“Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do que caminha o dirigir seus passos.” Jr 10;23
Uma aparente contradição de Jeremias, bem como, a negação do livre arbítrio.
“Não é do homem o seu caminho...” Ora, parece dizer que não; outra, que sim, que é “seu”; temos um problema que provoca os dois neurônios. Afinal, somos arbitrários, ou, não? Digo, temos escolha ou, “maktub” está escrita nossa sina, a ela estamos fadados?
Salomão disse: “Do homem são as preparações do coração, mas, do Senhor a resposta da língua. Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas, o Senhor pesa o espírito. Confia ao Senhor tuas obras e teus pensamentos serão estabelecidos.” Prov 16;1 a 3
Visto dessa forma se amplia um pouco. Não se trata de negar o direito de escolha; mas, fazer escolhas que serão bem sucedidas. Associa-te ao Senhor, para o êxito, ou, “Confia ao Senhor tuas obras e teus pensamentos serão estabelecidos.”
Ouçamos Cristo: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” Jo 15;5
Esse “nada” não se refere à negação funcional do homem alienado de Deus; mas, à valoração do produto final das conquistas na vigência dessa alienação. Paulo evocou o pretérito de certos pecadores querendo conhecer o saldo: “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21
Assim, seus feitos eram “coisas,” não, nada. Contudo, coisas que nada valiam, pois, pereceriam na morte. É esse nada, pelo qual laboram aqueles que se atrevem a tentar desbravar a vida sem Cristo.
Desse modo, o meu caminho é meu, porque sou um indivíduo; não é o seu. Mas, se pretendo ser servo de Deus, não é tão meu assim, que me permita andar a revelia, em oposição à Sua Palavra, ou, Seu Espírito. Se eu fizer isso, o resultado final será nada; mesmo que, eu ganhe o mundo. “Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder sua alma?” Mc 8;36
Então, se desejo intimidade com Deus e persevero na observância da Sua Palavra serei guiado por Ele, de modo que, meu caminho será estabelecido rumo ao Divino Propósito. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21
Logo, nosso livre arbítrio se reduz a uma dualidade simples: Obedecer ou não, com seus desdobramentos que vão mui além de nossa possibilidade, mensurar. Aliás, desde o início, O Eterno sempre colocou a coisa como dual, e desafiou os Seus à melhor escolha. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e morte, a bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência...” Deut 30;19
Entretanto, nossa escolha não é feita de uma vez por todas. Tipo; escolhi ser servo de Deus, xô Satanás, e o bicho ficará longe; não é tão simples assim. Cada tentação é um desafio, uma escolha. Sempre poderemos optar entre obediência ou, rebelião. É o livre arbítrio que temos.
Schopenhauer negava que o tenhamos. Dizia: “Dado o motivo e o caráter a ação resulta necessária”. No princípio discordei dele; mas, pensando melhor, ele está certo. Ele não estava defendendo que a ocasião faz o ladrão como vulgarmente se diz. Antes, que era o concurso do motivo e o caráter que patrocinavam a escolha, e assim é.
Por isso a necessidade do Novo Nascimento, pois, “o que nascido da carne é carne;” e “... a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7
Assim nosso arbítrio se resume ao reconhecimento de nossa falência espiritual, coisa que a pregação da Palavra e a cooperação do Espírito Santo persuadindo ao pecador, deixam claro; visto isso, aceitarmos O Único livramento possível; Jesus Cristo. Após, já não seremos autômatos do pecado, antes, pela cooperação do Espírito Santo, teremos escolha que antes, a natureza caída não tinha.
Esse caminho bendito que conduz à Vida Eterna não é do homem; é do Espírito. Desse modo voltamos em parte ao dilema do Éden. Deus dissera: “Desfrutem tudo, menos isso”. O inimigo: “Decidam vocês mesmo, sejam como Deus.”
Enfim, podemos segundo conselho do diabo seguirmos sendo senhores dos nossos caminhos rumando ao nada; ou, voltarmos à casa paterna como o pródigo; o que só é possível pelos Caminhos do Senhor. Façamos nossa escolha!
Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
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sábado, 19 de agosto de 2017
terça-feira, 18 de novembro de 2014
Almas perdidas
“Então
disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si
mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; porque aquele que quiser salvar a
sua vida, perdê-la-á; quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. Pois
que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que
dará o homem em recompensa da sua alma?” Mat 16; 24 a 26
O Mestre colocou como
perdedor da alma, em Seu exemplo, um que “ganhou o mundo inteiro”. Todavia,
essa antítese extrema tem como fim ressaltar o valor da alma, não ensinar que
os que muito ganham necessariamente a perdem; ou, que os paupérrimos serão
salvos em recompensa às privações sofridas.
Na verdade, o cerne do que foi ensinado
aqui é que o “preço” da salvação é perder a vida natural, renunciá-la; se não,
mesmo que essa, a natural, prospere a ponto de ganhar o mundo, no fim, tudo
será inútil.
Falando no fim, aliás, não é lá, necessariamente que podemos
perder a alma. Tanto quanto a vida eterna é uma bênção que podemos desfrutar
desde já, como disse Paulo a Timóteo; “Milita a boa milícia da fé, toma posse
da vida eterna, para a qual também foste chamado...” I Tim 6; 12 Também o
infortúnio de se perder a alma pode ocorrer desde já.
Escrevendo à Igreja de Sardes
na Ásia o Senhor denunciou a perda da alma de alguém que sequer identificava
tal perda, antes, descansava na presunção de ser salvo. “...Conheço as tuas obras,
que tens nome de que vives e estás morto.” Apoc 3; 1 Daí, concluir que se
perdeu a alma em plena igreja não é forçar o texto, antes, interpretá-lo.
Quando o sofrimento daqueles que nos cercam não nos comove mais, apenas parece
engraçado, quiçá, indiferente, isso é sintoma muito robusto que perdemos nossa
alma. Se nos tornamos sectários, fanáticos achando que a virtude é nossa aliada
e o vício é “qualidade” dos que eventualmente discordam de nós, também temos um
sintoma coletivo em sua manifestação do mesmo sentimento do exemplo anterior,
indiferença, egoísmo, males que tomam almas mortas.
A coisa é bem mais profunda
que a visão simplista de alguns, tipo: Está na igreja, então, tem a alma
salva; está fora? Necessariamente é um perdido.
Mesmo as coisas certas feitas
mecanicamente, sem coração, amor, alma, não passam de obras mortas, frutos de
almas igualmente mortas. Paulo foi muito didático sobre isso: “Ainda que eu
falasse as línguas dos homens e dos anjos, não tivesse amor seria como o metal
que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, conhecesse todos os mistérios, toda a ciência;
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, não
tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para
sustento dos pobres, ainda que entregasse meu corpo para ser queimado; não
tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13; 1 a 3
Se, todos esses
predicados espirituais se tornam inócuos sem amor, parece lícito inferir que o
primeiro indício de salvação da alma é a manifestação desse sentimento. Não se entenda
com isso, porém, que advogo certas posições ocas como se bastasse a definição
natural e sentimentalóide do que seja amor.
O amor ensinado na Palavra é
disciplinado responsável, obediente. “Se me amais, guardai os meus mandamentos.”
Jo 14; 15 Assim, uma alma salva importa-se com o semelhante e com Deus.
Qualquer que supuser possível trilhar pela senda da salvação divorciado disso,
nem se aproximou de “perder sua vida” que o Salvador colocou como essencial.
Por fim, o Senhor questionou sobre o que daria o homem pelo resgate da alma.
Basta que vejamos alguém de posses sofrendo uma enfermidade grave para constatar
que não existem barreiras, distâncias, valores, que impeçam o tal, de fazer tudo
pela preservação da vida; e O Senhor falava da Eterna.
Essa metáfora de perder
a vida para ganhá-la, na verdade, quer dizer abdicar da autonomia, submeter-se
ao Senhor para herdar a vida eterna. Quem se acostumou a fazer o que quis, de
repente passar a ser dependente é um grande sacrifício; essa é a ideia. “Rogo-vos,
pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Rom
12; 1
Assim, nossa alma não é ameaçada por satanás, mundo, pessoas, estritamente; antes, pelo próprio
hábito de agir autônomos em rota de colisão com a finitude do nosso tempo.
Podemos perder nossas almas já, e só identificarmos quando for tarde demais. Lá
daríamos tudo; mas, então, tudo e nada serão sinônimos.
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