domingo, 25 de junho de 2017

Na hora da angústia

“Por que estás ao longe, Senhor? Por que te escondes nos tempos de angústia?” Sal 10;1

Costumamos dizer que certos “amigos” o são apenas nas horas que tudo nos vai bem. Ou como os do Pródigo, quando estamos pagando a festa; porém, se, como aquele, falimos, junto com nosso dinheiro os amigos evaporam. Será que Deus é assim? Um aproveitador que está por perto quando estamos bem, mas, se a angústia chega Ele desaparece?

Na verdade, na Parábola do Semeador, é o crente superficial que se afasta de Deus, temendo a angústia, não, o contrario. “Não tem raiz em si mesmo, antes, é de pouca duração; chegada a angústia, perseguição por causa da palavra, logo, se ofende;” Mat 13;21

Além disso, como seria O Eterno, interesseiro, aproveitador no que tange a nós? O que falta a Ele que possa receber de nossas mãos? “Da tua casa não tirarei bezerro nem bodes dos teus currais. Porque meu é todo animal da selva, o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; minhas são todas as feras do campo. Se eu tivesse fome, não te diria, pois, meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50;9 a 12 Na verdade, invés de ausentar-se por ocasião de nossas angústias, chama-nos, para junto de Si:” invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” Sal 50;15

Há angústias que são consequências de nossas rebeliões, portanto, devemos buscar pelas causas em nós. “Por isso, quando estendeis vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; ainda que multipliqueis vossas orações, não as ouvirei, porque vossas mãos estão cheias de sangue.” Is 1;15

Adiante lembra que a causa de Seu afastamento está conosco mesmo. “vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;2 Mais que não ouvir as orações dos rebeldes, eventualmente se faz adversário deles. Após ter sido partícipe das angústias do Seu povo, Senhor pelejou contra, dada a rebelião dele. “Em toda a angústia deles ele foi angustiado; o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, e sua compaixão ele os remiu; os tomou e conduziu todos os dias da antiguidade. Mas, eles foram rebeldes, contristaram seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo;Ele mesmo pelejou contra eles.” Cap 63;9 e 10

Então, voltando à pergunta do Salmista, por que Deus fica longe em tempos de angústia? Por duas razões: uma; um propósito mais elevado cuja realização compensa as angústias; outra, nossa edificação; o crescimento espiritual que auferimos mediante a dor também a faz valer à pena.

O alvo superior pode ser tipificado pelo Calvário; extrema angústia do Salvador, a ponto de suar sangue, tinha como alvo derrotar o Príncipe do mundo, o pecado e a morte. Nesse momento angustioso Ele perguntou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

Contudo, malgrado a imensa dor que isso causou ao Senhor, Ele, vendo o resultado regozija; “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma e ficará satisfeito; com seu conhecimento, meu servo, o justo, justificará muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.” Is 53;11 Assim, o sofrimento dos justos é sacerdócio para bênção de terceiros; o servo sofredor transformado em dádiva Divina em favor de outros alvos do Seu amor.

No prisma da edificação, a tristeza segundo Deus obra a purificação de nossas superficialidades, melindres vários que só no Vale das sombras da morte, abandonamos deveras. “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.” Sal 119;71

Depois de uma dura reprimenda por carta à igreja dos coríntios, Paulo sabendo do “estrago” que fizera, quase que retirou suas palavras; porém, comemorou pelo fato de ter ensejado o necessário concerto. “Porquanto, ainda que vos contristei com minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas, porque fostes contristados para arrependimento; pois, fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano nenhum. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas, a tristeza do mundo opera a morte.” II Cor 7;8 a 10

Ademais, nossas almas inquietas, incapazes de esperar o tempo de Deus, angustiam-se ao desejarem certos bens, sem o devido processo que os produz; nesse caso, invés de nos abatermos, aprendamos esperar. “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois, ainda o louvarei...” Sal 43;5

Deus nos ama de modo inefável; por isso, mesmo quando está “muito longe” inda está cuidando de nós.

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