a oportunidade de ver para crer, a bem aventurança foi lançado sobre os que não veem e acreditam. 

Essa confiança irrestrita em Deus, a despeito das adversidades, que aos de fora parece cegueira, é a beleza dos olhos da fé. Ela prescinde da bengala das coisas e repousa no Santo Caráter do Eterno. 

Se, tendemos à fragilidade dos ribeiros de estação, devemos fazer um curso de fé com o profeta Habacuque; ele disse: “Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, nos currais não haja gado; todavia, eu me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” Hc 3; 17 e 18

Claro que é lícito, salutar, buscarmos melhorias, trabalharmos e orarmos por elas; entretanto, atrelar a fé a essas coisas é sua negação; da fé, digo. 

Circunstâncias adversas são ondas que vêm e passam; quem sustenta a vida dos peixes é o oceano. Cristo dá mais que neve derretida; antes, a Fonte da Água da Vida.