quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

O incômodo de saber

“Eles voluntariamente ignoram isto...” II Ped 3;5

Normalmente temos a ignorância como consequência necessária às vidas que não dispuseram de meios para o acesso ao conhecimento. Há nessa ignorância certa “inocência”, não no sentido de ausência de culpa, mas, ausência de noção mesmo.

Num cenário assim, falando em Atenas, malgrado, parte de sua audiência fosse de filósofos eram ignorantes no que tange às coisas Divinas; em complacência para com essa “inocência” Paulo disse que, “Deus, não toma em conta os tempos da ignorância...” Porém, como isso não os eximia de culpa, “...anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam.” Atos 17;30 Eis o aguilhão do saber! Ele nos desafia a agir.

Embora alguns usem a palavra, ignorante, como sinônimo de grosseiro, não é estritamente esse, o significado. Literalmente significa sem “gnose” a palavra grega para conhecimento. Então, o que ignoro, não sei. Mesmo um homem culto, letrado, pode ser ignorante acerca de muitos temas, bem como, um tosco, rudimentar pode ser sábio em determinada área.

Entretanto, Pedro mencionou a “ignorância voluntária”, ou seja: Não que as pessoas alvo de sua acusação não sabiam, mas, não queriam saber. Em nosso tempo usa-se o termo, desonestidade intelectual para definir aos que agem assim. Suas inteligências podem ver claramente o que está em jogo, mas, suas vontades rebeldes recusam; não raro cobrem-se de sofismas para fazer parecer que têm uma dúvida legítima, quando, a rigor não têm vontade de obedecer, apenas.

Quando do anúncio do nascimento do Salvador, sábios vieram de longe guiados por uma estrela; anunciando em Jerusalém entre os religiosos que o Messias nascera, eles informaram que era Belém o lugar predito para tal; contudo, não foram conferir. Estrangeiros vindos de longe buscaram o menino; compatriotas morando perto ignoraram; mesmo sabendo da promessa e do endereço do seu cumprimento. Eis, mais um caso de ignorância voluntária!

Cristo mencionou algo assim sobre a resiliência rebelde dos Fariseus; “Aqueles dos fariseus que estavam com ele, ouvindo isto disseram-lhe: Também nós somos cegos? Disse-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas, como agora dizeis: Vemos; por isso, vosso pecado permanece.” Jo 9;40 e 41

A condenação dos ímpios não resulta da incapacidade de ver, mas, de amar as coisas justas que Deus os faz ver; “A condenação é esta: A luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20
Sabem que suas obras, uma vez manifestas, seriam reprovadas; portanto, não lhes falta conhecimento, porém, caráter. Muitos desses deuses caídos quando deparam com textos que os corrige constroem suas cabanas de palha sob as quais pretendem estar seguros. Postam seus “argumentos”: “Terás direito de dar palpite na mina vida quando pagares minhas contas”. Ora, quem apresenta A Palavra de Deus como aferidora de comportamento não dá palpites na vida de ninguém. É apenas instrumento mediante o qual, Deus Fala.

As contas necessárias à manutenção da vida Ele tem pago todas, fazendo chuva e o sol descerem sobre justos e injustos; a impagável dívida espiritual de nossas transgressões O Salvador quitou com Seu Sangue em nosso lugar, portanto, não será nenhum intrometido se ousar alguns “palpites” sobre como escapar da perdição.

Outra feita os religiosos questionaram a fonte da Autoridade de Jesus; Ele redargüiu: “O batismo de João era do céu ou, dos homens”? “... pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, Ele nos dirá: Então por que não crestes? Se dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos consideram João como profeta. Respondendo a Jesus disseram: Não sabemos...” Mat 21; 25 e 26

Notemos que eles sabiam as respostas possíveis e as consequências de ambas; como nenhuma era favorável fingiram não saber. Mais um caso clássico de ignorância voluntária, desonestidade intelectual.

A esperteza acaba usurpando lugar que deveria ser da sabedoria; tais “espertos” se evadem a um constrangimento pontual mesmo indo ao encontro de vergonha eterna, como disse Cristo, “coam um mosquito e engolem um camelo.”

Sabedoria não é uma dama elitista ao alcance dos que muito estudam; antes, até um analfabeto pode atuar como sábio, se, corresponder devidamente ao que o Espírito do Senhor lhe revela.

Sabedoria espiritual não tem laços com inteligência, antes, com caráter, uma vez que é um Dom Divino; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;7

“Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.” Maquiavel

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