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domingo, 14 de julho de 2019

Injustiça; o peso necessário

“Melhor que uns e outros é aquele que ainda não é; que não viu as más obras que se faz debaixo do sol.” Ecl 4;3

Quem são os “uns e outros” aos quais, comparado, aquele que ainda não é leva vantagem? Vejamos: “Por isso eu louvei aos que já morreram, mais que, aos que vivem ainda.” V 2

Desse modo a sentença pode ser organizada assim: “Melhor que uns, que vivem, e outros que já morreram é aquele que ainda não nasceu e não viu as más obras que se faz debaixo do sol.”

Segundo seu raciocínio, pois, a nulidade, o não ser é melhor que a contemplação e o sofrimento do mal, da injustiça.

O mal que estava em seu escopo era a opressão de gente sem ajudadores; “... atentei para todas as opressões que se faz debaixo do sol; eis que vi as lágrimas dos que foram oprimidos que não têm consolador, e a força estava do lado dos seus opressores...” V 4;1

Salomão viu uma espécie de Venezuela e analisando tal sina pensou: Melhor jamais ter sido, que ser assim.

O Eclesiastes deve ser lido e entendido como se propõe. Mesmo sendo parte da Palavra de Deus, e inspirado seu registro, não é a Palavra de Deus, estritamente.

Nenhum especialista em teologia usa-o como fonte de doutrina. Por quê? Porque, diverso dos livros proféticos onde os escritos são atribuídos Ao Eterno, com expressões como: “Veio a mim A Palavra do Senhor... Assim diz o Senhor”, etc. O livro sapiencial deixa patente que se trata de uma busca filosófica; um sábio fazendo especulações sobre o sentido da vida. “Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. Apliquei meu coração a esquadrinhar e informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu...” Cap 1;12 e 13

Portanto, as conclusões dele são exatamente isso; não, necessariamente, Palavra de Deus.

Pois, se ao pensador pareceu vantagem não ser, a sofrer injustiças, ao Criador parece melhor treinar-nos no deserto das injustiças; depois nos fazer repousar no “Oásis” do Seu Juízo reparador. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” Mat 5;6 “Entrega teu caminho ao Senhor; confia nele; Ele o fará. Fará sobressair tua justiça como a luz, e teu juízo como o meio-dia.” Sal 37;5 e 6

O sofrimento dos justos num mundo injusto soa lógico, inevitável, necessário. “Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e sofreis isso é agradável a Deus.” I Ped 2;19 e 20Embora trate prioritariamente com o indivíduo, às vezes, O Eterno remove governantes injustos, para que os governados não passem à injustiça também, encorajados pelo assédio dos maus exemplos; “Porque o cetro da impiedade não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda suas mãos para a iniquidade.” Sal 125;3

Melhor que a nulidade do não ser, para não ver nem sofrer injustiças é a ousadia de ser íntegro, reto, santo, mesmo sofrendo-as. Vencer o mal com o bem, invés de pagar na mesma moeda. “Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 2;20 e 21

Não estamos mais nos dias da criação. Naqueles, a perfeição era possível. Agora o trabalho do Santo é de regeneração, o que torna inevitável certa amálgama de verdade com mentira, luz com trevas, justiça com injustiça; nossa purificação, também chamada de santificação é o alvo. “Tira da prata as escórias; sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4

Essas “escórias” (pecados) são visíveis pela Luz da Palavra. Sabedores disso, muitos preferem manter “distância segura” da mesma, do que se deixar tocar e persuadir, abandonando assim, maus hábitos dos quais gostam.

Outros até se aproximam, mas com uma timidez e reserva tais, que a Palavra lhes não resulta eficaz, pois, não ousam segui-la; “Porque, se alguém é ouvinte da palavra, não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, e vai-se; logo esquece de como era.” Tg ;23 e 24

Melhor que uns e outros, distantes e tímidos, é o que se aproxima com coração inteiro, ousa se expor perante O Senhor; recebe Sua Palavra que purifica, regenera. A coragem de enfrentar a si mesmo vence ao Diabo e o faz servo de Deus.

“A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.” Aristóteles

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Pau que nasce torto pode renascer

“Atentei para todas as obras que se faz debaixo do sol, tudo era vaidade e aflição de espírito. Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular.” Ecl 1; 14 e 15

Devemos ler o Eclesiastes como ele se propõe; um compêndio de reflexões filosóficas de um homem que foi feito sábio, por Deus, Salomão. Contudo, não é a “Palavra de Deus” estritamente.

Quero dizer: Quando um profeta falava em Nome do Santo dizia: “Assim diz o Senhor!” Ou, se o evento fosse narrado “à posteriori”, quiçá, por terceiros, “Veio a ele a Palavra do Senhor...” etc. Em suma, o anúncio subsequente requeria o status de Palavra de Deus.

Contudo, o livro em apreço se introduz pretendendo ser mera reflexão humana, dado que sábia; sua inserção nas Escrituras, certamente é inspirada; ainda assim, restringia-se a uma visão, “debaixo do céu”. “Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. Apliquei meu coração a esquadrinhar, a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar.” Vs 12 e 13

Vemos que o sábio começa seus escritos como frutos de reflexões pessoais, não de revelação; no fim, meio que se desculpando por sua insipiência remete os pleitos mais difíceis a um Tribunal Superior, diz: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, guarda seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, até o que está encoberto, quer seja bom, quer, mau.” Cap 12; vs 13 e 14

Assim, quando postula “inverdades” tipo: “Os mortos não sabem coisa alguma” ou, “aquilo que é torto não se pode endireitar” como acima, refere-se às coisas vistas de um mirante humano. Afinal se após nossa passagem, nada mais sabem os mortos, ou, durante ela, os “tortos” não têm conserto, no primeiro caso, o inferno não faria sentido; no segundo, a Obra de Cristo também não.

Quando se diz: “Pau que nasce torto morre torto”, é vero, se, levado ao pé da letra; digo, analisando a evolução de uma árvore mesmo. Contudo, como metáfora atinente ao caráter humano, não se firma, pois, o Salvador veio fazer precisamente isso. “Não vim chamar os justos, ( retos ) – disse – antes, os pecadores.” ( tortos )

Vaticinando a vinda do Seu precursor, João Batista, a “Voz que clama no deserto”, Isaías, adiantou parte de sua mensagem, dizendo: “Todo o vale será exaltado, todo o monte e outeiro serão abatidos; o que é torcido se endireitará, o que é áspero se aplainará.” Is 40; 4 O mesmo Salomão dissera, aliás: “Tira da prata as escórias, sairá vaso para o fundidor” Prov 25; 4

Os que adotam comportamento homossexual, por exemplo, usam em sua defesa o argumento que “nasceram assim”; portanto, teriam direito de assim permanecer. Contudo, a vida sexual começa aflorar na juventude, não na idade infante e um jovem é já apto a fazer escolhas. Todos nascemos inclinados ao pecado, o que pode diferir é a manifestação; assim é, a natureza caída que a Bíblia chama “carne”; vejamos: “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas, os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas, a do Espírito, vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8; 5 a 7

Essa “ambiguidade” de inclinações, contudo, só é possível aos que “nasceram de novo”. “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida.” Jo 6; 63 Assim, os que são vivificados Em Cristo, Pelo Seu Espírito, passam a ter possibilidade de escolha, entre agir segundo o Espírito, ou, segundo a carne. Os demais estão espiritualmente mortos, malgrado, sua existência natural; nesse caso se aplica a sentença aquela: “Os mortos não sabem coisa nenhuma.”

Embora os feitos humanos no mundo material possam ser portentosos, no prisma espiritual a humanidade sem Deus habita sepulcros. O Senhor nos mencionou como mortos que podem ouvir; “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.” Jo 5; 25

Em suma: Em Cristo a retidão é possível; sem ela, o Céu é inatingível. “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101; 6