Mostrando postagens com marcador Homem interior. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Homem interior. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Prazer ou Dever?


“Botas... as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar.”
Machado de Assis

Políticos dizem que uns criam problemas para vender soluções. No caso das botas aludidas por Machado, criam a dor para que, o normal pareça prazeroso.

Convenhamos; termos os pés livres de dor é algo que não enseja prazer nenhum; exceto, se essa normalidade for em oposição a um momento doloroso. Ao alívio decorrente da mudança recebemos com prazer.

Longe de defender que, a ocasião faz o ladrão, (não faz; apenas manifesta) há um quê de veraz na afirmação de Ortega Y Gasset: “O homem é o homem e suas circunstâncias”; uma vez que essas contextualizam suas reações e permitem uma leitura mais acurada do seu caráter.

Foi num amplo e paradisíaco jardim, cercado de toda bondade, fartura e beleza, que a sede de poder semeada por Satã conseguiu a atenção humana, de tal modo a ignorar aquilo tudo e cair no laço da morte; Por outro lado, o “Segundo Adão” Jesus Cristo, em pleno deserto, cercado de calor, fome e sede, recusou a sugestão do tentador de evadir-se ao sofrimento obedecendo-o.

Assim, pleno de bens Adão buscou a morte, convencido de que faltava algo; cercado de males Cristo resistiu e guardou à Vida. Em ambos os casos as circunstâncias não foram bastantes para direcionar escolhas, quer do primeiro, quer do “Segundo Adão”.

As “botas apertadas” do sofrimento não foram suficientes para que O Senhor as descalçasse, sabendo que, de as manter nos pés dependia a Sua e, sobretudo, as nossas vidas. Não é próprio de um soldado valente a busca do prazer, onde e quando, cumpre atinar ao dever.

Infelizmente, mais facilmente capitulamos ao prazer que, aos perigos; perigos nos desafiam a enfrentarmos males externos; enquanto, prazeres e seus apelos sempre desejáveis à carne atuam dentro de nós.

Enfrentar aos desejos requer uma força que a carne caída não tem; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Portanto, as desculpas esfarrapadas que usamos eventualmente, tipo: “eu faço isso porque...” se, esse porquê advém de uma tangente que tenta negar a má inclinação, tal afirmação é inútil como enxugar gelo, ou lavar-se com lama.

Nós pecamos porque somos maus. Pior; justificamos às maldades praticadas por anseios rasteiros porque, além desses, pesa sobre nós a falta de noção; usando argumentos que evocam a egoísta e doentia justiça própria estamos andando pós Satanás que disse que a decisão sobre o bem e mal seria nossa.

Quando O Salvador ensinou que a Verdade libertaria Seus ouvintes não era uma “jogada de marketing” para exaltar Seus Ensinos; antes, a revelação da triste realidade que, somos escravos da mentira.

Paulo ilustrou os conflitos de um que vislumbra ao longe a Justiça Divina tentando pautar seus atos, porém, impotente ante à “Feitoria” do pecado; “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento; me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.” Rom 7;22 e 23

Alguns teólogos debateram se, Paulo referia-se à sina de um ímpio, ou de um salvo; se falaria de si mesmo pós conversão, ou de resíduos anteriores a ela. Afinal, fala do “homem interior” que seria fruto do Novo Nascimento.

A natureza carnal permanece após a conversão; o “Upgrade” é a chegada da vida espiritual em Cristo, que reaviva a consciência e lega o auxílio do Espírito Santo, para que possamos viver de modo agradável a Deus.

Sabem os mais esclarecidos que a morte espiritual é a separação de Deus; não, inexistência; assim, um “homem interior” impotente para atuar segundo sabe ser o correto, mesmo existindo está morto; pois, por outro lado, a cruz dos salvos também não leva a natureza carnal à inexistência; apenas, mortifica-a, negando-se a segui-la preferindo a vereda estreita da obediência.

Por isso, a primeira provisão do Salvador aos que se convertem é poder para agir segundo o dever; “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Não que o prazer em si seja um mal; antes, é mal quando alienado do Senhor, O Criador; pois, equivale a adultério espiritual; Ele que disse que tinha prazer com Seu “filho Amado” anseia tê-lo com os demais filhos também.

Calcemos, pois, as “botas apertadas” da renúncia e não sejamos como os que “... fizeram o que era mau aos meus olhos, escolheram aquilo em que, Eu não tinha prazer.” Is 66;4

sábado, 19 de outubro de 2019

Por dentro da fé


“Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” Mat 1;1
A identificação do Messias com o Patriarca maior da nação, e o rei mais proeminente; Abraão e Davi.

Todavia, separado do pecado; não, mero fruto da natureza caída que o desqualificaria como redentor; “O nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo.” Mat 1;18

O Salvador veio da linhagem da Israel, porém, de origem Divina; concebido pelo Espírito Santo.

Tanto quanto possível ser como nós Ele foi; esvaziou-se das prerrogativas Divinas e atuou nos limites humanos. Contudo, não se esvaziou da santidade; os pecados pelos quais morreu são nossos, não Seus.

Mas, multiplicou pães, ressuscitou mortos e andou sobre as águas? Eliseu também ressuscitou; também multiplicou pães e, as águas do Jordão se abriram para ele. Milagres são colocados ao nosso alcance mediante O Espírito Santo.

O maior milagre se dá em todos os convertidos, pois, mesmo estando mortos são capacitados pelo Bendito Espírito a ouvirem O Senhor; “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

Ouvir aqui significa entender e agir como O Eterno deseja para o “Novo Nascimento”. Dado esse venturosos passo a consciência, antes silenciosa voltará à ativa como testemunho que o espírito foi regenerado.

O homem que sempre esteve “bem” na morte passará a identificar conflitos internos entre o natural e o espiritual; “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento; me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.” Rom 7;22 e 23

O “negue a si mesmo” indispensável age primeiro no entendimento, para depois refletir-se nas ações; “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Is 55;7

Assim a “cruz” do convertido o fará mortificar vontades naturais em prol da Divina, como ensina Paulo; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Embora a mensagem tenha um aspecto teórico necessário, a identificação da sua origem, segundo Cristo, é prática; “Jesus lhes respondeu: A minha doutrina não é minha, mas Daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

Esse conhecimento nos fará como Paulo, perceber que a Divina vontade é boa, perfeita e agradável; nos domínios do Espírito, claro; “... segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus;”

Os que falam que a fé é cega opinam de fora, numa dimensão que lhes está fechada enquanto não creem; “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Então quem crê entende origem, propósito e galardão da fé; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Quem não crê, portanto, não conhece “explica” o que ela é, como se, um cego de nascença pudesse descrever ao arco celeste com suas sete cores.

A “vantagem” de ser incrédulo é que, enquanto a fé demanda renúncias e prática da Doutrina proposta, a ele basta atrever-se temerário nas areias movediças das opiniões.

Resulta num morto descrevendo em quê consiste a vida; isso porque “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;4

Se, Cristo se fez como nós, no que lhe era possível, e suportou a cruz em nosso lugar, tenciona mediante a eficácia da Redenção e da doutrina, regenerar-nos como no princípio; Imagem e Semelhança de Deus.

A fé não carece explicações e ainda “explica” muito a quem pode ver a ressurreição dos mortos em delitos e pecados, agora, comprometidos com a vida e a verdade.

“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte... Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;14 e 16

domingo, 4 de novembro de 2018

A Fraqueza Forte

“Para que, segundo as riquezas da Sua Glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo Seu Espírito no homem interior.” Ef 3;16

Paulo orando pelos efésios pedindo que eles recebessem poder, fortalecimento interior.

Vulgarmente a ideia de poder é a ascendência sobre o semelhante; embora, não seja a coisa mais aconselhável é o que o mundo busca; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

O escopo de um homem moral e espiritualmente sadio, em eventual investidura de autoridade sempre será de dever, não, poder. Mas, vimos na recente campanha eleitoral o quão subterrâneos certos entes podem ser em seu afã pelo poder.

Entretanto, em se tratando do homem interior, o poder empresta-se ao domínio próprio, não, ao domínio sobre terceiros. 

Embora o vulgo jacte-se de ser livre, fazer o que quiser, amiúde, é escravo dos vícios, e o melhor que consegue sem auxílio Divino é um tênue desejo por justiça, refém de uma vontade ímpia que o subjuga; “Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; o querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero.” Rom 7;18 e 19

Assim, o íntimo de muitos pecadores traz nuances nostálgicas da “Casa Paterna”, como o Filho Pródigo na amargura do auto-exílio. Um frágil desejo pela prática da justiça, por comportar-se como filho de Deus, que, sucumbe aos hábitos pecaminosos latentes na rebeldia carnal.

Sabedor disso, junto com a dádiva da salvação O Eterno anexou o “poder no homem interior”, no dito de Paulo; “A todos quantos o receberam, (a Cristo) deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

Muitos dizem: “Deus é Pai, não é Padrasto; também sou filho de Deus”. Será. A queda derivada do pecado foi da condição de filho, para a de criatura; de servo de Deus para escravo da corrupção; vejamos: “A ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas, por causa do que a sujeitou, na esperança de que a criatura será libertada da servidão da corrupção, para liberdade da glória dos filhos de Deus.” Rom 8;19 a 21

Preso à corrupção, criatura; na regeneração de filhos por Cristo, liberdade, glória.

A filiação Divina demanda algumas coisas mais que palavras; “O filho honra ao pai, o servo ao seu senhor; se, Eu Sou Pai, onde está Minha honra? Se, Eu Sou Senhor, onde está Meu temor?...” Mal 16

O surgimento do homem interior capacitado a atuar como filho de Deus é imediato à conversão.

Porém, há um processo decorrente com humana participação, a santificação gradativa pelo abandono das práticas mundanas e aprendizado dos “pensamentos de Deus.” Essa prática nos fortalece para que, cada dia, mais próximos do Santo possamos pecar menos, andar em espírito mortificando aos apelos naturais.

Sócrates alegorizou o ser humano como sendo um “invólucro de pele contendo uma besta policéfala (de várias cabeças) e no alto um homenzinho”. Cada desejo malsão da humana natureza equivalia a uma cabeça do monstro; o homenzinho minúsculo tipificava a razão; normalmente impotente diante da voracidade da besta das paixões.

Pois bem, cambiemos a razão pelo homem espiritual após a conversão, e aquele homenzinho que, segundo Paulo até podia desejar as coisas certas, embora, não as pudesse praticar, agora, na “academia do Espírito” virou um “sarado”; foi capacitado a enfrentar o monstro das paixões perversas, pois, foi graciosamente fortalecido no homem interior.

Ironicamente ele não é fortalecido “puxando ferros”, antes, negando-se, enfraquecendo aos apelos naturais para ser potencializado nos predicados espirituais; “Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então, sou forte.” II Cor 12;10

Essa “fraqueza” que faz aos “boinas verdes” espirituais. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

Assim, o fortalecimento espiritual faz ao agraciado dominador sobre os próprios desejos, capaz de viver segundo Deus. Quanto aos “poderosos” naturais, podem reger um império, enquanto são escravizados pelos vícios e vontades perversas.

O mais terrível dos feitores é o ego; não há homens livres onde ele habita. “Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo; tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

segunda-feira, 11 de junho de 2018

A Régua do Juízo

“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Por um lado somos arbitrários de modo que, as possibilidades todas estão ao nosso dispor, por outro, devemos ser consequentes, pois, podendo escolher o plantio pela liberdade, nos é necessária a colheita, pela justiça.

Como vimos acima, o juízo será individual. O que a massa diz, ou, pensa, não será atenuante a ponto de diluir nela, as escolhas que me são intransferíveis. Se, aquela, uma vez nela impregnado enseja certa abolição do indivíduo, a decisão de fazer parte da mesma ou, não, ainda será uma escolha ímpar, de alguém que, livremente optou por isso.

“A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo.” Fernando Pessoa

De certa forma, no prisma espiritual nascemos escravos sim, do pecado; entretanto, no teatro das escolhas, livres. Se, cada um dará conta de si mesmo é porque recebeu do Senhor tal “mordomia” de administrar às próprias escolhas.

Os que advogam que, sendo maus não podemos escolher o bem, que nos seria oposto, desconsideram a eficácia da Palavra de Deus, bem como, do Espírito Santo; somos apresentados a Cristo, ante o Qual, o “si mesmo” deverá ser mortificado pela imitação da postura Dele, para que, enfim, vivamos de modo agradável ao Santo. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” Rom 6;3

Surgiria então, a pergunta: Se, cada um deverá dar conta de si mesmo a Deus, como negará a si mesmo, tendo que, um dia responder por isso? O contexto em que a expressão foi usada por Paulo é o da tolerância com fracos na fé; devemos acolhê-lo a despeito das fraquezas deixando o juízo com Deus. A individualidade de um salvo, ainda é um “si mesmo”, no sentido que ele não é o outro; mas, não o é “em” si mesmo, antes, em Cristo.

Temos muita facilidade com a justiça quando, ela se aplica distante de nós. “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;” Rom 7;22 Porém, o “homem interior” a consciência no Espírito só é livre se for livre também, de si mesmo; senão, terá valores justos mesclados com ações ímpias; “Porque o que faço não aprovo; pois, o que quero não faço, mas, o que aborreço, isso faço.” Rom 7;15

Assim, a consciência que olha “de fora” aponta para a justiça, presa num indivíduo refém das próprias paixões cativas do pecado. Por exemplo: Quase todos apoiaram à greve dos caminhoneiros, que, seriam explorados pelo sistema; entretanto, circulam na Rede vários vídeos de caminhões acidentados, onde, transeuntes, invés de se ocuparem com o socorro da vítima, apressaram-se a saquear a carga. Os mesmos que vociferam alto e bom som contra os ladrões de Brasília, sentem-se melhores que aqueles, agindo dessa forma.

Como vimos, a justiça parece sempre boa, quando me favorece, mas, nem sempre, quando me corrige. O homem interior com suas justas noções de valores sucumbe ao bicho externo acostumado ao vil interesse. Esse é o “Si mesmo” que deve ser negado tomando a Cruz de Cristo, se, queremos mesmo andar pela vereda da Vida. Senão, não passaremos de animais mortos-vivos, aguardado a fatídica hora em que a ampulheta do nosso tempo se esvaziará e será tarde demais para a salvação.

Muitos rejeitam à mensagem evangélica apontando para eventuais escândalos que há entre os cristãos. E, há muitos. Entretanto, as más escolhas de terceiros não serão abono às minhas; aqueles hão de colher o que lhes couber em justiça perante Deus, como eu, do mesmo modo.

Enfim, se, para as coisas terrenas contam os aglomerados numerosos, os clamores das multidões, no Céu não haverá passeatas reivindicatórias, palavras de ordem, bandeiras, ativismos vários, multidões. Digo, haverá multidão, mas, de indivíduos julgados um a um.

É fácil desprezarmos grandes corruptos e ladrões da praça; mas, nossas pequenas corrupções do dia a dia serão julgadas pelas mesmas palavras que dirigimos a eles; pois, Deus não julga números, mas, pessoas, caracteres.

Aí, quem rouba dez reais, ou, um milhão, na escala Divina são iguais; ladrões. Por isso, aliás, Ele mesmo diz: “Quem é fiel no pouco, também o é no muito”. O fiel não é movido por volumes, mas, por valores espirituais. Pois, a ocasião não faz o ladrão; apenas desperta ao ladrão que dormia na caverna quentinha da hipocrisia das relações sociais.

Por fim, invés de dar conta de si mesmo no juízo, apenas, podemos nos antecipar pregando esse traidor na Cruz de Cristo. Feito isso, invés de mim mesmo, aparecerá em meu lugar o Justo Salvador; Sua Justiça será imputada a mim, e serei co-herdeiro com Ele.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Cristo é para os fracos

“Se, vires o jumento daquele que te odeia caído debaixo da sua carga deixarás de ajudá-lo? Certamente o ajudarás a levantar.” Êx 23;5

Os que fazem distinção superficial entre Lei e Graça normalmente têm aquela como época do rigor; essa, do favor. Em certo sentido é; dado que, ambas as situações vieram para propósitos distintos. A Lei para patentear a pecaminosidade humana; a Graça, para realçar O Amor Divino. Na linguagem de Paulo, a Lei serviu de “aio para nos conduzir a Cristo.”

O contexto do Velho Testamento era, sobretudo, do estabelecimento do povo escolhido na Terra Prometida, a peleja mortal com os inimigos era mal necessário; como, mediante o mesmo povo nos viriam as Escrituras Sagradas, a punição exemplar dos rebeldes também foi uma necessidade, para se evitar uma “jurisprudência” leniente com pecados.

Entretanto, digitais do amor Divino estão por toda a parte, mesmo naquele tempo; ensinos como “Ama teu próximo como a ti mesmo” já estavam lá. “Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas, ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor.” Lev 19;18 Naquele caso, porém, o “próximo” era “do seu povo”; agora, como mostrou a história do Bom Samaritano é quem se aproxima.

Assim, o texto inicial onde se requer que socorramos a um animal de quem nos odeia, se alinha perfeitamente aos ensinos do Novo Testamento. “Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;” Mat 5;44 “Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas, vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21 etc.

Se, nos dias idos, em suas peculiaridades, eventualmente, era necessário vencer o mal com a força, após o Calvário, estamos “do outro lado da força”; “Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte.” II Cor 12;10

Aquele que, depois do advento da Luz do Sol da Justiça, ainda é refém do ódio é como o jumento que carece ser levantado; nenhuma ajuda será mais eloquente que nosso exemplo, cuidado desinteressado.

Circula nas redes sociais, certa fanfarrice que determinadas coisas são para os fracos; os ferozes mesmo fazem de modo muito mais “hard”, rudimentar. Como tirada de bom humor é válida.

Agora, cotejando a força humana, estritamente, viver em Cristo é para os fracos; pois, os que presumem bastantes, suas riquezas, ou, forças, poderão descobrir tardiamente que tais, não valem nada. “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir seu irmão, ou, dar a Deus o resgate dele...” Sal 49;6 e 7 “Melhor é sabedoria do que a força... As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor do que domina entre os tolos. Melhor é a sabedoria do que armas de guerra, porém, um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9;16 a 18

É preciso muita força para sermos totalmente fracos. O orgulho derivado da queda trouxe pretensa autonomia aos pecadores; “vós sabereis o bem e o mal”, e “sabendo” dessa forma, tendemos a absolutizar as inclinações egoístas como nosso bem, malgrado, os danos que façam a terceiros.

Paulo pôs em relevo essa impotência de obedecer para o homem natural; “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;7

Por isso, o indispensável para salvação é o “Novo Nascimento” que, regenera ao homem interior, espiritual; o coloca no comando, para que esse atinja a “fraqueza” necessária à crucificação do Eu, a fim de que, Cristo, O Salvador, viva em si.

A bem da verdade trata-se de uma força sobrenatural, que, no apreço desse mundo acostumado a dor corda ao relógio dos instintos, não passa de covardia, castração do ser, negação da vida.

Entretanto, ninguém censura a um semeador que “Perde” uma saca de sementes para ceifar cinquenta vezes mais. “Quem tentar conservar a sua vida a perderá; quem perder a sua vida a preservará.” Luc 17;33

Em suma, éramos como o jumento caído aquele, que, alguém, ainda que inimigo, Deus, inclinou-se para levantar. Não seria essa prova de amor um bastante incentivo para que reconciliemos com Ele? Ele está disposto sempre a vencer o mal (pecado) com o bem; (perdão) Mas, deseja vencer juntamente conosco; para isso carece nos convencer.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Liberdade de Expressão

“Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel; para sinal que é contraditado (uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” Luc 2;34 e 35

A espada que traspassaria a alma de Maria referia-se à dor que sentiria vendo o escândalo do Calvário. Dele, O Inocente traído uma lança traspassou o corpo, cravos, às mãos e pés. Isso tudo, porque O Eterno resolvera levar nossa liberdade de expressão às últimas consequências. “Para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.”

Embora, muitos tenham os pensamentos como coisas tênues, inócuas, inofensivas, até, são eles os patrocinadores das ações. É sobre a prancheta dos pensares que projetamos o edifício das atitudes.

Enquanto não houver uma mudança radical aí, por melhores que soem nossas ações, não serão mais que um verniz hipócrita edulcorando más inclinações, como se, decorar o “sript” da virtude, e, interpretá-lo bastasse para verter um devasso num santo.

Nossos pensamentos naturais tendem ao pecado, dado seu vício de origem, a carne. “A inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do Espírito, vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rm 8;6 e 7

Não se trata, como vimos, de vontade, mas, impotência para obedecer; “não é sujeita... nem pode ser”. No mesmo contexto Paulo aludira à impotência servil de uma vontade até boa, mas, escrava do mal; “segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas, vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento; prende-me debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem sou!...” Cap 7;22 a 24

Sendo esse o óbice inicial, falta de poder para agirmos segundo a consciência, o homem interior, essa é a primeira dádiva que O Pai lega aos que recebem Cristo. “a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, da vontade da carne, nem, do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

Se, recebendo Cristo, agora posso agir como filho de Deus, obedecer à Sua vontade, careço conhecê-la. Para isso preciso crucificar pela fé a antiga autonomia do, “vós mesmo sabereis o bem e o mal;” sugestão de Satã, para refazer meus pensamentos segundo a Mente de Cristo, não, as carnais inclinações de sempre.

Isaías foi mui didático sobre isso: “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos; nem, vossos caminhos os meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são meus caminhos mais altos do que os vossos; e, meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Cap 55;7 a 9

Seria até engraçado se, não fosse fatal, trágico, que certos “teólogos liberais” queiram “flexibilizar” à Palavra de Deus alterando pontos que julgam polêmicos, dada, a “moralidade politicamente correta” atual.

Conversão demanda renunciar meu modo de pensar para adotar o Divino. Senão, que diferença faz? Para que serve eventual status de cristão sem Cristo? Um pecador ímpio é só um perdido alienado do Pai; um pecador ímpio, mas, religioso, imiscuído, segue sendo alienado do Eterno, porém, com a agravante de ser profano. Acrescenta mais pecado aos seus muitos de antes.

Seu engajamento, pois, não deriva de uma tentativa de se amoldar às demandas santas; antes, serve ao inimigo, tentando atrair para baixo os que, pela Palavra estavam aprendendo a buscar as coisas de cima.

Os veros servos de Deus são transformados paulatinamente por Sua Doutrina; os que atentam contra a integridade, atualidade e fidelidade da mesma, por loquazes, modernos, atraentes que pareçam, escondem lobos sob seus lustrosos velos.

Claro que nossa mudança de mente é um processo longo e doloroso. Muitas vezes as antigas manias ainda nos incitam contra os ensinos do Santo; tropeçamos na ambigüidade de pensar correto e atuar de modo ímprobo. Mas, O Santo acende uma luz em nossas consciências sempre que isso acontece, chama ao arrependimento acenando com Seu perdão. Não precisamos permanecer prostrados se aceitarmos Sua Mão que nos levanta outra vez.

Enquanto o mundo, os políticos sobretudo, abusam da “liberdade de expressão” para serem desonestos, boçais, ridículos, desrespeitosos com pares e outros poderes, façamos uso da nossa para expressarmos, mormente em nosso agir, a Luz de Cristo; fazendo manifesto o que Ele, malgrado nossos muitos pecados, implantou em nossos corações.

sábado, 30 de agosto de 2014

Aprisionando a besta

“Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;” Ef 3; 16
 
Paulo disse orar para que os efésios fossem corroborados, ou seja, fortalecidos, confirmados pelo Espírito, no homem interior.  Esse “homem interior” merece algumas considerações.
O notável filósofo, Sócrates, tentou explicar o ser humano usando a seguinte figura: “dentro de um invólucro de pele, uma besta policéfala, ( monstro de várias cabeças ) e no alto, um homenzinho.” A besta – explicou - tipifica a natureza indômita; cada cabeça um mau desejo, uma inclinação perversa. O homenzinho, geralmente impotente, a razão. Na sua concepção, o verdadeiro filósofo deveria “domar” a besta e se deixar guiar pela instância superior.
Ora, o que fez a qualidade, originalmente superior, sucumbir ao inferior foi precisamente a morte espiritual decorrente da queda. Ficou o entendimento do bem, sem força para praticá-lo. Paulo também ilustra a derrota do “homenzinho” ante a besta na luta de um bem intencionado sem o auxilio de Cristo. “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas, eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não  aprovo; o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.  De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7; 14 a 17
A reprovação interior pelos mal feitos são protestos inúteis da consciência que,  mesmo  ainda apta para identificar pecados é impotente para evitar, dada a supremacia dos desejos malsãos.
Quando o Salvador ensinou a necessidade do novo nascimento mirava aí; a restauração do homem interior, a vida espiritual. Nicodemos, por sua vez, pensou no pacote inteiro com besta e tudo. “Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 4 a 6
O homem natural, “carne” tende à decrepitude, pois, é refém do tempo; o homem interior, de posse da vida eterna é instado a renovação, crescimento, santificação. “Por isso não desfalecemos; ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” II Cor 4; 16
 
Nas coisas sócio-políticas da humanidade, geralmente, interior está numa posição subalterna em relação aos governos, que ficam na Capital; sede das decisões que afetam o país, estados; é a cabeça, ( cápita ) por isso, Capital.
Contudo, na “administração” da vida dos convertidos, o interior é capital. Digo; vitais são as decisões que derivam do espírito recriado, em Sintonia com o Espírito Santo.Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas, o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.” I Cor 2; 11 e 12
 
Esse fortalecimento do homem interior terá consequências. “Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, o comprimento, a altura,  a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” Ef 3; 17 a 19
Coloca como raiz, fundamento do amor, sobre o qual, mais amor se edifica, em busca da plenitude de Deus. Que diverso da ideia corrente de buscar coisas de Deus, invés de Seu Ser! Por isso, após a renovação da vida, precisamos “oxigenar” a mente, para entendermos o novo ser gerado em nós, e seu fim. “…apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12; 1 e 2
Vemos que agora, o “homenzinho”, razão, faz seu culto prendendo a besta, ( Sacrifício vivo ) não permitindo o extravasar nocivo de suas inclinações. O simples aprisionar o mal é já seu juízo, a eficácia da cruz. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8; 1