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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O Mandado de Amar

“Será que, se diligentemente obedecerdes aos meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao Senhor...” Deut 11;13

Uma atitude vulgarmente mal compreendida é amar; aliás, sequer veem isso como uma atitude, antes, como mero sentimento. Todavia, se, amar é um sentimento que vem e se apossa de nós, como devaneiam, como poderia ser um mandamento?

Deus nos mandaria fazer algo que independe de nossa vontade, que nos toma fortuitamente, por iniciativa externa como a mítica flecha de Cupido? Não seria mais lógico ordenar ao dito arqueiro?

Há três palavras gregas para amar; cada uma atinente a um tipo de amor. “Phileo” seria o amor entre amigos; amizade verdadeira. “Eros” entre homem e mulher, amor com componente sexual, íntimo; por fim, “Ágape” o amor esperado por Deus, tanto do homem para consigo, quanto de um homem para com o outro. Esse amor que Paulo descreveu sem o qual, nenhum dom espiritual tem proveito.

Vejamos umas nuances: “O amor é sofredor, benigno; o amor não é invejoso; não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre tudo crê, tudo espera, tudo suporta...” I Cor 13;4 a 8

Pois bem, se o amor é sofredor, o objeto do meu amor não deixará de sê-lo caso eu sofra por isso. Como dissera Jó: “Ainda que me mate nele esperarei.” Confiar em Deus em meio a circunstâncias dolorosas nada tem a ver com sentimentos, mas com integridade que atribui igual valor ao amado; “Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Se, o amor é benigno, mesmo ignorando as razões pelas quais o amado lhe permite sofrer, acredita que, no fundo ele tem uma boa razão; Deus “não aflige nem entristece de bom grado aos filhos dos homens” Lam 3;33

Se, o amor não é invejoso, as dádivas do Pai que recaem sobre outros não me incomodam; assim como me ama, o amado tem outros alvos do Seu amor; o bem que incide sobre eles não me entristece, nem eventual mal, me alegra.

Se a inveja, como a aludida flecha aquela se apoderar de mim sem que eu sequer perceba sua chegada, e quando me der conta for uma habitante já? Que tem uma consciência exercitada no Espírito discerne presto essa invasora; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto, o mal.” Heb 5;14

Muitas vezes a inveja é filha da ignorância, de se ver os privilégios aparentes sem ver os pesos, o custo; ou as consequências, como dissera Agur, ao ter inveja dos ímpios, antes de considerar o fim deles. Ver sal 73 

Quando O Senhor ordenou que orássemos pelos inimigos de certo modo mandou orar por nós mesmos. A oração remove aos poucos esse câncer que debilita seu hospedeiro, não seu alvo.

“O amor não trata com leviandade...” há coisas que nos são uma ninharia; mas, para outrem são importantes; quem ama, usa de empatia, invés de leviandade, afinal, “O coração conhece sua própria amargura; o estranho não participará no íntimo da sua alegria.” Prov 14;10

“... não se ensoberbece...” Ora a soberba é quando o amor erra o alvo, invés de amar a Deus e ao próximo, o amor próprio inflaciona e faz o cego, cheio de si declinar da saudável postura de amante, para a insana pretensão de amável. Quem nega a si mesmo como convém será alertado pelo Espírito Santo sempre que a ameaça rondar.

“... não se porta com indecência...” Os que “Consideram justas todas as formas de amor” afirmam seu “direito de amar” com atos em passeatas que extrapolam à indecência; vão à obscenidade; dissolução total de pudor. Só existe uma forma como diz certa canção: “Sinônimo de amor é amar.” Indecência agride alheias consciências. Como posso amar e agredir ao mesmo tempo?

“Não busca seus interesses...
” Como numa relação conjugal a excelência seria que um buscasse o interesse do outro, assim Deus deseja ter prazer em Seus filhos que ama. Denunciou os que agiram de modo egoísta; “... escolhem seus próprios caminhos, sua alma se deleita nas suas abominações... fizeram o que era mau aos Meus Olhos, escolheram aquilo em que Eu não tinha prazer.” Is 66;3 e 4

Amor não é um sentimento, antes uma escolha, uma decisão; o exercício nele enseja sentimentos de gratidão e alegria; quem acende uma luz é o primeiro a ser iluminado, quem ama, ainda que sofra, em tempo verá seu plantio frutificar a cem por um.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Palavras de amor

“O amor é sofredor, é benigno; amor não é invejoso; amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses...” I Cor 13; 4 e 5  

Nesse breve “recorte” da excelsa definição de Paulo temos duas afirmações positivas e cinco negativas. É sofredor e benigno; não invejoso, leviano, soberbo, indecente, tampouco, egoísta. 

Dentre tanto pano pra manga, aí contido, deter-me-ei, por ora, na última tira: “... não busca seus próprios interesses...” Quantos conseguiriam viver algo belo assim?

Não só falhamos por ficarmos muito aquém, como, em muitos casos “nivelamos” o amor Divino ao nosso, como se Aquele também estivesse ao rés do chão. Por absoluta inépcia, ou, ignorância mesmo, desonramos Deus, justo, quando O pretendemos honrar. Digo, Ele faz algo extraordinário em socorro de um filho, presto apresentamos nossa “conclusão teológica”: “Deus deve ter um plano especial na vida de fulano para ter agido dessa forma.” 

Ora, isso é o nosso jeito de “amar”, cáspita! Mero interesse; investir onde se espera retorno. No início de Seus ensinos o Salvador colocou o dedo na ferida. “Amai aos vossos inimigos, bendizei aos que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons; a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? Se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus.” Mat 5; 44 a 48 

Essa mesquinharia na qual incorremos nem de perto se aplica ao Ser Santíssimo de Deus. Justo, por não buscar seu interesse, o amor é um péssimo investidor.  Esbanja-se sem cuidados, como fez o Filho Pródigo com sua fazenda. 

O mesmo Paulo testificou noutra parte: “Porque apenas alguém morrerá por um justo; poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova  seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós sendo nós ainda pecadores.” Rom 5; 7 e 8  Mais: Na Parábola do Semeador, O Mestre ilustrou três tipos de “desperdício” de semente, pelo prazer das poucas que cairiam em boa terra. 

Num sentido amplo, Deus tem um plano especial pra cada um; “Porque a graça de Deus se há manifestado trazendo salvação a todos os homens.” Porém, salvará apenas aos que se adequarem aos Seus preceitos. “Ensinando-nos que, renunciando à impiedade, às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria,  justa e piamente,” Tt 2; 11 e 12  

A boa vontade para conosco, bem como, o amor de Deus, não bastam para que sejamos salvos; isso demanda nossa participação, como ensinou, mediante Ezequiel: “Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ez 33;  11  

Contudo, nosso cuidado em corresponder ao Amor de Deus não é salvo conduto ante as intempéries da vida; “apenas” certeza de vida eterna. Alguns concluem que Deus ama mais, uns que outros, contemplando determinados dons, sem considerar o peso de suportá-los; por outro lado, questionam por que, certos homens de ótima reputação, caráter, terminam sua jornada aqui de modo trágico, como se, o amor Divino tivesse falhado em protegê-los.

Aos precipitados que fazem essa leitura, convém lembrar que, Deus “falhou” em proteger Seu próprio Filho, pois, às vezes o amor tem que “morrer para dar fruto”, como ensinou O Senhor.  

É mais que hora, pois, de um “Upgrade” em nosso entendimento, para, enfim, entender e viver o ágape de modo mais apropriado, como, pararmos de vez de “honrar” a Deus como se Ele fosse pequeno qual nós. 

No mesmo contexto onde exorta ao amor, aliás, Paulo insinuou que as mesquinharias interesseiras eram frutos de meninos espirituais. “Quando eu era menino falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.”  Cor 13; 11 

Em suma, convém meditarmos profundo no significado real de nosso “eu te amo”, antes de espalharmos tal perfume ao vento. Falando em perfume, quando Judas deplorou o “desperdício” de um, usou a imagem dos pobres, mas, o “Pobre” em questão era ele, egoísta, interesseiro. 

Quem quer aprender amar deve esquecer o “número se sua conta” e começar a depositar nas alheias. Fazendo isso terá um tesouro no céu. Ao buscar interesses alheios, os seus, serão “aleatoriamente” supridos.