domingo, 10 de setembro de 2017

O lugar da esperança

“Esforçai-vos, Ele fortalecerá vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.” Sal 31;24

Deparamos nesse cântico com mais uma das tantas “contradições” bíblicas; Deus fortaleceria aos que se esforçam, contudo, esses são os que esperam. Ora, esforço sugere mover-se com vigor em determinada direção, objetivo, alvo; e, esperar evoca a ideia de uma confiança passiva que não faria grande coisa, exceto, isso, esperar.

Esperar é uma palavra que tanto tem conteúdo, quanto, forma; digo, tanto pode referir-se a como fazer algo, quanto, por quê, fazer, no caso, o quê, esperar. Se, a esperança em foco demanda para seu êxito que, nossos corações sejam fortalecidos por Deus, de nossa parte, esforço, não pode ser algo tão passivo assim.

Spurgeon dizia: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar”. Todos hão de convir que a esperança é uma coisa boa. Entretanto, essa bendita pode errar o endereço, estar fora do lugar? Pode.

Num primeiro momento todas as esperanças são iguais; referem-se à confiança, de que teremos, veremos, desfrutaremos aquilo que esperamos num momento qualquer d’um ditoso porvir. Contudo, o quê esperamos difere de pessoa para pessoa; e, falo aos cristãos, esperarmos algo que contrarie a Vontade Divina, necessariamente coloca nossa esperança fora da casinha.

Por exemplo: Os cristãos hebreus da Igreja inicial esperavam a Volta de Jesus em seus dias; passada a empolgação inicial, sofrendo eles o concurso das lutas e perseguições começaram a enfraquecer na fé, quando não, apostatar.

A epístola a eles endereçada nos dá luz sobre isso e os exorta e retomarem o fervor inicial; “Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições. Em parte fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações; em parte fostes participantes com os que assim foram tratados. Não rejeiteis, pois, vossa confiança, que tem grande e avultado galardão.” Cap 10;32, 33 e 35

Aqui a esperança foi equacionada com, confiança; antes, dissera: “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.” V 23

Na verdade, o autor da epístola tinha exatamente isso em mente ao diagnosticar a causa do esfriamento de fé dos hebreus; de que eles esperaram o que desejavam, não, o que fora prometido. “...é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; a qual temos como âncora da alma, segura e firme, que penetra até ao interior do véu...” Cap 6; 18 e 19

Perseverar na esperança proposta é uma sutil reprimenda que implica que eles esperaram o que não lhes fora prometido. O moderno “Deus é fiel” tem sido usado a torto e a direito como patrocinador de muitas coisas que se espera. É Ele É Fiel.

Porém, Sua Fidelidade vale tanto para as promessas de bênçãos, quanto, para as advertências disciplinares, os vaticínios de perseguições, as ameaças de juízo. Tudo isso nos foi proposto na Palavra.

“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;11 e 12 “Não é o discípulo mais que o mestre, nem o servo mais que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?” Mat 10;24 e 25 etc.

Claro que essas não são coisas que esperamos ancorados em nossos desejos; mas, devemos esperar como necessárias baseados na Palavra de Deus.

Acho que começamos a perceber, enfim, porque para esperarmos precisamos ter fortalecidos por Deus, os nossos corações. Neles, por eles, o inimigo trava seu combate com toda sorte de tentações, explorando em sua covardia, os pontos mais fracos de cada um.

Um cântico de nosso hinário traz: “Entra na batalha onde mais o fogo inflama, e peleja contra o vil tentador...” Ou seja: Onde a tentação se revela mais forte, mais desejável, inda assim, devo resistir, pelejar. Isso não nos é possível, exceto, se formos fortalecidos por Deus.

Então, não permitamos que o enganador acuse que não se cumprem promessas que nasceram de fontes espúrias, como se fossem de Deus. Digo; acusar ele fará é o seu papel; mas, não deixemos que isso enfraqueça nossa fé, debilite nossa confiança; se, por um lado é “Impossível que Deus minta”, por outro, e possível que o diabo fale algumas verdades, torcendo o tempo, modo, qualquer coisa que sirva ao seu propósito de matar.

Contudo, “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas, permanece para sempre.” Sal 125;1

Nenhum comentário:

Postar um comentário