“... vos é lícito açoitar um romano, sem ser condenado? ... Então Paulo disse: Deus te ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a lei, e, contra a lei me mandas ferir?” Atos 22;25 e 23;3
Dois momentos. Um, perante autoridades civis do Império; outro, diante dos líderes espirituais da sua nação. No primeiro, o apóstolo evocou as leis romanas e lembrou sua cidadania para preservar seus direitos; no segundo, denunciou a hipocrisia do Sumo Sacerdote que, invés de um julgamento lícito, imparcial, usou de autoritarismo ferindo a própria Lei que deveria representar ao mandar agredi-lo.
Depois refez seu comentário sabendo de quem se tratava; “...Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo.” V 5 Se, para aqueles não importava a Lei, para Paulo era o seu tribunal de apelação; seu abrigo, não, algo a ser manipulado.
As leis humanas são fruto de pactos sociais baseadas em certos princípios como, justiça, direito de defesa, proteção da dignidade humana, isonomia... Normalmente são forjadas em contextos de calmaria, para a vigência em horas de embates; exceto casuísmos políticos tão em moda, que fazem os interesses escusos patrocinarem a homizia de corruptos às sombras de casamatas suspeitas que eles chamam de leis.
Acima dos legisladores humanos há Outro, Absoluto, que tem consigo todo poder para estabelecer valores probos e ímprobos; essa história que nós mesmos decidimos acerca do bem e do mal vem de outra fonte; O Eterno sabe quando uma lei é uma “cerca” em salvaguarda da justiça, e, quando é mero pretexto, verniz para pintar o mal em cores lícitas. “Poderá um trono corrupto estar em aliança contigo um trono que faz injustiças em nome da lei?” Sal 94;20
O divórcio entre a Lei de Deus com Seus valores Eternos e os efêmeros arranjos humanos que cambiam sempre ao açodo das paixões, invés de atinarem estritamente às demandas da justiça.
Mediante Isaías esse vício foi equacionado com a maldição Divina sobre o planeta: “Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos e quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra;...” Is 24;5 e 6
Uma sociedade alienada de Deus tende a adotar o conselho da oposição; fazer do homem a “medida de todas as coisas”, o que, invés da Eterna e perfeita Lei alicerçada na Rocha, dá azo a novos arranjos conforme os pendores das fétidas águas do pântano das paixões.
Desse modo, se, nos dias de Paulo evocar as Leis era o refúgio de um justo, em nosso tempo tem muito canalha fazendo isso; pois, legitimamos uma série de aberrações, num autofágico sistema que potencializa ao superlativo os direitos de gentalha sem valor que desconhece os deveres.
A inversão não é nova, vem desde o “sereis como Deus”, porém, em dados momentos a coisa extrapolou. Isaías denunciou: “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce e do doce, amargo!” Is 5;20
Se, minha paixão insana me inclina a determinado comportamento ilícito, invés, de lutar contra os maus pendores luto contra a sociedade para que essa legitime minhas estranhas comichões sob o tacão da Lei. Assim, a Lei migrou da honrosa condição de “cidade de refúgio” dos inocentes, para patrocinadora dos desvios de caráter de gente imoral.
Além disso, a inversão, fruto de uma geração abaixo da linha de pobreza moral e espiritual tem gerado certos Frankensteins que nos assombram; gente que a dignidade do cargo requer o tratamento de “Excelência”; e a indignidade do caráter demanda que se lhes chame de canalhas!
Desse calibres certos da Corte Suprema, Senadores, Deputados, Ministros, Presidentes...
Paulo lidou com isso; o sujeito era um hipócrita; o poético, “parede branqueada;” porém, era Sumo Sacerdote. O inglório encontro da dignidade da função com a atuação indigna.
Então, carecemos como nunca, um apego irrestrito aos Divinos valores; pautarmos nossas decisões pelos Eternos Preceitos, não, pelas inclinações de uma sociedade apodrecida, volátil, deletéria.
Invés da “vergonha de ser honesto” na sutil ironia de Ruy Barbosa, que nos tome a vergonha de imitarmos essa gentalha sem vergonha que tanto nos desafia diuturnamente com sua desfaçatez.
Chega de escolhermos bandidos para chefes! Eleição deveria ser para guindar uma elite moral e funcional ao poder; nossos parcos valores, nossos votos venais tem transformado a coisa em mera formação de quadrilha. Pior, formamos para que nos roube. Basta de delegarmos a gestão do interesse das galinhas para as raposas; sem ficha limpa, fora!! Mentiu, fora!
“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta.” John Galbraith
Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
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quinta-feira, 30 de novembro de 2017
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
O Clássico do Universo
“A
mim, o mínimo de todos os santos, foi dada esta graça, anunciar ... as riquezas
incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do
mistério, que desde os séculos esteve oculto... para que agora, pela igreja, a
multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos
céus.” Ef 3; 8 a 10
Quando Paulo diz que foi escolhido para demonstrar um
mistério, esse, deixa de existir. Digo, o que está revelado não pode mais ser
mistério.
O texto expõe que o obstáculo era a compreensão limitada; o objeto; “as
riquezas... de Cristo;” o alvo; “principados e potestades nos Céus”.
Se restringirmos o labor da igreja a salvar almas,
veremos apenas um lado da questão; sua marcha vitoriosa tem objetivos celestes
também. Em suma: Mesmo os anjos dos Céus não conheciam devidamente as riquezas
de Cristo; podem fazer isso agora, contemplando a marcha da igreja e Seu
cuidado para com ela.
Não há melhor professor que o exemplo; mais facilmente
aprendemos imitando, contemplando, que refletindo.
Como houve rebelião de
anjos, a terça parte foi seduzida, certamente, muitas coisas indevidas foram
atribuídas a Deus. Por ocasião da queda temos uma amostra do pano de como age o
traidor mor; enganou o primeiro casal atribuindo ao Santo, mentira, e egoísmo.
Não é verdade que morrereis, se, pecardes; Deus não quer que sejais como Ele.
Coisas semelhantes devem ter sido espalhadas entre as miríades celestes. Um
terço sucumbiu ao desejo de aventura e seguiu ao novo líder. Dois terços permaneceram
fiéis; mas, as coisas que ouviram sobre o Eterno certamente ficaram palpitando
em seus pensamentos.
Há duas formas de obedecer; uma, por medo das consequências,
simplesmente, de eventual castigo; com esses predicados, até os maus, os sem
caráter governam; outra, por amor, por reconhecer a dignidade, a majestade de
quem detém o poder.
Assim, entre os que seguiram obedientes, poderia haver
resquícios de dúvidas sobre o amor e dignidade do Santo; estarem obedecendo por
medo, apenas. Então, o calvário foi o teatro, a cruz, o “grand finale,” a
consumação de um Enredo Eterno, cujo fito era demonstrar cabalmente, a justiça
e amor, Divinos.
Mesmo de servos humanos, Deus não deseja obediência por medo,
antes, amor. “Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por
amor de mim, achá-la-á.” Mat 10; 39
Quando adverte do inferno Seu motor ainda é amor; quer nos livrar de lá.
Tal qual a seleção de um esporte qualquer vai
representar seu país noutro, distante, e seu desempenho transmitido via
satélite conta com a torcida de todo país, nossa atuação aqui é contemplada dos
céus; quando alguém está jogando um “bolão” dando um “chocolate” seu torcedor
não deixa de tocar uma “flauta” por lá. “E disse o Senhor a Satanás: Observaste
tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e
reto, temente a Deus, que se desvia do mal.” Jó 1; 8
Sei que sirvo-me de um
exemplo pobre, dado, o que está em jogo; um Reino Eterno, milhões de vidas. Minha
ilustração visa ser didática não, engraçada.
Aliás, a célebre galeria dos
Heróis da fé de Hebreus, capítulo 11, depois de evocar seus exemplos como
estímulo a nós pinta um quadro, como se,
estivéssemos num estádio defendendo as “cores” do Céu, eles na torcida atentos
ao nosso desempenho. Leiamos: “Portanto nós também,
pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo
o embaraço, o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a
carreira que nos está proposta...” Heb 12; 1
E o que está proposto é a renúncia
de prazeres pecaminosos, em busca dos
eternos. “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo
gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e
assentou-se à destra do trono de Deus.” V 2 Para uma conquista assim, todo
sacrifício é válido.
Paulo ilustrou seu “Preparo físico”; “Todo aquele que luta
de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós,
porém, uma incorruptível. Assim corro, não como a coisa incerta; combato, não
como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, o reduzo à servidão, para que,
pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I
Cor 9; 25 a 27
O mesmo que fazia receitou ao discípulo Timóteo. “...exercita-te em piedade; porque o exercício corporal para
pouco aproveita, mas, piedade para tudo
é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4; 7
e 8
Se, nossa luta aqui tem reflexos celestes, natural que os vencedores
comemorem lá, com sua torcida.
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