O que é uma divergência
política? Uma visão diferente sobre determinado tema, ideologia, viés
partidário. O dissenso é próprio da democracia, salutar, pois, é, justo, mediante
ele que podemos cotejar visões diferentes, buscando, senão o ideal, pelo menos,
o possível na arte de legislar, governar, no interesse comum.
Por exemplo, uns acham
vital a existência de um partido centrado nas questões ecológicas; eu, que não
sou adepto do pluripartidarismo acho desnecessário. Qualquer partido, no
governo, pode e deve cuidar dos recursos naturais, e meio ambiente; porém, pode
fazê-lo via Ministério da Agricultura, com departamento específico. Não
significa, isso, que estou certo e os opostos errados; estou dando um exemplo
de divergência política, apenas.
Com a ascendência do PT
ao cenário político, as divergências foram reduzidas a duas somente. “Nós” e “Eles”;
“Governos populares,” e a “Elite branca, direitista”. Pois bem, mesmo achando
essa redução cretina, obscurantista, por, ser derivada das paixões, não dos
fatos, ainda assim, digo, nesse contexto
há divergências políticas legítimas.
Nenhum lado tem que
estar, necessariamente certo, e o outro, errado. A esquerda adota a visão do
Estado Paternal, interventor na economia, onde, distribuir renda é uma ideia
fixa, mesmo descuidando dos meios estruturantes para gerar renda; e nas
questões morais, é permissiva ao cubo, incentivando casamento gay, aborto,
descriminação das drogas, resistência à redução da maioridade Penal, etc.
A direita advoga o Estado
enxuto, mero mediador, regulador do cenário econômico, uma espécie de “Darwinismo”
socioeconômico, onde os mais aptos sobrevivem, e os fracos são eliminados. Aqui
falo de empreendedores, não pessoas físicas, e assim, quem não for competente
para bem gerir seu negócio, quebrar, que saia de cena e dê lugar a outro. Não
conte com favorecimentos oficiais, medidas provisórias casuísticas com a
desculpa esfarrapada de preservar empregos. Faliu? Sai da frente, a fila anda. No
prisma moral, são conservadores, alinhados a uma visão cristã. A bem da verdade
não temos um partido de direita, forte, representativo dessa visão, no Brasil.
A coisa tem se
polarizado entre PT e PSDB, um, teoricamente de esquerda, outro, de centro
esquerda. Por que digo que o PT é teoricamente de esquerda? Porque discursando
aos militantes amestrados é o defensor dos fracos, dos pobres, o grande inclusor
social, inimigo da burguesia, das elites. Porém, na prática, amigão de
banqueiros, empreiteiras, e via BNDS fez a fortuna de muitos empresários amigos; ainda, copula com coronéis da velha política como Maluf, Collor, Sarney, Renan...
Notem que começo a
deixar o apreço da divergência política para pisar na lama fétida da hipocrisia.
Para não passar em branco, pois, reconheço como legítima a visão dos que são de
esquerda, embora, particularmente prefiro a economia de mercado, o Estado enxuto,
não interventor, moralmente conservador.
Dito isso, volto à
hipocrisia. Durante umas duas décadas, os canhotos repetiram sua cantilena,
acendendo um fogo mui especial que consegue produzir calor sem nenhuma luz.
Atiçar paixões invés de politizar, esclarecer pessoas. Mesmo o material
didático é eivado de torções ideológicas à esquerda, para que, o ensino forme
militantes cooptados, invés de homens livres aptos a pensarem por si.
Impressionante, mas,
debater com um desses, apelando para o raciocínio lógico, a coerência entre
discursos e atos, ou, pior, o próprio texto constitucional, resulta inútil. É
como se usássemos nossa fala, e déssemos a eles a deixa para devida réplica; a
dita surge como se ligássemos um robô incapaz de violar a própria programação.
Dirá a mesma coisa sempre; seu HD contém os programas dos seus mestres, e não
pode sair fora disso.
Gigantesca corrupção
assoma todos os dias. Denunciar isso é obra da “Elite Branca Golpista” que não
suporta o sucesso do “Bolsa Família” do “Minha Casa Minha Vida”, e fazer bens
aos pobres incomoda à elite dominante, “impeachment é golpe” e blá blá blá...
Agem como, indignar-se
ante o roubo, a corrupção, equivalesse a discordar de sua política. Corrupção
deve ser a dita, pois. Ora, estão no quarto mandato, sinal que a maioria
concorda com eles; nunca tiveram problemas para governar. Uma oposição frágil,
dócil, e fizeram o que quiseram, sem protestos sociais, greves gerais, nada.
Agora, o caminhão de
fatos novos é a corrupção desenfreada, o estelionato eleitoral da última
campanha, e indignar-se contra isso seria o esperado até mesmo, pelos que
votaram neles, pois, esses foram os traídos. Nós que votamos contra não
tínhamos ilusões, quanto ao PT.
Mas, o que quero dizer,
para finalizar, é que estou estarrecido por encontrar tantas pessoas que eu supunha
inteligentes, donas dos próprios neurônios, fazendo esse jogo sujo, rasteiro,
de atacar a um juiz probo, para defender um larápio que traiu uma nação.
“O bom senso existia; mas estava escondido, por
medo do senso comum.” (Alessandro Manzoni)