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domingo, 12 de novembro de 2017

Racismo e o Paradoxo de Epimênides

“Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos. Este testemunho é verdadeiro...” Tt 1;12 e 13

Historiadores dizem que o “profeta” cretense em apreço era Epimênides, que, ao ter dito aquela frase evocada por Paulo teria dado azo ao dito “Paradoxo de Epimênides”. Pois, sendo também cretense, e, “os cretenses são sempre mentirosos;” como disse, se, ele estava falando a verdade, mentia; mas, se mentia, falava a verdade. (???) Deu um nó? Soou paradoxal? Pois é.

Sócrates em seus ensinos acusou aos sofistas de “caçadores de palavras” para perversos fins. Embora não se trate aqui, de mero sofisma, há algo mais a ser considerado. Assim como um juiz sábio ao encontrar eventuais omissões nos códigos legais formula seu parecer atentando ao “espírito da lei”, um leitor avisado ao deparar com uma “contradição” assim rebusca-se de acessórios como lógica, perfil do autor, intenção, para dissipar a fumaça.

Nem sempre uma contradição verbal o é também em essência.

Epimênides era tido por alguém honesto e pio; sua atuação ao livrar mediante sacrifícios e preces a cidade de Atenas que sofria intenso surto de peste rogando ao único Deus que estava ofendido com uma traição oficial dos governantes que prometeram indulto e mataram sediciosos, reconhecera que ignorava o nome de qual Deus, amante da justiça, se deveria honrar pelo livramento. Sua ignorância honesta ensejou que houvesse o altar citado por Paulo; “Ao Deus Desconhecido”.

De alguém assim, com esse histórico de temor, reverência e honestidade se pode esperar tudo, exceto, que seja um reles mentiroso. Se, sua atuação profética abençoara à Cidade-Estado de Atenas, era mais que cretense da gema, digo, sua visão e atuação eram diversas da dos ilhéus comuns.

Então, quando disse que os cretenses eram sempre mentirosos, não pretendia legar uma informação com precisão de ciência exata; mas, denunciar como quem vê de fora, a inclinação de um povo em seu aspecto majoritário.

Nós mesmos usamos expressões verbais que não dizem exatamente o que queremos. Por exemplo, quando o mau caráter de alguém nos dana, exaspera, em momentos de ira o chamamos de “Filho da mãe”. Qualquer um sabe que a intenção sequer se aproxima de ofender à mãe do sujeito; nossa bronca é com ele mesmo. Assim, verbalmente expressamos algo que, intencionalmente é diverso.

Há algum tempo, quando a ditadura do politicamente correto ainda hibernava não havia a rigorosa patrulha atual dos caçadores de palavras que veem racismo em tudo. Benedita da Silva chegou a protestar contra a expressão, sempre tida como normal: “Lista negra”. Agora não pode; é racismo. Imagina se eu disser que quero firmar algo, preto no branco. É racismo contra qual raça?

Trabalhei em determinada fábrica onde meu superior me chamava de alemão, embora, meu sangue descenda de italianos, e daí? Mas, chamar alguém de negão caso ele seja isso mesmo, aí não pode.

Claro que o racismo contra todas as raças é abjeto e deve ser coibido, punido. Mas, precisamos poder respirar sem sermos acusados de separar oxigênio de gás carbônico, senão, a vida deixará de valer à pena.

Racista é quem diminui, restringe, recusa companhia, segrega, tolhe direitos, ofende... meras brincadeiras verbais todos cometem; ou, cometiam quando era permitido.

Quantos negros já ouvi dizendo de outros, em tom de brincadeira; “coisa de preto”. Nenhuma ofensa, nenhuma inimizade.

Aliás, ouvi de um branquelo, um gringo como eu que, num grupo de trabalho de cinco homens, tínhamos dois colegas negros; ele disse: “Racismo não deveria existir; era só matar os negros e isso acabaria.” Pros padrões atuais seria preso inafiançável etc. Todos riram, e os “ofendidos” disseram algo parecido sobre os brancos e ninguém se melindrou, ou, ofendeu; a vida seguiu.

Então, combata-se o racismo onde se manifestar e contra qualquer raça; mas, menos melindres gratuitos, menos caça às palavras; apenas, vigilância com as atitudes.

Perdemos o foco faz muito, desde que a política deixou de ser um instrumento para gerir demandas sociais e tornou-se uma fonte de gerar querelas banais.

Temos grave insolvência na saúde, desemprego recorde, malha viária em deplorável condição, professores, policiais sub-remunerados, mas, estamos “trabalhando” para perverter crianças, doutrinar adolescentes, e pasmem! alterar nossa bandeira, pois, precisamos de “amor”.

Os nossos paradoxos. Uma leva de políticos irresponsáveis que galgam o cume do poder prometendo cuidar dos interesses públicos; uma vez lá, cuidam de seus comodismos, carreiras.

Quem despende tempo e esforço em busca do banal, se verá frágil, impotente diante das demandas vitais.

Somos um país a deriva, com o leme em mãos frouxas, indignas. Enquanto sonolentos discutimos o sexo dos anjos,
eles saciam-se folgazes nos orgasmos múltiplos da corrupção. Demos um troante cartão vermelho a esses cretenses! Digo; mentirosos, cretinos!

domingo, 31 de agosto de 2014

O tempo que resta



“Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.” Jr 8; 20 

Aqui temos uma fusão poética que toma emprestado a figura da colheita sazonal para ilustrar o tempo propício à salvação. A ideia é que a porta fechou,  os autores ficaram de fora. Se, é fato que Deus é Eterno e chama aos que lhe ouvem à vida eterna, também  é que estamos fora disso ainda, na dimensão onde o tempo dá as cartas. As coisas criadas, todas, têm que lidar com tal limite. “Tudo tem o seu tempo determinado; há tempo para todo o propósito debaixo do céu.” Ecl 3; 1 Assim, os dias que durarem nossas vidas, ou, até cerrar a porta da graça Divina, neles compreende o tempo para adquirirmos ingresso à eternidade com Deus. Passado isso, findou a sega. 

Contrapondo o Santo aos ídolos humanos em Atenas, Paulo demonstrou que temos um limite de tempo e espaço para encontrar a Deus, não, para forjarmos deuses segundo nossa arte. “E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17; 26 e 27 

Essa ideia de Deus perto e invisível, ninguém experimentou mais intensamente que o próprio Paulo. Seu zelo sem entendimento quando perseguidor da igreja derivava da cegueira; mas, em dado momento o Salvador se revelou; agora, estava ele revelando-O a outros. 

Enquanto a porta está aberta Deus nos permite andar no tempo, mesmo presos em corpos de carne. Viajamos ao passado em arrependimento e perdão, seja de nossas falhas, seja de nossos semelhantes; ao futuro, tocamos pela fé e esperança propostas, quando, nos inserirmos nas condições de Deus. Mas, chegará o tempo ( presto vem ) que as asas de voar no tempo serão aparadas, retendo os desobedientes num eterno presente; onde, perdão não faz sentido, esperança não faz morada, um inferno. Enxergarmos a verdade pelo retrovisor do tempo será apenas um chicote lembrando nossa omissão ou indiferença, caso, venhamos a agir assim, no tempo oportuno. 

Nos dias do Profeta Ezequiel temos algo interessante que ele mesmo relata. O Eterno o advertiu que ele estava “causando” com a galera; seu ministério estava “bombando”. “Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos,  ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor. E eles vêm a ti, como o povo costumava vir, e se assentam diante de ti, como meu povo, e ouvem as tuas palavras,...” Ez 33; 30 e 31 “  E eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras...” V 32 

Digamos que o Face do Zéqui estava cheio de “curtidas;”  quem não quereria um  página assim?  Porém, os complementos que omiti desfazem o valor do “sucesso”. “...ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois lisonjeiam com a sua boca, mas o seu coração segue a sua avareza. ... ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.” Por fim, o inevitável juízo anunciado viria, e eles veriam à verdade pelo retrovisor. “Mas, quando vier isto (eis que está para vir), então saberão que houve no meio deles um profeta.” V 33  

O agito das multidões excitadas, o carisma do pregador ou cantor gospel da vez basta para quem tem comichão religiosa, invés de sede de Deus. Davi cantou: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” Sal 42; 2 Zacarias também ilustra a carência de Deus, como se fosse de água; “Ainda quanto a ti, por causa do sangue da tua aliança, libertei os teus presos da cova em que não havia água.” Zac 9; 11 
 Por fim, o mesmo Salvador desafiou: “E no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.” Jo 7; 37  

O risco de mal usarmos nosso tempo pode ser sintetizado numa paráfrase de Jeremias; Acabou o tempo da salvação; secou a água e não saciamos a sede. Por isso a Bíblia insta conosco com se tivéssemos apenas o hoje disponível, para fazer a boa escolha. “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação.” Heb 3; 15