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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Angústia, aferidora da alma

“Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10

A ideia vulgar de força é a compleição física “sarada”, capacidade de mover grandes pesos. Entretanto, a força buscada no provérbio supra, reside na alma. Como se reage nas angústias é o aferidor que determina se é forte ou fraca. O mais forte de todos os homens, Sansão, fraquejou nisso; se deixou seduzir pelos queixumes chorosos de Dalila; a alma fraca pôs o corpo robusto a perder.

A força física é imediata, visível, breve como corrida de cem metros rasos. A da alma requer um teste mais duradouro, como aquelas ultra-maratonas estilo “Iron Man” onde a capacidade é testada ao extremo. Se, a resistência física triunfa a obstáculos, igualmente físicos, a da alma se mostra em face às angústias.

Não são provas para Usain Bolt, o campeão jamaicano dos cem metros, antes, para homens de dores, imitadores do Salvador. Quanto já presenciei os “velocistas” imediatos fingindo-se maratonistas; os frágeis de alma fazendo poses de durões. Que fácil é o soldado levar sua vida no quartel! Diverso seria viver precariamente durante uma batalha.

Assim, os valentões de microfones, guerreiros de púlpitos que vociferam sua coragem ante a plateia; e, à menor prova, fraquejam vergonhosamente. “Sem luta não há vitória”, “maior é o que está em nós que o que está no mundo”, “essa é a vitória que vence o mundo, a nossa fé”, etc. dizem; porém, à menor incompreensão por parte de um irmão toda sua “firmeza” cai por terra. Falando parecem desafiar canhões do inimigo, mas, atuando capitulam a bodoques.

Se pensarmos num exemplo de falastrão bíblico, presto surgirá a figura de Pedro; sempre o primeiro, a opinar, dizer que seu Mestre pagaria impostos indevidos, mesmo tendo que ir “pescar” a grana para sanar sua precipitação. Resumindo, ninguém era tão rápido em falar coisas indevidas.

Por fim, a “cereja da torta”: quando o Senhor falou que todos se escandalizariam nele o deixariam só, Pedro foi o primeiro a prometer que morreria com Seu Mestre. Os outros pegaram carona, mas, a bravata inicial foi dele. Contudo, na hora do “vamos reconhecer” desconheceu por três vezes ao Senhor que jurara seguir até à morte.

A alma ignora a amplitude de sua fraqueza, pois, mensura sua “força” com a régua da presunção, nos momentos em que não está precisando dela. Depois, à medida dos fatos é que descobre que não era tão “sarada” assim. “E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.” Mat 26; 75
 
Todos fracassaram, mas, a falha de Pedro foi tão notória que pareceu, aos olhos do colegiado de discípulos que estava fora, descredenciado, expulso do time. Porém, foi buscado uma vez mais pela graça do Santo. “Ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.” Mc 16; 7 Essa menção não o faz Papa, como defende o catolicismo, antes, neutraliza a possível ideia de rejeição do falastrão; “Dizei ... a Pedro...” Ou seja: Incluam aquele infeliz também.

Na real, nenhum de nós conhece exatamente sua capacidade ante às angústias. Heróis bíblicos como Elias e Jó, no auge da angústia desejaram a morte. Deus nem sempre atende nossas orações, felizmente. 

Mediante Isaías aconselha, que em plena escuridão ao nosso redor, mantenhamos ainda a confiança Nele. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50; 10

Os fracos de alma, em tempos assim presumem o abandono, falha de Deus em socorrê-los; o quê permitiria a busca de soluções alternativas, sem Ele. Entretanto, o verso seguinte aborta “acender fogo estranho”: “Eis que todos vós, que acendeis fogo, e vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, entre as faíscas, que acendestes. Isto vos sobrevirá da minha mão, em tormentos jazereis.” V 11
 
Infelizmente, muito do que se diz visando encorajar não passa de oba-oba inconsequente, ufanismo. Pessoas são chamadas para viver melhor quando deveriam ser ensinadas a morrer melhor. Assim como a dor do suplício cessa depois que a vida sai, as futilidades carnais pesam muito menos sobre os que crucificaram a natureza e renasceram em Cristo.

A porta é estreita quando conduz à cruz. Ao homem espiritual fica ampla. “Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Ped 1; 11 Muitas angústia derivam do “medo de morrer” de quem deveria ter morrido há muito.