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terça-feira, 7 de julho de 2020

Degredado do Reino


Ontem deparei com uma postagem que me fez pensar. Dizia: “Minha página não é uma democracia; não venhas, portanto, discordando do que posto. É uma monarquia e a rainha sou eu.”

Embora inteligente a construção da ideia, o conteúdo me soou agressivo, mal educado; de modo que o ex “súdito” aqui, decidiu abandonar o reino. Não critiquei nada que ela postou, então, a coisa não era comigo; mas, a forma como vejo a relação interpessoal me fez manter distância.

Cada um faz as escolhas que lhe aprouver. Quanto a mim, minha página á democrática sim; não sou rei de nada, nem dono da verdade. Escrevo atrevidamente o que penso, e todos podem discordar, desde que critiquem minhas deias com argumentos, sem partir para ofensas pessoais.

O contraditório de pessoas inteligentes nos ajuda a crescer, a ver melhor as coisas; não raro, aprendemos com quem discorda, usando argumentos plausíveis calcados na honestidade intelectual.

Platão dizia que apenas dois tipos de pessoas evitam a filosofia; o sábio e o imbecil. O primeiro não busca sabedoria porque não precisa; o outro porque não poderia, uma vez que sábio aos próprios olhos, acha que não carece. Por mais amplo que seja o horizonte de quem o pretende ensinar, suas concepções rasas impedirão que aprenda. “Quando você aponta uma estrela para um imbecil e olha para o seu dedo.” M. T. Tung

Portanto, os que se sentem num meio termo entre a ignorância e o saber, como eu, necessariamente buscarão saber a cada dia um pouco mais; invés de se enclausurarem nas próprias carapaças, como as tartarugas ante os predadores.

Embora as redes sociais sejam mais para entretenimento que para aprendizado, a inter-relação pessoal sempre traz algum fruto de aprendizado, por despretensiosa que seja, em princípio.

O egoísmo e a falta de noção são dois grandes males da nossa espécie. Sobre cada coisa que acontece temos uma opinião, um pitaco para dar; todavia, quando outrem opina e isso nos parece contrariar, presto surge o porco espinho que nos habita, e junto suas armas defensivas, os espinhos.

“Calce minhas sandálias antes de me criticar; só de palpites em minha vida quando pagares minhas contas; olhe no espelho antes de falar de mim;” etc. Assim a regra áurea de fazer ao próximo o que gostaria que ele nos fizesse vai pro ralo. Podemos opinar como queremos; porém, os outros apenas “curtir” ou elogiar. Lindaaa!!!

Cada um tem seu planetinha particular, no qual todos os visitantes têm direito de bater uma mão na outra em seu louvor. Honestamente não desejo um planeta assim. Gosto das pessoas que se atrevem a pensar; ousam dizer o que pensam, mesmo que, eventualmente, firam alguma suscetibilidade.

Todos dizem detestar à hipocrisia, codinome da falsidade, mas, na prática desejam ser paparicadas por ela.

“Liberte-me de minha ignorância e te terei na conta de meu maior benfeitor;” dizia Sócrates. Parece que esse negócio de não dê palpites na minha vida não era com ele.

Esse era tido como o mais a sábio de Atenas; Outro que ao receber do Senhor o dom da sabedoria é tido como o mais as sábio de todos os homens, Salomão, também não manifestava rejeição aos conselhos, antes, disse: “Quando não há conselhos os planos se dispersam, mas havendo muitos conselheiros eles se firmam.” Prov 15;22

Erroneamente adotou-se a ideia de crítica como algo necessariamente, negativo; daí alguns parecem carecer da ressalva para a dita crítica “construtiva”; Segundo os entendidos, a palavra deriva do grego Kritikos, e significa, “capacidade para fazer julgamentos”, do verbo krinei, “separar, decidir, julgar”.

Assim a crítica veraz não é nem construtiva nem destrutiva, apenas sapiente; a coisa analisada por quem entende. Palpites que se dá sem entendimento é mera opinião. Não precisamos concordar, embora, seria saudável reservar a cada um o direito de ter a sua.

Pois, quando se diz que determinado espetáculo foi um sucesso de crítica não significa que foi muito criticado, antes, que foi aplaudido por quem entende.

Geralmente temos olhos de lince para os defeitos alheios, e de toupeiras para os nossos como disse Erasmo de Roterdã, talvez por isso Saint Exupérry cunhou: “Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio.”

Mas, quando alguém critica algo que esposo, critica minhas ideias, não necessariamente, meu caráter. A menos que eu defenda coisas que só um mau caráter defenderia.

E sabedor que sou imperfeito e falho, como os demais, longe de mim o reino da arrogância ou o império do egoísmo. Discordem, critiquem à vontade. Eventualmente me ajudareis a ver melhor.

“Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos...” Rubem Alves

domingo, 7 de maio de 2017

Mestres da Ignorância

“Os cachorros só ladram a quem não conhecem.”
Heráclito

Acho engraçado quando ouço, ou, leio, pessoas que vivem ao sabor do próprio umbigo, recitando textos bíblicos e dizendo como as coisas Divinas são. A impressão que me passam é que estão a receitar um remédio que jamais tomaram, ou, como os cães de Heráclito, estão latindo a um desconhecido.

Oscar Wilde tinha uma ironia genial sobre a crítica vazia, dizia: “Nunca leio um livro que vou criticar, pois, temo ser influenciado.”

Desse calibre, muitos críticos da Palavra de Deus; jamais a leram, se o fizeram, não praticaram; entretanto, arvoram-se em juízes.

Como sei que não leram, ou, se leram não praticaram? Não estarei eu, agora, latindo ao desconhecido? Não. Bebi o remédio, conheço a eficácia e efeitos colaterais; aliás, O Salvador desafiou Seus ouvintes nesses termos: “...Minha doutrina não é minha, mas, daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se é de Deus, ou, se falo de mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

Qualquer que ousar fazer a Vontade Divina, conhecerá O Caráter Santo, Excelso, do Eterno; jamais atribuirá a Ele, imperfeição alguma, sequer, erros, lapsos, em Sua Palavra.

Não que crítica, em si, seja ruim; antes, chamamos crítica, à reles rejeição, infâmia, maledicência. Crítica é bem superior a isso. Segundo entendidos, a palavra deriva do grego Kritikos, e significa, “capacidade para fazer julgamentos”, do verbo krinei, “separar, decidir, julgar”.

Normalmente se associa à reprovação, quando se diz que algo ou alguém, foi criticado. Além disso, costuma-se fazer distinção entre crítica construtiva e destrutiva; mas, isso merece apreço crítico também. Destrutiva é a inveja.

Crítica, nada mais é que uma análise criteriosa, com conhecimento de causa, sem predicados de ser construtiva, destrutiva; apenas, sapiente.

Quando se diz que determinado filme foi um sucesso de crítica, não significa que foi muito rejeitado, antes, que foi aprovado por quem entende do assunto.

A maioria das pessoas associa mera opinião com crítica; havia um quadro no Programa Silvio Santos, onde pessoas eram vendadas, apalpavam determinados animais, e tinham que dizer quais eram; às vezes apalpavam um lagarto e diziam que era uma cobra, ou, vice-versa. Assim, a opinião também apalpa no escuro, traz suas cobras e lagartos onde deveria haver luz.

Segundo o Senhor, o obstáculo à luz espiritual não é intelectivo, antes, volitivo. N’outras palavras: Não falta inteligência, falta vontade livre, uma vez que a dos pecadores está presa ao deleite das más obras, disse: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Filósofos, como Heráclito, eram homens de inteligências aguçadas, que, invés de latir para o desconhecido, analisavam as coisas que viam; partindo delas formavam seus conceitos. Não dispunham, como nós, de Revelação, contudo, muitas coisas às quais chegaram são fantásticas, pela semelhança a conceitos Bíblicos ulteriores.

Aliás, foi falando a duas correntes deles, Estóicos e Epicureus, no Areópago, que Paulo usou a figura do que apalpa no escuro, no caso, para encontrar Deus; e cogitou que isso fosse, em parte, possível. “De um só sangue fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Alguns imbecis construíram certo biombo: “Política, futebol e religião não se discute”; mas, só recorrem a ele, quando sentem-se em vias de perder uma discussão. Jesus é muito mais que uma religião, É Uma Pessoa, É Deus!! Não se importa em ser criticado, isto é, analisado com critério, tampouco, que ponham à prova Sua Doutrina, como vimos, desde que, no final triunfe a Luz, o conhecimento da Verdade.

Mesmo entre os crentes, a correção e a exortação, só fazem sentido, se, oriundas daqueles que obedecem deveras, à Palavra; dos que bebem as mesmas doses que receitam. Paulo o disse, assim: “Estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6

Enfim, quem pretende ensinar o que não sabe, não passa de um hipócrita mascarado, querendo para si o bônus de cristão, sem o ônus da cruz. E mais grave que apalpar nas coisas espirituais pela ignorância da revelação, é estar cego para a própria falsidade, ansiando mais o aplauso humano que a aprovação Divina.

Um pouco de silêncio contrito e honesto será muito mais producente que agredir ao desconhecido.