“Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos; consumados em toda Vontade de Deus.”Col 4;12
Anexa à saudação de Epafras aos conterrâneos Paulo testifica do mesmo. Combatente em oração em favor do seu povo. “... para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda Vontade de Deus.”
Posar de guerreiro do Senhor como muitos fazem pode ter seu charme, contudo, a maioria do que vejo, ou, ouço apregoando a dita “batalha espiritual” erra grotescamente.
Arvoram-se contra privações circunstanciais, desemprego, enfermidades, frustrações afetivas, etc. atribuem ao inimigo; inchados de pretenso poder “ordenam, determinam” a remoção do óbice que julgam ser direito seu. Sequer chegaram ao campo de batalha esses supostos “artilheiros” do Senhor.
Primeira coisa que necessito pra lutar alinhado à Vontade Divina,é cambiar meu modo de pensar pelo de Deus. “Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são os meus caminhos mais altos do que os vossos; e os meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;9
A sutileza do inimigo atua, no sentido de equiparar, quando não, sobrepor, nosso pensar, nossos desejos ao Divino propósito. Nesse combate invés de um “exorcismo” imaginário onde muitos “amarram” espíritos deveríamos amarrar a nossa própria inércia; fazer o bom depósito; “Bem-aventurado o homem que... tem seu prazer na lei do Senhor; na Sua Lei medita de dia e de noite.” Salm 1; 1 e 2
A proposta inicial do traidor foi de autonomia moral, intelectual; “Vós sabereis o bem e o mal”. Qualquer pendor natural, por inocente que pareça, ou, bem intencionado, até, por derivar dos meus próprios conceitos de bem e mal, atua segundo o princípio de Satanás, não, Vontade Divina.
O “Negue a si mesmo” preceituado abarca todo o “si”, principalmente o modo de pensar. Nessa área, pois, nosso combate é necessário “exorcizando” sutilezas malignas que pinta más inclinações de bons motivos; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5
A “cabeça-de-ponte” do inimigo na batalha são nossas vontades desorientadas, doentias. Nesse caso, invés de expulsar ao demônio devemos crucificar a carne.
Quando nosso entendimento estiver “cativo à obediência de Cristo”; quando reconhecermos sobre nós a Autoridade Divina, e, só então, teremos da mesma Fonte, autoridade para correção de terceiros. “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6
Antes de achar válida, salutar a Vontade de Deus para terceiros devo achá-la, igualmente, para mim. Nossos corações foram endurecidos pelo longo consórcio com o pecado, onde, estávamos “livres” da justiça; isto é: Descompromissados com ela, por alienados do Eterno. “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça.” Rom 6;20
Nos que chamou a Si O Senhor fez o necessário “transplante” para adoção de novo modo de vida; “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós Meu Espírito, farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” Ez 36;26 e 27
Assim como a Espada do Espírito é a Palavra de Deus que derrota o inimigo, a espada deste é a difusão de “conselhos que se levantam contra o conhecimento de Deus”, a mentira.
Se, o que vence o mundo é nossa fé, como ensinou João, essa, a fé, não atua num vácuo; antes, firma-se na integridade e imutabilidade do que O Santo Revelou.
Tendemos a nos deslumbrar com sofisticações, artifícios, mediante os quais, o inimigo nos tenta; mas, a fé saudável faz parceria com a simplicidade; “Temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3
Enfim, se, vale a pena, como fazia Epafras, orar para que a Vontade de Deus seja consumada em nós, lembremos: Foi suportando a tudo e levando Sua Cruz até o fim que nosso Senhor e Salvador pôde dizer: “Está consumado”.
Orarmos, “seja feita a Tua Vontade...” é fácil; aceitá-la quando ela nos contraria e mesmo assim perseverar confiante é doloroso, às vezes; mas, é um traço indelével de maturidade espiritual.
Não preciso aceitar, concordar com todas as coisas; mas, posso descansar na Sabedoria e provisão Divina; nela, “... todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo Seu Propósito.” Rom 8;28
“Tiraram,
pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus, levantando os olhos
para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. Eu bem sei
que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em
redor, para que creiam que tu me enviaste.” Jo 11; 41 e 42
Estranho
cenário! Jesus estava ante um sepulcro onde um amado seu fora sepultado
havia quatro dias, e orou numa ação de graças como se estivesse ante
uma refeição.
Já
ouvi intérpretes dizerem que Ele tinha uma fé superior; sabendo que
Deus atenderia Sua oração pela ressurreição agradeceu de antemão.
Mas,
uma interpretação rigorosa do texto resultará em algo diverso. Em
momento algum há registro que Ele tenha orado para Lázaro ressuscitar.
Antes, afirmou à sua irmã: “…Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá;” v 25 Noutra ocasião dissera algo semelhante: “Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo;” Cap 5; 26
Na verdade, fez questão de deixar claro que a morte era uma resposta à Sua oração. “Obrigado por teres me ouvido; sei que sempre me ouves, mas, disse isso por causa da multidão, para que creiam.”
As duas irmãs do falecido afirmaram que se Ele estivesse presente seu
irmão não teria morrido. O Senhor sabia disso; então retardou sua ida, e
só fez quando sabia que era “tarde demais”. “Então Jesus
disse-lhes claramente: Lázaro está morto; e folgo, por amor de vós, de
que eu lá não estivesse, para que acrediteis; mas vamos ter com ele.” V
14 e 15 Ele não folgou por que Lázaro estava morto; mas, “por amor de vós”.
Os
quatro dias após a morte foram cheios de “recursos humanos”, digo:
Consoladores que visitavam às irmãs levando as melhores palavras que
podiam. Apesar dos seus reconhecerem Jesus como poderoso em palavras e
obras, o melhor que chegavam era compará-lo a João Batista, Elias, ou
outro profeta. Por certo foi nesse sentido que orou ao Pai. Pediu ajuda
para fazer o povo saber quem, de fato, Ele É.
Quando
informado da enfermidade de um chegado, identificou a resposta do Pai.
Numa linguagem esportiva, Deus O deixara “na cara do gol”, Ele estava
agradecendo isso quando orou.
Marta instada a crer, disse: “Eu
sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia. Disse-lhe
Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja
morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá.
Crês tu isto? Disse-lhe ela: Sim, Senhor; creio que tu és o Cristo, o
Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.” Vs 24 a 26 Ela olhava para a provisão Divina “no último dia”; o Senhor desafiou a crer naquele instante.
Ela
disse crer, mas, vacilou à ordem de tirar a pedra do sepulcro.
Finalmente, Ele “orou” pela ressurreição; na verdade, agradeceu de novo
pela “assistência” e deixou claro que era para a “torcida”; quanto ao
morto, ordenou apenas: “E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro sai para fora!” Como o defunto ouviu e saiu, “Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.” V 45
Ali estava o motivo do regozijo do Salvador! Que muitos creriam nele.
Embora
seja um evento histórico, figura maravilhosamente como alegoria, ou,
tipo, do que espiritualmente acontece conosco. Ele não impede nossa
morte natural; antes, a preceitua: “Porque aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” Mat 16; 25
Essa identificação com Ele, em plena obediência à Vontade do Pai, é a
cruz que nos cumpre carregar. Isso faz “perder a vida” natural; mas,
nos lega o nascimento espiritual. “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 6
Infelizmente,
após a queda todos estamos em “decomposição” com uma “pedra” separando
da luz. Como essa é pesada demais para a remoção humana, Deus mesmo se
encarregou: “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós
um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos
darei um coração de carne.” Ez 36; 26
Nossa participação é mínima; Ele bate na porta da vontade; se ela se abrir, o mesmo Senhor ajuda a fazer o que ordena; “E
disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou
em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pôs em pé,…” Ez 2; 1 e
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