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sábado, 31 de agosto de 2019

Deus Tem Razão

“... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que é o vosso culto racional.”

Há duas razões entre as quais convém fazer distinção; a razão como “Deusa” apregoada pelos iluministas franceses que deveria fazer oposição à fé, patrocinadora do ateísmo; e, razão como acessório ao intelecto.

Essa última, por certo é a que Paulo preceitua. Ela não atua como oposição à fé, antes como filtro que a purifica de elementos estranhos, fantasiosos.

Ela como vulgarmente se conhece é sinônimo de bom senso; e sensatez no domínio espiritual é comer da Árvore da Vida, não da ciência, da filosofia humana, como seria a “razão” aquela.

O mesmo Paulo pontua noutra parte o que considera sensatez: “... não sejais insensatos, mas entendei qual é a Vontade do Senhor.” Ef 5;17

Se, o culto racional demanda o “sacrifício vivo” das vontades naturais, então, somos espiritualmente racionais quando não temos razão. Isto é: Quando nos entregamos confiadamente às razões Divinas.

Paulo disse que sua entrada aos coríntios fora nas armas do Espírito, não na pretensão humana de “racionalidade”. “Minha palavra, e minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e poder;” I cor 2;4

A Sabedoria Divina desfilando perante gente que não a identificava. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação... Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte...” I Cor 1;21 e 25

Trata-se de refinada ironia, pois, como dissera Isaías, “Os meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são meus caminhos mais altos que os vossos, e meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 5;8 e 9

Se, meu culto racional me sacrifica em prol de uma Vontade Superior, minha compreensão deve ser alinhada a essa vontade também, para que o labor de quem me ensina faça sentido.

Quando um pregador brada que O Senhor dará vitória aos seus ouvintes, normalmente, cada um deriva das suas razões o conceito de vitória; o desempregado que Deus lhe dará um emprego; o enfermo, que receberá saúde; o solitário que enfim, terá um cônjuge; o de filho viciado que o verá livre...

Invés do “Sacrifício Vivo” em prol da Vontade Divina, a afirmação das humanas inclinações, numa compreensão rasteira do significado de vitória em âmbito espiritual. “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4

Há uma gritante diferença entre “vencer o mundo” em submissão a Deus, e vencer “no” mundo como anseia a carne corrupta.

Paulo, um grande vencedor subiu ao cadafalso com quem sobe a um pódio; “Porque já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” II Tim 4;6 e 7

O vencedor espiritual não faz as coisas acontecerem ao seu favor; mesmo que aconteçam de modo adverso guarda o que é mais precioso, a fé; “... aprendi contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e também ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto a ter fome; tanto ter abundância, quanto padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

O que muitos insensatos consideram vencer atualmente é apenas uma antiga doença cujos sintomas ainda são atuais; o materialismo envernizado. “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, miserável, pobre, cego e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.” Apoc 3;17 e 18

Que o mundo viva seu pragmatismo doentio; que derive suas diretrizes da pós-verdade das narrativas falaciosas feitoras de sensações sem raízes sadias; a nossa vitória sempre será o triunfo da verdade em nossas vidas, quer nos favoreça, quer não. “Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.” II Cor 13;8

Um vencedor de Deus não triunfa em particular; antes, consome-se, dá sua vida se necessário para colocar em relevo o Triunfo de Cristo.

As humanas técnicas visando motivar ímpios, invés de exortar ao arrependimento encantam serpentes onde deveriam ser geradas ovelhas. É a deusa “Razão” buscando adoradores. Só quem se submete ao Senhor entenderá as razões de Deus.

domingo, 22 de março de 2015

As três luzes

“Disse Deus: Haja luz; e houve luz. Viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.” Gen 1; 3 e 4 

Que luz e trevas são coisas excludentes é pacífico. Mesmo quem ignora tal separação, facilmente identifica com o mero testemunho do olhar. A luz em apreço é a natural; dia, noite; luzeiros... Entretanto, há outra mais excelsa; a luz espiritual. Tanto quanto aquela revela em sua incidência as coisas imanentes, naturais, essa, as transcendentes, espirituais. 

Na verdade, não seria forçar a barra cogitar de uma terceira luz, humana. Embora, iluminados pelo Espírito Santo os cristãos possam ver nuances da luz Divina,  sem Ele, via difusão do conhecimento, marcha do processo civilizatório, a humanidade consegue plasmar seu “iluminismo”. 

Contudo, deriva dessa “luz” mera convivência pacífica, tolerância na diversidade. Embora tal luz tenha sido bem vinda em exclusão à famigerada “idade das trevas”, seu produto é tênue em face ao que proporciona aos seus, a vera Luz espiritual. Essa forja sábios, segundo Deus; aquela, relativamente esclarecidos, civilizados; quiçá, astutos.

Paulo chega a propor um desafio aos “sábios” da Terra para que se levantem. “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus, louca, a sabedoria deste mundo?” I Cor 1; 20 Adiante distingue a sabedoria perfeita, origem da vera luz de outra inferior;  “Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas, falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério; a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; e nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” Cap 2; 6 – 8 

Assim, embora seja boa a luz natural que permite a convivência com o diverso, empalidece, em face à  espiritual. Ausência daquela propicia barbáries como as que o Boko Haram e o Estado Islâmico têm praticado, por exemplo. Cruéis assassinatos dos que não rezam pela sua interpretação do Corão. 

Então, é possível alguém ser tolerante, cordato, educado, contudo, andar em trevas densas no prisma espiritual. Acontece que o império das paixões naturais não se liberta da “idade das trevas” senão, mediante a Cruz de Cristo. 

Como é de se esperar, tal “remédio amargo” não é ingerido de bom grado; antes, o homem natural tende a fugir, refém de um amor insano pelas práticas errôneas. “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3; 17 a 20 

“Amaram mais as trevas que a luz...” vestígio inconfundível do livre arbítrio, de uma geração que, tão acostumada com as trevas, vê na luz uma ameaça, como os escravos do célebre Mito da Caverna, de Platão. 

A luz traz seu peso sim. Parafraseando Saint-Exupérry que disse: “Você é responsável pelo que cativa”, se pode dizer que somos responsáveis por reagirmos ao que vemos. Luz espiritual é mais que possibilidade de ver; antes, desafio a andar. “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1; 7 

Enquanto a luz humana deriva de muitas fontes e até se contradiz nos gládios filosóficos, a Espiritual só é encontrável na Revelação. “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” Sal 119; 105  

Outra diferença importante é que, enquanto a luz humana propicia tolerância, convívio pacífico, a espiritual enseja comunhão. Impregna em todos os seus signatários, partículas do “DNA” de Deus. Comporta diversidade de pregoeiros, métodos, mas, restrita à mesma fonte, como ensinou o mais sábio dos homens: “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos, bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único Pastor.” Ecl 12; 11 

Em suma: Aquele que fez a separação primeira entre luz e trevas fará outra vez, ao se manifestarem os resultados de Obra Bendita de Cristo. Quem escolher a luz será reputado ovelha, estará à destra; os demais, bodes, do lado esquerdo. Se essa mensagem, mais não disser, que ela reitere o Dito inicial de Deus: “Haja luz!”