“Então, também eu a ti confessarei que a tua mão direita
te poderá salvar.” Jó
40;14
O advérbio, “então” refere-se a determinado caso, ou,
momento. As palavras acima são de Deus, que, após propor a Jó algumas tarefas
Divinas, disse que, se ele as executasse, O Próprio Criador reconheceria que o
desafiado poderia salvar a si mesmo.
E, olha que Jó era um homem justo, tanto que, o Mesmo
Senhor dissera que era reto, temente, e se desviava do mal.
Acontece que o mais alto padrão de justiça humana ainda
fica mui aquém do parâmetro Divino. Isaías chutou o pau da barraca: “Todos nós
somos como o imundo, nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós
murchamos como a folha, as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is
64;6
Mesmo que sejamos justos em nossas relações interpessoais,
e devemos ser, ainda estaremos distantes das aspirações do Santíssimo. O
salmista expressou nossa impossibilidade redentora: “Aqueles que confiam na sua
fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles, de modo algum
pode remir seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois, a redenção da sua
alma é caríssima...” Sal 49;6 a 8
Esse valor, entretanto, não se mensura em bens, riquezas
materiais, mesmo, justiça horizontal; pois, nesse caso, um justo como Jó
serviria para desfazer o mal feito por Adão.
A demanda celeste era “um pouco” mais alta. Buscou para o
Sumo Sacerdócio um, “Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas,
segundo a virtude da vida incorruptível. Porque nos convinha tal sumo
sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais
sublime do que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, de
oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois,
pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;16,
26 e 27
Gostemos da assertiva ou não, os melhores de nós, humanos,
não passam de layouts, esboços grosseiros da arte final almejada por Deus. “Os
melhores homens que conheci, - disse Spurgeon - estavam sempre descontentes
consigo mesmo, em busca de algo que os tornasse ainda melhores.” Eis uma virtude que Deus preza: Humildade,
reconhecimento de nossas imperfeições, falhas, e, anseio por aperfeiçoamento.
Afinal, nosso parâmetro proposto não é Jó, malgrado sua
justiça, mas, Cristo, Sua Justiça e Santidade. “Querendo o aperfeiçoamento dos
santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que
todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, a homem
perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4;12 e 13
Um dos traços mais marcantes da Estatura Espiritual de
Cristo era sua capacidade de manter-se Íntegro, Santo, em meio às adversidades.
Nós, por nossa natureza frágil e comodista tendemos a querer facilidades, mesmo
em ambientes adversos.
Os vencedores da Terra ganham coroas, faixas, troféus,
medalhas... os do Céu, chagas, perseguições, calúnias, ódio... Nossa vitória,
enquanto na Terra, não consiste numa chegada, antes, numa travessia
perseverante.
Quantas vezes contemplamos alguém sofrendo por causa da
justiça e “ajudamos”: “Confie, vai dar tudo certo”. Ora, quem sofre injustiças,
perseguições, danos, e não abdica de seu temor a Deus, da prática das melhores
obras, não carece que “dê tudo certo”, para tal, já deu. Cristo vence nele!
Uma canção, cujo autor, ignoro, traz: “Um campeão se
mostra na derrota”. Não sei qual a luz espiritual tem quem escreveu, mas, se
refere-se aos campeões de Deus, com certeza, disse muito bem. Aquilo que soa
derrota aos olhos naturais é o triunfo dos de visão espiritual. Foi no auge da “derrota”
que o Campeão do Campeões disse: “Está consumado”. Eu venci, acabou.
Paulo, na iminência de sua execução, invés de portar-se
como perdedor, sua despedida foi de um grande campeão: “Porque já estou sendo
oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo. Combati
o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça
me está guardada, a qual, o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não
somente a mim, mas, a todos os que amarem sua vinda.” II Tim 4;6 a 8
Em momento algum rogou pela sua vida, antes, descansou seguro na Justiça de Deus, mesmo em face à morte. Vencedores assim são os mais
eloquentes. Nenhum deles carece sair apregoando que venceu, pois, a própria
vitória se encarrega de esculpir isso em alto relevo na rocha do testemunho.
Em suma, a justiça própria é incapaz, como Deus dissera a
Jó, mas, a de Cristo imputada ao Seus, satisfaz ao pleito dos Céus. Nossa
justiça é necessária, como servos de Deus; porém, redentora é apenas a Dele, a
do “Senhor, Justiça Nossa.”