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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Jesus na cara do gol

“Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste.” Jo 11; 41 e 42
  
Estranho cenário! Jesus estava ante um sepulcro onde um amado seu fora sepultado havia quatro dias, e orou numa ação de graças como se estivesse ante uma refeição.
Já ouvi intérpretes dizerem que Ele tinha uma fé superior; sabendo que Deus atenderia Sua oração pela ressurreição agradeceu de antemão.

Mas, uma interpretação rigorosa do texto resultará em algo diverso. Em momento algum há registro que Ele tenha orado para Lázaro ressuscitar. Antes, afirmou à sua irmã: “…Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;” v 25 Noutra ocasião dissera algo semelhante: “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo;” Cap 5; 26

Na verdade, fez questão de deixar claro que a morte  era uma resposta à Sua oração. “Obrigado por teres me ouvido; sei que sempre me ouves, mas, disse isso por causa da multidão, para que creiam.” 

As duas irmãs do falecido afirmaram que se Ele estivesse presente seu irmão não teria morrido. O Senhor sabia disso; então retardou sua ida, e só fez quando sabia que era “tarde demais”.  “Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto; e folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele.” V 14 e 15 Ele não folgou por que Lázaro estava morto; mas, “por amor de vós”.

Os quatro dias após a morte foram cheios de “recursos humanos”, digo: Consoladores que visitavam às  irmãs levando as melhores palavras  que podiam. Apesar dos seus reconhecerem Jesus como poderoso em palavras e obras, o melhor que chegavam era compará-lo a João Batista, Elias, ou outro profeta. Por certo foi nesse sentido que orou ao Pai. Pediu ajuda para fazer o povo saber quem, de fato, Ele É.

Quando informado da enfermidade de um chegado, identificou a resposta do Pai. Numa linguagem esportiva, Deus O deixara “na cara do gol”, Ele estava agradecendo isso quando orou.

Marta instada a crer, disse: “Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;  e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto? Disse-lhe ela: Sim, Senhor; creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.” Vs 24 a 26  Ela olhava para a provisão Divina “no último dia”; o Senhor desafiou a crer naquele instante.

Ela disse crer, mas, vacilou à ordem de tirar a pedra do sepulcro. Finalmente, Ele “orou” pela ressurreição; na verdade, agradeceu de novo pela “assistência” e deixou claro que era para a “torcida”; quanto ao morto, ordenou apenas: “E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro sai para fora!” Como o defunto ouviu e saiu, “Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.” V 45 

Ali estava o motivo do regozijo do Salvador! Que muitos creriam nele.

Embora seja  um evento histórico, figura maravilhosamente como alegoria, ou, tipo, do que espiritualmente acontece conosco. Ele não impede nossa morte natural; antes, a preceitua: “Porque aquele que quiser salvar a sua vida  perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” Mat 16; 25

Essa identificação com Ele, em plena obediência à Vontade do Pai, é a cruz que nos cumpre  carregar.  Isso faz “perder a vida” natural; mas, nos lega o nascimento espiritual. “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 6
 
Infelizmente, após a queda todos estamos em “decomposição” com uma “pedra” separando da luz. Como essa é pesada demais para a remoção humana, Deus mesmo se encarregou: “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.” Ez 36; 26
 
Nossa participação é mínima; Ele bate na porta da vontade; se ela se abrir, o mesmo Senhor ajuda a fazer o que ordena; “E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pôs em pé,…” Ez 2; 1 e 2

domingo, 28 de setembro de 2014

Nosso umbigo universal

“…mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei; e buscam a minha vida para tirarem. …a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar. Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou.” I Rs 19, 14, 16, e 18
 
Tendemos a universalizar nosso existenciário; derivar a “verdade” das circunstâncias; generalizar as experiências.  Um homem que teve duas ou três decepções com mulheres infiéis, dirá: “A única mulher que presta é minha mãe”. Por outro lado a mulher que padeceu o mesmo; “Todos os homens são iguais, nenhum presta”. Outro que conviveu com ministros que pareciam fiéis e se revelaram hipócritas dirá que a fidelidade é fachada, só existe hipocrisia.

É próprio da natureza caída permitir que o peso da decepção esmague o pleito da razão, do bom senso. Elias estivera fugitivo e solitário por mais de três anos; sobre os profetas do Senhor só soubera notícias de morte, perseguição; assim, concluiu: “Mataram Teus profetas e fiquei só". 

O Senhor ordenou que ungisse a Eliseu em seu lugar e lembrou que havia sete mil em Israel que se mantinham fiéis; dos quais, a qualquer um lhe faria sucessor se o desejasse.

Uma das razões que justifica sobejamente a primazia de Deus em nossas vidas é Sua Onisciência; pois, deriva seus atos de um “existenciário” universal, dada, Sua Onipresença.

Outra faceta humana é usar a circunstância adversa como “prova” que as promessas de Deus falham como se coubesse a nós determinar o tempo e o modo adequados para se cumprirem.

Moisés sofreu com isso durante o Êxodo; “Porventura pouco é que nos fizeste subir de uma terra que mana leite e mel, para nos matares neste deserto, senão que também queres fazer-te príncipe sobre nós?” Num 16; 13 

Para os rebeldes, então, o fato de que Moisés “não cumprira” o que prometera era motivo para disputarem espaço no governo. Ao invés de terem olhos em Canaã a terra que “mana leite e mel” falaram assim do cativeiro egípcio falseando a verdade para justificar a rebelião. Os políticos de hoje já se faziam representar.

Acontece que a marcha para Canaã fora detida precisamente pela rebeldia e incredulidade; se ainda vagavam no deserto era por causa do Juízo de Deus, não, falha de Moisés. Mas, sempre é mais fácil transferir a culpa. 

Só que ante O Eterno, não funciona. Quando Davi mandou que Joabe tirasse a cobertura do valente Urias, para que morresse em combate, Deus Sentenciou ao rei: “…mataste com a espada dos filhos de Amom.” II Sam 12; 9
  
Do mesmo modo, quando nos recusamos à prática do que é justo, “justificados” por experiências infelizes, estamos tentando fugir à responsabilidade; traindo a nós mesmos.

Nossas experiências não limitam a aventura humana; nosso horizonte não abarca um milionésimo das possibilidades de Deus; e a generalização é incoerente. Sempre brota de lábios frustrados pois esperavam que as coisas fossem diferentes e concluem que são iguais; nesse caso, firmam sua “razão” no fato de terem sido irracionais; esperado coisas que “não existem”.

Ora, como bem disse Shakespeare, “há mais coisas entre o céu e a terra que supõe nossa vã filosofia”. Como a fé é o “firme fundamento das coisas que não se veem…” aqueles que por ela vivem devem contar com o inusitado, o fato novo, dada a criatividade de Deus. 

Claro que resultados palpáveis  são edificantes e muitas coisas se repetem; contudo, os olhos da fé podem ver até melhor quando os da carne nada veem, como os três dias de cegueira de Paulo.

O moço de Eliseu, sucessor de Elias, viu certa vez um cerco de inimigos e se apavorou. O profeta orou para que ele visse um pouco do que há “entre o céu e a terra”. “E ele disse: Não temas… E orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo em redor de Eliseu.” II Rs 6; 16 e 17
 
Assim, os que “justificam” a apostasia evocando como argumento experiências infelizes, além de patentearem sua incoerência, anexam seu atestado de ignorância bíblica; pois ela adverte que os últimos dias seriam precisamente assim. Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos” II Tim 3; 1 e 2
 
O incoerente é um “soldado prudente” que cava duas trincheiras; uma para resistir ao bom senso, outra para enterrar a esperança.