quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Em Nome da Lei

“... vos é lícito açoitar um romano, sem ser condenado? ... Então Paulo disse: Deus te ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a lei, e, contra a lei me mandas ferir?” Atos 22;25 e 23;3

Dois momentos. Um, perante autoridades civis do Império; outro, diante dos líderes espirituais da sua nação. No primeiro, o apóstolo evocou as leis romanas e lembrou sua cidadania para preservar seus direitos; no segundo, denunciou a hipocrisia do Sumo Sacerdote que, invés de um julgamento lícito, imparcial, usou de autoritarismo ferindo a própria Lei que deveria representar ao mandar agredi-lo.

Depois refez seu comentário sabendo de quem se tratava; “...Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo.” V 5 Se, para aqueles não importava a Lei, para Paulo era o seu tribunal de apelação; seu abrigo, não, algo a ser manipulado.

As leis humanas são fruto de pactos sociais baseadas em certos princípios como, justiça, direito de defesa, proteção da dignidade humana, isonomia... Normalmente são forjadas em contextos de calmaria, para a vigência em horas de embates; exceto casuísmos políticos tão em moda, que fazem os interesses escusos patrocinarem a homizia de corruptos às sombras de casamatas suspeitas que eles chamam de leis.

Acima dos legisladores humanos há Outro, Absoluto, que tem consigo todo poder para estabelecer valores probos e ímprobos; essa história que nós mesmos decidimos acerca do bem e do mal vem de outra fonte; O Eterno sabe quando uma lei é uma “cerca” em salvaguarda da justiça, e, quando é mero pretexto, verniz para pintar o mal em cores lícitas. “Poderá um trono corrupto estar em aliança contigo um trono que faz injustiças em nome da lei?” Sal 94;20

O divórcio entre a Lei de Deus com Seus valores Eternos e os efêmeros arranjos humanos que cambiam sempre ao açodo das paixões, invés de atinarem estritamente às demandas da justiça.

Mediante Isaías esse vício foi equacionado com a maldição Divina sobre o planeta: “Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos e quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra;...” Is 24;5 e 6

Uma sociedade alienada de Deus tende a adotar o conselho da oposição; fazer do homem a “medida de todas as coisas”, o que, invés da Eterna e perfeita Lei alicerçada na Rocha, dá azo a novos arranjos conforme os pendores das fétidas águas do pântano das paixões.

Desse modo, se, nos dias de Paulo evocar as Leis era o refúgio de um justo, em nosso tempo tem muito canalha fazendo isso; pois, legitimamos uma série de aberrações, num autofágico sistema que potencializa ao superlativo os direitos de gentalha sem valor que desconhece os deveres.

A inversão não é nova, vem desde o “sereis como Deus”, porém, em dados momentos a coisa extrapolou. Isaías denunciou: “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem, mal; que fazem das trevas luz, da luz, trevas; fazem do amargo doce e do doce, amargo!” Is 5;20

Se, minha paixão insana me inclina a determinado comportamento ilícito, invés, de lutar contra os maus pendores luto contra a sociedade para que essa legitime minhas estranhas comichões sob o tacão da Lei. Assim, a Lei migrou da honrosa condição de “cidade de refúgio” dos inocentes, para patrocinadora dos desvios de caráter de gente imoral.

Além disso, a inversão, fruto de uma geração abaixo da linha de pobreza moral e espiritual tem gerado certos Frankensteins que nos assombram; gente que a dignidade do cargo requer o tratamento de “Excelência”; e a indignidade do caráter demanda que se lhes chame de canalhas!
Desse calibres certos da Corte Suprema, Senadores, Deputados, Ministros, Presidentes...

Paulo lidou com isso; o sujeito era um hipócrita; o poético, “parede branqueada;” porém, era Sumo Sacerdote. O inglório encontro da dignidade da função com a atuação indigna.

Então, carecemos como nunca, um apego irrestrito aos Divinos valores; pautarmos nossas decisões pelos Eternos Preceitos, não, pelas inclinações de uma sociedade apodrecida, volátil, deletéria.

Invés da “vergonha de ser honesto” na sutil ironia de Ruy Barbosa, que nos tome a vergonha de imitarmos essa gentalha sem vergonha que tanto nos desafia diuturnamente com sua desfaçatez.

Chega de escolhermos bandidos para chefes! Eleição deveria ser para guindar uma elite moral e funcional ao poder; nossos parcos valores, nossos votos venais tem transformado a coisa em mera formação de quadrilha. Pior, formamos para que nos roube. Basta de delegarmos a gestão do interesse das galinhas para as raposas; sem ficha limpa, fora!! Mentiu, fora!

“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta.” John Galbraith

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Trabalho ou prazer?

“...esforça-te, todo o povo da terra, diz o Senhor, trabalhai; porque Eu Sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos; segundo a palavra da aliança que fiz convosco, quando saístes do Egito, meu Espírito permanece entre vós; não temais.” Ag 2;4 e 5

Num cenário de arrefecimento de forças e fé, em que o povo começara a reconstrução do templo e desanimara o profeta Ageu os exortou ao trabalho, com uma garantia: O Espírito de Deus ainda estava com eles, não deveriam temer.

Embora esteja escrito que “O justo viverá da fé”, muitas vezes nossa frágil fé fica devaneando com os enganosos acessórios da visão.

Na maioria dos casos não deixamos que as palavras tenham vida própria; isto é: Digam estritamente o que dizem. Normalmente as queremos como marionetes dos nossos sentimentos.

Chamamos nosso serviço cristão de “Obra de Deus”, mas, em muitos casos a concepção é de festa “espiritual”, não, de trabalho. Caso a coisa não nos aconteça assim cogitamos logo que O Espírito Santo nos deixou; pois, não O vemos como o Ajudador Excelso que É a nos capacitar pro trabalho; muitos o veem como o energético aquele que dizem; “te dá aaaasas”.

Quem trabalha, ou, conhece os meandros de uma obra sabe que a coisa é dura mesmo, com raros tempos de refrigério.

Entretanto, os nefelibatas espirituais só se estiverem voando em seus devaneios mal orientados estarão plenos do Espírito, senão, Deus os terá deixado.

Se, não sentem esse “pairar” desejado “ajudam”, promovem suas “campanhas” trazem seus astros góspeis, luzes, coreografias, espetáculos; tudo fazem para “ajudar” O Espírito. Suas doentias propensões, não raro, abrem as portas ao espírito do erro, por desejarem festas em tempo de labor.

A turma do bezerro de ouro trabalhou, mas, contra as ordens Divinas fazendo uma imagem; depois bailaram felizes em redor de seu erro, quando, deveriam apenas ter esperado; por fim, o “fruto” de sua diligência na contramão; morte.

Os momentos de euforia espiritual são pontuais; um carinho que O Santo faz para que renovemos nossas forças, no mais é trabalho duro mesmo. A presença do Espírito em nós enseja, antes de tudo, luz, direção; o que nos cabe sempre será tarefa nossa. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21 Se, “andarmos na Luz” como disse João Ele nos abençoa; senão, estaremos por nossa conta.

Outro aspecto inda mais danoso, que o mero anelo por facilidades, dada, a Santa presença do Espírito; pensar que Ele nos instiga ao trabalho, de fato, mas, para amontoar sob nossas sombras os enferrujados tesouros da Terra. Aí fazemos a leitura certa da capacitação que vem Dele, porém, deslocamos para alvos doentios. O Santo nos capacita, renova forças, dirige, porém, sempre no alvo da edificação do Reino, não de inclinações egoístas desorientadas.

Qualquer coisa que tem a glória humana como centro, por piedosa que pareça; barulhenta que se manifeste; espetaculosa que chame atenção de meio mundo, nem de perto é a Obra de Deus, antes, é uma fraude, uma usurpação.

Os coevos de Ageu, como nós, na tendência da busca imediatista queriam sinais de glória em tempos de trabalho. O Senhor os desafiou a fazerem sua parte, pois, no devido tempo, O Eterno também faria a Dele. “farei tremer todas as nações; virão coisas preciosas de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos. Minha é a prata, meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos. A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos; neste lugar darei a paz...” Vs 7 a 9

Acaso quando plantamos algo precisamos dizer a Deus em nossas orações quando é o tempo da semente germinar, de florir, frutificar? Ora, nossa parte no “consórcio” é preparar a terra e lançar a semente; Deus sempre faz a Dele enviando sol, chuva, sobre justos e injustos. Pois, como disse Salomão: “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, tempo de morrer; tempo de plantar, tempo de arrancar o que se plantou.” Ecl 3;1 e 2

O Eterno até mistura trabalho com prazer; porém, no âmbito do Espírito, de uma consciência purificada, não nas doentias comichões carnais; “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas, justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.” Rom 14;17

Se fizermos o que A Palavra diz, com ou sem sentimento de alegria teremos a Divina aprovação; quando Deus vier supervisionar verá que o que fez Sua Palavra é bom. Esforcemo-nos; Seu Espírito está conosco!

domingo, 26 de novembro de 2017

A Bênção da Vida

“... Mestre, a figueira que tu amaldiçoaste secou.” Mc 11;21

Além da figueira, esse incidente serve para voos mais altos. O poder do Senhor para abençoar ou, amaldiçoar, dar vida, ou, morte, não se restringe a um arbusto frutífero. No tocante aos humanos, no entanto, Seu interesse é vivificar, abençoar; amaldiçoada está a Terra desde a queda. “Maldita é a Terra por tua causa” disse O Senhor a Adão.

Então, como veio “buscar e salvar o que se havia perdido”, seu intento é restaurar a vida. “Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, os vivifica, também, o Filho vivifica àqueles que quer.” Jo 5;21

Alguns divergem, mas, a coisa sempre é condicionada a uma humana escolha. Desde Moisés, quando o escopo era a vida terrena; “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte; bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30;19

Ou, em Cristo, no prisma do novo nascimento. “Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; os que a ouvirem viverão.” Jo 5;25

O dom da vida está atrelado à humana resposta, aos que ouvirem A Palavra de Deus, o que, sabemos, excede em muito ao mero escutar; demanda sujeição; só os que assim agem, ouvem, deveras.

Uma coisa leviana que já ouvi muitas vezes: “Deus é amor, Ele não vai condenar ninguém.” De certa forma não vai mesmo; já o fez. A Bíblia é categórica: A Terra foi amaldiçoada pela presença do pecado; não há um justo sequer; conversão é passar da morte para a vida, logo, sem ela, estão todos mortos; portanto, não se trata de Deus vai fazer isso ou aquilo. Antes, de que em Sua inaudita misericórdia deu tempo para que os mortos vão a Cristo para terem vida, senão, sua funesta sina de vasos da Ira permanece; “Porque Deus enviou Seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas, para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; quem não crê já está condenado, porquanto, não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” Jo 3;17 e 18

Parece muito simples que a salvação esteja atrelada apenas a crer; entretanto, o crer veraz não é uma abstração intelectual, simplesmente. Como Tiago ensina; a “fé sem obras é morta”, ou seja: Se, não atuo de modo coerente com minha fé sou apenas um hipócrita enganado, devaneando passar da morte para a vida com auxílio de uma “ajudadora” igualmente morta.

Paulo denunciou uns assim; “Confessam que conhecem a Deus, mas, negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

Antes que alguém imagine que estou postulando salvação pelas obras, que seria uma heresia, estou colocando-as como “acessórios” indispensáveis, necessários onde a fé salvífica verdadeiramente brotou; “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura Sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;8 a 10

O fato de a fé ser um dom de Deus tira qualquer pretensão de mérito nosso, mas, O Espírito Santo pode ser resistido, entristecido, de modo que, os dons Divinos nem sempre são recebidos, necessariamente.

Se, a figueira amaldiçoada não teve escolha, morreu inapelavelmente, nós temos; podemos recusar a Graça Divina, ou, nela nos refugiarmos. É próprio do amor que as coisas sejam voluntárias. A Graça Divina propicia a possibilidade dos mortos escolherem a vida, ao ouvirem e acederem a Sua voz.

No entanto, mesmo os que ouvem podem retroceder como adverte Pedro; “Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado;” II Ped 2;21

Tais são chamados de “duplamente mortos”, pois, tendo em Cristo escapado da morte para a vida, pela apostasia, pouco a pouco voltaram às sombras da morte deixando o “Esconderijo do Altíssimo.”

Em suma, isso é bem mais sério que o insosso, “aceite Jesus” que tanto se ouve; o mundo está condenado, como Sodoma e Gomorra, onde uma minoria será tirada do juízo iminente. A advertência é igual: “Escapa por tua vida”!

Quando a Trombeta do Juízo soar, nada valerão os mais enfáticos apelos, as mais eloquentes declarações de fé, as mais expressivas renúncias. O tempo da misericórdia terá passado. Contudo, resta alguma areia na ampulheta; e, como bem disse John Kennedy, “O telhado consertamos em dias de tempo bom”. Mãos a obra!

sábado, 25 de novembro de 2017

A Eterna Audiência

“Ah, se soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal. Exporia ante Ele minha causa; minha boca encheria de argumentos.” Jó 23;3 e 4

O angustiado Jó no meio da dura prova desejando uma audiência com O Eterno para “encher a boca de argumentos”. Quantas vezes, ante um mero mortal como nós, ensaiamos o discurso, e, chegado o momento fraquejamos, tememos e não falamos o que pensávamos?

Não sei se o afã das expectativas precipitadas “realiza” nossas íntimas intenções além de nosso poder, ou, se, a presença de outrem soa ameaçadora, bem mais que a hipótese da presença; o fato é que, como dizia Joelmir Beting, “na prática a teoria é outra”.

Noutras palavras, nem sempre o que planejamos dizer ou fazer, levamos a efeito conforme o projeto, quando a ocasião se apresenta.

Há certa fanfarronice em nossas almas que encoraja-nos a saltos que a realidade costuma mostrar maiores que nossas pernas.

Não ignoramos a retidão do patriarca Jó, atestada inclusive pelo Senhor; tampouco, que sua dor era demasiado grande; em momentos assim, qualquer ninharia que soe a lenitivo serve, inda que seja um devaneio sem nexo.

Pois bem, algum tempo e muitas queixas após, o Criador concedeu a desejada audiência. “Depois disto o Senhor respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge teus lombos, como homem; perguntar-te-ei, e tu me ensinarás.” Cap 38;1 a 3

Refinada ironia na fala do Senhor; “Eu perguntarei e tu me ensinarás”. Essa “troca de lugares” entre Criador e criatura é humilhante demais; porém, se O Senhor fizesse outra vez ante os “sábios” da atual geração onde nada é como é, o sexo biológico, a criação, nem os valores, enfim, talvez um dos nossos “ensinasse” ao Eterno.

As perguntas atinentes às obras da Criação não demandavam uma resposta; antes, era um exercício retórico para situar devidamente a distância abissal entre nós, meros mortais, e O Todo Poderoso.

Essa lonjura é tal, que, nossas justiças ou injustiças não o beneficiam nem prejudicam, estritamente; como dissera um dos amigos de Jó; ainda que Ele se importe com nossas escolhas pelos valores que ama. “Se pecares, que efetuarás contra Ele? Se, tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás? Se, fores justo, que lhe darás, ou que receberá Ele da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro tal qual tu; a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” Cap 35;6 a 8

Na verdade Jó tivera sua audiência sim. Enchera sua boca de argumentos, pois, tudo que dissera aos seus amigos fora ouvido pelo Eterno. Se, no aspecto horizontal, o relacionamento interpessoal era mesmo justo, ante O Senhor era só mais um pecador; pois, até quando argumentava, por falar ousado do que não entendia, falhava.

Então, iluminado em parte refez sua defesa, na verdade, desfez; “Eis que sou vil; que te responderia eu? Minha mão ponho à boca. Uma vez tenho falado e não replicarei; ou, ainda duas vezes, porém, não prosseguirei.” Cap 40;4

O Senhor prosseguiu ainda; por fim, Jó só pode reconhecer o “upgrade” de seu conhecimento espiritual e sua pequenez; “Bem sei eu que tudo podes, que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, eu falarei; eu te perguntarei e tu me ensinarás.” Cap 42;2 a 4

Enfim, repostas as posições; eu perguntarei, Tu me ensinarás. Como diria o corrupto aquele, “Tudo está no seu lugar, graças a Deus.”

O mesmo se aplica a nós. Quanto mais perto estivermos de Deus, mais O tememos, confiamos, mesmo que as coisas saiam diversas do desejado. Essa aproximação deveria assustar, dada a Sua Excelsa Majestade; porém, como nos recebe por filhos, nos ama, temendo-O, isto é; honrando-O, reverenciando-O, nada mais a temer.

Nosso dia a dia, quer queiramos, quer não, é uma contínua audiência ante Ele. O que dizemos e fazemos são nossos argumentos em defesa das vidas; tudo arquivado. “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram freqüentemente um ao outro; o Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante dele, para os que temeram-no, para os que se lembraram do seu nome.” Mal 3;16

Jó melhorou sua postura junto com o aumento do conhecimento, de ouvir falar para “ver” Deus. Nós carecemos crer no que ouvimos; Sua Palavra; nos deixarmos por ela moldar, para, enfim, vermos O Santo. 

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”. Mat 5;8 “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual, ninguém verá o Senhor;” Heb 12;14

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

A "cruz" dos ímpios

“Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, não buscando a honra que vem só de Deus?” Jo 5;44

Se, no prisma existencial “é melhor serem dois do que um”; ou, “na multidão de conselhos se acha sabedoria”, para efeito estrito da fé, o concurso dos outros muitas vezes atrapalha.

O Senhor chegou a questionar: “Com podeis crer recebendo honra uns dos outros...” Ou seja: Se, meu crer depende de um apreço, aprovação, de outro pecador como eu, invés do gracioso perdão Divino, dado que a inclinação da carne é invariavelmente má, meu ingresso à fé se torna impossível.

Paulo identificou esse problema entre os coríntios; invés de dilatarem-se no Espírito estavam estreitados pela pressão ímpia das pessoas com as quais se relacionavam. O apóstolo tratou de expressar que tal restrição era só deles; “Não estais estreitados em nós; estais estreitados nos vossos próprios afetos.” II Cor 6;12

Não que o convertido deva romper, necessariamente, laços com cônjuges, ou, amigos que ainda não creram; mas, se o convívio com os tais deixa de ser livre para tornar-se um jugo, uma opressão, nesse caso, aconselhou Paulo a ruptura, separação; “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis... saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e Eu vos receberei;” vs 14 e 17
Os demais apóstolos, por sua vez, entre a honra humana e a Divina fizeram a boa escolha: “Chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem no nome de Jesus. Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” Atos 4;18 a 20

O mundo inclina-se à massificação, à abolição do indivíduo; somos pressionados implícita e explicitamente a nos enturmarmos, senão, as pessoas não nos “curtem”, quiçá, excluem. A fé destitui o ego, esse motorzinho insano que se alimenta de vaidade, orgulho, e acelera nossas vidas, na autopista da perdição; o vaidoso deseja seguidores, honrarias humanas, aplausos, elogios...

O cristão que negou a si mesmo descansa seguro na Divina aceitação, malgrado, as vaias do mundo. Longe de ser um alinhado ao sistema ímpio é uma voz ousada que o denuncia; funciona como consciência exterior para aqueles, que, pela servidão ao pecado cauterizaram às próprias.

Do seu jeito o ímpio também “nega a si mesmo;” não no sentido de sacrificar maus anseios como o cristão na cruz; mas, na eterna sina de camaleão onde tenta sempre ajustar-se ao meio tendo como valor maior a aceitação social, posto que, ímpia, que a posição pessoal, quando essa, eventualmente destoa do que está posto.

Sua insana “cruz” fere a verdade, os gostos, a personalidade, em troca do “paraíso” temporal da adequação aos existenciários ímpios; finge gostar do que não gosta, elogia ao que deprecia, comercializa bajulações, interesses vis, vende sua alma para ser da turma.

Muitas pessoas, os ecumenistas entre elas confundem unidade com união. A Bíblia faz distinção entre ambas. Da unidade dos cristãos ensina: “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus, Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos vós.” Ef 4;3 a 6

O Elo aqui é o Espírito Santo, malgrado, denominações, usos, costumes, vieses culturais, etc.

Entretanto, a união é um aglomerado de diversos, no prisma moral, espiritual, e o elo, interesse. A essa postura a Palavra denomina motim; um levante dos marujos contra o comandante; “Por que se amotinam os gentios, os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, os governos consultam juntamente contra o Senhor, contra Seu Ungido, dizendo: Rompamos suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas?” Sal 2;1 a 3

Então, em Deus a diversidade racial, cultural, cultual é pacífica, desde que, seja em submissão ao Espírito que patrocina o novo nascimento; no mundo, a diversidade espiritual é aplaudida, pois, a miscelânea ímpia serve aos interesses assassinos do príncipe do sistema.

Todos têm sua fé, mesmo, ateus; na verdade a deles é maior que a nossa, pois, acreditar que toda essa beleza e perfeição é fruto do acaso demanda uma rendição ilógica abissal.

E, a maioria toma o nome do Santo nos lábios; porém, somente os que renegam o aplauso humano e se rendem a Ele nos Seus termos, O verão; os demais pisando plantas e cultivando ervas daninhas, quando carecerem frutos, infelizmente sofrerão as agruras da fome.

“Prudência é saber distinguir as coisas desejáveis das que convém evitar.” Cícero

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

A Nova Árvore da Vida

“Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas, da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gên 2;16 e 17

Não temos o número de árvores frutíferas que havia; porém, parece lícito concluir que tudo o que ainda hoje há, lá havia também. “O Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida...” v 9 Suprimento estético e orgânico em fartura; árvores agradáveis de se ver, boas para se comer.

Enfim, havia uma gama inumerável de possibilidades, e tão somente uma impossibilidade; incontáveis sins, e um não; a Árvore da Ciência não trazia necessariamente um estímulo ao conhecimento como alguns pensam; como se, O Eterno o tivesse vetado, e o devêssemos à desobediência de Adão.

Era apenas uma restrição para que o homem soubesse que tinha domínio em submissão ao Criador; não, autônomo, absoluto. Ao sucumbir à sedução por independência o homem não se fez sábio por ter comido da Árvore da ciência; antes, se tornou ímpio, alienado do Santo, degredado; o que privando-o da comunhão com O Eterno afastou-o da Sabedoria do Senhor também, que é infinitamente superior aos mais nobres feitos da ciência.

Diz-se com acerto que a necessidade é mãe das invenções. Tendo o homem que se virar com o “suor do seu rosto” privado da paz com Deus conheceu paulatinamente necessidades que de outro modo ignoraria; desse modo, passou a forjar engenhos que facilitassem o suprimento de suas carências de habitação e alimento, sobretudo.

A capitulação ante a Árvore Proibida tolheu o acesso do homem à Árvore da Vida; desde então, dona morte e sua foice impiedosa tem feito estragos no meio do gênero humano.

Por desconhecer as restrições morais e os limites éticos que a vida alinhada ao Senhor requer, pouco a pouco perguntas vitais sobre o porquê das coisas silenciaram, pois, o homem tornou-se amoral, suprimindo aos porquês interessando-se apenas em, como. Dá para fazer? Façamos. O homem-deus tornou-se “a medida de todas as coisas”.

Desse modo no curso de alguns milênios chegamos ao superlativo do egoísmo, da indiferença; enquanto, as asas potentes da tecnologia, feitoras do comodismo amoral têm possibilitados vôos quase mágicos. Esses hábeis nos frutos da Árvore da Ciência por desconhecer à vida e seus meandros mais caros, se “aproximam” virtualmente de gente do outro lado do planeta, enquanto, não conseguem conviver em harmonia com vizinhos do outro lado do muro.

Ofensas, indiretas, são semeadas a cada dia no universo virtual; cada deus tem o poder para excluir ao “servo” que lhe não agradar em seus gostos mal orientados, muitas vezes, insanos. O mau cheiro de nossa adoecida inclinação pode ser exalado “urbe et Orbe”. Somos uma geração saturada de ciência, cultura inútil, excesso de informações sobre frivolidades e deserto no que tange à vida, infelizmente.

Afinal, se em estado de comunhão com O Altíssimo havia incontáveis sins, tão somente um, não, agora, para retornarmos a essa ditosa condição se inverteu; quase tudo é não; boas obras, intenções, dinheiro, fama, sucesso, justiça própria, auto-sacrifício, religiões... Apenas uma opção ainda é Sim, graças à inefável misericórdia Divina que propiciou tão excelso Salvador. “... Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão, por mim.” Jo 14;6

Assim, se, mediante a desobediência primeira, o ser humano teve que se virar por conta própria, (ainda que a Graça Divina seguiu provendo meias básicos à manutenção da vida) pela obediência de Um que se deu em nosso favor, podemos voltar à comunhão com o Pai e usufruir de Suas bênçãos, sobretudo, a vida espiritual que se perdeu na queda. “Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. Não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas, o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação.” Rom 5;15 e 16

Agora a figura se inverteu; antes era: Não comam disso para que não morrais; agora, O Salvador chama: Vinde a mim e tereis vida. Na verdade diz de modo bem categórico, aliás: “... Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida...” Jo 6;53

Eis a desgraça! Tantos cegos com seguidores; a Luz do Mundo falando às paredes. Nesse caso seria bom que as paredes tivessem ouvidos...

domingo, 19 de novembro de 2017

Os Códigos de Barras enganam

Visando minimizar erros de arbitragem a FIFA patrocinou a criação da dita “bola inteligente” dotada de um chip que emite um apito no relógio do árbitro, sempre que ela ultrapassa a linha do gol. Nesse caso, eventual lapso da visão seria comunicado à audição mediante tecnologia. Os árbitros dotados eletronicamente de “sexto sentido” em busca de justiça nas decisões.

Todos os nossos sentidos têm lá seus “scanners” com os quais leem as informações que carecemos. Não raro, a privação de um acentua o poder de outros; como os cegos, que, elevam o potencial da audição e do tato, por exemplo.

Porém, certas coisas escapam ao domínio sensorial; sendo de outra natureza demandam um “Scanner” diverso também. Apressamos-nos às vezes ao logro do fenômeno, como se ele retratasse o vero ser, das coisas. Aí filosofamos que as aparências enganam; entretanto, o que acontece na verdade é que nos enganamos precipitados, quando, atribuímos a elas, essência.

Sexto Empírico, um pré-socrático dizia: “Más testemunhas aos homens são os olhos e os ouvidos, se, eles têm almas bárbaras.” Parece que ele postulava a educação da alma como “acessório” indispensável à leitura dos fatos e caracteres humanos; o que, demandaria uma percepção além daqueles “testemunhos”.

Segundo a Bíblia, “O ouvido prova as palavras como o paladar prova os alimentos”; Isso não abstrai a possibilidade de ter, alguém, o paladar estragado e gostar de lisonjas, bajulação, mentiras, por identificação passional, ideológica... Então, ouvir pode ser como colher verdade e mentira, juntas. Mas, como agricultor que passa sementes pelo crivo para separá-las dos ciscos, precisamos assistência da percepção arguta para discernir o que não é dito.
Desse modo, podemos nos enganar não apenas com as aparências, mas, com os discursos também, muito mais, quando edulcorados por nossas pré-disposições.

Quando o Senhor Jesus ensinou: “De que o coração está cheio, disso a boca fala”, não advogou o falar como retrato do coração, ao pé-da-letra; antes, que as ocupações primazes de nossos corações hão de permear nossos discursos; seja, de modo expresso, ou, implicitamente; mesmo que esses tragam a negação dos males que nos assolam.

O peso acentuado de certo valor, ou; o combate desproporcional de um vício pode ser, e, não raro, é, a tentativa de encobrir os males que nos habitam.

Para muitos seria uma boa figura a do camaleão camuflado na cor do ambiente; ele captura as presas com sua língua desproporcional e precisa. Assim, sobretudo, os políticos, no hábil mimetismo da proposição infalível das justas demandas sociais fazem o discurso correto; e, por ter línguas mais longas que o normal capturam longe suas presas mantendo-se alheios à verdade, graças ao seu espetacular raio de ação.

Sua bela “aparência” conquista espaços nos ouvidos descuidados, sonolentos, ou, meros comodistas. “Os homens preferem geralmente o engano, que os tranquiliza, à incerteza, que os incomoda.” Marquês de Maricá.

O “scanner” dos olhos lê o “código de barras” da embalagem; o dos ouvidos carece ruminar em busca do conteúdo; e, não raro, a alma precisa rebuscar-se do concurso dos fatos; sejam pretéritos no histórico de alguém, ou, futuros, que também demanda o acessório do tempo.

Infelizmente muitas coisas que nos pareciam lícitas e boas, muito “lances” tivemos que rever, após ouvir esse tardio “apito” da “bola inteligente” do convívio, da experiência. Coincidentemente o aviso está no cronômetro do árbitro, um marcador de tempo.

Os antigos já diziam lá do seu jeito: “Para se conhecer deveras, uma pessoa é preciso comer um quilo de sal junto com ela.” Como não comemos sal puro, mas, temperando os alimentos, isso demora.

Infelizmente, a dura realidade é que somos quase todos piores que parecemos; pois, agimos mais ou menos como lojistas que expõem o melhor nas vitrines, e deixam as coisas velhas e feias, nos fundos. Spurgeon dizia que nossos pecados confessos eram nossas “melhores frutas” as mais viçosas que levamos à feira; mas, os pomares guardam ainda muito mais.

Uma vez que nos falta coragem para assumir plenamente nossos defeitos, ao menos tenhamos a honestidade de não alardear virtudes, afinal, o mesmo Jesus Cristo ensinou: “Aquele que fala de si mesmo busca sua própria glória.” Mas, basta uma espiadela no que as pessoas expõem para ver quanta auto-promoção, auto-exaltação de gente sem senso do ridículo em busca de aplausos imerecidos.

Tal qual o alfabeto em LIBRAS, que tem o “discurso” nas mãos temos nós; aquilo que fazemos, não, o que dizemos é nossa voz. Nossas línguas podem ter o vasto alcance de um camaleão, mas, se servem apenas, como naqueles, para que ocultamente ataquemos nossas presas, os bichos que não sabem falar, se avantajam a nós.

“Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que teu silêncio”. Pv indiano.

sábado, 18 de novembro de 2017

O Vendaval e a Fortaleza

“Quando (Deus) deu peso ao vento e tomou a medida das águas; quando prescreveu leis para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões; então, viu e relatou; estabeleceu e também a esquadrinhou. Disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria! Apartar-se do mal, a inteligência.” Jó 28;26 a 28

Houve um tempo em que os fenômenos “naturais” eram atribuídos ao Criador; fosse chuva, estio, vendavais, calmaria... Ele mesmo reivindicava a autoria disso, aliás. “Por isso (a indiferença do povo) retém os céus sobre vós o orvalho; a terra detém seus frutos. Mandei vir seca sobre a terra, e sobre os montes, o trigo, o mosto, o azeite, e sobre o que a terra produz; como também sobre os homens e gado, todo o trabalho das mãos.” Ag 1;10 e 11

Certa vez, o perverso Saul quebrara um juramento feito em Nome do Senhor, matando aos gibeonitas; veio seca como punição e perdurou até a vingança; ou, como esquecer a idolatria dos dias de Acabe e Jezabel, que deu azo à profecia de Elias e um estio de quarenta e dois meses?

Em contrapartida, Paulo via em dias de fartura, de terra produtiva, um testemunho do Senhor; “Contudo, não deixou a si mesmo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de alegria vossos corações.” Atos 14;17

Contudo, o mundo “explica” até mesmo a criação sem O Criador. A coisa explodiu e aconteceu simplesmente. Esse perfeito relógio veio à existência sem relojoeiro.

Bem, mundo é mundo; um sistema ímpio, adversário do Senhor. Dele não se pode esperar que deixe de ser o que é; pessoas, pontualmente se convertem e são regeneradas, o sistema, não.

Então ouvir os mundanos falando como tais é lógico, coerente. Aludindo à idolatria dos gentios mediante Isaías, o Senhor apenas descreveu a coisa como tola, porém, normal; mas, achar os mesmos traços entre os que tiveram relação com Ele, isso não. “Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão, meu amigo?” Is 41;8

Em dias de catástrofes como o vendaval que trouxe enormes prejuízos para nossa cidade as pessoas socorrem-se das mais variadas explicações; “condições climáticas, aquecimento global, reação da natureza à intervenção humana, etc.” Ninguém cogita a Mão de Deus.

Nossa falta de noção da realidade e alienação é tal, que, ontem à tarde quando centenas de pessoas se ocupavam em retirar entulhos refazer telhados e rede de energia, tinha um carro de som anunciando a droga da vez; “venha bailar e se divertir na ... mulheres não pagam”; puta que pariu! Que gente insensível, que calhordas!

Claro que sobejam motivos ao Senhor para estar irado conosco! A imensa maioria está totalmente alienada Dele; e dos que se dizem Seus uma vasta parcela é de gente que é apenas religiosa, sem entrega, sem vida transformada nem vontade de tê-la; apenas uma droga psíquica chamada de igreja; um monte de interesses doentios, carnais, “em Nome de Jesus,” acoroçoados por obreiros mercenários.

Foi só um aviso, uma dosimetria controlada de ira que tende a se agravar à medida que nossos corações recrudescem, e nossos pecados não cessam.

Que o mundo se preocupe com Defesa Civil e similares, tem seu valor em situações de emergência; mas, os que professam O Nome Santo do Senhor deveriam pensar seriamente na necessária entrega e submissão ao Escolhido de Deus, Jesus Cristo; “Será aquele homem como um esconderijo contra o vento, um refúgio contra a tempestade; como ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra de uma grande rocha em terra sedenta.” Is 32;2

Não será construindo melhores casas, com maior grau de resistência que estaremos seguros; antes, descansando de vez no “Esconderijo do Altíssimo”, pois, só Nele estamos seguros, deveras. “Assim como estão os montes à roda de Jerusalém, o Senhor está em volta do seu povo desde agora e para sempre.” Salm 125;2

O mesmo Senhor que deu peso ao vento, formou nuvens e ordena chuvas, é o “Refúgio e Fortaleza” para aqueles que Nele confiam.

Ainda clama em Seu amor e misericórdia, mas, já está saturado de ser tido com “estepe” algo que recorremos em horas de emergência, no mais, fica esquecido. “Rejeitastes todo meu conselho, não quisestes minha repreensão; também de minha parte eu me rirei na vossa perdição e zombarei em vindo o vosso temor.” Prov 1;25 e 26

Porém, as coisas não precisam ser assim, pois, o mesmo Senhor diz: “Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que me der ouvidos habitará em segurança; estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

domingo, 12 de novembro de 2017

Racismo e o Paradoxo de Epimênides

“Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos. Este testemunho é verdadeiro...” Tt 1;12 e 13

Historiadores dizem que o “profeta” cretense em apreço era Epimênides, que, ao ter dito aquela frase evocada por Paulo teria dado azo ao dito “Paradoxo de Epimênides”. Pois, sendo também cretense, e, “os cretenses são sempre mentirosos;” como disse, se, ele estava falando a verdade, mentia; mas, se mentia, falava a verdade. (???) Deu um nó? Soou paradoxal? Pois é.

Sócrates em seus ensinos acusou aos sofistas de “caçadores de palavras” para perversos fins. Embora não se trate aqui, de mero sofisma, há algo mais a ser considerado. Assim como um juiz sábio ao encontrar eventuais omissões nos códigos legais formula seu parecer atentando ao “espírito da lei”, um leitor avisado ao deparar com uma “contradição” assim rebusca-se de acessórios como lógica, perfil do autor, intenção, para dissipar a fumaça.

Nem sempre uma contradição verbal o é também em essência.

Epimênides era tido por alguém honesto e pio; sua atuação ao livrar mediante sacrifícios e preces a cidade de Atenas que sofria intenso surto de peste rogando ao único Deus que estava ofendido com uma traição oficial dos governantes que prometeram indulto e mataram sediciosos, reconhecera que ignorava o nome de qual Deus, amante da justiça, se deveria honrar pelo livramento. Sua ignorância honesta ensejou que houvesse o altar citado por Paulo; “Ao Deus Desconhecido”.

De alguém assim, com esse histórico de temor, reverência e honestidade se pode esperar tudo, exceto, que seja um reles mentiroso. Se, sua atuação profética abençoara à Cidade-Estado de Atenas, era mais que cretense da gema, digo, sua visão e atuação eram diversas da dos ilhéus comuns.

Então, quando disse que os cretenses eram sempre mentirosos, não pretendia legar uma informação com precisão de ciência exata; mas, denunciar como quem vê de fora, a inclinação de um povo em seu aspecto majoritário.

Nós mesmos usamos expressões verbais que não dizem exatamente o que queremos. Por exemplo, quando o mau caráter de alguém nos dana, exaspera, em momentos de ira o chamamos de “Filho da mãe”. Qualquer um sabe que a intenção sequer se aproxima de ofender à mãe do sujeito; nossa bronca é com ele mesmo. Assim, verbalmente expressamos algo que, intencionalmente é diverso.

Há algum tempo, quando a ditadura do politicamente correto ainda hibernava não havia a rigorosa patrulha atual dos caçadores de palavras que veem racismo em tudo. Benedita da Silva chegou a protestar contra a expressão, sempre tida como normal: “Lista negra”. Agora não pode; é racismo. Imagina se eu disser que quero firmar algo, preto no branco. É racismo contra qual raça?

Trabalhei em determinada fábrica onde meu superior me chamava de alemão, embora, meu sangue descenda de italianos, e daí? Mas, chamar alguém de negão caso ele seja isso mesmo, aí não pode.

Claro que o racismo contra todas as raças é abjeto e deve ser coibido, punido. Mas, precisamos poder respirar sem sermos acusados de separar oxigênio de gás carbônico, senão, a vida deixará de valer à pena.

Racista é quem diminui, restringe, recusa companhia, segrega, tolhe direitos, ofende... meras brincadeiras verbais todos cometem; ou, cometiam quando era permitido.

Quantos negros já ouvi dizendo de outros, em tom de brincadeira; “coisa de preto”. Nenhuma ofensa, nenhuma inimizade.

Aliás, ouvi de um branquelo, um gringo como eu que, num grupo de trabalho de cinco homens, tínhamos dois colegas negros; ele disse: “Racismo não deveria existir; era só matar os negros e isso acabaria.” Pros padrões atuais seria preso inafiançável etc. Todos riram, e os “ofendidos” disseram algo parecido sobre os brancos e ninguém se melindrou, ou, ofendeu; a vida seguiu.

Então, combata-se o racismo onde se manifestar e contra qualquer raça; mas, menos melindres gratuitos, menos caça às palavras; apenas, vigilância com as atitudes.

Perdemos o foco faz muito, desde que a política deixou de ser um instrumento para gerir demandas sociais e tornou-se uma fonte de gerar querelas banais.

Temos grave insolvência na saúde, desemprego recorde, malha viária em deplorável condição, professores, policiais sub-remunerados, mas, estamos “trabalhando” para perverter crianças, doutrinar adolescentes, e pasmem! alterar nossa bandeira, pois, precisamos de “amor”.

Os nossos paradoxos. Uma leva de políticos irresponsáveis que galgam o cume do poder prometendo cuidar dos interesses públicos; uma vez lá, cuidam de seus comodismos, carreiras.

Quem despende tempo e esforço em busca do banal, se verá frágil, impotente diante das demandas vitais.

Somos um país a deriva, com o leme em mãos frouxas, indignas. Enquanto sonolentos discutimos o sexo dos anjos,
eles saciam-se folgazes nos orgasmos múltiplos da corrupção. Demos um troante cartão vermelho a esses cretenses! Digo; mentirosos, cretinos!

Por falta de óleo

“Tu, pois, ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro, para fazer arder as lâmpadas continuamente.” Êx 27;20

Quando alguém era escolhido para rei, sacerdote ou profeta, tal, era ungido com azeite fazendo firme sua escolha por parte do Eterno que enviava Seu Espírito para capacitá-lo.

Desse modo, além de ser o que é em si, azeite, o mesmo também é um símbolo do Espírito de Deus, como várias passagens mostram. “... Que são aqueles dois ramos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de ouro, e vertem de si azeite dourado? Ele me falou, dizendo: Não sabes tu o que é isto? Eu disse: Não, Senhor meu. Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda Terra.” Zac 4;12 a 14 Etc.

As lâmpadas de azeite puro iluminavam ao Tabernáculo, apenas; contudo, como “sombras dos bens futuros”, ou, tipos proféticos aludiam à pureza espiritual necessária na Obra do Senhor. “Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou, recebeis outro espírito que não recebestes, outro evangelho, que não abraçastes, com razão o sofrereis.” II Cor 11;4

Quem emitia a luz não era o azeite, mas, a lâmpada; todavia, essa morreria sem o combustível necessário. O espírito do homem é a lâmpada; iluminado com o “combustível” do Espírito Santo desfruta a Luz. “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o interior até o mais íntimo do ventre.” Prov 20;27

Mas, lâmpada não é a Palavra, segundo o salmo 119? Sim. A Luz que o Espírito Santo enseja atuando em nós é a capacidade de compreender e praticar a Palavra de Deus que João chamou de “andar na Luz”. I Jo 1;7

Ao “homem natural” falta azeite; sua lâmpada está apagada, e, incapacitado para ver na dimensão do Espírito. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Por isso O Salvador condicionou ao novo nascimento espiritual, tanto o ver, quanto, o entrar no Reino de Deus. “...aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar...” Jo 3;3 e 5

Como o azeite para luz do Tabernáculo deveria ser puro, igualmente, nosso lume espiritual deve ser isento de impurezas, tanto de “outro espírito” como vimos, quanto, das próprias propensões humanas, carnais. O primeiro passo rumo ao novo nascimento é um “suicídio”. “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.

Se, o “si mesmo” estiver atuante (paixões naturais) seremos similares às sementes caídas entre espinhos que não frutificam com perfeição.

Como o incidente onde o Profeta Eliseu multiplicou azeite pra uma viúva endividada, à qual ordenou que provesse o máximo possível de vasos; enquanto teve vasos vazios houve azeite para enchê-los. De igual modo, tantos quantos conseguirem se esvaziar ante O Santo, haverá “azeite” para fazê-los espiritualmente plenos. “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Lc 11;13

Esvaziar-se não é algo fácil; requer o que Paulo chamou de “sacrifício vivo”; rejeição dos padrões, valores, modo de ser e agir desse mundo ímpio: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Não andar conforme o mundo, renovar o entendimento para conhecer a Vontade de Deus, eis o desafio! Invés da ditadura ímpia do “politicamente correto”, não alinhar-se pela sábia opção do espiritualmente sadio.

Nesse mundo enganoso de tantos hibridismos, sincretismos, onde, “inclusão” é acoroçoada invés de conversão, a manutenção da pureza do “azeite” fatalmente nos deixará isolados. Pechas como fanáticos, radicais, fundamentalistas, certamente nos caberão. Porém, à medida que nos achegamos à saída do funil a fé vai sendo depurada.

Os que não se importam com a pureza acabarão aplaudidos nos palcos do ecumenismo; só quando da chegada do Noivo as virgens néscias descobrirão que sua amplitude inclusiva, a rigor, é apenas retrato da falta de azeite.

À “rica” Laodicéia O Senhor disse: “...não sabes que és um desgraçado, miserável, pobre, cego, e nu...” Apoc 3;17

“Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.” Ecl 9;8

sábado, 11 de novembro de 2017

Força e Luz

“O Senhor dará força ao seu povo; o Senhor abençoará seu povo com paz.” Sal 29;11

Soam até contraditórias as bênçãos alistadas; força e paz. Normalmente temos a força associada ao belicismo, ao poderio pra guerra; enquanto, um cenário de paz parece prescindir da mesma.

Entretanto, a força vista pelos olhos espirituais reside em outros nichos que não, robustez física, ou, aparatos bélicos. Aliás, Isaías cotejou duas dimensões com inefável superioridade para a espiritual em face à natural; “Porque os egípcios são homens, não, Deus; seus cavalos, carne, não, espírito; quando o Senhor estender sua mão, tanto tropeçará o auxiliador, quanto, o ajudado; todos juntamente serão consumidos.” Is 31;3

O contexto imediato era de um povo que se inquietava ante ameaças circunstantes, mas, recusava ouvir a voz do Senhor, confiar; “Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos que não querem ouvir a lei do Senhor. Que dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis; vede para nós enganos.” Cap 30;9 e 10

Uma vez rompida a relação com Deus vai-se junto a confiança; restava confiar na força humana apenas; isso faziam buscando apoio no Egito. Duas vezes o profeta lamentou desejando apenas que se aquietassem e deixassem a peleja com O Todo Poderoso; “Porque o Egito os ajudará em vão, para nenhum fim; por isso clamei acerca disto: No estarem quietos será sua força.” “...Voltando e descansando sereis salvos; no sossego e na confiança estaria vossa força, mas, não quisestes.” VS 7 e 15

Visto desse modo, pois, fica fácil compreender a associação da força com a paz. Aquele que se submete ao Senhor, antes de tudo tem paz com Ele; depois, a Força do Todo Poderoso, o “esconderijo do Altíssimo” como amparo.

Por isso, o mais sábio dos homens colocou o temor do Senhor como matrícula na escola do saber; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento...” Prov 1;7 Depois, a sabedoria como superior ao poderio militar; “Melhor é a sabedoria que a força... Melhor é a sabedoria que as armas de guerra, porém, um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9;16 e 18

Se, o pecador é posto em antítese ao sábio fica fácil saber de qual “sábio” ele está falando; do que teme ao Senhor, procura evitar as veredas do pecado.

Assim foram, por exemplo, dois cativos hebreus, José e Daniel. Aquele no Egito, esse, Babilônia, depois, Medo Pérsia. Para eles, como de resto, para todos, a força espiritual advinda da comunhão com O Eterno foi e é, antes de tudo, luz, discernimento, revelação.

Qual força guindou José do cárcere ao trono, senão, a luz espiritual mediante a qual lhe foi revelado o porvir? A Daniel sina semelhante que resultou no livramento de muitas vidas inclusive a dele? Ele mesmo chamou de força, aliás; “Ó Deus de meus pais, te dou graças e te louvo, porque me deste sabedoria e força; agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este assunto do rei.” Dn 2;23

Muita bravata se ouve na dita “batalha espiritual” as campanhas de “derrubada de muralhas” como se, a peleja fosse mesmo no âmbito da força bruta, quando, se dá pelo domínio das mentes; seja, iluminando, a ação do Espírito Santo; seja, cegando, a do canhoto. Assim, a batalha é por entendimento acima de tudo.

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e revelação tendo iluminados os olhos do vosso entendimento...” Ef 1;17 e 18 Esse o trabalho Divino.

A oposição; se vê alguém ainda fora obra para que a cegueira permaneça; “...o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;4

Porém, contra quem já crê atua tentando perverter, sofismar; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo.” II Cor 10;4 e 5

Entendimento cativo à obediência; assim, desfrutamos, tanto, da paz de Deus, quanto, da Sua força a nos guardar. A Justiça de Cristo nos é atribuída e seus benéficos “efeitos colaterais” também; “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre. O meu povo habitará em morada de paz; em moradas bem seguras e em lugares quietos de descanso.” Is 32;17 e 18

“O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente que há no mundo.” Gandhi

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

MST; Bois e Jumentos

“Com boi e com jumento não lavrarás juntamente.” Deut 22;10

Não havia restrição para ambos os animais em serviço, apenas, que se não fizesse uma junta “híbrida”, dada a desproporcionalidade de força dos mesmos. Não requerer de um animal nada além das suas forças, nem expô-lo a uma parceria desproporcional nos soa coerente, natural, lógico, justo.

Entretanto, não pretendo, por ora, analisar a formação de juntas de animais; antes, um aspecto do comportamento humano que, faz “juntas” extremamente díspares, insanas até. Palavras e ações.

O que são os hipócritas, tão desprezados pelo Senhor, senão, os que dizem, aparentam, uma coisa e fazem outra? Suas pretensiosas palavras ostentam a força de um mamute, mas, pelos maus caracteres, nas ações não chegam a um pônei.

Ensinando que tanto as palavras quanto, os atos devem ter a mesma força O Salvador prescreveu: “Seja o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” Mat 5;37

O Salmista dissera algo semelhante descrevendo o “Cidadão dos Céus”: “... aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” Salm 15;4

Na política, sobretudo, vemos a incoerência no superlativo. Candidato em campanha é acessível, cordato, popular, pródigo... depois de eleito, enclausurado, hermético, distante, olvidado do que prometeu.

Piores ainda em coerência, os ditos socialistas que vociferam contra o capitalismo liberal defendendo utópica igualdade; pois, usufruem as benesses todas que o dinheiro pode comprar. Roupas e eletrônicos de griffe, viagens aos States, carros de luxo, etc.

Sua ideologia “igualitária” e seu modo de vida destoam tanto que teríamos que formar uma junta de elefante com pulga para figurar devidamente; e há quem abrace suas baboseiras sentindo-se superior, politizado.

Ora, deveriam começar validando o que dizem acreditar dando o exemplo; demonstrando em atos a veracidade das teorias; aí, concordando ou não teríamos que os respeitar, dada sua justiça, coerência.

Cristo propôs exatamente isso, aliás; que nosso agir seja nossa mensagem; primeiro por questão de iluminar, convencer pelo exemplo ao próximo, e, amor a Deus: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16 Depois, pelo necessário vínculo com a justiça que Deus tanto ama; “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também, porque esta é a lei e os profetas.”

Recentemente, os “Socialistas” do MST destruíram plantações de mamão, laranja, milho e uma estação de energia elétrica. São os “libertários” de um “sistema opressor” que insiste em plantar alimentos e comercializar pelo devido preço, ou, gerar energia em suprimento a certas demandas. Qual alternativa propõem?

Ah, querem reforma agrária com terra para todos? Estiveram com o poder e a caneta durante quatro mandatos, não fizeram isso por quê? Conheci em Candiota RS um “assentamento” fantasma. Cada “agricultor” ganhou 25 hectares de terra para trabalhar; um apenas ficou e estava próspero, produzindo frutas, legumes, mel, galináceos...

Aquele “infeliz” desafinou da causa e pensou que era para trabalhar mesmo; não o vi mais, mas, por certo tornou-se um péssimo exemplo do que essa doentia mania de trabalhar costuma produzir. O negócio é apenas quebrar, incendiar, destruir. 

Gerar pão, energia, riquezas é um tremendo desserviço à causa, pois, acaba fortalecendo os postulados dos “inimigos”; sim, socialistas não têm adversários políticos; têm inimigos. Se discordarmos deles não temos uma opinião diferente, apenas; antes, somos a escória política, social, moral, da humanidade. Presto nos rotulam: “Elitista, fascista, nazista...

Ora, usamos apenas argumentos e exemplos em defesa do que acreditamos, essa é nossa força. Concordem com nossa posição, ou não, quaisquer que, forem intelectualmente honestos terão de convir que a junta é de bois; digo; coerente. Trabalho mais méritos igual a frutos a quem de direito. Há discrepâncias, injustiças? Há. Devem ser minimizadas, corrigidas; mas, não solver injustiças pontuais com um sistema inteiro injusto no lugar.

Na verdade, o Estado democrático de direito tem monopólio no uso da força; o faz, pelo menos deveria, pela preservação da ordem, do direito; contudo, tem sido escandalosamente omisso em coibir, restringir, ou mesmo, punir os crimes desses marginais que, não vivem de brisa; alguém com dinheiro grosso os financia, usam caravanas de ônibus, tratores, carros de luxo; basta seguir o curso para se chegar à fonte.

Para alguma coisa deve servir tanto dinheiro que tem sido roubado e segue sendo “diuturna e noturnamente” como diria a “Mulher Sapiens” Dilma Roussef.

Logo ali, eleições; cabe-nos formar um Governo que seja uma junção equilibrada entre impostos e serviços; melhorando esses e minorando aqueles com melhor administração; fim da corrupção. Senão, será nossa ainda a dura e longa sina de sermos bois na hora de trabalhar, e jumentos na de usufruir.

domingo, 5 de novembro de 2017

Inveja; Razão da Fome e da Sede

“Estevão, cheio de fé e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. Levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, cireneus, alexandrinos, dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Ele. Não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava. Então subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.” Atos 6;8 a 11

Esse incidente realça algumas nuances humanas que faz sentir vergonha de pertencer à espécie; isso, após sermos regenerados por Cristo, pois, antes éramos do mesmo calibre.

Algum tempinho atrás Estevão era nada, não incomodava ninguém; mais um na multidão. Promovido pela igreja à humilde posição de diácono, mero garçom, mas, capacitado por Deus a operar prodígios e sinais, passou de irrelevante, a alvo de disputas, de inveja.

Essa, do latim Invídia, significa uma recusa em ver as coisas como são, ou, aceitá-las. Sempre o invejoso estará olhando assim para alguém que supõe numa condição superior à sua. Ninguém olha para baixo e recusa ver algo que o coloca em superioridade.

Salomão ensina: “Também vi eu que todo o trabalho, toda a destreza em obras traz ao homem a inveja do seu próximo...” Ecl 4;4

Aliás, não foi, justo, essa vetusta, atuante desde o Éden que patrocinou a crucificação do Salvador? Ele Era a junção da pureza com autoridade, carisma, sabedoria e poder; tudo o que os religiosos queriam ser quando crescessem; mas, seu nanismo moral e espiritual impedia; então, restou a violência motivada pela inveja. “Porque ele (Pilatos) bem sabia que por inveja os principais dos sacerdotes o tinham entregado.” Mc 15;10

Desde que o primeiro casal aceitou a sugestão de autonomia humana em relação a Deus, de decidirmos o bem e o mal sem interferência “externa”, o bem, passou a ser visto pela perspectiva diabólica. Esse, além de “Pai da Mentira” é genitor da inveja; dele se diz: “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei meu trono; no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens; serei semelhante ao Altíssimo.” Is 14;13 e 14

Assim como o canhoto lida mal com a submissão hierárquica, seu “legado” à espécie caída inoculou no homem o mesmo vírus. Afinal, de onde brota a inveja, senão, de se constatar eventualmente que outrem desfruta uma posição “superior” à nossa? Seja, na posse de bens, dotes, circunstâncias, talento...? Ao vermos algo assim, não que o ditoso visto seja nosso superior hierárquico, estritamente, mas, por usufruir de algo que desejaríamos para nós soa como tal.

Desse modo, nossa perversão do bem enseja também a perversão da justiça; pois, de certo modo passamos a achar injusto algo que aconteceu alheio a nós, sem nos fazer dano algum, muitas vezes, nos beneficiando, até.

Como um abismo chama outro, depois de suplantados o bem e a justiça, afundamos também a verdade. Voltemos aos invejosos de Estevão. Se, “não podiam resistir ao Espírito com que falava” partiram para o plano B. Subornaram falsas testemunhas em “defesa da virtude” para acusarem Estevão de vício.

Onde está o limite da maldade? Até onde o ser humano pode afundar na lama sem se incomodar, sem ter um estalo e pensar: Puxa, preciso parar com isso?

Naquele caso, esse limite não foi encontrado. Pois, malgrado a brilhante defesa do diácono, num resumo correto e sábio de todas as Escrituras, então, existentes, mesmo assim, sua defesa de nada valeu; foi apedrejado à morte.

O fogo do capeta produz calor sem gerar luz; açoda paixões e cega entendimentos; seus títeres são levados a defender interesses dele presumindo ser os seus. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19

Por isso temos mães expondo os próprios filhos à ambientes geradores de pedofilia, prostituição, em nome de um pretenso bem; liberdade. Será que é mesmo isso? Não. São apenas fantoches do Satã usados para afrontar ao que ele inveja; a Santidade de Cristo, representada, inda que timidamente pela igreja e a família.

Em seus domínios nossa defesa resulta inútil como foi a de Estevão, posto que, perfeita. Por quê? Porque, como nosso malfadado STF, seu tribunal também está abaixo da linha de pobreza moral; não julga segundo fatos, evidências, provas, em busca da justiça. Antes, segundo suas más inclinações; sua inveja. Seu senso de “justiça” resume-se a condenar desafetos.

Por isso, pois, somos desafiados a sofrer fome e sede de justiça por amor a Cristo. Porém, no seu tempo seremos fartos. “Porque Deus há de trazer a juízo toda a obra, mesmo, tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.” Ecl 12;14

sábado, 4 de novembro de 2017

Coisas do Coração

“Diz (o ímpio) em seu coração: Não serei abalado, porque nunca me verei na adversidade.” Sal 10;6

Se, ao justo é aconselhada total dependência de Deus, que, em Cristo o justifica, (“Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7) O ímpio tem como tribunal de apelação psicológica ou, espiritual, seu próprio coração.

Isso lembra algo? Sim. Quando instava pela desobediência no Éden o inimigo disse que ela traria autonomia em relação a Deus; “vós decidireis o bem e o mal”. Portanto, quem se aliena do Eterno e decide por si mesmo, querendo ou não, segue à “Bíblia” do Capiroto.

Embora sistemas como ateísmo, humanismo e similares pareçam coisas estritamente humanas, não são. Não existe neutralidade; a coisa é dual, antagônica e excludente; ou, estamos com Deus, ou, contra Ele; caso da segunda opção, o canhoto será nosso “mentor” estejamos ou não, cientes, ou, de acordo.

Alguns pregadores invés de balizarem a fé na Palavra de Deus, evocam o coração como árbitro; “se sentires no coração creia, se aposse, determine, etc.” Ora, desde quando o coração é aferidor de medida espiritual? Dele disse Jeremias: “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9

O Salvador deplorando as frivolidades externas dos Fariseus acusou-as de mero verniz pra hipocrisia dos corações; disse: “... do coração procedem maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem.” Mat 15;19 e 20

Conversão não é redirecionar ímpios anseios, que os desejamos saciar noutras fontes, e, não conseguindo, tentaremos agora, em Deus. A mudança de coração deve ser tão radical como um transplante: “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um Espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra; vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós Meu Espírito; farei que andeis nos Meus estatutos, guardeis os Meus juízos e os observeis.” Ez 36;26 e 27

Se, o novo coração demanda o Espírito Santo, novos estatutos, juízos, a conclusão óbvia é que seremos capacitados por Deus a essa mudança, que, primeiro será de mentalidade, depois, de atitudes.

Isaías amplia a ideia: “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os meus, diz o Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são meus caminhos mais altos do que os vossos, e, meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;7 a 9

Invés de alinhamento com os mundanos padrões Deus requer dos Seus uma ruptura para que desfrutemos, enfim, Sua Vontade; isso é conversão. “Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2

Na Parábola do Semeador o Senhor tomou a Palavra por semente, o coração humano por terra; disse que algumas sementes cairiam entre espinhos; depois interpretou ensinando que se trata dos cuidados do mundo, anelos por riquezas que sufocam à Palavra.

Desse modo, quando alguém se empenha de todo coração pela sua vontade, invés da de Deus, antes que, turbinar meios pra atingir seu fim, como pensa, apenas trai a si mesmo.

O senhor não disse que a semente entre espinhos não daria frutos, mas, que não daria com perfeição. Seu preceito foi: “Sede perfeitos como perfeito É Vosso Pai que está nos Céus.”
Nem todos os salvos serão iguais, há hierarquia nos Céus. Se alguém edifica sua vida sobre o Santo Fundamento, Cristo, mesmo que, ainda enferme por coisas da carne, mais que pelas do Céu, poderá ser salvo, mas, sem galardão; como ensina Paulo: “Se a obra de alguém se queimar sofrerá detrimento; mas, tal será salvo, todavia, como que, pelo fogo.” I Cor 3;15

Cantamos emocionados que veremos o “Rosto de Cristo”, contudo, isso não será para todos os salvos; só para os que se santificam. “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual, ninguém verá o Senhor.” Heb;12 14

Se, ansiamos pela graça inaudita de vermos a Face do Bendito Salvador, urge deixarmos a Palavra de Deus limpar nosso poluído coração; pois, ensina-nos Habacuque que Deus É “Tão puro de olhos que não pode contemplar o mal.” Então, “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Mat 5;8

Caso alguém tenha esquecido, Jesus Cristo É Deus visível.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Os camaleões e a Rocha

“Até à velhice Eu serei o mesmo; até às cãs Eu vos carregarei; eu vos fiz e vos levarei; vos trarei e livrarei.” Is 46;4

Será que O Eterno envelhece? Óbvio que não. Quando diz: “Até a velhice Serei o mesmo...” está falando do tempo em relação aos Seus ouvintes; até vossa velhice Serei o mesmo. Do Senhor, aliás, o mesmo profeta falara: “Não sabes, não ouviste que o Eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, não se cansa nem se fatiga? É inescrutável Seu entendimento.” Cap 39;28 Não apenas é perene Seu tempo, como Seu vigor, Seu poder.

Todavia, em contraste com O Criador o homem costuma mudar como o camaleão em vista do ambiente. José Ortega Y Gasset disse: “O homem é o homem e suas circunstâncias”; advogando que ele muda quando essas mudam.

De nossa cultura se diz que a ocasião faz o ladrão, o que, embora não seja verdadeiro, também evidencia esse mimetismo moral invés da devida constância que O Senhor preza. Não é o ladrão que se faz às ocasiões; antes, assoma a vera face dos hipócritas que encenam virtudes no teatro da vida em busca de aceitação social, mas, atrás das cortinas dão asas às almas adoecidas.

Somos chamados ao ser, não, estar; “vós sois o sal da Terra e a luz do mundo...” o ser que se preze é o que é, malgrado, onde esteja. Se, ouro é ouro mesmo nas mãos de bandidos, ladrão safado é isso mesmo, ainda que se esconda dentro de igrejas. Aliás, quanto mais avesso o ambiente for, mais claramente evidenciará o ser de alguém fiel, pois, se mantém coerente. Como o escuro da noite evidencia estrelas, a falência moral realça o caráter, onde ainda existe.

O clássico conflito entre agradar a Deus ou, aos homens, há muito foi decidido em favor dos últimos. Pouco importa se os Céus deplorem nossos passos pelas consequências; desde que pareçamos probos ante os homens, tão ruins quanto nós, quiçá, piores, estará “tudo bem”. Doentia falta de noção!

Desgraçadamente as pessoas temem mais a ditadura do “politicamente correto”, o risco de parecerem socialmente desajustados, que o Juízo do Eterno; aquele revés pode gerar umas vaias; esse, eterna perdição. Preferimos, pois, o aplauso da morte.

Desse modo, a igreja que deveria ser baluarte da contradição em relação ao mundo, Embaixada dos Céus com valores perenes e patentes, em sua imensa maioria está alinhada, aclimatada à sala de espera do inferno, invés de trazer o devido sal.

Da necessária firmeza moral O Salvador preceituou: “Seja o vosso falar, sim, sim; o não, não”. Ou, como disse Davi, o cidadão dos Céus é aquele, “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor; aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4

Ora, a inversão de valores é tal que há quem defenda bandidos numa doentia identificação; castração moral; quem reclame de “trabalho escravo” fazendo nada e ganhando 34 mil reais por mês, embora a maioria ganhe menos de mil.

Tribunais que soltam bandidos; cidadãos de bem sustentam marginais nas cadeias. Prostituição infantil, perversão são equacionadas com liberdade, direito; Não chegamos à célebre “vergonha de ser honesto” de Ruy Barbosa, porque, essa senhora, a vergonha, onde ainda existe é de foro íntimo, posse inalienável de gente decente. Porém, se considerarmos o escopo social, sim; os honestos são tidos como reacionários, fundamentalistas, fascistas, nazistas, etc.

O outro lado da moeda pré-queda, onde o primeiro casal andava nu sem se envergonhar; os regenerados por Cristo podem andar, Dele revestidos, sem se envergonhar, embora, as vaias e pechas de um sistema sem vergonha, adversário da justiça, dos valores, da virtude, enfim, de Deus.

Assim como os pais gostam de encontrar traços seus, seja, na fisionomia, seja, no comportamento dos filhos, de igual modo O Eterno nos regenera para que, pouco a pouco, mediante o processo de santificação voltemos a ser de novo, Sua “Imagem e Semelhança”.

E a semelhança em apreço é a perseverança moral, a constância mesmo em meio a adversidades tantas. Diferente do prisma físico que, se debilita gradativamente mercê do tempo, espiritualmente podemos ter nosso vigor até o fim. “O justo florescerá como a palmeira; crescerá como cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos, vigorosos; para anunciar que o Senhor é reto. Ele é minha rocha; nele não há injustiça.” Sal 92;12 a 15

Eis a escolha! A perseverança no Senhor, ou, a obstinação do capeta; mãos à obra!

“Chama-se perseverança quando é por uma boa causa, obstinação quando é por uma ruim.” Laurence Sterne

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Passado passado, ou, presente?

“... Senhor, eles sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti. Quando o sangue de Estevão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente, consentia na sua morte e guardava as capas dos que o matavam. Disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” Atos 22;19 a 21

Paulo meio que duvidando da bondade Divina repisava o passado, remorsos, culpas; O Senhor mirava o novo, o devir que pretendia patrocinar mediante o ministério dele. O apóstolo dizendo: Eu não presto; O Senhor: Vai!

O que Paulo falou sobre seu passado ruim era vero; porém, O Salvador o perdoara e purificara; assunto encerrado. Mui diferente de certas nuances do “perdão” humano, que, malograda certa expectativa presto rebusca assuntos que deveriam estar esquecidos de vez.

Miquéias falou sobre a eficácia cabal do perdão Divino: “De novo terás compaixão de nós; pisarás nossas maldades e atirarás os nossos pecados nas profundezas do mar.” Miq 7;19

Muitas vezes nos pegamos relembrando coisas más que fizemos; não obstante, terem sido perdoadas pelo Senhor, ficamos sonhando com uma “volta no tempo”; nova chance de agir naquelas circunstâncias, para, dessa vez, fazermos diferente, melhor.

Embora possa parecer uma postura humilde, no fundo, é ainda um resquício de orgulho; nossa grotesca e superficial escala de valores que considera más apenas posturas bem toscas, violentas, ou, injustas; só essas nos incomodam. 


Somos indulgentes com milhares de outros erros que também trazem em si veneno bastante para ensejar nossa morte espiritual, e, desconsideramos isso; se aqueles erros crassos que mais nos incomodam fossem removidos passaríamos por alto a esses tantos outros, e, nos sentiríamos bons, merecedores de salvação.

Nesse aspecto Paulo não era diferente de nós; invés de olhar estritamente para onde O Senhor apontava, olhava para trás às voltas com “espinhos na carne”; coisas que, talvez, preferisse ter feito de outro modo.

Os que não cometeram erros mais grosseiros podem sucumbir ao orgulho de se julgarem bons, meritórios pro Céu; isso, por si só já os faz candidatos à perdição; nossas ruindades mais grosseiras acabam sendo “boas”, não em si mesmas, mas, no efeito colateral de tolher uma glória vã que poderia ser letal.

Os presumidos bons numa sociedade má acabam sendo os piores, pois, seguros de sua “bondade” se fazem refratários à medicina celeste que, recusa gastar insumos com os “sãos”; busca, apenas, os doentes.

Acaso não foram os “justos”, Fariseus e Saduceus que incitaram à crucificação do Salvador? A acusação de que eram hipócritas feriu seu “orgulho santo”; a imundícia que se escondia em “sepulcros caiados” acabou externando seu mau cheiro. Do mesmo calibre são todos os “bons” atuais que se alienam do Senhor na presunção de estarem vendendo saúde espiritual.

O Senhor veio em busca dos, reconhecidamente enfermos; esses receberiam aliviados, Sua cura, e seriam gratos ao Médico dos Médicos, invés de se presumirem meritórios. “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1;27 a 29

Desse modo, é até bom que relembremos eventualmente as fraturas expostas do nosso arcabouço moral, pretérito; não para que nos deprimamos por isso, tampouco, duvidemos do perdão Divino; mas, para que sejamos mais gratos ao Salvador que ao custo de Sua Vida Santa, nos resgatou de tamanha perdição.

Então, se O Senhor nos impulsiona ao novo, como fez com Paulo, não é hora de colocarmos nossas velharias sobre a mesa como pretexto para desobedecer; Ele sabe do nosso passado; se, chama mesmo assim é porque, para Ele, aquilo está resolvido já.

Entretanto, se, temos nossos “esqueletos no armário” e Deus está em silêncio, nesse caso, espera que exponhamos a sujeira mesmo, e, arrependidos busquemos Seu perdão. O silêncio Divino aí, não é aprovação, apenas, longanimidade. “Estas coisas tens feito, (pecados) e eu me calei; pensavas que era como tu, mas, eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Em suma, nosso passado pecaminoso só é passado deveras, após o “tratamento” da Cruz; senão, ainda está mui presente patrocinando uma morte espiritual disfarçada de vida.

Os que foram sarados ainda olham para trás, eventualmente; a profilaxia do orgulho; os que não, mesmo que devaneiem adiante, carecem voltar na “Máquina do Tempo” do arrependimento e confissão.

Só depois da correspondência ao “vinde a Mim” do Salvador, candidatar-se-ão a ouvir um, Vai!

“O remorso é uma impotência, ele voltará a cometer o mesmo pecado. Apenas o arrependimento é uma força que põe termo a tudo.” Balzac