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domingo, 8 de março de 2020

Audiência com Deus


“Ah, se eu soubesse onde O poderia achar! Então me chegaria ao Seu tribunal. Exporia ante Ele minha causa; a minha boca encheria de argumentos.” Jó 23;3 e 4

Embora, no sentido vertical “não há um justo sequer”, nenhum inocente perante Deus, digo; Jó era justo, tanto quanto se pode ser, vivendo num corpo de carne após a queda, refém da imperfeição pelo pecado. A “justiça” de um assim se dá quando reconhece os erros que comete e, no caso dele, que viveu antes de Cristo, Advogado dos pecadores arrependidos, sacrificava em sinal de arrependimento e pedido de perdão, por si, e até mesmo pelos seus filhos.

Por isso O Eterno o adjetivou como “Sincero e reto, temente a Deus que se desviava do mal.” O efeito colateral dessa justiça, ainda que imperfeita, era um relacionamento de confiança com Deus. Se, após o primeiro pecado os gritos da consciência assustaram, e Adão apressou-se a se esconder, em Jó tivemos um “justo” padecendo injustamente, desejando defender-se perante Deus.

Necessário evocar uma sentença de Salomão: “Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” Prov 28;1

Judas após trair e ver que O Salvador nada fizera para evadir-se à morte, acusado pelo mesmo “Promotor de Justiça” que Adão, a consciência, fugiu e foi se enforcar. Ninguém o perseguia, exceto a culpa de sangue. De novo, Salomão: “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Prov 28;17

Acontece que essa fuga só é “possível” ao ímpio, cujas escolhas de vida o fazem servo do inimigo que “... cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;4

Ora, sendo O Criador, Onipotente, Onisciente e Onipresente, como e onde se esconder? “Porventura Sou Eu Deus de perto, diz o Senhor, não também de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não veja? diz o Senhor. Porventura não encho Eu os céus e a terra...” Jr 23;23 e 24

Por isso, depois de ter tentado ocultar alguns pecados bem feios, Davi denunciado pelo profeta Natã, finalmente, arrependido teve nova percepção sobra a Ciência Divina; “Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua Face? Se subir ao céu, lá Tu estás; se fizer no inferno minha cama, eis que Tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali Tua mão me guiará e Tua destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.” Sal 139;7 a 11 Se deitasse com a mulher do próximo, como fez, Deus estaria vendo também.

Então, a postura de alguém que deseja uma audiência com O Santo, invés de se esconder, embora testifique em parte de um bom relacionamento, acaba chovendo no molhado, pois, “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;13

É que, mesmo sabendo que Deus contempla a tudo e está em todos os lugares, às vezes desejamos uma intervenção pontual sobre algo que nos aflige; numa linguagem antropocêntrica, (centrada no homem) nos leva a evocar a “vinda”, ou a “presença” de quem já está, como fez Isaías, por exemplo: “OH! se fendesses os céus e descesses; os montes se escoassem de diante da Tua Face, como o fogo abrasador de fundição, fogo que faz ferver as águas, para fazeres notório Teu Nome aos teus adversários; assim as nações tremessem da Tua Presença!” Cap 64;1 e 2

Não poucas vezes ouvimos acusações dos que se escandalizam com pessoas de passados bem ruins frequentando igrejas. Fez isso e aquilo, e agora anda pra cima e pra baixo com Bíblia na mão querendo ser santo, dizem. 

Pois bem, fez mesmo coisas más; todos nós fazemos. A diferença é que uns fingem não ver as próprias maldades, ou, cegados pelo inimigo descansam em pretensa “justiça própria” como se, não carecessem da de Cristo.

Os errados que, de alguma forma buscam uma “audiência com Deus” nisso estão certos. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Os que vendo de fora os julgam por isso usam mal sua capacidade de julgar. Têm uma série de maus passos em si mesmos esperando por um bom julgamento, que nunca acontece; quando acontecer, talvez se aproximem também do Santo em busca de perdão. Pois, “... cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

sábado, 25 de novembro de 2017

A Eterna Audiência

“Ah, se soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal. Exporia ante Ele minha causa; minha boca encheria de argumentos.” Jó 23;3 e 4

O angustiado Jó no meio da dura prova desejando uma audiência com O Eterno para “encher a boca de argumentos”. Quantas vezes, ante um mero mortal como nós, ensaiamos o discurso, e, chegado o momento fraquejamos, tememos e não falamos o que pensávamos?

Não sei se o afã das expectativas precipitadas “realiza” nossas íntimas intenções além de nosso poder, ou, se, a presença de outrem soa ameaçadora, bem mais que a hipótese da presença; o fato é que, como dizia Joelmir Beting, “na prática a teoria é outra”.

Noutras palavras, nem sempre o que planejamos dizer ou fazer, levamos a efeito conforme o projeto, quando a ocasião se apresenta.

Há certa fanfarronice em nossas almas que encoraja-nos a saltos que a realidade costuma mostrar maiores que nossas pernas.

Não ignoramos a retidão do patriarca Jó, atestada inclusive pelo Senhor; tampouco, que sua dor era demasiado grande; em momentos assim, qualquer ninharia que soe a lenitivo serve, inda que seja um devaneio sem nexo.

Pois bem, algum tempo e muitas queixas após, o Criador concedeu a desejada audiência. “Depois disto o Senhor respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge teus lombos, como homem; perguntar-te-ei, e tu me ensinarás.” Cap 38;1 a 3

Refinada ironia na fala do Senhor; “Eu perguntarei e tu me ensinarás”. Essa “troca de lugares” entre Criador e criatura é humilhante demais; porém, se O Senhor fizesse outra vez ante os “sábios” da atual geração onde nada é como é, o sexo biológico, a criação, nem os valores, enfim, talvez um dos nossos “ensinasse” ao Eterno.

As perguntas atinentes às obras da Criação não demandavam uma resposta; antes, era um exercício retórico para situar devidamente a distância abissal entre nós, meros mortais, e O Todo Poderoso.

Essa lonjura é tal, que, nossas justiças ou injustiças não o beneficiam nem prejudicam, estritamente; como dissera um dos amigos de Jó; ainda que Ele se importe com nossas escolhas pelos valores que ama. “Se pecares, que efetuarás contra Ele? Se, tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás? Se, fores justo, que lhe darás, ou que receberá Ele da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro tal qual tu; a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” Cap 35;6 a 8

Na verdade Jó tivera sua audiência sim. Enchera sua boca de argumentos, pois, tudo que dissera aos seus amigos fora ouvido pelo Eterno. Se, no aspecto horizontal, o relacionamento interpessoal era mesmo justo, ante O Senhor era só mais um pecador; pois, até quando argumentava, por falar ousado do que não entendia, falhava.

Então, iluminado em parte refez sua defesa, na verdade, desfez; “Eis que sou vil; que te responderia eu? Minha mão ponho à boca. Uma vez tenho falado e não replicarei; ou, ainda duas vezes, porém, não prosseguirei.” Cap 40;4

O Senhor prosseguiu ainda; por fim, Jó só pode reconhecer o “upgrade” de seu conhecimento espiritual e sua pequenez; “Bem sei eu que tudo podes, que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, eu falarei; eu te perguntarei e tu me ensinarás.” Cap 42;2 a 4

Enfim, repostas as posições; eu perguntarei, Tu me ensinarás. Como diria o corrupto aquele, “Tudo está no seu lugar, graças a Deus.”

O mesmo se aplica a nós. Quanto mais perto estivermos de Deus, mais O tememos, confiamos, mesmo que as coisas saiam diversas do desejado. Essa aproximação deveria assustar, dada a Sua Excelsa Majestade; porém, como nos recebe por filhos, nos ama, temendo-O, isto é; honrando-O, reverenciando-O, nada mais a temer.

Nosso dia a dia, quer queiramos, quer não, é uma contínua audiência ante Ele. O que dizemos e fazemos são nossos argumentos em defesa das vidas; tudo arquivado. “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram freqüentemente um ao outro; o Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante dele, para os que temeram-no, para os que se lembraram do seu nome.” Mal 3;16

Jó melhorou sua postura junto com o aumento do conhecimento, de ouvir falar para “ver” Deus. Nós carecemos crer no que ouvimos; Sua Palavra; nos deixarmos por ela moldar, para, enfim, vermos O Santo. 

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”. Mat 5;8 “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual, ninguém verá o Senhor;” Heb 12;14